O que dirá Bolsonarosportcentercúpula pró-democraciasportcenterBiden:sportcenter

Presidente Jair Bolsonaro

Crédito, Marcos Corrêa/PR

Legenda da foto, Em cúpulasportcenterBiden pró-democracia, Bolsonaro denfenderá liberdadesportcenterexpressãosportcenteralusão a Trump, banido das redes sociais por seu comportamento durante a invasão do Congresso dos Estados Unidossportcenter6sportcenterjaneirosportcenter2020

Shannon nota, no entanto, que a motivação para o encontro não se limita a esse diagnóstico global. "Não é só isso. A cúpula serve para refletir a mudança no cenário internacionalsportcenterque o governo fala, mas também para pensar o que está acontecendo dentro do próprio Estados Unidos. Esportcentercerta forma o governo está projetando suas preocupações com a própria política americanasportcenterum ambiente global", afirma Shannon, relembrando o ataque ao Congresso.

Nesse cenário, um dos convidados para o evento se prepara para fazer uma defesa que toca, ao menos indiretamente, no trauma dos anfitriões. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, deve usar o espaço como uma oportunidade para defender a liberdadesportcenterexpressãosportcentermodo absoluto, especialmente nas redes sociais.

O tema ganhou força como uma bandeira do governo brasileiro justamente depois que o então presidente americano Donald Trump acabou banido permanentemente ou suspenso por longo período das redes sociais, na esteira da invasão do Capitólio.

As plataformas consideraram que, naquele dia 6sportcenterjaneiro,sportcentervezsportcenterordenar que seus seguidores interrompessem qualquer atosportcenterviolência, Trump encorajou a ação deles contra o Capitólio ao insistir, sem provas, no discursosportcenterque a eleição presidencial havia sido fraudada.

Celular mostrando a conta suspensasportcenterTrump no Twitter

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O Twitter cancelou a contasportcenterTrump na sexta-feira passada, dias depois da invasão do Capitólio

De dentro da Casa Branca, enquanto as cenassportcenterdepredação do Congresso corriam o mundosportcentertempo real, Trump dizia que "estas são as coisas e eventos que acontecem quando uma sagrada e esmagadora vitória eleitoral é arrancada tão sem cerimônias esportcentermodo cruelsportcentergrandes patriotas que foram mal e injustamente tratados por tanto tempo".

O banimento das redes lhe tirou seu gigantesco megafone político: Trump falava diretamente a quase 90 milhõessportcenterseguidores apenas no Twitter e usava as redes não apenas para campanha, como para governar.

Com estilo, estratégia e pendor ideológico semelhantes aossportcenterTrump, Bolsonaro tomou o episódio vivido pelo americano como lição e, no Brasil, tentou mudar o marco regulatório da internet.

Domesticamente, decisões do Supremo Tribunal Federal também têm imposto derrota a seus apoiadores, como o criador da página Terça Livre, Allan do Santos, que teve a página extinta por divulgar notícias falsas.

O próprio Bolsonaro teve uma live derrubada das plataformas depoissportcenterassociar, erradamente, a vacinasportcenterCovid-19 e a ocorrênciasportcenterAids. Para tentar evitar ser alvo do que aconteceu a Trump,sportcentersetembro, Bolsonaro assinou uma Medida Provisória (MP) que vedava que empresas como Google, Facebook e Twitter deletassem contas ou conteúdos que espalhem desinformação na internet, inclusive sobre o processo eleitoral. A MP acabou devolvida ao Planalto pelo Senado e perdeu validade.

Mas isso não diminuiu o interessesportcenterBolsonaro no tema. Seus auxiliares mantêm estreita relação com aliadossportcenterTrump, como Jason Miller, que dirige uma rede social que promete ser espaço livre para o discurso da direita global. Bolsonaro levou o assunto ao plenário da ONU,sportcentersetembro, e agora deverá novamente fazer uma defesa internacional do caso nos EUA - sem, no entanto, fazer qualquer menção ao nomesportcenterTrump ou a seu caso específico.

