Bolsonaro derrotado: 10 armas usadas sem sucesso na tentativaroleta probabilidadesreeleição:roleta probabilidades

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Legenda da foto, Auxílio Brasilroleta probabilidadesR$ 600, corteroleta probabilidadesimpostos sobre combustíveis, orçamento secreto, redes sociais, apoio evangélico, antipetismo. Por que nada disso foi suficiente para reeleger o capitão reformado?

Para além das medidas econômicas, Bolsonaro transformou o comprovanteroleta probabilidadesvotaçãoroleta probabilidadesprovaroleta probabilidadesvida do INSS para estimular o voto dos idosos (público queroleta probabilidades2018 deu votação expressiva ao presidente) e reforçou o usoroleta probabilidadestrêsroleta probabilidadessuas armas da campanha anterior: as redes sociais, o apoio evangélico e o antipetismo.

Com tudo isso, conseguiu reduzir fortementeroleta probabilidadesrejeição ao longo da campanha e obter uma votação muito superior aos cercaroleta probabilidades27% da população que hoje se definem como bolsonaristas, segundo pesquisa Atlas recente.

Como foi possível esse uso sem precedentes da máquina pública numa campanha eleitoral? E por que, mesmo assim, Bolsonaro não conseguiu se reeleger?

A BBC News Brasil ouviu Sérgio Lazzarini (Insper), Letícia Bartholo (ex-secretária nacional adjuntaroleta probabilidadesRendaroleta probabilidadesCidadania), Bruno Carazza (Fundação Dom Cabral) e Denilde Holzhacker (ESPM) para responder a essas e outras perguntas sobre o fracasso do "arsenal eleitoral"roleta probabilidadesBolsonaro.

Procurados, o Ministério da Economia disse que não iria comentar e Caixa, Ministério da Cidadania e Planalto não responderam ao pedidoroleta probabilidadesposicionamento.

A vantagem do incumbente

"Bolsonaro tinha um desafio muito grande, pois entrou na corrida eleitoral como o presidente buscando a reeleição mais mal avaliado e com maior rejeição desde que a reeleição foi instituída no Brasil", lembra Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral e autor do livro Dinheiro, eleições e poder: As engrenagens do sistema político brasileiro.

Em maio deste ano, 54% dos brasileiros diziam que não votariamroleta probabilidadesJair Bolsonaroroleta probabilidadesjeito nenhum, comparado a 35% que diziam o mesmo sobre Dilma Rousseff (PT)roleta probabilidadesmaioroleta probabilidades2014, 27% que diziam isso sobre Lularoleta probabilidades2006 e 26%roleta probabilidadesrejeição a FHCroleta probabilidades1998, segundo dados do Datafolha, levantados pelo UOL.

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Legenda da foto, Em maio, 54% dos brasileiros diziam que não votariamroleta probabilidadesJair Bolsonaroroleta probabilidadesjeito nenhum

"Ele estavaroleta probabilidadessegundo lugar nas pesquisas, num contexto econômico muito difícil, pós-pandemia e com os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia na economia brasileira. Então ele tentou virar o jogo com um pacoteroleta probabilidadesmedidas para dar um gás na reta final da campanha, dado que ele não tinha númerosroleta probabilidadespopularidade suficientes para garantir a reeleição", afirma.

Sérgio Lazzarini, professor do Insper e coautor do livro Reinventando o capitalismoroleta probabilidadesEstado: O Leviatã nos negócios (sobre o intervencionismo estatal na economia durante os governos petistas), observa que essa estratégia é parte da chamada "vantagem do incumbente", uma sérieroleta probabilidadesprerrogativas políticas — como o uso do Orçamento público — que dão ao governanteroleta probabilidadesexercício mais força na corrida eleitoralroleta probabilidadesrelação a seus oponentes.

