'A comunidade não vai aceitar': os planos do governo Lulabanca aposta esportivaencerrar programabanca aposta esportivaescolas cívico-militares:banca aposta esportiva

Presidente Jair Bolsonaro

Crédito, Antônio Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, O presidente Jair Bolsonaro participabanca aposta esportivalançamentobanca aposta esportivaprograma federal para escolas cívico-militares,banca aposta esportiva2019. Novo governo cogita encerrá-lo

Seu principal argumento erabanca aposta esportivaque um dos principais problemas da educação no país seria a faltabanca aposta esportivadisciplina e uma suposta doutrinação ideológicabanca aposta esportivaesquerda praticadabanca aposta esportivasalabanca aposta esportivaaula.

Gestão militarbanca aposta esportivaescolas

De acordo com o programa lançado pelo governo federal, as escolas cívico-militares são aquelasbanca aposta esportivaque militares da reserva participam da gestão e da organização da escola, embora a direção e a maior parte das disciplinas continuem a cargobanca aposta esportivacivis. As escolas cívico-militares não são iguais aos colégios militares do Exército ou das polícias militares existentesbanca aposta esportivapraticamente todo o país. Nessas unidades, toda a gestão é feita por militares.

Na maioria das escolas que adotam esse modelo híbrido, os militares atuam no recebimento dos alunos, nos intervalos entre os turnos e no encerramento do horáriobanca aposta esportivaaula. Eles são pagos diretamente pelo Ministério da Defesa.

Além disso, as escolas adotam fardas que simulam uniformes militares e realizam rotinas como cantar o hino nacional periodicamente.

A adesão ao modelo é voluntária e ocorre após a realizaçãobanca aposta esportivauma consulta públicabanca aposta esportivaque a comunidade que fica no entorno da unidade pode opinar sobre se ela deve ou não adotar o modelo.

Criançasbanca aposta esportivaposiçãobanca aposta esportivasentidobanca aposta esportivaescola com parceria militar na Bahia
Legenda da foto, Aumento da violência e apreço pela disciplina militar são motivos apontados pelas comunidades favoráveis ao modelo cívico-militar

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a meta era que 2016 escolas cívico-militares fossem implementadas até 2023. Até o momento, segundo a pasta, o número chegou a 202, mas haveria uma "fila"banca aposta esportivapelo menos 350 municípios à espera para entrar no programa.

Modelobanca aposta esportivaxeque

Apesar do suposto sucesso do programa, integrantes da equipebanca aposta esportivatransição ligados à pauta da educação afirmam que a tendência é que o programa seja encerrado.

"Eu considero que a escola cívico-militar é um equívoco que tem que ser revisto. É preciso um processobanca aposta esportivatransição para rever práticas pedagógicas adotadas pelas escolas que aderiram ao programa", disse à BBC News Brasil o pesquisador e professor da Universidadebanca aposta esportivaSão Paulo (USP) Daniel Cara. Ele é integrante do grupobanca aposta esportivatrabalho da equipebanca aposta esportivatransição que avalia as políticas que serão adotadas no próximo governo.

"A tendência é que o programa seja encerrado", disse à BBC News Brasil o líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG). Durante a campanha presidencial, ele ficou responsável por representar Lula nas discussões sobre educação.

A avaliaçãobanca aposta esportivacríticos ao modelo cívico-militar ébanca aposta esportivaque ele partebanca aposta esportivauma premissa equivocada: abanca aposta esportivaque a disciplina militar seria responsável por melhorar o desempenho dos alunos. Outro fator que faria com que as comunidades fossem favoráveis à adoção do modelo é o temorbanca aposta esportivarelação à violência dentro e nas proximidades das escolas, especialmente nas áreas periféricas das cidades.

"O problema é que as pessoas olham para o desempenho dos colégios militares e acham que os bons resultados são resultado dos militares e não da quantidadebanca aposta esportivarecursos que são empregados nessas unidades", disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadoresbanca aposta esportivaEducação do Estadobanca aposta esportivaGoiás (Sintego) e deputada estadual eleita, Biabanca aposta esportivaLima (PT).

Na segunda-feira (28/11), uma reportagem do jornal O Globo apontou que esse grupobanca aposta esportivatrabalho sobre educação da equipebanca aposta esportivatransição havia chegado a um consensobanca aposta esportivaque o programa deveria ser extinto.

A crítica da petistabanca aposta esportivarelação ao modelo contrasta,banca aposta esportivaparte, com a quantidadebanca aposta esportivaescolasbanca aposta esportivaestados historicamente governados pelo PT e que aderiram ao modelo cívico-militar. É o caso da Bahia que,banca aposta esportiva2019, tinha 83 escolas municipaisbanca aposta esportivaensino fundamental adotando o formato militarizado. Lá, a parceria é feita com a Polícia Militar e não com as Forças Armadas.

O programa baiano é anterior ao lançado pelo governo federal. O governo estadual não aderiu à iniciativabanca aposta esportivaBolsonaro e das 202 escolas que aderiram ao programa federal, apenas duas são baianas.

