O fruto amazônico que pode baratear e simplificar o tratamento da leishmaniose:pagbet aposta esportiva

Legenda da foto, Emulsão é feita a partir da vagem do jucá, velha conhecida dos ribeirinhos amazônicos | Foto: Luciete Pedosa/Ascom Inpa

A ideia é que o creme feito com a planta possa ser associado à medicação recomendada pelo Ministério da Saúde e usada há maispagbet aposta esportiva50 anos, o glucantime, para agir como coadjuvante no tratamento da leishmaniose tegumentar.

Legenda da foto, O doutorando Bruno Jensen estuda o jucá como novo fármaco contra leishmaniose | Foto: Luciete Pedrosa/Ascom Inpa

O jucá, também conhecido como pau-ferro, é um velho conhecido dos ribeirinhos da região amazônica, muito utilizado por elespagbet aposta esportivaformapagbet aposta esportivachá como remédio caseiro para diversas enfermidades.

Árvore nativa do Brasil, ele está amplamente presente nas regiões Norte e Nordeste. Tem propriedades antissépticas, antienvelhecimento, antioxidantes e antipigmentação. Também é usado como adstringente, antidiarreico, cicatrizante, sedativo, tônico, anti-inflamatório, expectorante e até mesmo afrodisíaco.

2 milhõespagbet aposta esportivacasos no mundo ao ano

A leishmaniose é uma doença grave que pode ser causada por várias espéciespagbet aposta esportivaprotozoários do gênero Leishmania e é transmitida ao homem pela picada do inseto flebótomo, popularmente chamadopagbet aposta esportiva"birigui", "mosquito-palha" ou "cangalhinha".

Nas áreas urbanas, os cachorros, gatos e ratos são as maiores fontespagbet aposta esportivainfecção. Já nas zonas rurais os agentes transmissores são animais silvestres como raposas, gambás e tamanduás. Ao contrário do Aedes aegypti, que transmite a dengue, chikungunya e zika, não é fácil localizar os criadouros dos mosquitos flebótomos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhõespagbet aposta esportivapessoas estejam expostas ao risco da leishmaniose no mundo, com registro aproximadopagbet aposta esportivadois milhõespagbet aposta esportivanovos casos das diferentes formas clínicas ao ano no mundo.

Apesarpagbet aposta esportivaa infecção estar controlada no Brasil, estima-se que quase 3 mil pessoas são contaminadas todo ano.

Legenda da foto, A leishmaniose tegumentar, também chamadapagbet aposta esportivacutânea, é caracterizada por feridas na pele e mucosas | Foto: Harout Tanielian/Science Photo Library

Anteriormente restrita às áreaspagbet aposta esportivafloresta e zonas rurais, a doença tem avançado nas cidades,pagbet aposta esportivafunção do desmatamento e da migração das famílias para os centros urbanos. As regiões Norte e Nordeste ainda são áreaspagbet aposta esportivarisco com maior númeropagbet aposta esportivaregistros da enfermidade.

Existem dois tipospagbet aposta esportivaleishmaniose: a visceral (LV), conhecida como calazar, e a tegumentar (LT). Ambas são consideradas doenças infecciosas e são transmitidas por diferentes espéciespagbet aposta esportivaflebotomíneos (pequenos insetos) infectados pelo protozoário.

A LV é caracterizada, principalmente, por febrepagbet aposta esportivalonga duração, aumento do fígado e do baço, alémpagbet aposta esportivaperdapagbet aposta esportivapeso acentuada, e pode levar a óbitopagbet aposta esportiva90% dos casos se não for tratada adequadamente. Já a LT provoca úlceras na pele e mucosas.

Em uma década, o númeropagbet aposta esportivacasospagbet aposta esportivaLV no Brasil caiu apenas 8,5%, passandopagbet aposta esportiva3.597pagbet aposta esportiva2005 para 3.289pagbet aposta esportiva2015. A redução da incidência da LTpagbet aposta esportivadez anos foi mais expressiva,pagbet aposta esportiva27%,pagbet aposta esportiva26.685 para 19.395 casos no mesmo intervalo.

Legenda da foto, A doença é transmitida por diferentes espéciespagbet aposta esportivaflebotomíneos, como o mosquito-palha | Foto: Sinclair Stammers/Science Photo Library

Em 2015, o Nordeste registrou o maior númeropagbet aposta esportivacasospagbet aposta esportivaLV (1.806), seguido pelas regiões Sudeste (538), Norte (469), Centro-Oeste (157) e Sul (5).

Em relação à LT, o Norte registrou o maior númeropagbet aposta esportivacasos (8.939); seguido por Nordeste (5.152), Centro-Oeste (2.937), Sudeste (1.762) e Sul (493).

