Coronavírus: no auge da pandemia, empresas brasileiras distribuem 'kit covid' a funcionários:7 bit cassino
O suposto tratamento precoce, ou kit covid, costuma se referir a uma combinação que inclui medicamentos ineficazes ou ainda7 bit cassinoestudos contra a covid-19, como hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, vitamina D, vitamina C, entre outros, que podem trazer efeitos colaterais.
Em outras palavras: cientistas e chefes7 bit cassinohospitais apontam que eles não ajudam no tratamento contra a covid-19 e podem causar danos à saúde (no fim desta reportagem, a BBC News Brasil descreve as conclusões7 bit cassinocientistas e entidades internacionais condenando este uso dos medicamentos).
Apesar disso, mais7 bit cassinoum ano depois do início da pandemia no Brasil e com mais 314 mil mortos pela doença, o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), recomenda o "tratamento precoce", ao lado7 bit cassinogestores7 bit cassinoalguns municípios brasileiros e grupos7 bit cassinomédicos no Brasil.
Nas últimas 24 horas, o Brasil teve novo recorde7 bit cassinomortes pela doença - foram 3.668. O mês7 bit cassinomarço7 bit cassino2021 já registra quase o dobro das mortes7 bit cassinojulho7 bit cassino2020, até então considerado o mais letal da pandemia.
Recentemente, reportagem do site G1 também mostrou que a Prevent Senior, uma das maiores operadoras7 bit cassinosaúde do país, segue distribuindo o "kit covid" para seus clientes, antes mesmo7 bit cassinouma consulta e até para quem está assintomático.
Segundo chefes7 bit cassinoUnidades7 bit cassinoTerapia Intensiva (UTIs)7 bit cassinohospitais7 bit cassinoreferência no Brasil, o uso do "kit covid" tem contribuído7 bit cassinodiferentes maneiras para aumentar as mortes no país, como mostrou a BBC News Brasil.
Uma reportagem do jornal O Estado7 bit cassinoS. Paulo revelou como já há pacientes que morreram ou foram para a fila7 bit cassinotransplante7 bit cassinofígado por causa do uso do "kit covid".
Os números da pandemia7 bit cassinotodo mundo mostram que a maior parte das pessoas que contrai covid-19 se recupera. Por isso, segundo especialistas, remédios apresentados como "cura" acabam "roubando o crédito" do que foi apenas uma melhora natural.
Para o advogado trabalhista Sergio Batalha, empresas distribuírem o "kit covid" aos funcionários ou bancarem o chamado "tratamento precoce" é imprudente e ilegal, uma vez que o empregador não pode fazer nada que coloque a saúde do empregado7 bit cassinorisco.
"Distribuindo o kit, o empregador pode causar efeitos colaterais na saúde do trabalhador, dar a falsa sensação7 bit cassinosegurança para ele, fazendo com que não se cuide adequadamente e contraia o vírus, e fazer com que ele demore a buscar ajuda7 bit cassinoum hospital caso contraia a doença", afirma.
"Na prática, está pondo7 bit cassinorisco a saúde7 bit cassinoseu empregado, além7 bit cassinose associar a uma prática que beira o curandeirismo."
'Deus está muito feliz no céu'
Uma foto no perfil da médica Eliane Panini no Instagram mostra o público7 bit cassinouma "aula" ministrada por ela: um grupo7 bit cassinoquase cem funcionários, todos7 bit cassinomáscara, sentados7 bit cassinocadeiras dispostas uma ao lado da outra.
A empresa, no polo industrial7 bit cassinoArujá, na grande São Paulo, é a Tecnocuba, que7 bit cassinoseu site diz ser "uma das empresas líderes na América Latina na produção7 bit cassinocubas, pias, tanques7 bit cassinolavar roupas, acessórios e peças7 bit cassinoaço inoxidável".
"Falamos sobre vários temas, principalmente a importância da quimioprofilaxia", escreve a médica. Quimioprofilaxia é o uso7 bit cassinosubstâncias para impedir o desenvolvimento7 bit cassinouma doença ou infecção - para a qual não existem evidências científicas no caso da covid-19.
Segundo Giselle Rêgo, diretora industrial da empresa, depois da palestra, a empresa vai custear a consulta7 bit cassinotodos os funcionários com a médica para receber "orientações" e prescrições para fazer o "tratamento precoce".
Rêgo não quis dizer o custo das consultas bancadas pela empresa.
Segundo ela, houve "98%"7 bit cassinoadesão ao tratamento entre os funcionários. "Cada um tem o livre arbítrio, não foi nada imposto." Quem aceitou, diz, ela, pensou: "Nossa, já estou protegido".
"Eles confiam na gente. A empresa sempre pensou nos funcionários."