"Isso desequilibra o processo democrático, dando uma vantagem natural a quem já está no poder", observa o especialistaroleta probabilidadesadministração pública, que está atualmente no Canadá, lecionando na Ivey Business School da Western University.

Por que freios e contrapesos falharam

Lazzarani observa que essa não é uma característica apenasroleta probabilidadesmodelos políticos onde existe a possibilidaderoleta probabilidadesreeleição, já que o governanteroleta probabilidadesexercício também pode fazer uso da máquina pública para cacifar um sucessor ou sucessora.

"O uso da máquina aconteceroleta probabilidadestodos os níveis: nas eleições municipais, para governadores e presidenciais. Sempre aconteceu o usoroleta probabilidadesinstrumentos econômicos", diz Carazza, citando como exemplo o adiamento da desvalorização cambial por Fernando Henrique Cardoso (PSDB)roleta probabilidades1998 e o usoroleta probabilidadestransferênciaroleta probabilidadesrenda nos governos Lula e Dilma.

"No caso do Bolsonaro, o que houve foi uma escala maior do queroleta probabilidadesanos anteriores, porque não foi só o governo abrir as torneiras do gasto público. Houve uma sérieroleta probabilidadesmudanças no arcabouço jurídico-econômico brasileiro,roleta probabilidadesflexibilizaçãoroleta probabilidadestravas fiscais e eleitorais que restringiam esse uso eleitoreiro do gasto público às vésperas da votação", afirma.

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Legenda da foto, 'Houve uma sérieroleta probabilidadesmudanças no arcabouço jurídico-econômico brasileiro,roleta probabilidadesflexibilizaçãoroleta probabilidadestravas fiscais e eleitorais', diz Bruno Carazza, da Fundação Dom Cabral

E por que os mecanismosroleta probabilidadesfreios e contrapesos, como as leis que visam inibir o abusoroleta probabilidadespoder econômicoroleta probabilidadesano eleitoral, falharam?

"As leis dependem do sistema político. Quando esse sistema tem um objetivo político, ele passa por cima [das leis]. A leiroleta probabilidadesresponsabilidade fiscal foi flexibilizada no passado e agora, toda a aprovação dessas PECs [Propostasroleta probabilidadesEmenda à Constituição] que ocorreu para aumentar os gastos, também foiroleta probabilidadesfunção da pressão política", avalia Lazzarini.

O impacto das medidas lançadas pelo governo para aumentar as despesas sociais durante o período eleitoral supera os R$ 68 bilhões somenteroleta probabilidades2022, segundo estimativa do jornal Valor Econômico, a partirroleta probabilidadesdados das emendas constitucionais e do Ministério da Economia.

Por que gasto bilionário não garantiu a reeleição

Mas então por que não deu certo? Os especialistas têm algumas hipóteses.

"A população mais pobre tem memória", diz Letícia Bartholo, especialistaroleta probabilidadespolíticas públicas e gestão governamental e ex-secretária nacional adjuntaroleta probabilidadesRendaroleta probabilidadesCidadania (2012-2016).

"Tem memóriaroleta probabilidadescomo o presidente Bolsonaro tratou a transferênciaroleta probabilidadesrenda aos mais pobres durante toda aroleta probabilidadescarreira no Legislativo e Executivo, chamandoroleta probabilidades'bolsa esmola'. Além disso, no último período, houve muitas mudanças, muito vai, não vai no âmbito da transferênciaroleta probabilidadesrenda. Foram seis mudançasroleta probabilidadesdois anos, o que gera uma sensaçãoroleta probabilidadesinsegurança na população,roleta probabilidadesnão saber o diaroleta probabilidadesamanhã. Acredito que isso contribuiu para essa estratégia que injetou bilhõesroleta probabilidadesreais [na economia] não ter dado certo", avalia.

Já Bruno Carazza acredita que Bolsonaro pagou um preço porroleta probabilidadesdisplicência na gestão da pandemia e por ter relegado a política social à reta final da eleição.

