5 maneirasser mais feliz no trabalho (e por que Schopenhauer tinha razão):
Eu acho que nenhuma dessas três alternativas satisfaz plenamente as aspirações da maioria das pessoas, que não são céticas, nem querem viver como eremitas ouexcesso permanente.
Arthur Schopenhauer, o filósofo alemão frequentemente rotulado"pessimista", ainda assim fez uma tentativa no que chamou"eudemonologia", ou teoria da felicidade. A partir dela, ele formulou uma sérierecomendações, especialmente úteis no trabalho, mas também na vida.
Já que passamos pelo menos metade do nosso tempo dedicados a tarefas profissionais, é importante identificar quais caminhos ou recomendações podem nos ajudar a aprender a aproveitar esse processo. Aqui vão cinco.
1. Entender a felicidade como um caminho
A primeira recomendação é entender a felicidade como um caminho, não como um destino. Ou como o resultadoum exercício permanente e não como uma meta a ser alcançada.
Essa afirmação evoca o sentido da vida como uma viagem, presente na literatura desde a Odisseia,Homero. Pessoas que identificamos como felizes não o são porque chegaram a uma situação e se conformaram com ela.
Na verdade, para permanecerdeterminada situação, manter um relacionamento pessoal ou persistirum estadoespírito equilibrado, é necessário continuar trabalhando muito.
Acontece como nas estratégiasnegócios: a opção marginal"continuar igual" implicainvestir na manutenção da presença no mercado, continuar melhorando o relacionamento com os clientes, melhorando a imagem da marca, e não simplesmente não fazer nada.
Isso se aplica à vida pessoal, como aprendemos sobre a importância da resiliência durante a pandemia. O princípio também se aplica ao trabalho.
Para ser feliz na profissão é preciso continuar melhorando permanentemente, treinando para estarmos atualizados e traçando novos objetivos.
Existem pessoas que pensam que você pode viver da boa reputação e das conquistas do passado, o que é um erro. Devemos continuar a demonstrar competência e valor com o desempenho pessoal, principalmente porque isso vai melhorar nossa autoestima e nossa felicidade.
2. Ser não é ter
Não confunda melhorar e progredir com acumular mais coisas. Ser não é ter, como muitos filósofos explicaram.
Schopenhauer explica a sensaçãovazio que advém da realizaçãoum bem material no qual estão colocadas todas as expectativas.
"A riqueza é como a água do mar: quanto mais você bebe, mais sede terá. O mesmo vale para a fama", explica.
E pode-se acrescentar que isso também se aplica a poderes e cargos na empresa, se não forem entendidos com vocação para o serviço.
3. Evitar os sentimentos extremos
Evite sentimentos extremos, especialmente inveja, ódio e raiva.
Embora às vezes encontremos imagens caricatasCEOsbiografias, filmes e atémateriais educacionais, retratando chefes insuportáveis e furiosos, ou enfurecidos com episódios irrelevantes, os verdadeiros líderes são aqueles que ensinam e se tornam referências comportamentais.
Chefes irascíveis só fazem com que as pessoas ao seu redor acabem saindo da empresa.
A inveja é um vício particularmente prejudicial, porque gera amargura. É sobre tristeza pelo bem dos outros, algo mesquinho e que muitas vezes as pessoas rejeitam.
Como Sêneca, um filósofo da Roma clássica, afirmou: "você nunca será feliz se o atormentar que outra pessoa seja mais feliz do que você".
Infelizmente, parece que seu aluno, o imperador Nero, não aprendeu a lição.
Pelo contrário, minha experiência éque a generosidade é a estratégiavitória a longo prazo, e as pessoas que a cultivam recebem um reconhecimento recíproco.
Uma parte essencial da gestão consiste justamente na capacidadeensinar, e que uma boa maneiracaracterizar um um CEO é como professor ou um coach. Isso dá uma dimensão mais transcendente à gestão e também aumenta a felicidade pessoal.
4. A felicidade está intrinsecamente relacionada à saúde
Como explica Schopenhauer, "nove décimosnossa felicidade se baseiam exclusivamente na saúde".
Curiosamente, o filósofo alemão antecipava os avanços da neurociência e toda a correntebem-estar ("wellbeing") que se deslocou para o ambiente empresarial.
Dado que a saúde física énatureza relativamente efêmera, são essenciais a resiliência e a busca por equilíbrio, entendidas como um estadoconsciência que permite enfrentar a dor.
Mastoda forma, como diz o ditadolatim "mens sana in corpore sana", se você cuidarsua saúde corporal, estará construindo uma saúde mental melhor.
5. Exercitar a alegria
O último conselho neste texto é a importânciase exercitar sistematicamente a alegria.
A alegria é um estadoespírito que pode ser cultivado, e quanto mais você pratica, mais você consegue.
Como explicou Sigmund Freud, o humor desnuda a repressão, gera proximidade e contribui para um ambiente melhor.
Por isso, é aconselhável usar o humor nas reuniõestrabalho, talvez não no início, para não banalizar a trocaideias, masalguns momentos, para quebrar o gelo ou relaxar uma discussão.
Novamente, se passamos tanto tempo no trabalho, parece desejável podermos nos divertirvezquando.
Uma das atuações mais memoráveis de Rita Hayworth no cinema é quando canta a música Zip no filme Pal Joey (chamadoO Querido Joey no Brasil),que ela interpreta uma honrada filantropa pressionada a interpretar,um leilão beneficente, umseus números famosos da épocaque era uma vedete.
Uma das frases da divertida canção diz:
"Zip; eu estava lendo Schopenhauer ontem à noiteZip; e acho que Schopenhauer estava certo."
Eu concordo com ela.
* Santiago IñiguezOnzoño é presidente da IE University. Esta nota apareceu originalmente noThe Conversation e é publicada aqui sob uma licença Creative Commons..
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