De acordo com a diretora industrial, no ano passado, a empresa aderiu ao lockdown, confinamento rígido para evitar a disseminação do vírus. Depois, voltou com 70% da capacidade. Hoje, no entanto, a empresa voltou para a capacidade máxima. No ano passado, diz ela, não houve casos7 bit cassinocovid-19 entre os funcionários.
Em 2021, houve seis,7 bit cassinoacordo com a diretora.
Questionada sobre as críticas ao "tratamento precoce", Rêgo diz que quem critica "não está na linha7 bit cassinofrente".
"A doutora que eu acompanho… se isso não é embasamento científico, não sei o que é."
À BBC News Brasil, a médica Eliane Panini afirmou que não "ter perdido nenhum paciente" - embora isso não seja uma evidência7 bit cassinoque o "tratamento precoce" funcione, já que a maioria das pessoas que contrai o coronavírus se recupera naturalmente.
"O mundo deveria estar tomando ivermectina quinzenal como profilático. E os profissionais7 bit cassinosaúde como eu, que estão na linha7 bit cassinofrente, bombeiros, enfermeiros, deveriam estar tomando hidroxicloroquina semanal", disse.
Ela afirmou que é uma "iniciativa honrada" a da empresa Tecnocuba7 bit cassinocontratá-la para oferecer o tratamento aos funcionários. "Quis para os colaboradores o que querem para eles. Deus está muito feliz no céu."
Questionada sobre o valor cobrado por suas consultas e o valor cobrado para atender aos funcionários da Tecnocuba, Panini não quis responder. "Saiba que é muito pouco o que eu cobro perto do que eu faço pelo meu paciente. São dez dias seguindo diariamente esse paciente, são dez consultas mais um retorno. São 12 consultas. Não é nada perto7 bit cassinouma vida que a gente salva. É uma bobagem, só não vou falar porque isso não é pergunta que se faça", afirmou.
Em seu perfil no Instagram, a médica diz que é pós-graduada no Hospital das Clínicas7 bit cassinoSão Paulo e que7 bit cassinoespecialidade é "Alergia e Imunologia Adulto e Infantil". Anuncia que faz "atendimento online7 bit cassinotodo o Brasil".
'Disseram que era para tomar'
Em outra empresa, a Zanotti Elásticos,7 bit cassinoSanta Catarina, funcionários relataram à BBC News Brasil terem recebido ivermectina como "profilático" para a covid-19. Novamente, não há evidências científicas7 bit cassinoque o vermífugo funcione para a doença. A empresa tem sede no município7 bit cassinoJaraguá do Sul, onde produz fitas elásticas. Em seu site, ela informa ter "1.700 colaboradores".
Funcionários entrevistados pela reportagem sob anonimato disseram ter recebido ivermectina da empresa7 bit cassinoduas ocasiões: uma vez no ano passado, quando foram distribuídos seis comprimidos, e uma segunda vez agora, quando distribuíram quatro comprimidos para que fossem ingeridos um por dia durante quatro dias.
Um funcionário diz ter se sentido pressionado a tomar o remédio pelo médico da empresa e um líder da equipe. "Disseram que 'era para tomar'. Vinha7 bit cassinoum pacote sem bula, sem nada. Eu peguei, mas não tomei porque achei estranho. Eles meio que forçaram todo mundo a pegar e tomar", diz.
Os funcionários receberam um formulário da empresa, com perguntas sobre doenças pré-existentes e informações sobre reações adversas da ivermectina. Ao final, o funcionário deveria assinar uma declaração dizendo ter sido "esclarecido7 bit cassinoque o tratamento profilático proposto é experimental por ausência7 bit cassinoestudos científicos7 bit cassinoalta qualidade".
"Fui orientado sobre os possíveis riscos. Entendo que não existe garantia absoluta sobre os resultados. Autorizo a empresa Zanotti. S.A. a realizar a profilaxia proposta", diz o texto.
Procurada, a Zanotti Elásticos disse que não se pronunciaria sobre o assunto.
Outra empresa que distribuiu o medicamento a funcionários é aGTFoods, segundo entrevista do médico7 bit cassinotrabalho da empresa, Adler Menezes, à rádio Jovem Pan na semana retrasada. O grupo do setor7 bit cassinoalimentos tem sede7 bit cassinoMaringá, no Paraná, e, entre suas unidades há frigoríficos e abatedouros.
Na entrevista disponível7 bit cassinovídeo no YouTube, Adler Menezes diz que a empresa foi acometida por um surto e que houve "situações graves". "Eu estava recebendo mais7 bit cassino10, 15 atestados por dia"7 bit cassinotestes positivos7 bit cassinocovid, diz ele.
