Quem é José Múcio, o 'outsider' escolhido por Lula para ministro da Defesa:roleta estrela bet
É um político experiente - foi deputado e, inclusive, ministroroleta estrela betLula - e dialoga com civis e militares, conservadores e progressistas. Ele diz que se dedicou a "construir pontes".
Ele assume o cargoroleta estrela betum momentoroleta estrela betque Lula terá desafios na Defesa no Brasil e no exterior.
Quem é José Múcio?
Múcio é formadoroleta estrela betEngenharia Civil e hoje trabalha como consultor, mas ele fez antes uma longa carreira na política.
Começouroleta estrela bet1975, como vice-prefeitoroleta estrela betRio Formoso (PE) e, depois, foi prefeito. Trabalhou como secretário no governo pernambucano e na Prefeituraroleta estrela betRecife.
Em 1991, elegeu-se deputado federal por Pernambuco e ficou no Congresso por cinco mandatos seguidos.
Antesroleta estrela betse filiar ao PTB,roleta estrela bet2003, passou pelo PSDB, o PFL (hoje, União Brasil), o antigo PDS e o Arena, partido ligado ao regime militar.
Deixou a Câmararoleta estrela bet2007 para ser ministro-chefe da Secretariaroleta estrela betRelações Institucionaisroleta estrela betLula e,roleta estrela bet2009, foi indicado pelo petista para o Tribunalroleta estrela betContas da União.
Ele presidiu o tribunal nos dois últimos anos antesroleta estrela betse aposentar,roleta estrela betdezembroroleta estrela bet2020.
"Busquei, incessantemente, ao longo desses anos e durante toda minha vida, construir pontes, pois considero que as melhores soluções são resultantes da soma dos diversos pontosroleta estrela betvista", discursou Múcio ao deixar o TCU.
Múcio abriu uma consultoriaroleta estrela betgestão empresarial e faz "engenharia política" para seus clientes.
"Eu uso meu networkroleta estrela bet40, 50 anosroleta estrela betpolítica e abro portas, marco para a pessoa ser recebida", disse Múcio ao jornal O Estadoroleta estrela betS. Paulo.
A escolha
Agora, aos 74 anos, Múcio voltará à vida pública, novamente como ministroroleta estrela betLula.
O anúncio do futuro ministério seria feito só depois da diplomação do presidente-eleito,roleta estrela bet12roleta estrela betdezembro.
Mas Lula foi cobrado para que divulgasse logo quem estará no governo e adiantou indicações consideradas certas - aroleta estrela betMúcio foi uma delas.
O anúncio ocorre diante da possibilidade, noticiada pela imprensa e não confirmada pelas Forças Armadas,roleta estrela betque a transmissão dos três comandos militares seja antecipada para antes da posse.
Lula terá com Múcio mais uma vez um civil à frente da Defesa, comoroleta estrela betseus outros governos. Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) colocaram militares no cargo.
Múcio é considerado alguém com bom trânsito nas Forças Armadas.
O vice-presidente, o general Hamilton Mourão (Republicanos), disse ter "muito apreço" por eleroleta estrela betentrevistas recentes e afirmou que seu nome tem "boa aceitação" entre os militares.
O comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o brigadeiro Carlosroleta estrela betAlmeida Baptista Júnior, disse que Múcio é uma "pessoa inteligente e ponderada, com quem tivemos ótimas relaçõesroleta estrela betsuas funções passadas".
Bolsonaro também já rasgou elogios a ele. "Eu sou apaixonado por você, José Múcio", disse o presidente na cerimôniaroleta estrela betdespedida do ministro do TCU e abriu as portas do governo. "Se a saudade lhe bater, venha para cá."
O que significa?
Mariana Kalil, professora da Escola Superiorroleta estrela betGuerra do Ministério da Defesa, avalia que a indicaçãoroleta estrela betMúcio frustrou expectativasroleta estrela betque a pasta ficaria com alguém da área.
"É uma surpresa porque, diferentemente da épocaroleta estrela betgovernos anteriores, como osroleta estrela betFernando Henrique Cardoso e Lula, o Brasil tem hoje grandes especialistas civis que também têm trânsito entre militares e as diferentes pontas do espectro político que poderiam exercer o cargo", diz Kalil.
