Poluição luminosablack jack aovivograndes cidades faz estrelas 'desaparecerem' do céu e pesquisas minguarem:black jack aovivo

Vista estrelada do laboratórioblack jack aovivoItajubá

Crédito, Cleber Gonçalves

Legenda da foto, A forma como a iluminação das cidades é projetada tem dificultado a observação dos astrosblack jack aovivoItajubá,black jack aovivoMinas Gerais

Embora os problemas que a poluição luminosa causa às observações astronômica tenham se intensificado nos últimos anos, eles não sãoblack jack aovivohoje. Segundo o pesquisador Vladímir Jearim Peña Suárez, do Projeto Olhai pro Céu Carioca, do Museublack jack aovivoAstronomia e Ciências Afins (MAST), unidadeblack jack aovivopesquisa do Ministério da Ciência, quando o campus do Observatório Nacional do Rioblack jack aovivoJaneiro foi transferido para o Morroblack jack aovivoSão Januário,black jack aovivoSão Cristóvão,black jack aovivo1922, a região era considerada suburbana, com uma densidadeblack jack aovivopopulação pequena e isolada.

Com o passar dos anos, o conjuntoblack jack aovivolunetas da instituição foi ficando limitado tecnologicamente, prejudicadoblack jack aovivoforma crescente pelo crescimento da população, com o consequente o aumento da iluminação externa artificial. "Isso fez com que o interesseblack jack aovivousar estes instrumentos profissionalmente fosse diminuindo", conta Suárez. "As últimas observações profissionais com a lunetablack jack aovivo46 centímetros, a maior do Brasil, datamblack jack aovivo1977."

Vista do Laboratório Nacionalblack jack aovivoAstronomia (LNA), localizadoblack jack aovivoItajubá,black jack aovivoMinas Gerais

Crédito, Cleber Gonçalves

Legenda da foto, A iluminação artificial tem atrapalhado a eficácia Laboratório Nacionalblack jack aovivoAstronomia (LNA), localizadoblack jack aovivoItajubá,black jack aovivoMinas Gerais

O diretor do LNA, Bruno Vaz Castilhoblack jack aovivoSouza, lembra que algo semelhante aconteceu com o Observatórioblack jack aovivoValongo, da Universidade Federal do Rioblack jack aovivoJaneiro (UFRJ), localizado no centro do Rio. "Ele já perdeublack jack aovivocapacidadeblack jack aovivofazer pesquisa há muitas décadas", lamenta. "Mas o problema se agravou mais nos últimos 15 anos, com o barateamento dos sistemasblack jack aovivoiluminação e a políticablack jack aovivoeletrificação rural, que afeta agora os observatóriosblack jack aovivomontanha, mesmo longe dos grandes centros. É importante notar que o problema não é iluminar, é iluminar incorretamente."

Um exemplo mais recente vem do Observatório Astronômico do Sertãoblack jack aovivoItaparica (OASI), que começou a operarblack jack aovivomarçoblack jack aovivo2011, no municípioblack jack aovivoItacuruba, no sertão pernambucano. A escolha do local para instalação do telescópio, o segundo maior do Brasil, com espelho principalblack jack aovivo1,0 metroblack jack aovivodiâmetro, obedeceu a critérios técnicos e logísticos. "Ainda que não seja pródigoblack jack aovivomontanhas, o semiárido brasileiro tem baixo índice pluviométrico, com noites abertas e secas", diz Teresinha Rodrigues, da Coordenaçãoblack jack aovivoAstronomia e Astrofísica, do Observatório Nacional.

Outra característica da região é que as cidades ainda são pequenas e afastadas umas das outras, contribuindo pouco para a poluição luminosa. "Apesar disso, a iluminação urbana recentemente instalada na cidadeblack jack aovivoRodelas (BA), próximo a Itacuruba, tornou-se altamente invasiva, com um fulgor amarelo que se destaca na noite da Caatinga num raioblack jack aovivodezenasblack jack aovivoquilômetros", conta Rodrigues. "No que diz respeito à interferência nas observações astronômicas, já podemos considerar que 15% do céu da região, na direção Sudoeste, estão perdidos para o trabalhoblack jack aovivopesquisa."

