Pistola ou Lei Maria da Penha: 82% das mulheres são contra maior acesso a armas como quer Bolsonaro:jackpotcity bingo
Desde que assumiu, Bolsonaro publicou uma sériejackpotcity bingodecretos e portarias que ampliaram o acesso a posse e portejackpotcity bingoarmajackpotcity bingofogo, armasjackpotcity bingouso restrito e munições. Atualmente, o númerojackpotcity bingoarmas à disposiçãojackpotcity bingocivis no Brasil já supera a quantidadejackpotcity bingoarmamento do contingente da Polícia Federal.
Nesta segunda (5/9) o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou a suspensãojackpotcity bingoparte dessas novas regras para limitar a circulaçãojackpotcity bingoarmas, alegando "riscojackpotcity bingoviolência política".
Uma análise nos dados da Polícia Federal sobre novos registrosjackpotcity bingoarmas mostram que os beneficiários da flexibilização no acesso a armamento foram majoritariamente os homens. A BBC News Brasil tabulou as informações obtidas pelo portaljackpotcity bingotransparência Fiquem Sabendo, que mostram na prática a diferença apontada na pesquisa da Quaest: entre 2019 e o primeiro trimestrejackpotcity bingo2022, maisjackpotcity bingo96% dos novos registrosjackpotcity bingoarmas foram feitos por homens.
A pesquisa da Quaest sugere que esse eleitor beneficiado pela flexibilização das armas demonstra fidelidade a Bolsonaro. A pesquisa mostra que 45% dos que declaram voto no atual presidente também afirmam ser contrários às ações para facilitar o armamento. Já entre os que declaram voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o percentualjackpotcity bingodesaprovação quase dobra (88%).
Se pode contar com o apoio dos homens afeitos às armas, Bolsonaro tem entre suas maiores fragilidades a baixa intençãojackpotcity bingovoto no eleitorado feminino. Em agosto, o Datafolha mostrou que 53% das mulheres diziam rejeitar Bolsonaro.
O desafio é enorme, especialmente para o candidato que busca a reeleição e aparece atualmente maisjackpotcity bingodez pontos percentuais atrásjackpotcity bingoLula, que lidera as sondagens
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, com 82 milhõesjackpotcity bingovotantes, as mulheres são a maioria do eleitorado feminino (53% dos votos). Entre o grupojackpotcity bingo16 e 17 anos, o percentual chega a 54% e a 56% na faixa acimajackpotcity bingo70 anos ou mais. Elas são também a maioria entre os indecisos.
A arma no centro do voto
"A questão da arma é central para explicar essa diferença que há hoje entre homens e mulheres na avaliação do presidente. As mulheres entendem que mais armas representam mais violência para as famílias delas, independentementejackpotcity bingouma posição mais à direita ou mais à esquerda (em outros assuntos). Esse é um tema que divide a sociedade há tempos, e que não foi tão importantejackpotcity bingo2018, mas que nessa eleição poderá ser decisivo", afirma o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.
É justamente neste contexto que o presidente tem feito da primeira-dama Michelle Bolsonaro - uma figura até então discretajackpotcity bingoseu mandato - protagonista nas peças publicitárias da campanhajackpotcity bingoreeleição. É também neste contexto que ele tentou sugerir,jackpotcity bingoNovo Hamburgo, que as mulheres da plateia estariamjackpotcity bingomelhor situação se carregassem consigo uma pistola.
"A afirmação do presidente é estapafúrdia. O Brasil é um país extremamente violento e a vida das mulheres é marcada cotidianamente pelas expressões da violência, do assédio até o feminicídio. E a gente sabe que a presençajackpotcity bingoarmajackpotcity bingofogo no ambiente doméstico expõe essa mulher a um riscojackpotcity bingoletalidade muito maior, já que 90% dos agressores são os maridos ou ex-companheiros", afirma a cientista política Marlise Matos, Coordenadora do Núcleojackpotcity bingoEstudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federaljackpotcity bingoMinas Gerais (UFMG).
No Brasil, uma mulher é assassinada porjackpotcity bingocondiçãojackpotcity bingogênero a cada sete horas, segundo um levantamento realizado pelo Fórum Brasileirojackpotcity bingoSegurança Pública a partirjackpotcity bingodados da violênciajackpotcity bingo2020.
Mulheres contra "bandido bom é bandido morto"
Para Matos, no entanto, a própria segurança não é a única preocupação das mulheres quando se falajackpotcity bingoaumento da circulaçãojackpotcity bingoarmas.
"Uma segunda explicação é que, se a gente pudesse fazer um cruzamento por gênero e raça, a gente veria, por exemplo, que essa preocupação com armas é maior ainda para as mulheres negras, e faz muito sentido que seja porque elas são as mães dos jovens negros que caem abatidos como moscasjackpotcity bingodecorrência da violência urbana no país", afirma Matos.