A partir do dia 277 bit cassinojulho, segundo Menezes, a empresa passou a distribuir uma dose semanal7 bit cassinoivermectina aos 12 mil funcionários da empresa. A empresa mandou manipular o medicamento para distribuir cápsulas7 bit cassino18mg aos funcionários (normalmente o medicamento é disponibilizado7 bit cassinodoses7 bit cassino6mg).
Menezes comenta sobre uma suposta eficácia do tratamento, que teria diminuído os casos positivos7 bit cassinocoronavírus na empresa - mas diz também que os funcionários com resultados positivos foram isolados e submetidos a uma quarentena, estas recomendações comprovadamente eficazes para conter a disseminação do vírus.
Na entrevista, o médico afirma que foi uma "campanha voluntária", e que não houve adesão total.
Procurado pela BBC News Brasil, Menezes disse que a empresa o desautorizou a seguir falando sobre o tratamento com a imprensa. "O que a gente faz é uma promoção7 bit cassinosaúde e controle parasitário", afirmou.
A BBC News Brasil entrou7 bit cassinocontato com a assessoria7 bit cassinoimprensa GTFoods por meio7 bit cassinotelefonemas e mensagens por WhatsApp, mas não obteve resposta.
Outro vídeo divulgado nas redes sociais mostra Waldemir Kurten, presidente da empresa7 bit cassinocasas pré-fabricadas Casas Kurten, também do Paraná, dizendo que7 bit cassinoempresa adotou "o método preventivo". "Distribuímos para nossos colaboradores a profilaxia precoce (sic) contra o vírus. Nestes últimos três meses, praticamente zeramos a covid na nossa empresa", afirma.
Nas imagens, Kurten diz estar fazendo7 bit cassinoparte e estimula outros empresários a tomarem atitudes parecidas. "Senhores empresários, peçam a seu médico que lhes ajudem a fazer o protocolo preventivo da covid. Somente o governo não consegue combater esta pandemia", diz.
A BBC News Brasil procurou a empresa, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.
Autonomia do funcionário
Distribuir medicamentos a funcionários, ainda mais sem eficácia comprovada e com possíveis efeitos adversos, pode ferir a autonomia do trabalhador, segundo especialistas.
"A empresa não é um estabelecimento ou profissional7 bit cassinosaúde para fazer essa prescrição", avalia o professor7 bit cassinoFarmacologia da Universidade Federal7 bit cassinoRondonópolis André Bacchi.
Para ele, essa prática gera dois custos: o custo clínico, dos efeitos adversos, leves ou graves, que o medicamento pode causar - e que o funcionário paga com a própria saúde - e o custo comportamental, já que os funcionários podem acabar se preocupando menos com o contágio.
"Isso legitima a empresa fazer com que o funcionário vá trabalhar presencialmente. O funcionário não tem desculpa para ficar7 bit cassinocasa quando está tomando um medicamento que 'protege'", diz Bacchi. "E isso fere a autonomia que o funcionário tem7 bit cassinoquerer tomar ou não esse medicamento sabendo que não tem demonstração7 bit cassinoeficácia."
"É muito difícil dizer não", ainda mais, diz o professor,7 bit cassinoum contexto7 bit cassinotrabalho, onde há uma relação assimétrica entre o funcionário e o dono da empresa. Além disso, muitos funcionários podem tomar os medicamentos pressionados porque outros funcionários estão tomando. "Pode configurar situações quase coercitivas", avalia.
Para o advogado trabalhista Sergio Batalha, ao fazer isso, a empresa está criando um passivo trabalhista7 bit cassinopotencial. "Ela está assumindo um risco. É notório que há polêmicas e uma série7 bit cassinorestrições técnicas7 bit cassinotorno desses remédios. Se der algum problema, a empresa pode ser responsabilizada. O funcionário ou7 bit cassinofamília podem pedir indenização por danos morais ou materiais. As empresas também estão sujeitas a receber uma ação civil pública no Ministério Público do Trabalho."
"Empresa não deve oferecer remédio nenhum para empregado. É chocante. A empresa está chamando ações trabalhistas", diz Batalha.
Evidências científicas
As principais autoridades mundiais7 bit cassinosaúde continuam ressaltando que não existe tratamento comprovadamente eficaz contra a covid-19. Eficazes são as medidas para não contrair o vírus: distanciamento físico, uso7 bit cassinomáscara e lavagem7 bit cassinomãos.
Além disso, as vacinas contra a covid-19 podem evitar infecções e o desenvolvimento7 bit cassinoquadros mais graves da doença.
O suposto "tratamento precoce" foi repudiado por entidades médicas brasileiras. Em nota conjunta, a Sociedade Brasileira7 bit cassinoInfectologia (SBI) e a Associação Médica Brasileira (AMB) afirmaram que as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação serve para prevenir ou tratar a doença até o momento.
