São Brás: o que se sabe sobre o médico da antiguidade que se tornou santo protetor da garganta:stadionul rapid giulesti

A festastadionul rapid giulestihonra ao santo é no dia 3stadionul rapid giulestifevereiro, justamente porque é a datastadionul rapid giulestique se acredita que ele tenha sido martirizado, morto por decapitação, no longínquo anostadionul rapid giulesti316.

E é justamente essa distância temporal que não nos permite ter muitas informações biográficas sobre o personagem.

Entre pesquisadores contemporâneos, não há um consenso, por exemplo se ele nasceustadionul rapid giulestiRoma oustadionul rapid giulestiSebaste, hoje a cidadestadionul rapid giulestiSivas, na Turquia, na época uma localidade na chamada Armênia Menor.

Também não é possível confirmar se ele realmente veio ao mundostadionul rapid giulesti264 oustadionul rapid giulestialgum outro ano por volta disso.

Por outro lado, acredita-se que, sim, ele tenha construídostadionul rapid giulesticarreira religiosa e morrido, como mártir,stadionul rapid giulestiSebaste. Muito provavelmente no anostadionul rapid giulesti316 — embora haja quem defenda que isso ocorreu quatro anos mais tarde.

"A vida e a memóriastadionul rapid giulestiSão Brás foram inteiramente remodelas por legendas e mitificação. Pouco sabemos sobre a história real", aponta o filósofo e teólogo Fernando Altemeyer Junior, professor na Pontifícia Universidade Católicastadionul rapid giulestiSão Paulo (PUC-SP).

"Dizem os relatos centenários que ele foi bispo e médico especializadostadionul rapid giulesticurasstadionul rapid giulestihomens e animais", acrescenta ele.

Nesses primeiros séculos do catolicismo, bispos eram aqueles religiosos aclamados como líderes regionais, muitas vezes fundadoresstadionul rapid giulesticomunidades cristãs e mantenedores das mesmas.

Nesses séculosstadionul rapid giulestiantiguidade, profissões não eram bem definidas como hoje — o que nos permite compreender, portanto, que um estudiosostadionul rapid giulestifisiologia cuidasse tanto da saúdestadionul rapid giulestiseres humanos como dastadionul rapid giulestibichos.

De acordo com o padre Antônio Lúcio da Silva Lima, autor do livro 'Novena São Brás', o religioso foi um bispo "muito querido pelos fiéis".

"Perseguido pelos romanos [que então combatiam o cristianismo], Brás abandonou o bispado e se protegeustadionul rapid giulestiuma cavernastadionul rapid giulestiuma montanha isolada", conta.

Mesmo assim, acabou descoberto e preso pelos soldadosstadionul rapid giulestiRoma.

"Durante o cativeiro, na escuridãostadionul rapid giulestium calabouço, ganhoustadionul rapid giulestipresentestadionul rapid giulestialgum amigo um parstadionul rapid giulestivelas, com as quais recebia luz e calor", narra o padre.

"É por isso que, na representação iconográfica, o santo aparece portando duas velas."

São as tais duas velas que se utilizam para a bênção das gargantas até hoje.

Masstadionul rapid giulesticondenação não se limitou à prisão. Segundo os relatos antigos, Brás foi morto por decapitação, como era praxe entre os cristãos dessa época, sob ordens do imperador romano Licínio (265-325).

"Morreustadionul rapid giulestitestemunhostadionul rapid giulestisua fé", salienta Lima.

Sobre a tradição das velas, Altemeyer Junior ainda recorda que na véspera da festastadionul rapid giulestiSão Brás a Igreja celebra Nossa Senhora das Candeias — também chamadastadionul rapid giulestiNossa Senhora da Luz.

"As velas entrecruzadas sob o pescoçostadionul rapid giulestirito sacramental ao final das missas sugere a festa do dia anterior", ressalta ele.

Biografia carentestadionul rapid giulestidetalhes

No martirológio romano, que narra as histórias dos santos da Igreja, as informações sobre ele são muito sucintas.

