Como o analfabetismo funcional influencia a relação com as redes sociais no Brasil:fazer jogo da loteria
Para a pesquisa foram entrevistadas 2.002 pessoas entre 15 e 64 anosfazer jogo da loteriaidade, residentesfazer jogo da loteriazonas urbanas e ruraisfazer jogo da loteriatodas as regiões do país.
O grupofazer jogo da loteriaanalfabetos funcionais reúne os analfabetos absolutos, que assinam o nome com dificuldade, mas conseguem eventualmente ver preçosfazer jogo da loteriaprodutos, conferir troco, ligar para um númerofazer jogo da loteriatelefone e identificar um ônibus pelo nome; e os rudimentares, que só leem o suficiente para localizar informações explícitasfazer jogo da loteriaum texto curto, sabem somar dezenas, mas não conseguem identificar qual operação matemática é necessária para resolver um problema, por exemplo.
De acordo com a pesquisa, entretanto, mesmo com suas dificuldades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram.
Assim, quando se comparar o índicefazer jogo da loteriauso entre os dois grupos - alfabetizados e não-alfabetizados - a diferença não é tão grande. Entre os considerados proficientes, por exemplo, 89% usam o Facebook.
A faltafazer jogo da loteriarepertório dos analfabetos funcionais, contudo, faz com que o acesso a essas plataformas seja mais limitado. "Essas pessoas não vão tirar proveito das redes sociais para conseguir informações, garantir direitos, porque não conseguem discernir conteúdos. Teriam a mesma limitação com um jornal escrito, por exemplo; a diferença é que este elas não vão acessar", afirma a pesquisadora Ana Lima, responsável pela elaboração do indicador.
Os dados da pesquisa corroboram o que a especialista diz: entre os analfabetos funcionais, 12% enviam mensagens escritas e escrevem comentáriosfazer jogo da loteriapublicações do Facebook, 14% leem mensagens escritas e 13% curtem publicações. Para efeitofazer jogo da loteriacomparação, entre os que têm nívelfazer jogo da loteriaalfabetização proficiente, 44% enviam mensagens escritas, 43% escrevem comentáriosfazer jogo da loteriapublicações, 47% leem mensagens escritas e curtem publicações.
"Quem tem mais domínio do alfabetismo usa mais o Facebook, mas o que chama a atenção é a diferença pequena (de utilização entre analfabetos e não), principalmente se você pensar na limitaçãofazer jogo da loteriaum analfabeto funcional. O Facebook está cheiofazer jogo da loteriatextos, imagens, exige escrita, por isso revela uma potência desses suportes digitais como estimulador do avanço do alfabetismo", ela afirma.
Já no WhatsApp quase não há diferençafazer jogo da loteriauso entre os grupos divididos por nívelfazer jogo da loteriaalfabetização. Enquanto 92% dos analfabetos funcionais enviam mensagens escritas, o índice éfazer jogo da loteria99% entre os alfabetizados; 84% dos analfabetos funcionais compartilham textos que outros usuários enviaram, já 82% dos alfabetizados fazem isso.
Pollyana Ferrari, jornalista, pesquisadorafazer jogo da loteriamídias digitais e professora da PUC-SP, diz que o brasileiro aderiu integralmente ao WhatsApp, até porque é uma plataforma gratuita que substituiu o SMS, que é cobrado pelas operadorasfazer jogo da loteriatelefonia celular.
"Todo mundo usa o WhatsApp, do médico ao entregadorfazer jogo da loteriapizza, do executivo à faxineira, mas ninguém foi treinado, e cada um usa e propaga da forma que consegue compreender."
Manipulação e mensagens falsas
Um dos reflexos do baixo nívelfazer jogo da loteriaalfabetismo no contexto digital é que estas pessoas ficam mais vulneráveis à desinformação, especialmente memes, imagens manipuladas e usadasfazer jogo da loteriacontexto falso, segundo Christine Nyirjesy Bragale, vice-presidentefazer jogo da loteriacomunicação do The News Literacy Project.