O que mais Bolsonaro dirá?

Apesar disso, e do históricosportcenterdeclaraçõessportcenterBolsonaro, que um embaixador brasileiro classificou reservadamente como "incompatíveis com o postosportcenterchefesportcenterEstado", existe a expectativa no Itamaratysportcenterque Bolsonaro não atraia polêmicas para si mesmo.

Bolsonaro e Trump

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Com estilo, estratégia e pendor ideológico semelhantes aossportcenterTrump, Bolsonaro tomou o episódio vivido pelo americano como lição e, no Brasil, tentou mudar o marco regulatório da internet

Isso porque o presidente moderou o tom sobre as eleições brasileiras recentemente. Sesportcenteragosto passado, durante visitasportcenterenviados do mandatário americano Biden a Brasília, Bolsonaro fez afirmações públicassportcenterque o sistema eleitoral brasileiro não seria seguro,sportcenternovembro, afirmou que esse "é um assunto encerrado. Passamos a acreditar no voto eletrônico".

Além disso,sportcenteracordo com a percepção dos diplomatas brasileiros, a pauta da democracia não parece estar na ordem do dia da campanha eleitoral do presidente, que concorre à reeleiçãosportcenter2022, e por isso mesmo teria baixo potencialsportcenterser exploradosportcenterredes.

Essa será a segunda cúpula proposta por Biden a que Bolsonaro participa. Na primeira, sobre o clima,sportcenterparticipação foi considerada moderada. Agora, o Itamaraty aposta que ele tenderá a seguir mais o roteiro montado pelos diplomatas do que fez no discurso nas Nações Unidas,sportcentersetembro, um evento caro a seus seguidores.

O presidente brasileiro terá apenas 3 minutos para falar,sportcenteruma mensagem previamente gravada - portanto, sem chancesportcenterimprovisos. De acordo com pessoas que viram o rascunho do discurso, ele dirá que o Brasil é uma "democracia plena"sportcentertodos os aspectos, com eleições livres, independência entre Poderes e imprensa atuante.

Não deverá haver pressão dos americanos por qualquer tiposportcentercompromisso específico do Brasil.

"Será uma discussão muito franca sobre alguns dos desafios que enfrentamos. Aqui nos Estados Unidos temos nossos próprios desafios à democracia, e queremos olhar para o trabalho e fazer compromissos sobre o caminho a seguir. Acho que é uma oportunidade para o Brasil. As instituições brasileiras enfrentaram desafios ao longo do tempo e demonstraramsportcenterrobustez. Mas acho que sempre podemos ter uma conversa sobre como cada umasportcenternossas democracias pode ser melhor", afirmou Juan Gonzalez, chefe da Casa Branca para AssuntossportcenterAmérica Latina, sobre o encontro.

Embora falesportcenterconversa franca, diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que o formato virtual da Cúpula deve permitir pouca ou nenhuma interação entre os líderes e, portanto, ter poucos efeitos práticos.

Há a previsãosportcenteruma discussão virtualsportcentertempo real, mas a participação dos líderes é voluntária e há dúvidas sobre como essa reunião transcorreria. Bolsonaro não deve participar dessa parte da cúpula.

É também improvável que, com maissportcenteruma centenasportcenterpaíses participantes, o evento termine com alguma listasportcentercompromissos democráticos que todos os líderes aceitem assumir.

"Infelizmente, a cúpula parece estar se transformandosportcenternada mais do que uma boa oportunidade para posar para fotografia. Não vejo uma agenda profundasportcenterjogo aqui. Lamentavelmente, acho que se fosse um formato presencial, haveria uma chancesportcenteras delegações se verem forçadas a reuniões paralelas das quais poderiam sair questões mais relevantes", afirma Ryan Berg, especialistasportcenterAmérica Latina do centrosportcenterestudos Center for Strategic and International Studies,sportcenterWashington.

