'Não posso fazer faculdade se estiver morta': os relatosgrupo betnacionalquem desistiu do Enem no último minuto com medo da covid-19:grupo betnacional

Alunos chegando para prestar o Enem 2020grupo betnacional17grupo betnacionaljaneiro

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Alunos chegando para prestar o Enem 2020grupo betnacional17grupo betnacionaljaneiro; prova teve abstenção recorde

Aos amigos nas redes sociais que decidiram fazer a prova, ela desejou sucesso e segurança e explicou os motivosgrupo betnacionalsua desistência: "Não poderei fazer uma faculdade se estiver morta".

O medogrupo betnacionalprestar o Enemgrupo betnacionalmeio a um novo picogrupo betnacionalcasos e mortes por covid-19 parece ter se refletidogrupo betnacionaluma abstenção recorde: compareceram à prova do dia 17 menos da metade (ou 48,5%) dos 5,5 milhõesgrupo betnacionalinscritos no Enem impresso, segundo dados preliminares do Inep, órgão do Ministério da Educação que gerencia o exame.

Ou seja, 2.842.332 pessoas inscritas acabaram não participando da prova.

Esse grupo inclui, além dos desistentes, cercagrupo betnacional160,5 mil alunos do Estado do Amazonas e outros quase 4 mil alunos das cidadesgrupo betnacionalEspigão D'Oeste e Rolimgrupo betnacionalMoura (RO), onde a prova não foi realizada no domingo, alémgrupo betnacionalcercagrupo betnacional10 mil estudantes que afirmaram estar com doenças infectocontagiosas, como a covid-19. (Esses grupos estão entre os alunos que poderão participar da reaplicação da prova,grupo betnacional23 e 24grupo betnacionalfevereiro; veja mais detalhes abaixo).

'Medo da contaminação e injustiça da mídia'

O Enem estava inicialmente marcado para novembrogrupo betnacional2020, mas foi adiado para janeiro por conta da pandemia e, até a véspera da prova, foi alvogrupo betnacionalpressões e ações judiciais pedindo um novo adiamento.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse ter se surpreendido pela grande ausênciagrupo betnacionalparticipantes - na edição anterior, o índicegrupo betnacionalabstenção havia sidogrupo betnacional23%, contra 51,5% desta -, mas defendeu a decisãogrupo betnacionalmanter a data dos exames.

"Tivemos uma abstenção grande,grupo betnacionalparte pela questão do medo da contaminação egrupo betnacionalparte por um trabalhogrupo betnacionalmídia muito grande contra o Enem,grupo betnacionalmaneira muito injusta - não foi feito o mesmo trabalho contra a Fuvest (vestibular da USP que teve a primeira fasegrupo betnacional10grupo betnacionaljaneiro)", afirmou Ribeirogrupo betnacionalentrevista coletiva.

Ministro Milton Ribeiro (centro), ao lado do presidente do Inep, Alexandre Lopes (à esq)

Crédito, Marcello Casal Jr/Ag Brasil

Legenda da foto, Ministro Milton Ribeiro (centro), ao lado do presidente do Inep, Alexandre Lopes (à esq), considerou um sucesso a realizaçãogrupo betnacionaluma prova seguragrupo betnacionalmeio à pandemia

"O Enem no meio da pandemia foi vitorioso, para não atrasar mais a vidagrupo betnacionalmilhõesgrupo betnacionalestudantes. Não atrasamos a educação brasileiragrupo betnacionalmais um semestre. (...) Qualificamos como um sucesso porque no meiogrupo betnacionaluma crise conseguimos mobilizar milhõesgrupo betnacionalpessoasgrupo betnacionaluma maneira segura. Se disséssemos que não teríamos o Enem neste ano, seria uma derrota da educação."

O ministro também afirmou que o Inep tomou medidasgrupo betnacionalsegurança para evitar a propagação do coronavírus durante a prova e que o público do Enem já tem conhecimento das medidas preventivas à covid-19. "Estamos falandogrupo betnacionaljovens adultos, que sabem se proteger."

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, lembrou que o Enem 2020 teve um recordegrupo betnacionalnão pagantes (ou seja,grupo betnacionalalunos que foram isentos da taxagrupo betnacionalmatrícula no exame), o que pode ter contribuído para a abstenção maior.