"São Brás, bispo e mártir, que padeceu pela fé cristãstadionul rapid giulestiSebaste, na antiga Armênia, hoje Sivas, na Turquia, sob o mandato do imperador Licínio", diz o texto. E só.

"A tradição popular narra que ele fora médico estadionul rapid giulestidado momento ele resolve tomar a vida eremítica e aindastadionul rapid giulestividastadionul rapid giulestifamastadionul rapid giulestisanto começou a se espalhar", diz o pesquisador e estudiosos da vidastadionul rapid giulestisantos José Luís Lira, fundador da Academia Brasileirastadionul rapid giulestiHagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.

"Então, o povo a ele acorria e alcançava graças, obtinha milagres. Naqueles primeiros séculos do catolicismo a escolha do bispo, o líderstadionul rapid giulestiuma Igreja local, se dava por aclamação do povo e o povostadionul rapid giulestiSebaste o aclamou bispo", esclarece Lira.

"Ele aceitou mas teria continuado a residir próximo à caverna na qual se 'escondera' do mundo e dali dirigia a Igreja da atual cidadestadionul rapid giulestiSivas, no centro da Turquia. Porstadionul rapid giulestifé cristã, foi martirizado", completa.

Altemeyer Junior conta que há relatosstadionul rapid giulestique, nesse período, tanto pessoas quanto animais o procuravamstadionul rapid giulestibuscastadionul rapid giulesticuras. E ele atendia a todos.

"Ele simplesmente impunha uma benção e havia curas", diz o teólogo.

"Logo,stadionul rapid giulestifamastadionul rapid giulestisanto se espalhou por toda a região da Capadócia, pois ele atendia a todos que o procuravam e muitas vezes as pessoas ficaram curadasstadionul rapid giulestisuas doenças do corpo e da alma. Até os animais selvagens conviviamstadionul rapid giulestitotal harmonia com o santo", acrescenta padre Lima.

O hagiólogo Lira diz que a fonte mais confiável sobre São Brás é a chamada 'Legenda Áurea', um conjuntostadionul rapid giulestinarrativas sobre a vidastadionul rapid giulestisantos reunidas, por volta do anostadionul rapid giulesti1260, pelo então arcebispostadionul rapid giulestiGênova, Jacopostadionul rapid giulestiVarazze (1229-1298).

"Apesar da atemporalidade, posso considerar a narração como fonte, por inexistirem, pelo menos no que conheço, outras", afirma o pesquisador.

"O arcebispo torna escrita a oralidade a respeitostadionul rapid giulestivários santos. Uma verdadeira preciosidade."

"Nela o arcebispo diz que 'Brás erastadionul rapid giulestigrande doçura e santidade, o que fez os cristãos o elegerem bispo da cidadestadionul rapid giulestiSebasta, na Capadócia. Por causa da perseguiçãostadionul rapid giulestiDiocleciano, após receber o episcopado retirou-se para uma caverna onde passou a levar vida eremítica. Os passarinhos levavam-lhestadionul rapid giulesticomer e juntavam-sestadionul rapid giulestitorno dele, só o deixando depoisstadionul rapid giulestiter sido abençoado por ele. Se algum deles estava doente, ia vê-lo e retornava perfeitamente curado'", narra Lira.

O pesquisador conta que Varazze ainda "narra importantes fatos da vida e do martíriostadionul rapid giulestiSã Brás".

"E o que acho mais interessante é algo que ele nos informa na ocasião do martírio do santo e que o faz, espontaneamente, o protetor dos que têm males na garganta", comenta.

A cura da garganta

O texto medieval diz que "Brás pediu então ao Senhor que se alguém invocasse seu patrocínio contra dorstadionul rapid giulestigarganta ou qualquer outra enfermidade, fosse atendido".

"E uma voz do Céu respondeu-lhe, dizendo que assim seria", enfatiza o registro.