Biabanca aposta esportivaLima explica a procura dos municípios baianos pelo modelo militarizado.

"É a violência que faz com que haja essa procura. Os pais e os gestores municipais acham que o problema da violência vai ser resolvido colocando policial dentro das escolas. Mas o lugar do policial é fora das escolas e não dentro", disse a sindicalista e deputada.

Daniel Cara avalia que não é possível o governo federal obrigar as escolas que já aderiram ao programa federal a mudar seus modelos. Por isso, segundo ele, seria importante estabelecer medidasbanca aposta esportivatransição entre a versão cívico-militar e a 100% civil.

Na prática, porém, o fim do programa e a destinaçãobanca aposta esportivasuas verbas para outras áreas deverá comprometer um dos principais eixos do seu funcionamento: a presençabanca aposta esportivamilitares da reserva dentro das unidades.

Reação

Valéria Ramirez, que dirige uma das escolas que aderiu ao programa federal, diz que a reação na comunidade atendida pela unidade à possibilidadebanca aposta esportivaencerramento do programa foi negativa e que pais e mãesbanca aposta esportivaestudantes demonstraram preocupação.

"Eu tenho recebido várias consultas nos últimos dias e os pais disseram que se o programa acabar e a escola deixarbanca aposta esportivaser cívico-militar, eles vão tirar os filhos daqui", disse.

Dirtora Valéria Ramirez Daniel

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A diretorabanca aposta esportivauma escola cívico-militarbanca aposta esportivaFoz do Iguaçu (PR), Valéria Ramirez Daniel, diz que a comunidade atendida pela unidade não quer o fim da atuação dos militares

A escola dirigida por Valéria aderiu ao programa federalbanca aposta esportiva2020. Desde então, ela conta, as mudanças impostas pelo novo modelo tiveram impacto positivo na rotina dos alunos e dos professores.

"A questão disciplinar mudou muito. Agora, com a presença dos militares, os professores se preocupam menos com a bagunça. Isso fez aumentar o tempo que os professores têm para ministrar as aulas porque eles passam menos tempo sendo interrompidos", afirmou a diretora.

Valéria também afirma que o desempenho escolar dos alunos melhorou. Os dados do Índicebanca aposta esportivaDesenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostram que, no Ensino Médio, a nota da escola saiubanca aposta esportiva3,8banca aposta esportiva2019 para 4,8banca aposta esportiva2021. A nota da escola ficou acima da média do Paraná no Ensino Médio público, que foi 4,6.

"Antes, a gente avançava muito devagar. Era quase um décimobanca aposta esportivaaumento por ano. Após a mudança pro cívico-militar, nós subimos um ponto inteiro", comemorou a diretora.

"Eu não vou aceitar se eles mudarem", disse a aposentada Luzia Célia Stein, 62. Ela é vizinha da escola Tancredobanca aposta esportivaAlmeida Neves e tem doisbanca aposta esportivaseus sobrinhos estudando na unidade.

"Eu moro aqui há muitos anos. Meus filhos estudaram nessa escola e eu pude ver a mudança. Não tem mais vendabanca aposta esportivadrogas na esquina, não se ouve mais palavrão na saída dos alunos. Eu acho que não tem que mudar nada", afirmou Luzia.

O presidente e fundador da Associação Brasileirabanca aposta esportivaEducação Cívico-Militar (Abemil), Davi Lima, disse que o fim do programa federal vai frustrar pais e alunos.

"Vai ser uma frustração muito grande porque é um modelo que vem dando certo. Ainda não há nenhuma posição oficial, mas a gente espera que isso não vá pra frente. Mas se for, acho que as escolas e as comunidades vão procurar formasbanca aposta esportivamanter o modelo", afirmou.

Valéria Ramirez diz que já está avaliando possibilidades para manter o esquema cívico-militar caso o programa do governo federal seja extinto. Uma das alternativas seria aderir ao programa Estado do Paraná, liderado pelo governador Ratinho Júnior (PSD), que durante as eleições deste ano apoiou Jair Bolsonaro. Ratinho Júnior é um entusiasta do modelo.

"Se o governo federal acabar o programa, vou ter que recorrer ao governo estadual. Pra nós, será ruim porque hoje temos 15 militares na nossa escola. No programa estadual, as escolas têm entre dois ou três. Vamos perder muito, mas vamos tentar manter o modelo", diz Valéria.

Procurado pela BBC News Brasil, a atual gestão do MEC defendeu o programa. Por e-mail, a pasta disse que as escolas cívico-militares teriam obtido "expressivos resultados"banca aposta esportivaquesitos como a redução da evasão e abandono escolar, diminuição da violência, maior participaçãobanca aposta esportivapais e responsáveis na vida escolar e melhoria do Ideb.

A BBC News Brasil solicitou ao MEC relatórios ou dados que comprovariam as informações repassadas por e-mail, mas nenhum documento ou estudo foi enviado.

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