Enem 'com a cara do governo' e mais elitizado: as polêmicas envolvendo o exameestrela bet é de que2021:estrela bet é de que
Na segunda-feira, Jair Bolsonaro afirmou que as provas do Enem vão ocorrer "na mais absoluta tranquilidade" e acrescentou: "o que eu considero muito também (é que) começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem, ninguém precisa ficar preocupado com as questões absurdas do passado".
Mais tarde, questionado pelos jornalistas, o presidente afirmou que não viu as questões do Enem: "Não vi, não vejo, não tenho conhecimento".
Por normas do próprio Inep, as provas do Enem são feitas sob sigilo e não podem ser vistas por pessoasestrela bet é de quefora do comitê que as elabora.
Na quarta-feira, à Comissãoestrela bet é de queEducação da Câmara, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que o Enem "tem a cara do governo, sim, (mas) no sentidoestrela bet é de quecompetência, honestidade e seriedade".
No mesmo dia, perante o Senado, o presidente do Inep, Danilo Dupas, afirmou que nem ele nem o ministro Ribeiro tiveram acesso às provas, declarou que estas mantêm seu crivo técnico e que "não há qualquer risco" ao Enem 2021.
Observadores veem com preocupação que as circunstâncias acabem fazendo jovens carentes a desanimaremestrela bet é de queprestar as provas, aumentando a "elitização" do ensino superior no país.
Entenda a seguir,estrela bet é de quedetalhes, as principais polêmicas envolvendo o Enem 2021:
Enem com 'a cara do governo' Bolsonaro
A declaração inicialestrela bet é de queJair Bolsonaro,estrela bet é de queque as questões do Enem "começam a ter a cara do governo", despertou preocupações quanto a possíveis interferências do Poder Executivo no conteúdo da prova.
Desde 2018, ainda como presidente eleito, Bolsonaro se queixa do Enem. "Podem ter certeza e ficar tranquilos. Não vai ter questão desta forma ano que vem (2019), porque nós vamos tomar conhecimento da prova antes. Não vai ter isso daí", disse o presidente naquele ano,estrela bet é de quereferência a uma questão da prova que abordava expressões relacionadas a gays e travestis.
Naestrela bet é de queatual viagem ao Catar, nesta semana, o presidente disse que o Enem faz "ativismo político e comportamental".
No último domingo, o Fantástico revelou que, segundo servidores do Inep, durante a etapa final da elaboração da prova do Enem,estrela bet é de quesetembro, um policial federal teria burlado o forte esquemaestrela bet é de quesegurança do local onde a prova é preparada, o que foi interpretado como uma tentativaestrela bet é de que"intimidar servidores".
Além disso, um "dirigente designado" pelo presidente do Inep, Danilo Dupas, também teria entrado no ambiente seguro do Enem, lido as provas e exigido a exclusãoestrela bet é de que"maisestrela bet é de queduas dezenasestrela bet é de quequestões" — questões essas que tratavam da história recente do Brasil e, portanto, poderiam desagradar Jair Bolsonaro.
Isso gerou a suspeitaestrela bet é de quecensura e a preocupação com a qualidade da prova, que precisa ter um equilíbrio entre questõesestrela bet é de quediferentes grausestrela bet é de quedificuldade para poder avaliar os alunos com eficiência e permitir que universidades usem o exame como meioestrela bet é de queadmissãoestrela bet é de queseus vestibulares.
Os denunciantes disseram ao Fantástico que, apesarestrela bet é de quetudo isso, conseguiu-se manter a eficácia e o equilíbrio do Enem 2021, "à custa da saúde mentalestrela bet é de quevários colegas servidores".
Tanto Milton Ribeiro quanto Danilo Dupas negaram na última quarta-feira ter havido interferência na elaboração das provas.
"As provas foram montadas pela equipe técnica seguindo a metodologia que vem sendo adotada, a Teoriaestrela bet é de queResposta ao Item (TRI). A prova possui um conjuntoestrela bet é de quequestõesestrela bet é de quediversos níveisestrela bet é de quedificuldade que são calibradas para garantir um certo nívelestrela bet é de queprova. É comum, portanto, que durante a montagem da prova tenha itens que são colocados e itens que são retirados justamente para garantir o nivelamento das provas", disse Dupas, segundo a Agência Senado.
Ribeiro disse que o policial federal que visitou o Inepestrela bet é de quesetembro o fez para vistoriar a segurança da sala reservada à produção do Enem.