Altemeyer Junior recorda que há um episódio narrado sobre uma cura realizada aindastadionul rapid giulestivida que o teria tornado alguém reconhecidamente apto a solucionar problemas do tipo.

"Fato famoso foi salvar a vidastadionul rapid giulestiuma criança que tinha presa à garganta uma espinhastadionul rapid giulestipeixe. E estava morrendo engasgado. Tornou-se patrono das gargantas e males do pescoço", comenta o teólogo.

O hagiólogo Lira corrobora.

"Num dos muitos relatos da vidastadionul rapid giulestiSão Brás, vemos os milagres e a históriastadionul rapid giulestiuma mãe que teria chegado até ele aflita, com o filho agonizante, engasgado com uma espinhastadionul rapid giulestipeixe", conta.

"São Brás teria olhado para o céu, rezado e,stadionul rapid giulestiseguida, fez o sinal da cruz na garganta do menino e o este ficou bom imediatamente. A partir daí e, principalmente, após o martíriostadionul rapid giulestiSão Brás, passou-se a usar as velasstadionul rapid giulestiformastadionul rapid giulesticruz para dar a bênçãostadionul rapid giulestiSão Brás", completa Lira.

Essa história é recuperada pela própria oração a São Brás, que lembra que ele restituiu "a perfeita saúde a um menino que, por uma espinhastadionul rapid giulestipeixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar" e pede que todos tenhamos "a graçastadionul rapid giulestiexperimentarmos a eficácia"stadionul rapid giulestiseu "patrocíniostadionul rapid giulestitodos os males da garganta".

Por fim, conforme detalha padre Lima, a prece pede para que o santo ajude a conservar "a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e, assim, proclamar e cantar os louvoresstadionul rapid giulestiDeus".

Isso teria dado origem à bênção contemporânea das gargantas dos fiéis.

"A mão direitastadionul rapid giulestiSão Brás abençoando relembra o gesto que ele tanto usava quando rezava pelos doentes. Por meiostadionul rapid giulestisua bênção muitos doentes ficavam curados e muitas graças aconteciam", diz Lima.

"As velas na mão esquerdastadionul rapid giulestiSão Brás, amarradas estadionul rapid giulestiformatostadionul rapid giulesticruz simbolizam a bênção do santo bispo", acrescenta ele, enfatizando que esse gesto relembra a cura do menino engasgado com a espinhastadionul rapid giulestipeixe.

"São Brás abençoou o menino e retirou-lhe a espinha. O menino ficou bom imediatamente. Por causa disso, São Brás passou a ser invocado como o protetor da garganta", explica o padre.

O hagiólogo Lira conta que essa tradição do benzimento das gargantas ocorrestadionul rapid giulestiboa parte do mundo católico.

Morte e culto

De acordo com os relatos antigos, Brás teria sido torturado e morto a mando do império romano.

"Foi martirizado com pentesstadionul rapid giulestiaço para cardar lãstadionul rapid giulestiovelhas e posteriormente decapitado", afirma Altemeyer Junior.

"Ele teria sido terrivelmente flagelado e torturado, sendo por fim penduradostadionul rapid giulestium andaime para morrer. Como isso não acontecia, primeiro lhe descarnaram os ossos com pentesstadionul rapid giulestiferro. Depois tentaram afogá-lo duas vezes e, frustrados, o degolaram para ter certezastadionul rapid giulestisua morte", narra Lira.

De acordo com padre Lima, a famastadionul rapid giulestisantidadestadionul rapid giulestiBrás, no princípio local, começou a se espalhar ainda na Idade Média, principalmente a partir do século VIII.

No Brasil, a tradição foi trazida já pelos colonizadores portugueses. "O Brasil tinha, e ainda tem, muita carênciastadionul rapid giulestisantos próprios reconhecidos", aponta o hagiólogo Lira.

"E temos que considerar que há um apelo interessante na figurastadionul rapid giulestiSão Brás: a cura dos males da garganta."

"Com isso, muitas paróquias foram a ele dedicadas, fábricas, produtos e até municípios", ressalta o pesquisador.

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