A OMS estima que entre 20 mil e 40 mil pessoas no mundo morrem, por ano, vítimas da doença. No Brasil, foram maispagbet aposta esportiva2,7 mil mortes entre 2000 e 2011. Os maiores índicespagbet aposta esportivamortalidade foram registrados nos Estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, São Paulo, Bahia e Minas Gerais.

Os números melhores, no entanto, ainda não foram suficientes para tirar a leishmaniose da listapagbet aposta esportivadoenças negligenciadas. Apesar do tratamento gratuito, a eliminação ou redução mais significativapagbet aposta esportivacasos no país esbarrapagbet aposta esportivagargalos. O diagnóstico é limitado. Tanto a população quanto os profissionaispagbet aposta esportivasaúde têm dificuldadepagbet aposta esportivaidentificar os sintomas.

Legenda da foto, Alémpagbet aposta esportivaJensen, fazem parte do grupo os pesquisadores Claudia Dantas (esq.) e Antônia Franco | Foto: Luciete Pedrosa/Ascom Inpa

Bons resultados

De acordo com o farmacêutico responsável pela pesquisa, Bruno Jensen, o experimento ainda está restrito a roedores - mas com resultados satisfatórios.

O grupopagbet aposta esportivaanimais que não recebeu tratamento apresentou evolução clínica das lesões cutâneaspagbet aposta esportiva300% (aquelas que dão origem às primeiras infecções). Já no grupopagbet aposta esportivacontrole, que recebeu tratamento das lesões com a formulação farmacêutica incorporada com a fraçãopagbet aposta esportivauma substância encontrada no jucá, o diclorometano, foi observado crescimentopagbet aposta esportivaapenas 25% das lesões.

Já na comparação entre dois grupos que receberam tratamentos diferentes, um com a microemulsão (o creme fitoterápico) e o outro com o glucantime (a medicação preconizada pelo Ministério da Saúde como primeira escolha para o tratamento da leishmaniose), não houve diferença estatística quanto à evolução das lesões.

O desempenho, para Jensen, mostra que o tratamento da leishmaniose poderia ser complementado com o creme, aumentandopagbet aposta esportivaeficácia e reduzindo os efeitos colateriais apresentados a partir da administração da medicação única indicada pelo governo.

Legenda da foto, A doença é causada por um protozoário flagelado do gênero Leishmania | Ilustração: Kateryna Kon/Science Photo Library

Para a líder do grupopagbet aposta esportivapesquisa do Inpa, Antônia Maria Ramos Franco, o desenvolvimentopagbet aposta esportivanovos fármacos é importante para um país que necessita reduzir as despesas com o tratamentopagbet aposta esportivauma doença considerada negligenciada - aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e que afetam principalmente as pessoaspagbet aposta esportivamenor poder aquisitivo.

"Somos especialistas na realizaçãopagbet aposta esportivapesquisas científicas envolvendo este tipopagbet aposta esportivaenfermidade, que é considerada um grande problema mundial, não só no Brasil", diz Franco. "Agora, estamos iniciando uma nova etapa, a busca por parceiros que tenham interessepagbet aposta esportivaproduzir esse fitoterápico à basepagbet aposta esportivajucápagbet aposta esportivaescala industrial."

Há outros tratamentos alternativos para combater os efeitos colaterais associados ao tratamento da leishmaniose tegumentar, como a pomada à basepagbet aposta esportivaprópolis vermelha e o extrato do vegetal, conhecido como saião (Kalanchoe pinnata).

A pesquisa

Legenda da foto, Antônia Franco (à esq.) diz que grupo busca por parceiros que tenham interessepagbet aposta esportivaproduzir cremepagbet aposta esportivaescala industrial | Foto: Luciete Pedrosa/Ascom Inpa

Durante um anopagbet aposta esportivaexperimentação (2016/2017), a pesquisa foi tema do mestradopagbet aposta esportivaJensen.

O grupopagbet aposta esportivapesquisa do Laboratóriopagbet aposta esportivaLeishmaniose e Doençaspagbet aposta esportivaChagas/Inpa vem investigando os estudospagbet aposta esportivafrações da árvore do jucá que já tinham apresentado bons resultados. Agora, ele dá sequência à pesquisa no doutoradopagbet aposta esportivaInovação Farmacêutica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com orientaçãopagbet aposta esportivaFranco.

Segundo Jensen, a pesquisa ainda não foi publicadapagbet aposta esportivarevista científica porque o estudo precisa aguardar o pedidopagbet aposta esportivapatente, que,pagbet aposta esportivaacordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), deve cumprir com o prazo estabelecidopagbet aposta esportivaLei.

"Como a pesquisa é recente e o processopagbet aposta esportivapatente geralmente levapagbet aposta esportiva18 a 36 meses para ser finalizado, ainda não podemos publicá-la", diz o pesquisador.