Por que a arte brasileira faz tanto sucesso na Suíça:0ix bet
"Na verdade, se você for puxar o fio da história, a atração é antiga", conta Letícia Amas, uma galerista brasileira radicada0ix betGenebra.
"Desde a época0ix betque Jean-Pierre Chabloz se encantou com o naïve Chico da Silva essa fascinação já existia", diz0ix betreferência ao curador suíço que descobriu o artista primitivista brasileiro no século 200ix betFortaleza.
'A arte brasileira é espontânea e democrática'
A própria Letícia Amas é um exemplo dessa ponte. Morando na Suíça desde 2006, a jornalista é dona da conceituada Galeria Espace_L0ix betGenebra.
"Tudo aqui é como se fosse muito pensado, conceitual, refletido. No Brasil, a arte é espontânea. A nossa adversidade é que nos permite uma outra criação. Isso fascina porque está fora das normas", argumenta.
Michiko Kono, curadora da prestigiada Fundação Beyeler da Basileia e organizadora da exposição GaiaMotherTree, concorda.
"Não há um conceito elitista por trás (da arte brasileira). Você não precisa ser um especialista0ix betarte contemporânea com um grande conhecimento para entendê-la e apreciá-la."
A Fundação Beyeler é conhecida pelo vasto acervo0ix betmestres como Monet e Picasso e, anteriormente, já mirou seu holofote para outros brasileiros, como a gravurista Beatriz Milhazes.
Kono explica que a fascinação suíça por instalações como a árvore gigante se origina da abordagem "democrática" que a arte brasileira propicia. O artista oferece ao público a oportunidade0ix betviver as emoções.
Nessa obra, por exemplo, as pessoas são convidadas a utilizar o espaço dentro da escultura livremente para recreação, meditação e relaxamento. "Esse é um espaço público, e essa obra é sobre intimidade", resumiu o criador Ernesto Neto.
"É uma enorme confiança que o artista deposita no público, permitindo às pessoas tocar e experimentar. É uma responsabilidade transferida ao público. Assim como numa democracia, onde propicia-se a possibilidade0ix betescolha", sintetiza Kono.
Museu dedicado a obras brasileiras apresenta arte do país aos suíços
Às margens do rio Reno, na Basileia, há até mesmo um museu dedicado exclusivamente à arte do Brasil.
A Fundação Brasileia (trocadilho com o nome da cidade) abriga o acervo deixado pelo imigrante suíço Walter Wüthrich, que construiu fortuna nos trópicos.
Em operação desde 2003, o local é palco0ix betexposições contemporâneas e tem como missão central apresentar ao público suíço e europeu a arte produzida atualmente no Brasil.
Entre os mais0ix bet60 nomes que já passaram pelo espaço estão artistas contemporâneos como o grafiteiro Zezão, o pintor, escultor e fotógrafo Alex Flemming e a artista plástica radicada na Suíça Christina Oiticica.
Oiticica, que vive0ix betGenebra junto ao marido, o escritor Paulo Coelho, vê um interesse genuíno dos suíços pela arte0ix betgeral e0ix betparticular pelas obras brasileiras por conta das cores fortes e da temática da natureza.
"Sinto que aqui há muito apoio à arte, e eles se interessam0ix betverdade", diz. "Os suíços levam a natureza muito a sério e esse tema universal é central no meu trabalho."
Uma das técnicas empregadas por Oiticica é enterrar telas e deixar que a erosão interfira no resultado da obra, influências do "Land Art" e "Nouveau Réalisme", ambos movimentos conhecidos por serem "democráticos".
O diretor da Brasileia, o arquiteto alemão Daniel Faust, chegou a ser condecorado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil com o Prêmio Itamaraty0ix betDiplomacia Cultural0ix betreconhecimento ao seu trabalho.
Na ocasião, Faust afirmou que é justamente a "flexibilidade" da arte brasileira o seu grande trunfo. "Aqui, é tudo0ix betconcreto, lá é0ix betmadeira", explicou numa metáfora arquitetônica.
"Nos últimos anos, a arte brasileira tem tido maior visibilidade na Suíça, graças ao trabalho0ix betinstituições privadas locais, como a Fundação Brasilea", disse a diplomata Ana Ribeiro Bezerra, responsável pelo setor cultural da embaixada brasileira0ix betBerna.
Ela avalia que a participação brasileira no cenário internacional das artes "tem crescido substancialmente e, nesse contexto, a Suíça vem se revelando como um mercado importante. (...) Ao ganhar espaço nesse competitivo mercado, os artistas brasileiros têm contribuído para solidificar a reputação da arte brasileira e abrir oportunidades para jovens artistas".
Vale notar também que uma das maiores coleções particulares0ix betarte latino-americana do mundo está abrigada0ix betZurique. A Daros Collection conta com mais0ix bet1 mil peças0ix betcem artistas da região.
"Destacar a significância e espírito inovador da arte contemporânea latino-americana para o público internacional" é o objetivo da coleção que acomoda peças0ix betbrasileiros consagrados como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Vik Muniz0ix betseu acervo.
Cresce a participação0ix betgalerias brasileiras0ix betfeira0ix betBasel
Uma das portas0ix betentrada é a participação0ix betgalerias nacionais na Art Basel, feira que acontece todos os anos0ix betBasileia, Miami e Hong Kong.
Galerias como Bergamin & Gomide, Fortes D'Aloia & Gabriel, Nara Roesler e Mendes Wood DM estão entre os expositores brasileiros assíduos.
Na última edição suíça,0ix betjunho passado, sete galerias brasileiras participaram do evento - duas a mais do que0ix bet2017.
A BBC News Brasil contatou os organizadores da feira para saber mais sobre os montantes envolvidos nas vendas, mas a Art Basel informou não possuir dados, pois as negociações são particulares. Estimativas brasileiras, entretanto, colocam as exportações verde-amarelas à Suíça perto da casa dos US$ 5 milhões.
O projeto Latitude da APEX, Agência Brasileira0ix betPromoção das Exportações e Investimentos, promove a internacionalização do mercado brasileiro0ix betarte contemporânea e organiza estudos setoriais e ações promocionais. O projeto é integrado por cerca0ix bet45 galerias do Brasil todo.
Eu seu último levantamento, publicado0ix bet2015, o Latitude estimou que o mercado0ix betarte brasileira exportou US$ 82,215 milhões, sendo US$ 33,921 milhões oriundos das galerias que participam do projeto. Naquele ano, esses expositores venderam 114 obras para 24 instituições internacionais.
A Suíça foi o segundo principal comprador desse grupo, atrás apenas dos Estados Unidos. As vendas ao país europeu corresponderam a 14,3% e totalizaram US$4,839 milhões.
O Latitude também estima0ix bet200 o número0ix betgalerias na Suíça e aponta a Associação0ix betGalerias Suíças (SGA) como a organização0ix betprimeira linha que congrega o mercado da arte.
No seu site oficial, a SGA não divulga valores, nem volume0ix bettransações, mas lista os artistas representados no país. No registro constam brasileiros como Ernesto Neto, Erika Verzutti, Caetano0ix betAlmeida, Rosana Ricalde, Luzia Simons e Sergio Sister.