A lógica política prevaleceu, afirma a pesquisadora, ao Lula entender que precisariaroleta estrela betalguém com as característicasroleta estrela betMúcio para o cargo.
"Lula é um conciliador e faz todo sentido, por ser alguém que vai ter o papelroleta estrela betestabelecer com destreza um diálogo com setores que Lula percebe que podem ser resistência ao governo. Ele está pensando emroleta estrela betsobrevivência política."
Adriana Marques, professora do cursoroleta estrela betDefesa e Gestão Estratégica Internacional da Universidade Federal do Rioroleta estrela betJaneiro (UFRJ), critica o fato da equiperoleta estrela bettransição não ter anunciado até agora um grupo temático da área.
"Parece que o Ministério da Defesa está sendo tratadoroleta estrela betuma forma diferente. Que a políticaroleta estrela betdefesa não é uma política pública e não merece uma discussão mais ampla da sociedade. A coisa começa torta", afirma.
A professora diz ser mais importante discutir a política que Múcio irá implantar.
"Há uma ideia equivocada que se sustenta há décadasroleta estrela betque o ministro da Defesa é o representante das Forças Armadas no governo, mas não é", afirma Marques.
"Por exemplo, os documentos da Defesa produzidos nos últimos anos foram feitos sem participação e diálogo da sociedade civil. Ser ministro não é só chegar lá e implementar o que dizem os militares."
O ministro é o responsável do governo pela execução da políticaroleta estrela betDefesa, reforça a pesquisadora.
"Se continuar com essa visãoroleta estrela betque o ministro está lá para atender as demandas dos militares, tanto faz ser civil ou militar, nada vai avançar."
Os desafiosroleta estrela betMúcio
À frente da Defesa, Múcio terá que reafirmar o controle civil sobre as Forças Armadas, diz Kalil.
"É um desafio, porque o ministério foi tradicionalmente povoado por militares da reserva e da ativa e foi chefiado por militares. Ele terá que reestabelecer que a políticaroleta estrela betDefesa do Brasil virá dos civis do governo, como é feitoroleta estrela betuma democracia", afirma.
No governo Bolsonaro, houve uma "sobreposição" entre civis e militares, diz Kalil: "Tudo ficou tudo mais confuso".
Lula também precisarároleta estrela betum bom diálogo com as Forças Armadas se for cumprir a promessaroleta estrela betdesmilitarizar o governo, após oficiais assumirem ministérios e milharesroleta estrela betcargos com Bolsonaro.
O novo ministro deve ainda rediscutir o papel das Forças Armadasroleta estrela betatividades que não são militares, diz Marques. Ela dá como exemplos o apoio a atletasroleta estrela betalto rendimento, o programaroleta estrela betdesenvolvimento econômico e social Calha Norte e as escolas cívico-militares.
"O Ministério da Defesa precisa cuidarroleta estrela betquestõesroleta estrela betDefesa e dar apoio à política externa, para aperfeiçoarroleta estrela betarticulação, um processo que foi iniciado pelo Nelson Jobim (no governo Lula) e que o Celso Amorim deu continuidade, mas depois se rompeu", afirma Marques.
Múcio precisará reconstruir a liderança regional do Brasil após uma "retração" do país sob Bolsonaro, , avalia Kalil, e do crescimento da influênciaroleta estrela betRússia, China e Estados Unidos na América do Sul.
A pesquisadora cita como exemplo desta retração a saída do Brasil da União das Nações Sul-Americanas (Unasul)roleta estrela bet2019.
"Quando o Brasil se retiraroleta estrela betcampo, deixa um vazio e abre espaço para que potências extrarregionais estabeleçam dinâmicas própriasroleta estrela betâmbito militar eroleta estrela betdefesa, e isso dificulta que o país se movimente como o grande ofertanteroleta estrela betsoluções na região", afirma.
Mas ela diz que enxerga um cenário internacional favorável para Múcio e Lula porque, para os Estados Unidos, um Brasil mais influente pode ser um contraponto a Rússia e China.
Também há, neste momento, governosroleta estrela betesquerda à frenteroleta estrela betvários países da região.
"Quando governos assim estiveram juntos no poder, eles convergiramroleta estrela betpolítica externa e criaram instituições regionais. É um momento oportuno para retomar relações mais próximas."
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