"São informações que vamos apurar no balanço total", afirmou, destacando que outros vestibulares também tiveram muitos ausentes. "O aumento das abstenções não são uma exclusividade do Enem."

'Escolha entre saúde física e mental'

Para muitos alunos, porém, o Enem 2020 acabou sendo uma escolha entre "a saúde mental e a saúde física", opina Viníciusgrupo betnacionalAndrade, criador do projeto Salvaguarda, que ajuda jovensgrupo betnacionalescolas públicas a ingressar no ensino superior.

"Os alunosgrupo betnacionalescolas públicas já passam por tantas dificuldades e, como se não bastasse, se depararam com o dilemagrupo betnacionalfazer o exame e (buscar) o sonhogrupo betnacionalingressargrupo betnacionaluma universidade pública ou cuidargrupo betnacionalsua saúde, com medogrupo betnacionalpegar covid-19", explica Andrade.

Embora tenha se deparado com abstençõesgrupo betnacionaltodo o tipo - desde alunos que viajaram 60km para prestar o Enem mas se esqueceram do documentogrupo betnacionalidentidade até quem errou o horário da prova -, ele acha que a maioria dos faltantes decidiu ficargrupo betnacionalcasa por uma misturagrupo betnacionaldois fatores: medo da pandemia e sensaçãogrupo betnacionaldespreparo para o exame.

É o casogrupo betnacionalJuliana Sara Lima dos Santos, 19, que desistiugrupo betnacionalprestar a provagrupo betnacionalCascavel (PR), por temer colocar a mãe (que tem pressão alta)grupo betnacionalrisco e porque não se sentiu confiante, depoisgrupo betnacionalum ano inteiro estudando por videoaulas.

Jovem passa álcool gel antesgrupo betnacionalentrar na prova do Enem 2020

Crédito, Tania Rego/Ag Brasil

Legenda da foto, Jovem passa álcool gel antesgrupo betnacionalentrar na prova do Enem 2020; muitos jovens desistiram com medo do coronavírus

"Aqui na minha cidade os casos estão elevados, então fiquei muito inseguragrupo betnacionalir fazergrupo betnacionalmeio a tantas pessoas", conta a estudante, que sonhagrupo betnacionalcursar Medicina.

"Na frente dos colégios ou faculdades vi umas imagensgrupo betnacionalreportagens com muita aglomeraçãogrupo betnacionalpessoas. Por mais que na salagrupo betnacionalaula houvesse distanciamento,grupo betnacionalfrente às escolas estava bem movimentado."

Agora, Juliana vai focar nos vestibularesgrupo betnacionaluniversidades paranaenses e seguir se preparando para o Enem 2021. "Conhecimento nunca é perdido: não fiz esse Enem, (mas) tem o próximo e vou levar toda a bagagem que adquiri até aqui. Em parte, estou aliviada (em não ter prestado) por causa da pandemia e,grupo betnacionaloutra, estou preocupada com o futuro, com as incertezas."

Segundo Viníciusgrupo betnacionalAndrade, o mero atogrupo betnacionalse inscrever no Enem já é, para muitos alunosgrupo betnacionalescolas públicas, uma demonstraçãogrupo betnacional"coragem e do sonho por um futuro diferente".

"Porque o exame é distante deles, e eles não têm muitos exemplosgrupo betnacionalpessoas (próximas) na universidade. O que desejo é que eles não desistam, para que possam ocupar espaços ondegrupo betnacionalvoz vai ser ouvida. Eles precisam se sentir aliviadosgrupo betnacionalque isso (perder a prova) não é o fimgrupo betnacionalnada. Eles estão no meio do percurso", diz.

"Agora, é tentar ser frio, analítico e olhar o quadro geral, sem se ver diantegrupo betnacionalum murogrupo betnacionalaltura sem fim. (Recomendo) olhar para outros vestibulares seriados, vestibularesgrupo betnacionaluniversidadesgrupo betnacionalseus Estados e tentar manter o ânimo para as próximas provas."

Em Jardinópolis, interiorgrupo betnacionalSão Paulo, Katharine Abdala, 18, conta que já passa normalmente "um perrengue danado com a bronquite aguda mesmo sem a covid-19".