Para Denilde Holzhacker, cientista política e coordenadora geralroleta probabilidadespesquisa e pós-graduação na ESPM (Escola Superiorroleta probabilidadesPropaganda e Marketing), o episódio envolvendo o deputado Roberto Jefferson na reta final da campanha também pesou sobre o resultado.

"Foi um caso que demonstrou o grauroleta probabilidadespolarização eroleta probabilidadesviolência política associada aos grupos bolsonaristas e ao próprio Bolsonaro", diz Holzhacker. "Então, apesarroleta probabilidadestodas as ações econômicas e do forte apoio evangélico eroleta probabilidadesoutros atores, ele não conseguiu superar a grande rejeição que existe frente ao seu governo e ter o apoio da maioria da população."

Confira a listaroleta probabilidades10 armas usadas sem sucesso por Bolsonaro na tentativaroleta probabilidadesreeleição.

1. Orçamento secreto

O orçamento secreto, que recebeu esse nome a partirroleta probabilidadesuma sérieroleta probabilidadesreportagens do jornal O Estadoroleta probabilidadesS. Paulo, é uma prática adotada pelo Congresso brasileiro desde 2020,roleta probabilidadesque verbas do Orçamento público são destinadas a projetos sem a necessidaderoleta probabilidadesidentificação dos parlamentares ou detalhamento sobre a destinação dos recursos.

O esquema movimentou R$ 16 bilhõesroleta probabilidades2021, R$ 16,5 bilhões este ano e a propostaroleta probabilidadesOrçamento para 2023 reserva R$ 19,4 bilhões para as chamadas emendas do relator, nome oficial dessa despesa no Orçamento da União.

Inicialmente, o presidente Jair Bolsonaro vetou essa novidade no Orçamento. Depois, no entanto, o governo enviou nova proposta orçamentária ao Legislativo prevendo destinaçãoroleta probabilidadesrecursos para as emendas do relator, que foi então aprovada por deputados e senadores.

Segundo analistas, a destinaçãoroleta probabilidadesrecursos para o orçamento secreto fortaleceu a baseroleta probabilidadesapoio a Bolsonaro no Congresso eroleta probabilidadesmunicípios que receberam essas verbas.

Também contribuiu para o forte índiceroleta probabilidadesreeleição entre parlamentares esse ano. Na Câmara, 294 deputados (57,3% do total) foram reeleitos, segundo dados da Agência Câmara — o percentual considera os 596 deputados que assumiram mandatoroleta probabilidadesalgum momento da atual legislatura, não apenas os 513 que estão no exercício do mandato.

E facilitou a aprovaçãoroleta probabilidadesPECsroleta probabilidadesinteresse do governo, como a dos Precatórios (que adiou o pagamentoroleta probabilidadesdívidas da União para liberar recursos para o Auxílio Brasil) e a que turbinou gastos sociais no ano eleitoral; além da legislação que reduziu impostos sobre combustíveis.

"Não foi só o governo, o Legislativo também usou a máquina [pública]", diz Holzhacker, da ESPM. "A liberaçãoroleta probabilidadesrecursos via orçamento secreto é também uma formaroleta probabilidadesmanter a máquina azeitada nos municípios e com isso obter benefícios eleitorais. Vimos que isso teve um resultado prático para a eleição dos partidos que receberam recursos."

2. Reduçãoroleta probabilidadesimpostos sobre combustíveis

Em meio à forte alta internacional dos preços do petróleo devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, o Congresso aprovouroleta probabilidadesjunho e Bolsonaro sancionou legislação que zerou os impostos federais (PIS e Cofins) sobre combustíveis até 31roleta probabilidadesdezembroroleta probabilidades2022 e limitou a cobrançaroleta probabilidadesICMS pelos Estados à alíquota mínimaroleta probabilidades17% ou 18%.

