Fórmula infantil: 'Não sabia que tinha direito à fórmulareal site de apostasgraça', diz mãereal site de apostastrigêmeos desempregada:real site de apostas

Glauciele ao lado do marido, que segura os trigêmeos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Glauciele Rodrigues tinha dois filhos e 35 anos quando descobriu que estava grávidareal site de apostastrigêmeos

A família chegou a gastar quase R$ 200 por semana com a fórmula. "É um dinheiro que poderia ser empregado outras coisas, para os próprios bebês ou para a família. Quando não conseguia pagar, vizinhos, amigos e familiares compravam para mim."

Mas Glauciele, como muitas outras mulheres no Brasil, não sabia que tinha direito à fórmula infantilreal site de apostasgraça. Cada cidade brasileira define seu próprio programareal site de apostasdistribuição e os critérios para quem pode receber esses alimentos.

Glauciele só descobriu que tinha direito a esse benefício por acaso, quando as crianças tinham quatro mesesreal site de apostasvida.

Três pequenos bebês deitadosreal site de apostasuma cama ao lado do braçoreal site de apostasuma mulher

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Trigêmeos com 15 diasreal site de apostasvida. Eles nasceram com 34 semanas, idade gestacional considerada prematura

Glauciele estava na filareal site de apostasuma consulta com o pediatra quando, conversando com outra mãe, descobriu que o município disponibilizava a fórmula infantil gratuitamente para famílias que atendiam a critérios específicos. "Não recebi essa informaçãoreal site de apostasnenhum profissionalreal site de apostassaúde. Não fazia ideia."

Em seguida, uma nutricionista da rede públicareal site de apostassaúde avaliou que a família atendia aos critérios estabelecidos pelo município, e por isso poderia receber o alimentoreal site de apostasuma farmácia popular. Houve um acompanhamento mensal para avaliar o peso das crianças, por exemplo.

Hoje, as crianças têm um ano e três meses e não recebem mais a fórmula porque o município onde moram, Viçosa (MG), fornece o alimento até um anoreal site de apostasidade. Hoje, as três crianças comem alimentos sólidos, como é previsto e recomendado para a idade.

Eloá, Miguel e Helena, os trigêmeos filhosreal site de apostasGlauciele, com cinco mesesreal site de apostasidade, sentados segurando bexigas azuis

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Eloá, Miguel e Helena, os trigêmeos filhosreal site de apostasGlauciele, com cinco mesesreal site de apostasidade

Quem tem direito a fórmula infantil?

Conforme explica Rossiclei Pinheiro, presidente do departamento científicoreal site de apostasaleitamento materno da SBP (Sociedade Brasileirareal site de apostasPediatria), não existe uma política pública bem estabelecida para todo o território nacional, e acaba sendo uma escolha dos municípios criar ou não seus programas.

"As prefeiturasreal site de apostaslocais com maior instabilidade social, baseadas nos índices nutricionaisreal site de apostascada cidade, decidem como criar a assistência. Manaus, onde eu resido, por exemplo, já tem um projeto, chamadoreal site de apostas'Leite do meu filho', que dá acesso a formula infantil a menoresreal site de apostascinco anosreal site de apostasidade."

Pinheiro explica que, pelo leite materno ser muito superiorreal site de apostastermos nutricionais, é esse o alimento que deve ser priorizado, e pelos casosreal site de apostasnecessidadereal site de apostasfórmula infantil serem exceções, as políticas públicas nacionais focam no incentivo ao aleitamento materno.

Programas como o citado pela médica e o qual Glauciele recorreu já são comunsreal site de apostasmuitas cidades brasileiras, mas ainda que tenham diferençasreal site de apostasalguns critérios ou no temporeal site de apostasapoio, todos requerem indicação formal para o uso da fórmula.