"Já preciso usar a bombinha, porque a bronquite vai e volta a qualquer momento. Imagina então se eu pegar o vírus", diz à reportagem. "Pensei: 'vai estar todo mundogrupo betnacionalmáscara no Enem'. Mas era muita gente prestando, e aqui ninguém se cuida, porque acham que não precisa se preocupar por ser uma cidade pequena."

Katharine já cursa o ensino técnicogrupo betnacionalFarmácia e pretende agora continuar os mesmos estudos no ensino superior. Mas também acabou optando por não fazer o Enem.

Enem 2017

Crédito, Mariana Leal /MEC

Legenda da foto, Jovens cujas provas tiveram problemas logísticos ou que comprovaram ter covid-19 farão reaplicação do Enem,grupo betnacionalfevereiro

"Eu não tive isenção da inscrição: tinha pago (o valorgrupo betnacionalR$ 85), então foi bem difícil a decisão. Mas no dia eu decidi não ir. Hoje também foi difícil ver que todo mundo fez a prova e está tudo bem, mas coloquei na minha cabeça que vou ter outras oportunidades", diz ela.

A jovem teve um pequeno alento nesta segunda-feira (18/1), ao receber a notícia que passou para a segunda fasegrupo betnacionalum processo seletivo online para bolsasgrupo betnacionalestudogrupo betnacionaluma universidade privada. "Deu uma aliviada, mas o Enem ainda está na minha cabeça."

Quem vai poder participar da reaplicação do Enem?

Segundo o Inep, uma reaplicação da prova do Enem ocorrerá nos dias 23 e 24grupo betnacionalfevereiro, para os seguintes gruposgrupo betnacionalalunos:

grupo betnacional - Cercagrupo betnacional8,1 mil alunos que tiveram sintomasgrupo betnacionalcovid-19 (ou outras doenças infectocontagiosas, como sarampo), enviaram seus laudos médicos ao Inep e tiveram o pedidogrupo betnacionalreaplicação aceito.

Outros 1,9 mil pedidos não foram aceitos pelo Inep -grupo betnacionalalguns casos, por terem enviado laudos ilegíveis ougrupo betnacionalfotos desfocadas. Esses - bem como outros alunos que nesta semana tiverem sintomasgrupo betnacionalcovid-19 e precisarem se ausentar da segunda prova, no dia 24 - podem reenviar seus laudos médicos a partir desta segunda-feira (18/01) pela Página do Participante do Enem.

grupo betnacional - Alunos do Estado do Amazonas e das cidadesgrupo betnacionalEspigão D'Oeste e Rolimgrupo betnacionalMoura,grupo betnacionalRondônia. Nesses locais, a prova do último domingo não foi realizada por conta do avanço do novo coronavírus, e os cercagrupo betnacional165 mil alunos afetados poderão fazer a reaplicaçãogrupo betnacional23 e 24grupo betnacionalfevereiro.

grupo betnacional - Alunos afetados por problemas logísticos. É o caso dos participantes que afirmaram terem sido impedidosgrupo betnacionalfazer a provagrupo betnacionaldomingo porque as salasgrupo betnacionalaula estavam com capacidade máxima. Segundo Alexandre Lopes,do Inep, essa situação foi identificada até agoragrupo betnacional11 salasgrupo betnacionalcidades do Sul do país (Florianópolis, Curitiba, Londrina, Pelotas, Caxias do Sul e Canoas),grupo betnacionalum universogrupo betnacional14.447 salasgrupo betnacionalEnemgrupo betnacionaltodo o país.

"Nenhum aluno será prejudicado. Quem se sentir prejudicado,grupo betnacionalqualquer lugar do Brasil, poderá solicitar a reaplicação da prova, a partir do dia 25grupo betnacionaljaneiro. Daí olhamos a ata da sala (do aluno queixoso) para entender o que aconteceu", afirmou Lopes.

Alunos cujas escolas tiveram problemasgrupo betnacionalinfraestrutura - casogrupo betnacionaltrês escolas na Bahia onde faltou energia elétrica durante o Enem - também poderão pedir a reaplicação da prova.

Vale lembrar que a reaplicação não é válida para alunos que se atrasaram no domingo, nem para os que ficaram com medogrupo betnacionalse infectar pelo coronavírus, destaca o Inep.

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