A principal instituiçãoblack jack aovivoobservação astronômica do Brasil também está às voltas com a poluição luminosa. O Observatório do Pico dos Dias (OPD), instaladoblack jack aovivo1980, a 1.864 metrosblack jack aovivoaltitude, entre as cidades mineirasblack jack aovivoBrazópolis e Piranguçu, possui quatro telescópios, inclusive o maior no Brasil, com um espelhoblack jack aovivo1,6 metrosblack jack aovivodiâmetro. Dois telescópios com espelhosblack jack aovivo0.6 m e umblack jack aovivo0.4 m completam o conjunto.

Segundo Souza, o OPD contribuiu decisivamente para o crescimento da astronomia brasileira, tendo aberto caminho para a participação nacionalblack jack aovivoprojetos internacionaisblack jack aovivogrande porte, como os telescópios Gemini e SOAR. "O OPD tem também papel fundamental na formaçãoblack jack aovivonovos profissionais para a astronomia", acrescenta.

Economia na contablack jack aovivoluz

Tudo isso estáblack jack aovivorisco, no entanto. A vida útil do OPD como laboratório científico está sendo comprometida pelo aumento descontrolado da iluminação artificial nos seus arredores. "Considerando o númeroblack jack aovivohabitantes e a distânciablack jack aovivolinha reta ao observatório, as cinco cidades que mais o afetam são Brazópolis, Itajubá, Piranguçu, Campos do Jordão e Piranguinho", informa Souza. "É preciso conscientizar a população e os governos municipais para a existência do problema e promover ações concretas visando impedir o avanço da poluição luminosa e, até mesmo, revertê-la."

Há várias iniciativas nesse sentido, tanto no Brasil como no exterior. "Os projetosblack jack aovivooutros países com tradição astronômica estão bem mais avançadas", diz Souza. "Não faltam exemplosblack jack aovivocasos bem-sucedidos, como nas cidadesblack jack aovivoLa Serena e Monte Pátria, no norte do Chile, e a ilhablack jack aovivoLa Palma, nas Ilhas Canárias (Espanha), que reduziram drasticamente a poluição luminosa e agora economizam na contablack jack aovivoluz."

De acordo ele, isso pode ser conseguido com cuidados simples. Os sistemasblack jack aovivoiluminação devem ser corretamente orientados,black jack aovivomodo a evitar que a luz artificial seja desviada na direção do céu. Nas ruas, estacionamentos e empresas o vidro refrator das lâmpadas deve ser plano, para que a luz seja dispersada para baixo.

Em praças, áreasblack jack aovivolazer, jardins e parte externablack jack aovivoresidências deve-se evitar luminárias esféricas (globos), muito comuns no Brasil. "A regrablack jack aovivoouro é iluminar apenas o que for preciso e durante o tempo que for necessário", ensina Souza.

Esquemablack jack aovivocomo deve ser a iluminação pública

Crédito, Saulo

Legenda da foto, A iluminação deixariablack jack aovivoatrapalhar observatórios caso as lâmpadas propagassem a luz para baixo

Além das iniciativasblack jack aovivoobservatórios e cidades, há também campanhas como a Semana Internacional dos Céus Escuros 2018 (International Dark Sky Week, IDSW2018), e associações, como a The International Dark-Sky Association (Associação Internacional do Céu Escuro), que se dedicam ao tema.

"Em 2007, cientistas e formuladoresblack jack aovivopolíticasblack jack aovivocercablack jack aovivo50 países se reuniramblack jack aovivoLa Palma para a primeira Conferência Internacionalblack jack aovivoDefesa da Qualidade do Céu Noturno, produzindo uma declaração sobre 'proteger o céu como um direito básico para toda a humanidade'", conta.

Souza diz que no Brasil ainda há poucas iniciativas concretas, mas com o crescimento das cidades do interior próximas aos observatórios, como o Pico dos Dias (Brazópolis e Piranguçu) e o Observatório Municipal Jean Nicolini (Campinas), as ações são mais que nunca necessárias. "O Observatórioblack jack aovivoCampinas tem trabalhado junto à prefeitura para criar uma legislação municipal", informa.

O LNA, alémblack jack aovivofazer campanhas com o público da região e produzir material informativo, tem feito esforços junto às prefeituras locais para a troca da iluminação incorreta. "Itajubá, por exemplo, está trabalhando para a criaçãoblack jack aovivoParceria Público-Privada (PPP) para fazer isso e Brazópolis e o LNA pretendem submeter projeto para o mesmo fimblack jack aovivobreve", informa Souza.