Marina Silva no governo Lula: os planos da futura ministra do Meio Ambiente:soberana esportes

Marina Silva deu entrevista à BBC News Brasilsoberana esportesnovembro duante a COP27, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Na época, ainda não havia sido confirmada para o Ministério do Meio Ambiente, mas já falava e era tratada como ministra por representantes estrangeiros presentes à conferência.

"A sociedade sabe que agora a prioridade é combater sem trégua o desmatamento criminoso para que se alcance o desmatamento zero", disse.

"Não é algo que seja fácil, porque hoje nós temos uma situação incomparavelmente mais grave do que tínhamossoberana esportes2003, mas temos uma vantagem. Nós já temos uma experiência que deu certo", disse na ocasião à BBC News Brasil.

Na entrevista, ela indica quais serão as prioridades do governo Lula na área ambiental e garante que o petista "mudou"soberana esportesseus primeiros mandatos para hoje. Passou a considerar, segundo ela, o combate ao desmatamento uma "prioridade".

Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente entre 2003 a 2008. Deixou o ministério dois anos antes do fim do segundo mandatosoberana esportesLula após desentendimentos com ministrossoberana esportesoutras pastas, que a acusavamsoberana esportestravar projetossoberana esportesdesenvolvimento, como o Programasoberana esportesAceleração do Crescimento, na época gerido por Dilma Rousseff. Sem receber apoiosoberana esportesLula diantesoberana esportespressões para flexibilizar regras ambientais, pediu demissão.

"O presidente Lula mudou. Naquela época, o combate às atividades ilegais e a política ambiental eram diretrizes só do ministério (do Meio Ambiente). Agora, o próprio presidente assumiu como sendosoberana esportestodo o governo", afirmou. "Foi ele que disse que a política ambiental vai ser transversal. Foi ele que disse que o clima está no mais alto nívelsoberana esportesprioridade e que queremos chegar ao desmatamento zero."

Veja os principais trechos da entrevista feita durante a COP27,soberana esportesSharm El Sheikh:

soberana esportes BBC News Brasil - soberana esportes O Brasil alcançou taxasoberana esportesdesmatamento recorde nos últimos anos e um aumento nas emissõessoberana esportesgases do efeito estufa. A senhora acredita que é possível reverter essa tendência aindasoberana esportes2023, no primeiro ano do governo Lula?

soberana esportes Marina Silva - Nós temos uma diferença na abordagem do que vinha sendo feito no governo Bolsonaro, que foi o desmonte das políticas públicassoberana esportesmodo geral, mas particularmente na área ambiental. Tivemos cortesoberana esportesorçamento, intimidação das equipes [de fiscalização], substituiçãosoberana esportestécnicos por policiais e a expectativasoberana esportesmudar a lei para favorecer criminosos.

Tudo isso muda agora, com uma expectativasoberana esportesque a sociedade saiba que a prioridade é combater sem trégua o desmatamento criminoso, para que se alcance o desmatamento zero. O Brasil vai recuperar as políticas que já deram certo e atualizá-las, para que a gente consiga o resultado necessário para reverter esse quadro atual. Não é algo fácil, porque hoje nós temos uma situação incomparavelmente mais grave do que tínhamossoberana esportes2003. Mas temos uma vantagem: a experiência do que deu certo. Sabemos o que fazer e como fazer.

Agora é uma questãosoberana esportesarticular essas políticas para conseguir uma resposta efetiva. Com certeza fica difícil você dizer o número percentual [de queda do desmatamento]. Eu mesma, quando fui ministra do Meio Ambiente e fizemos o planejamento, estabeleci metas inferiores àquilo que nós realmente alcançamos. Então eu prefiro seguir pelo caminho sabendo que não há mais tempo a perder e que a resposta precisa ter a urgência que a gravidade do problema exige. O Brasil tem o compromisso do desmatamento zero até 2030 e é esse o objetivo que vamos perseguir.