Alguns dados da Quaest sustentam essa afirmação. Primeiro, enquanto 50% dos homens brasileiros concordam com a frase "bandido bom é bandido morto", só 39% das mulheres chancelam a mesma frase. Segundo que, enquanto brancos tendem a aprovar mais a flexibilização nas regrasjackpotcity bingoarmamento (27%), os pretos são menos favoráveis a elas (20%).
Para Matos, ao abordar esse tipojackpotcity bingoassunto com as mulheres, o presidente mostra que não entendeu bem o público com quem tenta dialogar.
"É esdrúxula a afirmação do presidentejackpotcity bingoque é melhor sacar uma arma do que sacar a Lei Maria da Penha, porque as mulheres não têm essa percepção. Acho que a pesquisa da Quaest mostra isso. No geral, a mulher não vai resolver ou mediar o seu conflito escalando a situação para uma violência ainda mais letal ejackpotcity bingomaior gravidade. Ela vai procurar uma amiga, um líder religioso, o Estado, ou vai se calar e sofrer sozinha, mas não tende a partir pra violência com as próprias mãos", diz Matos.
Homens e armas
Para os estudiososjackpotcity bingomulheres e política, a segurança pública é certamente um tema importante para elas, mas a solução para o problema e a prioridade da questão são percebidosjackpotcity bingomaneira diferente do que para os homens, por motivosjackpotcity bingoordem prática e cultural.
Socialmente, mulheres são estimuladas a se dedicarem aos cuidados com a família, o que explica porque, historicamente, elas demonstram mais interesse e preocupação com saúde pública ou inflaçãojackpotcity bingoalimentos do que os homens.
"O armamento e a militarização estão fortemente identificados com o masculino. Desde pequenos, os meninos ganham arminhas, têm brincadeiras agressivas, enquanto as mulheres são educadas a reprimir a agressividade e a priorizar outras coisas, como o cuidado. Isso perpassa a sociedade. Já há estudos mostrando que, fora do Brasil, nas legislaturas nas quais as mulheres são eleitasjackpotcity bingomaior proporção, existe uma mudançajackpotcity bingogastosjackpotcity bingogoverno. Gastos com fins militares diminuem e esses recursos são alocados para outras áreas, principalmente saúde pública. Ou seja, existe uma priorizaçãojackpotcity bingoáreas que têm claro recortejackpotcity bingogênero", afirma Malu Gatto, professorajackpotcity bingoPolítica Latino-Americana da University College London.
O estudo a que Gatto se refere foi feito por Amanda Clayton e Par Zetterberg, da University of Chigago, com 139 Estados que adotaram cotas para aumentar a participação parlamentar feminina entre 1995 e 2012. Os autores notaram relevante queda no orçamento das Forças Armadas e incremento nos sistemas públicosjackpotcity bingosaúde quando havia mais mulheres nos parlamentos. O estudo foi publicadojackpotcity bingo2018.
Mulheres contra o aborto
Gatto nota ainda que, tanto no Brasil, quanto no restante da América Latina, as eleitoras tendem a ser tão ou mais conservadoras do que os homens. Isso explica, por exemplo, porque homens e mulheres têm posições muito próximasjackpotcity bingorelação à legalização do aborto: 71% deles e 69% delas são contrários, segundo a pesquisa Quaest.
Durante a pré-campanha, Lula foi duramente criticado até por aliados quando defendeu que a questão do aborto precisaria ser enfrentada como "um temajackpotcity bingosaúde pública, a que todo mundo tivesse direito".
Entre o eleitorado que se diz decidido a votarjackpotcity bingoLula, 63% são contra descriminalizar o aborto. Já entre os eleitoresjackpotcity bingoBolsonaro, a porcentagem chega a 85%.
Diante das manifestações contrárias, e tentando disputar com o atual presidente a preferência entre as evangélicas, Lula recuoujackpotcity bingoseu posicionamento e passou a dizer que defendia que "as mulheres pobres vítimasjackpotcity bingoaborto pudessem ser tratadas no sistema públicojackpotcity bingosaúde".
Nos Estados Unidos e na Europa, o mesmo eleitor — ou eleitora — que rechaça o aborto costuma ser também o que defende o direitojackpotcity bingocada cidadão se armar. Gatto nota, porém, que isso não se repete no Brasil.
"Você pode ser conservador, oujackpotcity bingodireita,jackpotcity bingotermosjackpotcity bingovalores morais relacionados à sexualidade, por exemplo, e a direitos reprodutivos. Mas ter uma visão que estaria mais alinhada, digamos, com perspectivasjackpotcity bingoesquerda, justamente nessa questão do armamento. Aí a explicação parece estar mais relacionada à experiênciajackpotcity bingogênero do que a alinhamentos ideológicos", diz.
- Este texto foi publicadojackpotcity bingohttp://vesser.net/brasil-62794529
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