As invisíveis fronteiras linguísticas da Suíça:cassino no pixbet

Bandeiras

Crédito, travelstock44 / Alamy

Legenda da foto, Dos 26 cantões da Suíça, 17 falam alemão

Geograficamente, a Röstigraben segue mais ou menos o curso do rio Saane. Mas não adianta procurar no mapa. Trata-secassino no pixbetuma fronteira imaginária, embora gravada há muito tempo na mente do povo suíço.

Assim como outras fronteiras, não se atravessa a Röstigraben despretensiosa ou involuntariamente - exceto pelos estrangeiros como eu. Quase metade dos suíçoscassino no pixbetlíngua alemã cruzam a divisa apenas uma vez por ano - e 15% nunca passaram por ela. É o que mostra um levantamento recente conduzido pelo institutocassino no pixbetpesquisa Sotomo, a pedido da empresacassino no pixbettelecomunicações Swisscom.

Atravessar a Röstigraben "parece mais como migrar temporariamente para um lugar perigoso, onde você não vai entender o que as pessoas falam", compara a executiva suíça Manuela Bianchi,cassino no pixbettomcassino no pixbetbrincadeira.

Sua história é tipicamente suíça, o que significa que não é nada típica. Com um paicassino no pixbetlíngua italiana e uma mãecassino no pixbetlíngua alemã, ela cresceu falando ambos os idiomascassino no pixbetcasa - e aprendeu francês, assim como inglês, na escola. Sim, a diversidade linguística do país às vezes pode ser exaustiva - a maioria dos rótuloscassino no pixbetalimentos lista os ingredientescassino no pixbettrês idiomas. Mas,cassino no pixbetgeral, ela considera "uma bênção incrível".

Ser multilíngue representa para a Suíça o mesmo que a educação para os ingleses ou o estilo para os italianos: é motivocassino no pixbetorgulho nacional. Mas um orgulho discreto. Segundo outro costume local, é considerado "não-suíço" se gabar das habilidades linguísticascassino no pixbetalguém - oucassino no pixbetqualquer outro aspecto a esse respeito.

Placacassino no pixbetrua

Crédito, Glyn Thomas Photography / Alamy

Legenda da foto, 'Röstigraben' (fossa do rösti) é o termo usado para se referir à linha invisível que separa a Suíça alemã e francesa.

Ao imaginar uma fronteira, o que geralmente vem à cabeça é uma demarcação política - uma linha sólida, quem sabe até um muro, separando duas nações-estados. Essa é uma formacassino no pixbetdivisa. Mas existem outras: fronteiras culturais; linguísticas; da mente. E ninguém entende melhor disso que os suíços. Eles contam com uma miscelâneacassino no pixbetlínguas e culturas que, milagrosamente, se mantêm unidas. E, como tudo no país, funciona perfeitamente (ou quase).

Quebra-cabeças

A Suíça sofre com poucos dos cismas linguísticos que costumam atormentar nações multilíngues, como a Bélgica e o Canadá. Mas como eles fazem isso?

O dinheiro certamente ajuda. A Suíça é um dos países mais ricos do mundo, com longa tradiçãocassino no pixbetgovernos democráticos: uma referênciacassino no pixbetdemocracia com inúmeros referendos e uma federaçãocassino no pixbetprovíncias altamente autônomas. E se mantém unidacassino no pixbettorno do que o povo chamacassino no pixbetWillensnation. O termo alemão significa literalmente "nação por vontade", mas na Suíça a palavra ganha um significado especial: "uma nação nascida com o desejocassino no pixbetviver unida".

Cidade na Suíça

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Legenda da foto, A Suíça se mantém unida pelo o que povo chamacassino no pixbet'Willensnation': nação por vontade.

A história, como sempre, também ajuda a explicar. A diversidade linguística da Suíça remonta a muitos séculos, bem antes da nação unificada que existe hoje. Há 7 mil anos, o país estava "no meiocassino no pixbettudo e à margemcassino no pixbettudo", segundo Laurent Flutsch, curador do Museu Arqueológicocassino no pixbetVindonissa,cassino no pixbetBrugg, que organizou recentemente a exposição Röstigraben - Como a Suíça se Mantém Unida (em tradução livre).