Naa quinta-feira (18/11), ao mesmo tempo, a revista Piauí publicou reportagem sobre um documento interno do Inepestrela bet é de que2019, indicando que 66 questões foram censuradas do Enem daquele ano, por aparentes motivos ideológicos.
A segurança e o sigilo das provas do Enem são regidos por portarias do próprio Inep, determinando que apenas uma pequena parte da equipe do órgão eestrela bet é de queuma gráfica contratada tenham acesso ao exame, dentroestrela bet é de queambientes restritos e sob alta segurança, para evitar o vazamentoestrela bet é de quequestões. "Todos os servidores e colaboradores com acesso aos itens (da prova) assinam termosestrela bet é de quesigilo e confidencialidade", segundo o Inep.
O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro explica à BBC News Brasil que tradicionalmente zelava-se pela "zero intromissão" do Poder Executivo no Enem, "porque o fundamental é preservarestrela bet é de quepureza" - ou seja, impedir que haja interferências no conteúdo e que terceiros potencialmente se beneficiemestrela bet é de quesaber o teor das provas com antecedência.
Debandada e denúnciasestrela bet é de queassédio moral no Inep
A crise no Inep éestrela bet é de queconhecimento público desde o inícioestrela bet é de quenovembro, quando maisestrela bet é de que30 servidores do órgão pediram exoneração coletiva, alegando "fragilidade técnica e administrativa" da atual gestão do órgão e acusando-aestrela bet é de queassédio moral e institucional.
Sob anonimato, com medoestrela bet é de querepresálias, servidores têm se queixado de" intimidação" por parte da cúpula do Inep eestrela bet é de queum "climaestrela bet é de quedesconfiança" instaurado no órgão.
Alexandre Retamal, dirigente da Associaçãoestrela bet é de queServidores do Inep (Assinep), afirma à BBC News Brasil que as denúnciasestrela bet é de queassédio moral envolvem todas as áreas do Inep (não apenas a do Enem) e estão sendo reunidas para serem entregues até sexta-feira (19/11) ao Congresso, Tribunalestrela bet é de queContas da União e Controladoria-Geral da União.
Retamal diz que essas denúncias não incluem a apresentada ao Fantástico.
O servidor afirma ainda que não se trataestrela bet é de queum "movimento sindical ou ideológico" - rebatendo a falaestrela bet é de queMilton Ribeiro e Danilo Dupas, que disseram que a exoneraçãoestrela bet é de quemassa se devia a questões trabalhistas ou administrativas-, mas simestrela bet é de queuma insatisfação "generalizada" com a gestão do Inep.
Em notaestrela bet é de queesclarecimento publicadaestrela bet é de que8estrela bet é de quenovembro, o Ministério da Educação afirmou que os pedidosestrela bet é de queexoneração não afetam o Enem.
"As provas do exame já estão prontas, armazenadasestrela bet é de quesigilo e o Inep está monitorando a situação para garantir a normalidadeestrela bet é de quesua execução", disse a nota. "Cabe esclarecer que os servidores colocaram à disposição os cargosestrela bet é de quecomissão ou funções comissionadas das quais são titulares, mas que continuam à disposição para exercer as atribuições dos cargos até o momento da publicação do ato no Diário Oficial da União (DOU)."
O problema, explica o ex-ministro Janine Ribeiro, é que o desmonte do órgão pode afetar a complexa execução do Enem, uma vez que cabe à equipe técnica do Inep "resolver problemasestrela bet é de queúltima hora" - por exemplo, se as provas eventualmente não chegarem a tempo a uma determinada localidade.
Ou seja, a ausênciaestrela bet é de queum corpo técnico especializado deixa a "situação mais precária",estrela bet é de queparticular nos diasestrela bet é de querealização das provas.
"O exame requer uma logística apurada, que está agora danificada", diz. Dito isso, ele conclama os estudantes inscritos a não perderem o ânimo (veja mais abaixo).
Na noite desta quarta-feira, o Senado aprovou um pedido por uma auditoria do Tribunalestrela bet é de queContas da União no Inep. A autora do requerimento, senadora Leila Barros (Cidadania-DF), citou no pedido a "provável deterioração da capacidade operacional" do órgão, dianteestrela bet é de que"crises sucessivas que motivaram trocasestrela bet é de quegestores e reduções no seu orçamento".
O Senado também criou um grupoestrela bet é de quetrabalho para apurar a crise interna do Inep.
Enem mais 'branco' e elitizado
Mesmo antes da crise atual no Inep, o Enem 2021 já era visto com preocupação por observadores da educação, pelo baixo númeroestrela bet é de queparticipantes.