Após a aprovação da medida, os combustíveis tiveram quedaroleta probabilidadespreçosroleta probabilidadesjulho, agosto e setembro, contribuindo para a deflação registrada pelo IPCA, índice oficialroleta probabilidadesinflação do país, nesses mesmos meses.

Com isso, a inflação acumuladaroleta probabilidades12 meses no Brasil se descolou da tendência mundial, conforme mostra esse gráfico elaborado pela LCA Consultores.

"Essa medida teve como objetivo agradar a fatia do eleitoradoroleta probabilidadesclasse média, que estava bastante incomodado com os preços altos dos combustíveis. Então foi uma medida estratégica do governo para tentar acalmar esse segmento, que foi muito decisivo para a eleição do Bolsonaroroleta probabilidades2018", diz Carazza, da Fundação Dom Cabral.

"Também foi uma estratégia para, por vias indiretas, ao intervir no mercadoroleta probabilidadescombustíveis, criar uma redução artificial da inflação, reduzindo seus efeitos para a classeroleta probabilidadesrenda mais baixa. Então, sem dúvida nenhuma, isso teve um objetivo eleitoral muito forte."

3. Auxílio Brasilroleta probabilidadesR$ 600 e Vale Gás ampliado

Ao fimroleta probabilidades2021, o governo Jair Bolsonaro extinguiu o Bolsa Família e criou o Auxílio Brasil, numa tentativaroleta probabilidadesimprimir uma marca própria na assistência social, apagando o nome fortemente associado às gestões petistas.

A proposta original do governo previa um valorroleta probabilidadesR$ 400 válido só até dezembroroleta probabilidades2022, mas uma emenda na Câmara dos Deputados tornou o benefício permanente.

No entanto, o valor ainda era inferior aos R$ 600 do Auxílio Emergencial pago durante a pandemia, o que daria aos beneficiários uma percepçãoroleta probabilidadesperda. Assim,roleta probabilidadesjunho deste ano, o governo propõe ampliar o Auxílio Brasil para R$ 600, mas novamente com validade somente até dezembro.

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Legenda da foto, Em 2021, governo propôs Auxílio Brasilroleta probabilidadesR$ 400, mas elevou o valor a R$ 600 a dois meses da eleição

A medida foi viabilizadaroleta probabilidadesjulho atravésroleta probabilidadesuma PEC, que abriu brecha para gastosroleta probabilidadesaté R$ 41 bilhões fora do tetoroleta probabilidadesgastos, ao reconhecer um "estadoroleta probabilidadesemergência". Isso possibilitou a criaçãoroleta probabilidadesbenefícios no anoroleta probabilidadeseleições, driblando proibição imposta pela Lei Eleitoral.

Além do aumentoroleta probabilidadesvalor do auxílio, a PEC também dobrou o valor do Vale Gásroleta probabilidadesR$ 60 para R$ 120 e ampliou o númeroroleta probabilidadesfamílias que recebem esse vale.

Posteriormente, o governo ainda ampliou o númeroroleta probabilidadesbeneficiários do Auxílio Brasilroleta probabilidadesmais 500 mil famílias — chegando a um totalroleta probabilidades21,1 milhões no inícioroleta probabilidadesoutubro —, antecipou o calendárioroleta probabilidadespagamentos antes dos dois turnos da eleição, ampliou prazoroleta probabilidadescadastro ao benefício e prometeu um 13º para os beneficiáriosroleta probabilidades2023.

Para Letícia Bartholo, apesar do aumento do valor do auxílio ser positivo, o programa nos moldes atuais tem graves problemasroleta probabilidadesdesenho. Uma evidência disso é a explosãoroleta probabilidadescadastrosroleta probabilidadesfamílias formadas por uma única pessoa.

"Quando o Auxílio Brasil paga um piso por família, desconsidera o númeroroleta probabilidadespessoas na família. Na realidade, está pagando R$ 600 para quem mora sozinho, R$ 300 para uma famíliaroleta probabilidadesdois, R$ 200 para uma famíliaroleta probabilidadestrês e R$ 150 para uma famíliaroleta probabilidadesquatro integrantes, pensando no valor por pessoa", diz Bartholo.