soberana esportes BBC News Brasil - A senhora falousoberana esportesresgatar e atualizar políticas na área ambiental. Mas o que foi feito a partirsoberana esportes2003, no primeiro governo Lula, que pode ser copiado agora e o que precisa ser modificado para alcançar essa metasoberana esportesdesmatamento zero?

soberana esportes Silva - Quando eu e o presidente Lula fizemos nosso reencontro para a composição política e programática — do pontosoberana esportesvista pessoal, nós nunca rompemos — divulgamos um documento no qual ele se compromete com a sociedade brasileira. Nesse documento, está estabelecido o que será feito para resgatar a agenda ambiental perdida. O Planosoberana esportesPrevençãosoberana esportesControle do Desmatamento é algo a ser resgatado, mas agregando novos instrumentos e novas medidas, como, por exemplo, na áreasoberana esportesordenamento territorial e destinaçãosoberana esportesáreas florestadas.

Precisamos pensar como destino as terras indígenas e as unidadessoberana esportesconservação e uso sustentável. Isso é uma medida que já estava estabelecida lá atrás, mas que agora virou uma prioridadesoberana esportesalto nível. Também precisamos atualizar uma ação mais integrada com os Estados. O plano surge como ação do Governo Federal, mas, para ser realmente integrado, precisa da ação dos outros entes federativos.

Mas o Governo Federal não vai esperar pelos Estados e precisa começar a fazer o trabalho. Ou seja, a concepção do plano que tínhamos continua atual, com o ordenamento territorial e fundiário, o combate às práticas ilegais e o desenvolvimento sustentável. Mas isso agora está combinado com a economia e a infraestrutura. Também precisamos transitar para uma agriculturasoberana esportesbaixo carbono. Todos esses fatores são instrumentos novos que farão a diferença. Até porque não basta tirar e proibir o que não pode. É preciso colocar alguma coisa no lugar, para melhorar a vida das pessoas, gerar emprego e renda, possibilitar investimentos.

O que é muito interessantesoberana esportesver é que todos os parceiros do Brasil estão ávidos para voltar a cooperar. Nas conversas que tive com Alemanha, Reino Unido, Canadá, Noruega, enfim, todos os parceiros têm sinalizado e entendido que o Brasil é o país que pode mudar o paradigma, porque reúne as melhores condições para fazer isso. E as pessoas querem ver o Brasil liderando pelo exemplo.

soberana esportes BBC News Brasil - Quando a senhora foi ministra do Meio Ambiente, colocousoberana esportesação o projeto que foi capazsoberana esportesreduzir o desmatamentosoberana esportesmaissoberana esportes60% até o fim do governo Lula. Mas a senhora deixou o ministério, segundo o que se falava na época, por pressõessoberana esportesoutras pastas, que reclamavam que o ministério do Meio Ambiente retardava projetossoberana esportesdesenvolvimento. O que faz a senhora acreditar que o próximo governo Lula será diferente?

soberana esportes Silva - O mundo mudou. Aqueles que não são negacionistas mudaram também. Se nós pararmos para pensarsoberana esportestermos políticos, você imaginaria uma frente ampla com o PSDB apoiando o Lula? Ninguém imaginaria isso. Em situações extremas, as pessoas que têm compromisso com aquilo que existesoberana esportesmais importante para a vida, para os direitos humanos e para a proteção do meio ambiente são capazessoberana esportesproduzir mudanças.

E o presidente Lula mudou. Naquela época, as diretrizessoberana esportescontrole e participação social, o combate às atividades ilegais, a política ambiental, eram diretrizes só do Ministério do Meio Ambiente. Agora, o próprio presidente assumiu que essas instâncias serãosoberana esportestodo o governo. Lula disse que a política ambiental vai ser transversal. Ele afirmou que o clima está no mais alto nívelsoberana esportesprioridade e queremos chegar ao desmatamento zero.