"Obviamente elas têm uma capacidade limitada para checar atravésfazer jogo da loteriapesquisa e leituras paralelas, e seu acesso a jornalismo impressofazer jogo da loteriaqualidade é limitado", explica Christine, que está no Brasil a convite da Embaixada Americana para debater o tema nesta segundafazer jogo da loteriaevento na sede do movimento Todos pela Educação,fazer jogo da loteriaSão Paulo.
Para a especialista norte-americana, o primeiro passo é garantir que as pessoas, independentementefazer jogo da loteriaseus níveisfazer jogo da loterialeitura, compreendam que a desinformação pode vir por diferentes canais, incluindo imagens manipuladas e vídeo e se espalhar rapidamente.
"Só essa consciência já é um começo para combater a desinformação e diminuir afazer jogo da loteriapropagação."
Pollyana Ferrari acredita que o trabalhofazer jogo da loteriaconscientização só virá com o amadurecimento do uso das redes sociais, que ainda é recente no Brasil - tem 14 anos -, alémfazer jogo da loteriaeducação. Ela cita o casofazer jogo da loteriaPortugal, que oferece aulasfazer jogo da loterialetramentofazer jogo da loteriamídias digitais nas escolasfazer jogo da loteriaeducação básica desde os anos 90.
"A pessoa não vai deixarfazer jogo da loteriaver um vídeo e compartilhar, o brasileiro acredita muito no grupo do WhatsApp da família, seja para o bem ou para o mal. As pessoas têm direitofazer jogo da loteriater um celular, pode ter mais riscofazer jogo da loteriacairfazer jogo da loteriagolpes e receber vírus, mas vai aprender usando. Mas não há o que fazer, a responsabilidade é dos governos, das empresas,fazer jogo da loteriatreinar, formar, o trabalho é coletivo efazer jogo da loteria'formiguinha'."
A professora lembra que, até pela dificuldadefazer jogo da loteriainterpretaçãofazer jogo da loteriatexto, as mensagens falsas se propagam mais por mensagensfazer jogo da loteriaáudio. "Muita gente acredita nas 'fakes news' porque não tem bagagem, não tem senso crítico, quando há uma escolaridade precária, a pessoa fica muito mais manipulável."
"Somos um país pobre,fazer jogo da loteriabaixa escolaridade, a gente saiu da TV aberta, mas houve um deslocamento para as redes sociais sem nenhuma capacidadefazer jogo da loteriadiscernimento. Numa sociedade democrática com baixa escolaridade, a manipulaçãofazer jogo da loteriainformação é mais fácilfazer jogo da loteriaacontecer", explica Pollyana.
Analfabetismo no ensino superior
Os dados desta edição do Inaf mostram que, entre o grupofazer jogo da loteria29% dos analfabetos funcionais, 4% estão no ensino superior, nívelfazer jogo da loteriaensinofazer jogo da loteriaque se pressupõe um aluno plenamente alfabetizado.
A pesquisadora Ana Lima reforça que a escolaridade é o fator determinante do nível do analfabetismo, mas, ao mesmo tempo, ela não garante o que é esperado.
"Para mexer no nívelfazer jogo da loteriaproficiência precisamosfazer jogo da loteriaeducaçãofazer jogo da loteriaqualidade. Uma educação que desloque o alunofazer jogo da loteriaum nível mais coloquial para entender ironia, interpretaçãofazer jogo da loteriatexto, capacidadefazer jogo da loteriadistinguir fatofazer jogo da loteriaopinião. Isso é ir alémfazer jogo da loterialeitura mecânica, é saber ler nas entrelinhas", afirma.
A pesquisadora reforça que, para cursar o ensino superior, é óbvio imaginar que as pessoas deveriam estar plenamente alfabetizadas para conseguir discutir, fazer análise, participar e debater. "Sem isso não é possível se formar."
João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, diz que o cenário é desolador principalmente porque "melhorias não estão no radar." "O prejuízo é gigantesco, porque compromete a produtividade da economia e as chancesfazer jogo da loteriaa educação contribuir para a melhoriafazer jogo da loteriavida das pessoas. Para as pessoas situadas entre os analfabetos funcionais, a perspectivafazer jogo da loteriavida é muito limitada. O Brasil optou pela quantidade,fazer jogo da loteriadetrimento da qualidade."
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