"Isso prejudica, por exemplo, mães solo com crianças pequenas e favorece pessoas que moram sozinhas e que têm mais condiçõesroleta probabilidadesprocurar emprego, por não terem as limitações do cuidado com crianças", afirma a socióloga.

"Cria também um incentivo adverso que é estimular que famílias que tenham dois adultos se dividam artificialmente para majorar seu benefício. Sempre que isso acontece, há uma família pobre, que precisa, que não vai conseguir a vaga."

4. Benefício para taxistas e caminhoneiros

A mesma PEC que viabilizou o Auxílio Brasilroleta probabilidadesR$ 600 e ampliou o Vale Gás, também criou um benefício mensalroleta probabilidadesR$ 1 mil para taxistas e caminhoneiros, pago entre agosto e dezembroroleta probabilidades2022.

Segundo balanço do Ministério do Trabalho, maisroleta probabilidades360 mil caminhoneiros e 297 mil taxistas receberam os benefícios até a semana anterior ao segundo turno.

O governo também antecipou o calendárioroleta probabilidadespagamento desses benefícios e destinou recursos extras para esse fim entre o primeiro e o segundo turnos.

"São grupos muito vocais, principalmente o dos caminhoneiros", diz Lazzarini, do Insper e da Western University. "Então isso também vai na linharoleta probabilidadesganhar suporte político, alémroleta probabilidadesatenuar insatisfações e evitar revoltas durante a campanha e na pré-eleição, o que também teve claramente um objetivo eleitoral."

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Legenda da foto, Bolsonaro criou benefício mensalroleta probabilidadesR$ 1 mil para taxistas e caminhoneiros, pago entre agosto e dezembroroleta probabilidades2022

5. Consignado do Auxílio Brasil

Em outra medida visando a parcela da população mais vulnerável, tradicionalmente mais propensa a votarroleta probabilidadescandidatos do PT, o governo criou o consignado do Auxílio Brasil, um empréstimo garantido pelo benefício social, com as parcelas da dívida descontadas na fonte — isto é, descontadas do próprio benefício pago pelo governo.

A regulamentação do empréstimo saiu apenas ao fimroleta probabilidadessetembro, estabelecendo um limiteroleta probabilidadesjurosroleta probabilidades3,5% ao mês ou 51,5% ao ano, acima da médiaroleta probabilidadesoutros consignados.

Enquanto o Auxílio Brasilroleta probabilidadesR$ 600 começou a ser pagoroleta probabilidadesagosto, o consignado — com valor médioroleta probabilidadesR$ 2.600 —, passou a ser pago a partirroleta probabilidades10roleta probabilidadesoutubro, entre o primeiro e o segundo turno das eleições. Em apenas 11 dias, até 21roleta probabilidadesoutubro, a Caixa já havia emprestado R$ 4,3 bilhões, para 1,7 milhãoroleta probabilidadespessoas.

O Ministério Público junto ao Tribunalroleta probabilidadesContas da União chegou a pedir a suspensão do consignado para "impedirroleta probabilidadesutilização com finalidade meramente eleitoral". Além disso, a modalidaderoleta probabilidadesempréstimo sofreu duras críticasroleta probabilidadesespecialistas, por comprometer até 40% do benefício pago às famílias mais vulneráveis do país com o pagamentoroleta probabilidadesdívida.

"É claro que a população precisaroleta probabilidadesacesso a crédito, mas há uma incompatibilidade entre o empréstimo consignado, que exige uma regularidaderoleta probabilidadespagamentos, e o desenho do Auxílio Brasil, que prevê a possibilidaderoleta probabilidadesbloqueios, suspensões e até mesmo a saída da família do programa, por problemasroleta probabilidadescadastro ou quando a família deixaroleta probabilidadescumprir condicionantes", observa Letícia Bartholo, ex-secretária nacional adjuntaroleta probabilidadesRendaroleta probabilidadesCidadania.