A região ficava na encruzilhadacassino no pixbetvários grupos linguísticos - e o terreno montanhoso formava barreiras naturais entre eles. Quando a Suíça moderna foi formada,cassino no pixbet1848, as fronteiras linguísticas já estavam estabelecidas.

Há quatro idiomas oficiais no país: alemão, francês, italiano e romanche, língua nativa com status limitado, semelhante ao latim, e falada hoje apenas por um punhadocassino no pixbetsuíços. Um quinto idioma, o inglês, é cada vez mais usado para atenuar as divisões. Em uma pesquisa recente da Pro Linguis, três quartos dos entrevistados disseram que usam o inglês pelo menos três vezes por semana.

Na poliglota Suíça, há fragmentação até dentro das subdivisões. Quem mora nas provínciascassino no pixbetlíngua alemã fala alemão-suíçocassino no pixbetcasa, mas aprende alemão tradicional na escola. O italiano faladocassino no pixbetTicino, por exemplo, é salpicadocassino no pixbetpalavras emprestadas do francês e do alemão.

Paisagem na Suíça

Crédito, Andreas Strauss/Look-foto/Getty Images

Legenda da foto, A 'Polentagraben' (fossa da polenta) marca, porcassino no pixbetvez, a divisão entre a Suíçacassino no pixbetlíngua italiana e o restante do país.

Babel

O idioma pode não ser uma sina, mas determina muito além das palavras a serem ditas. A língua leva à cultura, que, porcassino no pixbetvez, rege a vida. Nesse sentido, a Röstigraben é tanto uma fronteira cultural quanto linguística. O dia a diacassino no pixbetcada lado da linha imaginária se desdobracassino no pixbetum ritmo diferente.

"(Na minha opinião) a pessoa que fala francês é mais descontraída. Tomar uma taçacassino no pixbetvinho branco durante o almoçocassino no pixbetdiacassino no pixbetsemana ainda é bastante comum. Quem fala alemão, porcassino no pixbetvez, tem pouco sensocassino no pixbethumor e segue regras mais rígidas que as dos japoneses", analisa Bianchi.

Já a diferença cultural entre a Suíça italiana e o restante do país - marcada pela chamada Polentagraben ("fossa da polenta") - é ainda mais acentuada. Os suíços que falam italiano são uma clara minoria. Representam apenas 8% da população e vivem, principalmente, no extremo sul do cantãocassino no pixbetTicino.

"Quando me mudei para cá, as pessoas diziam: 'Ticino é como a Itália, com a diferençacassino no pixbetque tudo funciona', e acho que é verdade", conta Paulo Gonçalves, acadêmico brasileiro que moracassino no pixbetTicino há dez anos.

Nascidocassino no pixbetum país com apenas uma língua oficial, Gonçalves fica admirado com o malabarismo que os suíços fazem com os quatro idiomas.

"É impressionante como eles conseguem se relacionar", diz o brasileiro.

Ele lembracassino no pixbetter ido a uma conferência que contava com palestrascassino no pixbetfrancês, alemão, italiano e inglês.

"Aconteceram apresentaçõescassino no pixbetquatro idiomas diferentes no mesmo auditório".

Horizontes ampliados

Para Gonçalves, vivercassino no pixbetum ambiente multilíngue "mudoucassino no pixbetmaneiracassino no pixbetver o mundo e vislumbrar possibilidades".

"Sou uma pessoa bem diferente do que eu era há 10 anos", completa.

Os idiomas não são distribuídos uniformemente. Dos 26 cantões do país, 17 falam alemão, enquanto quatro são franceses e um italiano. Três são bilíngues e um (Grisões) trilíngue. No total, 63% da população tem o alemão como primeira língua.

Sendo assim, muitas características que o imaginário popular associa ao "estilo suíço" - como pontualidade e discrição - são, na verdade, particularidades suíço-alemãs.

A língua e cultura suíço-alemãs tendem a dominar principalmente no mundo dos negócios. E isso gera algum tipocassino no pixbetatrito,cassino no pixbetacordo com Christophe Büchi, autorcassino no pixbetum livro sobre a história das fronteiras linguísticas invisíveis do país.

"Mas o pragmatismo que move a política suíça sabe lidar com isso", afirma.

Segundo ele, o verdadeiro idioma nacional da Suíça é a reconciliação.

cassino no pixbet Leia a versão original desta reportagem cassino no pixbet (em inglês) no site BBC Travel cassino no pixbet .