Por que o Brasil foi convidado?

Primeira-ministra da Dinamarca assiste a Joe Biden na Cúpula do Clima

Crédito, EPA

Legenda da foto, Prioridade no governo Biden, a questão climática deve ser apenas lateralmente tratada no encontro sobre a democracia, que acontece nos dia 9 e 10sportcenterdezembro. Ela foi assunto central na primeira cúpula organizada pela gestão,sportcenterabril

A listasportcentermaissportcentercem convidados dos americanos também foi alvosportcenterdiscussões e controvérsias. Em um gesto interpretado por Pequim como provocação, Biden convidou Taiwan para o encontro, que a China não reconhece como independente. Há alguns dias, a diplomacia chinesa lançou um documento intitulado "China: uma democracia que funciona", na qual defende que o país é mais democrático que os Estados Unidos por responder melhor aos desejossportcenterseu povo.

Para a audiência americana, o convite ao Brasil foi incluído como polêmico. A ABC News escreveu que "algumas escolhas controversas do governo, devido aos flertes com o autoritarismo - ou pelo menos ao distanciamentosportcentervalores democráticos - incluem Brasil, Índia, Filipinas, Polônia e Sérvia".

Questionado sobre o tema, Gonzalez defendeu a presença brasileira na listasportcenterBiden. "Acho que o Brasil definitivamente precisa ter um assento à mesa porque, se você olhar para a trajetória da democracia brasileira, acho que as instituições democráticas brasileiras têm muito a ensinar ao mundo sobre a democracia", afirmou o assessor da Casa Branca.

Para o embaixador Sérgio Amaral, que comandou a embaixada brasileirasportcenterWashington entre 2016 e 2019 e é conselheiro do Centro BrasileirosportcenterRelações Internacionais (CEBRI), diplomaticamente falando, nem os EUA poderiam recusar um convite ao Brasil, nem o Brasil poderia negarsportcenterparticipação.

Para ele, "apesarsportcentertodas as ameaças às instituições, elas seguem resistindo, temos uma imprensa atuante e teremos, ao que tudo indica, eleições livres no ano que vem", o que credenciaria o Brasil como democracia plena.

Segundo Amaral, há "uma postura mais esclarecida do chanceler (Carlos) França,sportcenterrelação aos anossportcentertrevas do período anterior (de Ernesto Araújo). O problema não é o que o Brasil está dizendo, porque isso sem dúvida melhorou, mas o que o Brasil está fazendo".

Ele cita especificamente o descompasso entre as promessas ambientais brasileiras na recente Conferência do Clima, a COP-26, e os númerossportcenterdesmatamentos divulgados pelo Brasil dias após o evento que mostravam o pior acumuladosportcenter12 meses na devastação florestal no governo Bolsonaro.

A BBC News Brasil apurou que os americanos, que demonstraram entusiasmo público com o Brasil na COP-26, fizeram perguntas sobre os dadossportcenterdesmatamento após a divulgação e demonstraram desconforto.

"É constrangedor para o Brasil ter esses números aparecendo. Eles os esconderam durante a COP? Suponho que o Brasil não esteja feliz com o fatosportcenterter andado mais um pouco para trás na Amazônia. Não me soa estranho que o governo não venha (a público) dizer: 'Oh, as coisas estão terríveis'. Os governos normalmente não fazem isso. Mas o fato é que os números estão aí e esse vai continuar a ser um problema do Brasil com os Estados Unidos e a Europa", afirma o embaixador americano Melvyn Levtisky, que comandou a embaixada dos EUA no Brasil entre 1994 e 1998 e hoje é professorsportcenterrelações internacionais na UniversidadesportcenterMichigan.

Prioridade no governo Biden, a questão climática deve ser apenas lateralmente tratada no encontro sobre a democracia, que acontece nos dia 9 e 10sportcenterdezembro. A pauta ambiental foi assunto central na primeira cúpula organizada pela gestão,sportcenterabril.

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