"O problema é que,roleta probabilidadescasoroleta probabilidadessuspensãoroleta probabilidadespagamento, a dívida recai unilateralmente sobre as famílias. O poder público não será solidário no pagamento dessa dívida. E estamos falandoroleta probabilidadesuma população com pouca educação financeira, submetida a juros abusivos."

6. Outros usos da Caixa: renegociaçãoroleta probabilidadesdívidas, crédito para mulheres e FGTS Futuro

O uso eleitoral da Caixa Econômica Federal não se restringiu ao Auxílio Brasil e ao empréstimo consignado.

Entre o primeiro e o segundo turnos, Bolsonaro anunciou um programaroleta probabilidadesrenegociaçãoroleta probabilidadesdívidas, outroroleta probabilidadescrédito para mulheres empreendedoras e a possibilidaderoleta probabilidadeso trabalhador complementar um financiamento habitacional com créditos ainda não recebidos do FGTS (Fundoroleta probabilidadesGarantia do Temporoleta probabilidadesServiço) como formaroleta probabilidadescaução, tudo através da Caixa.

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Legenda da foto, Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro anunciou programaroleta probabilidadescrédito para mulheres empreendedoras

"O usoroleta probabilidadesbancos públicos na política brasileira é muito comum, desde a épocaroleta probabilidadesque os governos estaduais tinham seus próprios bancos — Banespa, Bemge, Banerj", lembra Carazza.

Com a privatização dos bancos estaduais durante os governos FHC, Banco do Brasil, BNDES, Caixa e Basa (Banco da Amazônia) continuaram sendo usados para fins não sóroleta probabilidadespolíticas públicas, mas também eleitorais, avalia o professor da Fundação Dom Cabral.

"Na Caixa, há uma situação particular porque ela não tem ações negociadas no mercado, é um bancoroleta probabilidadesvarejo [isto é, que atende pessoas físicas] com capital 100% da União. Isso faz com que que as decisões que a União tomaroleta probabilidadesrelação à Caixa não possam ser questionadas por acionistas privados, como é o caso do Banco do Brasil [que tem açõesroleta probabilidadesbolsa]", observa.

"Então o governo opta por instrumentalizar a Caixa, utilizando ela como uma espécieroleta probabilidadesbraço paralelo do governo e utilizando suas políticasroleta probabilidadesconcessãoroleta probabilidadescrédito para complementar a estratégiaroleta probabilidadesaumentar gastos e transferênciasroleta probabilidadesrendaroleta probabilidadesano eleitoral."

7. Comprovanteroleta probabilidadesvotação como provaroleta probabilidadesvida do INSS

Em fevereiro, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) publicou uma portaria que passou a considerar o comprovanteroleta probabilidadesvotação como provaroleta probabilidadesvida para aposentados e pensionistas.

Levantamento do jornal Valor Econômico mostrou que, no primeiro turno, a abstenção diminuiuroleta probabilidadesrelação ao primeiro turnoroleta probabilidades2018 para todas as faixas etárias entre 50 e 94 anos, ao passo que aumentou entre os mais jovens.

Entre os eleitoresroleta probabilidades70 a 74 anos, por exemplo, a abstenção chegou a diminuir 5,8 pontos percentuais,roleta probabilidades44,7% para 38,9%.

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Legenda da foto, Em fevereiro, INSS publicou portaria que passou a considerar o comprovanteroleta probabilidadesvotação como provaroleta probabilidadesvida para aposentados e pensionistas

"No total, a portaria do INSS (...) pode ter aumentado o comparecimentoroleta probabilidadesquase 1 milhãoroleta probabilidadeseleitores entre 60 anos e 94 anos", observou a jornalista Maria Cristina Fernandes, na reportagem do Valor.