"Até o momento, todos os estudos publicados que avaliaram a eficácia desses medicamentos, juntos ou combinados, não demonstraram qualquer vantagem no seu uso quando comparados ao tratamento com placebo ou tratamento convencional. Além disso, os pacientes ainda ficam expostos aos riscos associados ao uso desses medicamentos. Em alguns casos, o uso combinado desses medicamentos pode aumentar o risco7 bit cassinoefeitos adversos por interação medicamentosa, como é o caso, por exemplo, do uso concomitante da hidroxicloroquina e azitromicina que pode potencializar o risco7 bit cassinodanos cardiovasculares", afirmou a entidade.
Já o Conselho Federal7 bit cassinoMedicina tem sido criticado por7 bit cassino"omissão"7 bit cassinorelação à disseminação do uso7 bit cassinomedicamentos do "tratamento precoce" durante a pandemia no Brasil.
A BBC News Brasil entrou7 bit cassinocontato com o órgão, mas não obteve resposta para questionamentos sobre o "tratamento precoce" recomendado por grupos7 bit cassinomédicos. Ao jornal Estado7 bit cassinoS. Paulo, na semana passada, o presidente do órgão, Mauro Ribeiro, disse que não pretende rever parecer7 bit cassinoabril do ano passado autorizando médicos brasileiros a prescreverem a cloroquina contra a covid-19, apesar das evidências robustas7 bit cassinoque é ineficaz.
Disse também que o médico tem autonomia para indicar medicações, mas quem faz propaganda do kit como cura milagrosa pode responder a sindicâncias nos conselhos regionais.
Estudos já indicam que a hidroxicloroquina é ineficaz para o tratamento da covid-19, e pode causar efeitos adversos como retinopatias, hipoglicemia grave e toxidade cardíaca. Outros efeitos colaterais possíveis são diarreia, náusea, mudanças7 bit cassinohumor e feridas na pele.
Não há evidências7 bit cassinoque ivermectina, fármaco usado no tratamento7 bit cassinoparasitas como piolho e sarna, ajude no tratamento da covid-19. A Agência Europeia7 bit cassinoMedicamentos é contrária ao uso7 bit cassinoivermectina no tratamento da covid-19. Após revisar as publicações sobre o medicamento, a agência considerou que os estudos possuíam limitações, como diferentes regimes7 bit cassinodosagem do medicamento e uso simultâneo7 bit cassinooutros medicamentos.
"Portanto, concluímos que as atuais evidências disponíveis são insuficientes para apoiarmos o uso7 bit cassinoivermectina contra a covid-19", concluiu a agência.
Tampouco aprovam o uso do medicamento contra a covid-19 a Organização Mundial7 bit cassinoSaúde (OMS) e a Organização Pan-americana7 bit cassinoSaúde (OPAS). A FDA, órgão7 bit cassinovigilância sanitária dos Estados Unidos, também não aprovou a ivermectina para prevenção ou tratamento da covid-19 no país.
A ivermectina entrou7 bit cassinocena depois7 bit cassinouma pesquisa da Universidade Monash, da Austrália. O estudo identificou que uma dose bem acima do recomendável do medicamento eliminou o novo coronavírus7 bit cassinotestes7 bit cassinolaboratório. Mas a dose usada no trabalho seria,7 bit cassinoseres humanos, dez vezes superior ao limite considerado seguro.
E a própria universidade publicou um aviso para que as pessoas não usem ivermectina contra covid-19.
A Prevent Senior enviou à BBC News Brasil uma nota7 bit cassinoesclarecimento sobre seus procedimentos ao longo da pandemia. Leia a íntegra abaixo:
"NOTA DE ESCLARECIMENTO
Sobre a reportagem "Coronavírus: no auge da pandemia, empresas brasileiras distribuem 'kit covid' a funcionários", a Prevent Senior tem a esclarecer o seguinte:
1.A empresa jamais distribuiu ou receitou medicamentos sem que houvesse prescrição a partir7 bit cassinoconsultas médicas;
2.Nenhum dos pacientes tratados por médicos da operadora apresentou efeitos colaterais, como faz crer a reportagem citando casos que ocorreram7 bit cassinocentros médicos não-pertencentes à Prevent Senior.
3.Os médicos da operadora têm total autonomia para prescrever os medicamentos e tratamentos que julgarem necessários, sempre com aval formal dos pacientes.
4.Ao longo da pandemia, mais7 bit cassino35 mil vidas foram salvas.
5.A taxa7 bit cassinomortalidade apresentada7 bit cassinopacientes7 bit cassinomais7 bit cassino60 anos atendidos pela Prevent é7 bit cassino7%, metade dos 14% observados para o mesmo grupo etário no âmbito do Estado7 bit cassinoSão Paulo."
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