Foram incialmente apenas 3,1 milhõesestrela bet é de queestudantes inscritos no Enem 2021, o número mais baixo desde 2005. A prova já chegou a ter 8,7 milhõesestrela bet é de queparticipantes.
Em agosto, o ministro Milton Ribeiro defendeu que o ensino superior brasileiro "seja para poucos, no sentidoestrela bet é de queser útil à sociedade".
Mas quem está deixandoestrela bet é de queparticipar desta edição do Enemestrela bet é de quemaior volume são justamente os estudantes mais pobres, explica à BBC News Brasil Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, entidade que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil.
A equipe estatística do Semesp analisou,estrela bet é de queagosto, os dados do Enem 2021 e identificou que houve uma reduçãoestrela bet é de que77,4% no númeroestrela bet é de queinscritos com renda familiarestrela bet é de queaté três salários mínimos. O númeroestrela bet é de quepretos e pardos caiu para níveisestrela bet é de que2010, gerando o temorestrela bet é de queum Enem muito "mais branco" e menos diversificado etnicamente.
"Inicialmente se falou que era a pandemia que estava afastando os jovens do Enem, mas estamos falandoestrela bet é de que3 milhõesestrela bet é de queestudantes que deixaramestrela bet é de quese inscrever" se levadaestrela bet é de queconta a médiaestrela bet é de que6 milhõesestrela bet é de queinscritosestrela bet é de queanos recentes, pondera Capelato.
Para entender melhor essa ausência, é preciso lembrar que, por norma do próprio Ministério da Educação, os estudantesestrela bet é de quebaixa renda eestrela bet é de queescolas públicas têm direito a isenção na taxaestrela bet é de queR$ 85estrela bet é de queinscrição no Enem. Mas essa isenção só é dada a candidatos que não tenham faltado à edição anterior do exame (ou que tenham apresentado justificativa para a falta).
O problema é que, no Enem 2020, por conta da pandemia, muitos participantes faltaram à prova, com medo da covid-19. A abstenção do Enem 2020 foiestrela bet é de que55,5%, a maior da história — cercaestrela bet é de que3 milhõesestrela bet é de queparticipantes não compareceram. E, por consequência, esses 3 milhõesestrela bet é de quepessoas perderam o direito à isenção na inscrição do Enem 2021.
O Ministério da Educação inicialmente não abriu exceção por causa da pandemia, mantendo o veto à isenção desses participantes. Mas,estrela bet é de quesetembro, foi forçado a reabrir as inscrições a esse grupo, por determinação do Supremo Tribunal Federal.
Só que isso não foi suficiente: segundo dados levantados pelo Semesp, a decisão do STF levou a um incrementoestrela bet é de que280,1 mil novos isentos inscritos no Enem — na prática, nem 10% dos 3 milhõesestrela bet é de quefaltantesestrela bet é de que2020 que haviam perdido inicialmente o direito à isenção na taxa.
Na avaliaçãoestrela bet é de queCapelato, o Inep reabriu as inscrições por um período muito curto e não deu suficiente publicidade a essa reabertura, o que pode ter feito com que muitos estudantes carentes sequer tenham tido conhecimento sobre a decisão do STF ou tempo hábil para tentar a inscrição com isenção.
"Estamos perdendo essa conquistaestrela bet é de que(aumento na) participação dos grupos minoritários no Enem", avalia Capelato. "Deveria ser um processoestrela bet é de quedemocratização do acesso ao ensino superior, (mas) quem mais precisa da prova para conseguir se candidatar a universidades públicas está sendo tirado (fora). É a elitização total do ensino superior."
A popularização do acesso ao ensino superior não é uma bandeira do atual governo. Em agosto, o ministro Milton Ribeiro afirmou que "a universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentidoestrela bet é de queser útil à sociedade" e fez uma defesa dos cursos técnicos como "vedetes" do futuro.
Nesse contexto, o ex-ministro Janine Ribeiro ressalta à reportagem que qualquer estudante que cursou o ensino médioestrela bet é de queescolas públicas continua a ter direito, por lei, a 50% das vagasestrela bet é de queuniversidades públicas oferecidas pelo Sistemaestrela bet é de queSeleção Unificada federal, o Sisu.
"Essas denúncias recentes sobre o Inep têm sido importantes, mas infelizmente contribuem para que alunos do ensino público desistam do Enem, desanimem da prova", avalia o ex-ministro. "Este pode ser o pior Enem da história, mas, apesar dos inúmeros erros (do governo), o Sisu ainda garante metade das vagas para escolas públicas. Então, não desistamestrela bet é de queprestar a prova."
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