Não há ilegalidade na portaria do INSS, mas a mudança normativa foi usada como instrumentoroleta probabilidadescampanha por Bolsonaro.

Um vídeo da campanha intitulado "Provaroleta probabilidadesVida" dizia: "Agora é lei. Nessas eleições, você que é aposentado ou pensionista pode fazerroleta probabilidadesprovaroleta probabilidadesvida direto das urnas. O governo federal acabou com o deslocamento desnecessário e tornou aroleta probabilidadesvida mais fácil. Apenas o seu voto já é suficiente para garantir os benefícios do INSS, para você exercer seu direito à cidadania com menos burocracia. Pelo bem do Brasil, vote 22."

O vídeo foi removido do YouTube por ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a pedido da coligaçãoroleta probabilidadesSimone Tebet (MDB), mas apenas depois do primeiro turno.

8. Capilaridade nas redes sociais

Além dos instrumentos econômicos e legais, a comunicação através das redes sociais foi novamente um trunfo da campanha bolsonarista.

Alémroleta probabilidadesredes como Facebook, Instagram e Twitter, seus apoiadores mantém uma ágil rederoleta probabilidadescomunicação via gruposroleta probabilidadesWhatsApp e Telegram e têm forte presença na plataformaroleta probabilidadesvídeos YouTube, seja atravésroleta probabilidadescanaisroleta probabilidadesmilitantes ouroleta probabilidadesveículos jornalísticos alinhados ao governo, como a produtoraroleta probabilidadesvídeos Brasil Paralelo e a rede Jovem Pan.

A propagaçãoroleta probabilidadesdesinformação (fake news) através dessa rede bastante eficienteroleta probabilidadescomunicação esteve no centro do embate entre Bolsonaro e o TSE ao longo da campanha.

Crédito, Wikicommons/Zash236

Legenda da foto, Propagaçãoroleta probabilidadesdesinformação através das redes sociais esteve no centro do embate entre Bolsonaro e o TSE

"A estrutura digital da campanharoleta probabilidadesBolsonaro não começa com a campanha, ela começa muito antes da primeira eleição dele", destaca Denilde Holzhacker, da ESPM.

"Ele manteve isso — os grupos digitais e a lógica digital — durante todo seu mandato e isso se refleteroleta probabilidadesconseguir acionar essas bases para mobilização durante as eleições. Se pensarmosroleta probabilidadesforma clara, ele estároleta probabilidadescampanha desde que entrou no governo."

A cientista política observa que essa rede serviu para alimentar o sentimento anti-Lula e anti-PT ao longo da campanha, alémroleta probabilidadestrazer ao debate temas caros ao bolsonarismo e sobre os quais o PT tem dificuldaderoleta probabilidadesresposta, principalmente relacionados à agendaroleta probabilidadescostumes, usada para se contrapor à agenda econômica onde Bolsonaro tinha maior dificuldade.

"A eficiência dessa rede paralelaroleta probabilidadescomunicação e articulação se manifesta não só na campanha pela reeleiçãoroleta probabilidadesBolsonaro, mas inclusive na eleiçãoroleta probabilidadesrepresentantes do bolsonarismo para cargos no Legislativo, como verificamos com inúmeras figuras ligadas a Bolsonaro sendo eleitas com votações muito expressivas esse ano", acrescenta Bruno Carazza.

9. Apoio evangélico

O apoio evangélico foi outro instrumento da campanharoleta probabilidadesBolsonaroroleta probabilidades2018 que ganhou força renovadaroleta probabilidades2022.

Com templosroleta probabilidadestodo o Brasil, nas regiões e bairros mais afastados, uma rederoleta probabilidadescomunicação própria e líderes carismáticos, as igrejas evangélicas também serviram para dar capilaridade à mobilização bolsonarista.