O municípioreal site de apostasViçosa, onde Glauciele mora, por exemplo, beneficia diversos tiposreal site de apostaspessoas, como pacientes oncológicos, desnutridos ou com alguma carência nutricional e crianças com alguma restrição ou impossibilidadereal site de apostasreceber o leite materno. Alguns exemplosreal site de apostaspacientes que tem direito ao alimento:

  • Diagnosticados com alergia alimentar;
  • Com fissura lábio palatal ou outras patologias que comprometam a sucção com prejuízo nutricional e impedimento para a amamentaçãoreal site de apostascrianças até 12 mesesreal site de apostasidade;
  • Prematuros com sequelas e/ou comprometimento nutricional;
  • Diagnosticados com doenças congênitas graves com comprometimento nutricional;
  • Crianças com alimentação atravésreal site de apostassonda;
  • Doença materna que contra indique a amamentação;
  • Infecção materna por HIV;
  • Óbito materno;
  • Crianças que não apresentam ganhoreal site de apostaspeso adequado para idade apenas com o consumoreal site de apostasleite materno;
  • Crianças com distúrbio neurológico que comprometa a deglutição e absorçãoreal site de apostasnutrientes;
  • Identificados por critérios clínicos e/ou laboratoriais.

Outros exemplos, comunsreal site de apostascidades diferentes, cita a pediatra, são filhosreal site de apostasmães portadoras do vírus HTLV (vírus linfotrópico, que passa pelo leite materno e pode desenvolver doenças imunossupressoras e hematológicas, alémreal site de apostasaumentar o riscoreal site de apostasleucemia) e bebês com teste do pezinho alterado para erro inato do metabolismo (doença metabólica).

As famílias que atendem aos critérios devem fazer o cadastro na prefeitura ou na secretariareal site de apostassaúde municipal e passarreal site de apostasconsulta com pediatra para receber o encaminhamento para farmácia popular.

Glauciele ao lado da família quando estava na reta final da gravidez

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Glauciele ao lado da família quando estava na reta final da gravidez

O que torna o leite materno superior à fórmula infantil?

Conforme explica Caroline Abud, nutricionista, professora e pesquisadora da PUCRS e conselheira científica da ONG Prematuridade, o leite materno é incomparável principalmente por ser personalizado fisiologicamente para o bebê.

"É um alimento vivo. Ele vai se modificando com o tempo e se adéqua às necessidades nutricionais do bebêreal site de apostastermosreal site de apostasmacronutrientes, como gorduras e proteínas, e micronutrientes, como vitaminas, minerais. Já a fórmula é um alimento fixo, que apesarreal site de apostasnão prejudica o crescimento e desenvolvimento da criança, não tem essa mesma abundância."

O alimento consiste principalmentereal site de apostaságua, gordura, proteínas, vitaminas, sais minerais, enzimas digestivas e hormônios. Ele é ricoreal site de apostasanticorpos maternos e possui propriedades anti-infecciosas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês devem mamar exclusivamente no peito nos primeiros seis mesesreal site de apostasvida. Após esse período, inicia-se a introdução alimentar com outros tiposreal site de apostascomidas, como frutas e legumes.

Outra questão levantada pela especialista é que a fórmula, diferentemente do leite materno, não consegue passar para o bebê os componentes imunológicos que vêm da mãe.

"Imunoglobulinas (anticorpos) passadas do corpo da mãe, por meio do leite, ao bebê, funcionam como uma espéciereal site de apostasvacina, especialmente nos primeiros diasreal site de apostasvida do bebê. Não existe a possibilidadereal site de apostasreplicar por meio da fórmula."

A prescrição da fórmula infantil, reforça Abud, precisa ser bem justificada para casosreal site de apostasque os bebêsreal site de apostasfato terão mais benefícios do que perdas.

"O leitereal site de apostasvaca puro ou misturado com farinha não é suficiente. Os nutrientes que estão ali são totalmente desregulados para a faixa etária e podem, inclusive, causar malefícios aos corpos dos bebês."

- O texto foi originalmente publicadoreal site de apostashttp://vesser.net/brasil-62042351

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