Casosentra pixbetchikungunya disparam e acendem alertaentra pixbetnova epidemia no Brasil:entra pixbet

Aedes aegypti

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O Aedes aegypti é o principal mosquito transmissor da chikungunya no Brasil

A títuloentra pixbetcomparação, as outras duas enfermidades que também dependem da ação deste mesmo mosquito tiveram uma queda: o númeroentra pixbetpacientes com dengue caiu 45,7%, enquanto oentra pixbetzika se reduziuentra pixbet15,4% no mesmo período analisado.

Entre as possíveis explicações para essa diferença, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil destacam a forma menos intensaentra pixbetcomo a chikungunya se espalhou pelo território brasileiro desde que foi introduzida por aqui,entra pixbet2014, além da enorme quantidadeentra pixbetpessoas suscetíveisentra pixbetvárias regiões do país.

Eles também temem que a chegada do verão eentra pixbetdias mais quentes representem uma elevação ainda maior nos casos da doença ao longo das próximas semanas.

"Os vírus transmitidos pelo Aedes têm uma característica sazonal, e há um aumento na frequênciaentra pixbetcasos no período das chuvas e do calor, que costuma propiciar um ambiente favorável à proliferação desses mosquitos", explica a médica Melissa Falcão, da Sociedade Brasileiraentra pixbetInfectologia.

"Esperamos, portanto, um aumentoentra pixbetcasosentra pixbetchikungunya para os próximos meses", completa.

Curvaentra pixbetcasos chikungunya Brasilentra pixbet2020 e 2021

Crédito, Ministério da Saúde/Divulgação

Legenda da foto, De acordo com os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde, os casosentra pixbetchikungunyaentra pixbet2021 (linha vermelha) estão 31% mais elevadosentra pixbetcomparação com 2020 (linha verde)

Uma doença onde as sequelas são regra, não exceção

Os médicos costumam dividir a chikungunyaentra pixbettrês fases.

A primeira é a aguda, que dura até dez dias e costuma ser marcada por febre, fadiga e dores no corpo.

Na sequência, vem a fase subaguda, que se estende por até três meses. Nela, a febre deixaentra pixbetser uma preocupação, mas as dores podem se intensificar e atingir principalmente as articulações das mãos, dos pés, dos tornozelos e dos joelhos.

Por fim, mais da metade dos acometidos progride para a fase crônica, que também é marcada pelos incômodos nas juntas do corpo.

"Pesquisas feitas na Índia, que também apresenta muitos casosentra pixbetchikungunya, mostram que essa fase crônica pode persistirentra pixbetalguns pacientes por até cinco anos", calcula o virologista Rômulo Neris, doutorentra pixbetimunologia e pesquisador da Universidade Federal do Rioentra pixbetJaneiro (UFRJ).

E isso, claro, representa um tormento para os próprios indivíduos e para todo o sistemaentra pixbetsaúde.

"Durante os surtos, o impacto da chikungunya é muito grande. As unidades ficam superlotadas, com aumento da demandaentra pixbetatendimentoentra pixbetmaisentra pixbet100% nas unidadesentra pixbetpronto-atendimento", relata Falcão.

"E uma epidemiaentra pixbetchikungunya agora pode ter impactos ainda mais negativos, pois estamos com os profissionaisentra pixbetsaúde saturados pelo trabalho extenuante da pandemiaentra pixbetCovid-19", acrescenta.

Como você deve ter percebido nos últimos parágrafos, a dor é a principal complicação da doença. O próprio nome dela, aliás, vem do maconde, uma das línguas faladas na Tanzânia, onde a primeira epidemia foi registrada no anoentra pixbet1953.

Neste idioma, a palavra chikungunya remete a "contorcer-se" ou "dobrar-se", numa referência direta aos fortes incômodos que afetam as articulações e os músculos e fazem os pacientes ficarem encolhidos e prostrados.

Vírus chikungunya

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ainda não há 100%entra pixbetcerteza sobre o mecanismo que liga a infecção por chikungunya com dores no corpo, que podem se prolongar por até cinco anos

E, apesarentra pixbeta enfermidade ser conhecida há algumas décadas, ainda não se conhecem todos os mecanismos por trásentra pixbettanta dor meses ou até anos após a invasão viral.

"Em alguns indivíduos, até encontramos uma infecção residual no tecido que envolve as articulações. Em outros, não observamos mais nenhum vírus", conta Neris.

"É possível que esse quadro tenha algo a ver com a resposta do sistema imunológico do paciente, que acaba ficando desregulado e prejudica o próprio corpo", especula o especialista.

Mas o que explica esse novo aumento agora?

Moradoraentra pixbetFeiraentra pixbetSantana, na Bahia, a infectologista Melissa Falcão acompanhouentra pixbetperto a primeira ondaentra pixbetchikungunya que varreu boa parte do país a partirentra pixbet2014.

"Esse vírus foi introduzido no Brasilentra pixbetforma simultâneaentra pixbetduas cidades: Feiraentra pixbetSantana (BA) e Oiapoque, no Amapá", lembra.

Em 2016 e 2017, grandes surtosentra pixbetchikungunya foram registradosentra pixbetPernambuco, Paraíba e Ceará.