Casosroleta probabilidadesexpulsão ou abandonoroleta probabilidadesigrejas por fiéis que não quiseram seguir a orientaçãoroleta probabilidadesvotoroleta probabilidadesBolsonaro se repetiramroleta probabilidadestodo o Brasil.

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Legenda da foto, Pastor Silas Malafaia e outras lideranças evangélicas rezam ao redor do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro na Marcha para Jesus no Rioroleta probabilidadesJaneiro

"O apoio evangélico foi central à campanharoleta probabilidadesBolsonaro", diz Holzhacker.

"Ele conseguiuroleta probabilidadesfato se firmar como o candidato ligado a esse segmento ao fazer uma campanha muito atrelada aos valores e costumes. Ele teve um apoio maciço dos líderes religiosos, que fortaleceram essa estratégia, que levou para o nível religioso um grauroleta probabilidadesantagonismo e polarização que também tem sido questionado, com a igreja evangélica passando a ser associada à intolerância, à faltaroleta probabilidadesrespeito à opinião dos outros."

Os evangélicos representavam 22% da população brasileira no Censoroleta probabilidades2010. Pesquisa Datafolharoleta probabilidades2020 estimou essa parcela da populaçãoroleta probabilidades31% naquele ano.

A bancada evangélica elegeu entre 60 e 65 deputadosroleta probabilidades2022, abaixo dos 84 parlamentares evangélicos eleitosroleta probabilidades2018, segundo cálculos do pesquisador Guilherme Galvão Lopes, da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Apesar da redução da bancada evangélica, a pauta religiosa não deve perder influência, segundo Galvão, já que foi incorporada pelo bolsonarismo, que ganhou força no Congresso. As bancadasroleta probabilidadesPL, PP e Republicanos, partidos do Centrão mais fortemente alinhados a Bolsonaro, elegeram juntas 187 deputadosroleta probabilidades2022.

"A bancada evangélica trabalha não só por uma pautaroleta probabilidadesvalores e costumes que é cara a esse eleitorado, mas também defende os interesses particulares dessas igrejas,roleta probabilidadestermosroleta probabilidadesobtençãoroleta probabilidadesbenefícios tributários e outras vantagens", observa Carazza, da Fundação Dom Cabral.

10. Antipetismo

Por fim, o antipetismo foi novamente uma "arma"roleta probabilidadescampanharoleta probabilidadesBolsonaroroleta probabilidades2022.

Segundo pesquisa Atlas, publicadaroleta probabilidades24roleta probabilidadesoutubro, enquanto 21% dos brasileiros se dizem petistas, 30% declaram ser antipetistas, acima da parcelaroleta probabilidades27% que se dizem bolsonaristas.

Assim, Bolsonaro buscou ao longoroleta probabilidadestoda a campanha mobilizar a rejeição ao PT e a Lula, relembrando os escândalosroleta probabilidadescorrupção durante os governos petistas e destacando as relações do PT com governosroleta probabilidadesesquerdaroleta probabilidadespaíses como Venezuela, Argentina e Nicarágua.

"Ao bater na teclaroleta probabilidadestemas sensíveis ligados à eventual vitóriaroleta probabilidadesLula, Bolsonaro conseguiu reverter boa parte da rejeição que cresceu contra ele durante seu governo, sobretudo entre eleitores do Centro-Sul do país eroleta probabilidadesrenda mais alta, que votaramroleta probabilidadesBolsonaroroleta probabilidades2018, mas haviam se afastado dele por causa, por exemplo, da gestão da pandemia, do discurso contra a democracia e da gestão da economia", observa Carazza.

"Parte expressiva desse eleitorado voltou para os braços do bolsonarismo, à medidaroleta probabilidadesque a estratégiaroleta probabilidadescampanha do presidente começa a bater nas teclas do antipetismo. Foi uma estratégiaroleta probabilidadesdisseminação do medo para resgatar esse eleitor que havia se afastado."

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