O que queremos fazer é uma reindustrialização jásoberana esportesacordo com os objetivos estabelecidos no Acordosoberana esportesParis. Queremos também transitar para a agriculturasoberana esportesbaixo carbono.

E Lula disse isso tudo no discursosoberana esportesvitória. Naquele momento, ele poderia escolher qualquer coisa para falar, mas escolheu exatamente aquilo que é mais importante para o Brasil nesse momento. Ele falousoberana esportesdemocracia,soberana esportescombate à desigualdade,soberana esportesenfrentamento da mudança climática esoberana esportesalcançar o desmatamento zero, respeitando as populações tradicionais e criando um novo ciclosoberana esportesprosperidade.

soberana esportes BBC News Brasil - Além da redução da taxasoberana esportesdesmatamento, outras marcas do governo Lula foram as grandes obrassoberana esporteshidrelétricas e a exploraçãosoberana esportespetróleo no Pré-Sal. O que a senhora acredita que deva mudar a respeito dessas áreas a partirsoberana esportes2023?

soberana esportes Silva - Eu acredito que o próprio presidente Lula já sinalizou o que vai mudar e eu não posso falar isso por ele. Mas posso dizer aquilo que ele já declarou. Em Manaus, ele disse que agora nós temos alternativas para produçãosoberana esportesenergia, como as usinas eólicas, a biomassa e a energia solar.

Elas já têm um custo mais barato do que a própria energia que vem das hidrelétricas. Esses grandes empreendimentos podem ser substituídos pela geraçãosoberana esportesenergia limpa, renovável, segura e com boa distribuição. Elas, inclusive, ganhamsoberana esporteseficiência, pois o custo [da energia obtida pelas hidrelétricas] é caro e há uma perdasoberana esportes25% ao longo do processosoberana esportestransmissão por longa distância.

Quando você trabalha com parques eólicos,soberana esportesenergia solar ousoberana esportesbiomassa, você tira o potencial máximo daquela localidade. Então essas alternativas vêmsoberana esportessocorro do objetivosoberana esportesuma Amazônia preservada. E também ajudam a fazer com que o Brasil não apenas lidere o processosoberana esportespreservação das florestas na América Latina, mas no mundo todo, especialmente na Ásia e na África.

Nós vemos o presidente Lula muito imbuídosoberana esportesum esforço para ajudar a República Democrática do Congo, a Indonésia e outros países com megaflorestas. Essa ação vai ser importante, pela liderança do Brasil.

Queremos cooperação técnico-científica, investimentos para a bioeconomia e para a infraestrutura. O Brasil pode ser o grande produtorsoberana esporteshidrogênio verde. Mas obviamente que não faremos isso com a mesma chantagem do que é feito agora, com a ideiasoberana esportesque só vamos proteger a floresta se nos pagarem.

O Brasil reduziusoberana esportes83% o desmatamento com recursos próprios e, por isso, recebeu um bônus da Noruega e da Alemanha. E agora nós queremos ampliar o Fundo Amazônia. Eu conversei ontem com o Reino Unido, com a Alemanha, com o Canadá, com a Noruega, e vários agentes querem cooperar com o Brasil. Essas lideranças já se comprometeram a fazer mais investimentos na Amazônia e sinalizaram interessesoberana esportesaumentar a cooperação do Brasil. Elas têm a clareza da importância estratégica do nosso país, tanto na criaçãosoberana esportesum novo modelosoberana esportesdesenvolvimento com a preservação das florestas, quanto no fortalecimento da democracia.

Somos o maior país da América Latina e temos um papel importante no terreno da geopolítica. O mundo tem consciência disso e sabe que nós vivemos uma crise econômica, social e política e está muito solidáriosoberana esportesajudar nesses quatro anos. Nós vemos as respostas do pontosoberana esportesvista social, econômico, ambiental e político, para estabilizar a nossa democracia.

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- Este texto foi publicadosoberana esporteshttp://vesser.net/brasil-64111646