"Mas, diferentemente do que observamos com dengue e zika, a difusão dessa terceira doença pelo país ocorreuentra pixbetmaneira heterogênea. Ela se espalhou rapidamente pelo Nordeste, mas teve uma disseminação mais lenta do que o esperado nas outras regiões", analisa.

Falcão lembra que o Brasil experimentou uma forte epidemiaentra pixbetdengue entre 2015 e 2019, o que faz com que muita gente tenha uma imunidade alta contra essa moléstia agora. Algo parecido também aconteceu com o zika: o espalhamento muito rápido e amplo da doença pelo país a partirentra pixbet2015 reduziu o númeroentra pixbetsuscetíveis mais recentemente.

Do pontoentra pixbetvista da médica, essa diferença nos cenários epidemiológicos ajuda a entender por que as duas doenças (zika e dengue) passaram por uma reduçãoentra pixbet2021, enquanto a chikungunya teve um crescimento recente nos casos, já que ainda existe um número grandeentra pixbetbrasileiros suscetíveis a essa terceira infecção.

Vale notar que a elevação do numeroentra pixbetpacientes acontece no Nordeste, mas também começa a avançar por outros locais.

"Os casosentra pixbetchikungunya vêm aumentandoentra pixbetregiões que foram poupadas anteriormente, como o Estadoentra pixbetSão Paulo, que enfrenta desde o inícioentra pixbet2021 a primeira transmissão mais importante dessa doença", aponta.

Falcão observa que,entra pixbetterras paulistas, a região da Baixada Santista acumula cercaentra pixbet97% dos casos registrados e que isso evidencia "um potencialentra pixbetdisseminação da doença para as demais regiões".

Neris acrescenta outros possíveis fatores que ajudam a entender o atual cenário.

"Precisamos considerar também a grande distribuição dos mosquitos Aedes pelas cidades brasileiras e um possível aumento na capacidadeentra pixbettestagem e diagnóstico dessa doença nos últimos anos", lista o virologista.

"Além disso, também precisamosentra pixbetnovos estudos para verificar se o vírus da chikungunya não passou por mutações ou adquiriu uma capacidadeentra pixbetse transmitir mais facilmente. Essa possibilidade por enquanto não passaentra pixbetespeculação, mas ela também precisa ser averiguada", complementa.

O que fazer agora?

Na visão dos especialistas, existem ao menos quatro grandes eixos estratégicos que podem ser reforçados para conter os casosentra pixbetchikungunya nos próximos meses.

"O Governo Federal precisa incrementar ainda mais a capacidadeentra pixbettestagem e vigilância, monitorar os indivíduos com suspeitaentra pixbetinfecção e oferecer tratamentoentra pixbetacordo com os sintomas", cita Neris.

A BBC News Brasil entrouentra pixbetcontato com o Ministério da Saúde para obter um posicionamento a respeito do aumentoentra pixbetcasosentra pixbetchikungunya e quais medidas estão sendo tomadas, mas não foram enviadas respostas até a publicação desta reportagem.

"Já Estados e municípios devem reforçar as medidas para controlar o vetor da doença, o mosquito Aedes. Isso envolve a aplicaçãoentra pixbetlarvicidas e inseticidas, a criaçãoentra pixbetforças-tarefa para eliminar criadouros e o trabalho dos agentesentra pixbetsaúde, que batem na casa das pessoas para passar as orientaçõesentra pixbetprevenção", aponta o virologista.

Agente comunitário da saúde com camiseta que traz informações sobre dengue, zika e chikungunya

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Trabalho dos agentes comunitáriosentra pixbetsaúde é fundamental para eliminar os criadouros dos mosquitos Aedes

A ciência também tem muito a contribuir com novas soluções contra a chikungunya, como vacinas e tratamentos antivirais. Infelizmente, as pesquisas nessa área andam devagar:entra pixbetacordo com o site ClinicalTrials.Gov, que reúne informações sobre testes clínicos com novos produtos, existem apenas sete estudos ativos que buscam um imunizante contra essa doença.

A títuloentra pixbetcomparação, ocorrem atualmente 534 pesquisas sobre vacinas contra a Covid-19.

"Nesse sentido, um campo que tem avançado bastante é a inoculação da bactéria Wolbacchia no Aedes aegypti. Quando presente dentro desse mosquito, esse micro-organismo impede que os vírus da dengue, do zika, do chikungunya e da febre amarela urbana se desenvolvam, contribuindo para redução dessas doenças", aponta Falcão.

As pesquisas que avaliam essa estratégia estãoentra pixbetandamento (inclusive no Brasil) e trouxeram resultados promissores nos últimos meses.

Por fim, existe a responsabilidade individual na prevençãoentra pixbetchikungunya e das outras enfermidades transmitidas pelo Aedes.

"Vale fazer o uso do repelente, que é efetivo para prevenir a picada do mosquito, que costuma estar mais ativo no início da manhã e no final da tarde", sugere a infectologista.

"A população também contribui ao eliminar os focos do mosquito nas residências. Basta verificar uma vez por semana todos os locais onde ocorre acúmuloentra pixbetágua parada, que serveentra pixbetcriadouro", aconselha.

Entre os possíveis depósitos, é importante checar desde objetos grandes, como piscinas e caixas d'água descobertas, até espaços mais apertados, como latas, tampasentra pixbetgarrafa pet, vasosentra pixbetplanta e os reservatóriosentra pixbetlíquidos da geladeira e do ar condicionado.

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