Em ‘reality show acadêmico’, brasileiro ganha 1 milhão1 betterlibras para pesquisa sobre depressão:1 better
O pesquisador da UFRGS será um dos líderes do estudo, ao lado da psiquiatra Valeria Mondelli, do King's College1 betterLondres. O trabalho busca identificar indivíduos1 betterrisco1 betterdesenvolver depressão na adolescência. Além1 betterBrasil e Reino Unido, o projeto também coletará informações na Nigéria e no Nepal, por meio1 betterpesquisadores que se juntaram ao grupo durante o encontro na Inglaterra.
Alternativa para crise
O dinheiro chega1 betterum momento1 bettercortes profundos nos investimentos para a pesquisa científica no Brasil. Em 2013, último ano antes1 betteras reduções começarem, o orçamento para Ciência e Tecnologia havia chegado a R$ 10,2 bilhões. Em 2017, o valor previsto é1 betterR$ 3,2 bilhões, uma diminuição1 better44%1 betterrelação ao ano passado.
O último edital universal do Conselho Nacional1 betterDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo pelo qual são selecionados projetos1 betterpesquisa para receber financiamento, distribuiu um valor1 betterR$ 120 mil com vigência1 better36 meses na faixa mais alta.
Trata-se1 betterum montante 10 vezes menor do que receberá o braço brasileiro do estudo, capitaneado por Kieling. O cientista estima que cerca1 betterum terço do total (em torno1 betterR$ 1,4 milhão) será destinado à pesquisa no país.
"É impossível manter pesquisadores no Brasil com esses cortes", aponta o físico da Universidade1 betterSão Paulo (USP) Paulo Artaxo Netto, membro da Academia Brasileira1 betterCiências (ABC) e considerado um dos cientistas brasileiros mais influentes do mundo pela Fundação Thomson Reuters.
"O orçamento do ministério não está sendo reduzido por falta1 betterdinheiro. O que está1 betterjogo é um novo projeto1 betterpaís, que vê a mão1 betterobra qualificada e a inovação tecnológica como desnecessárias", diz Artaxo,1 betterentrevista à BBC Brasil.
Uma alternativa para evitar a debandada1 bettercérebros é, como no caso1 betterChristian Kieling, atrair recursos vindos do exterior, caminho ainda pouco usual no país. O psiquiatra espera que a conquista da verba britânica sirva1 betterincentivo a outros cientistas brasileiros.
"O Brasil possui grupos fortes que, apesar das dificuldades internas, podem, sim, disputar recursos com centros mundiais1 betterexcelência", diz o pesquisador, coordenador do Programa1 betterDepressão na Infância e na Adolescência do Hospital1 betterClínicas1 betterPorto Alegre (ProDIA/HCPA).
Depressão1 betteradolescentes
Intitulado IDEA, sigla1 betteringlês para Identificando a Depressão Precocemente na Adolescência, o trabalho liderado por Kieling busca elaborar uma abordagem individualizada para detectar jovens com risco1 betterdesenvolver a doença.
"Em vários estudos já foram testadas estratégias1 betterprevenção universal, por exemplo, com programas dedicados a todos os alunos1 betteruma escola. Infelizmente, os resultados dessas pesquisas mostram que isso não parece ter muito benefício, pois o efeito se dilui", aponta.
Estudos1 betterprevenção voltados a indivíduos com risco elevado, por outro lado, têm se mostrado mais eficazes.
O novo estudo pretende selecionar inicialmente cem pacientes1 betterPorto Alegre. Compostos por alunos da rede pública, o grupo será dividido1 bettertrês: jovens com alta probabilidade1 betterdesenvolver depressão, um segundo grupo1 betterque as chances são baixas1 betterrelação à população1 bettergeral e aqueles que já têm a doença.
O acompanhamento inclui exames1 betterneuroimagem e coleta1 bettersangue, para verificar marcadores inflamatórios que estariam relacionados à condição.
Conforme o estudo for avançando, os resultados dos quatro países envolvidos (Brasil, Reino Unido, Nigéria e Nepal) serão comparados para determinar o peso1 betterfatores locais na equação. Prevista para começar oficialmente1 betterabril1 better2018, a pesquisa tem duração inicial1 betterdois anos. Não está descartada, porém,1 bettercontinuidade depois desse período.
Mantida por doações1 betterseus apoiadores, a MQ informou à BBC Brasil que continuará arrecadando fundos para investir nas novas ideias que se desenvolvam a partir1 betterprojetos como o IDEA.
"Queremos entender o fenômeno do surgimento da depressão, ainda no início da vida, para depois tentar reduzir seu impacto como a doença crônica que ela é", diz Kieling.