'A situação preocupa muito e vai piorar': o alerta sobre avanço da covid-19 no Rioreclame betanoJaneiro:reclame betano

A estátua do Cristo Redentor e a favela do Morro da Coroa no Rioreclame betanoJaneiro, Brasil (fotoreclame betanoarquivo)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Casosreclame betanocovid-19 no Rioreclame betanoJaneiro aumentaram nas últimas semanas, apontam levantamentos

De acordo com a plataforma MonitoraCovid-19, ferramenta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Rioreclame betanoJaneiro é o Estado com a maior taxareclame betanoóbitos pela doença no país, são 135,5 mortes a cada 100 mil habitantes —reclame betanoSão Paulo, por exemplo, são 94,3.

Os registrosreclame betanocovid-19 passaram a ter grande avanço recente no Rioreclame betanoJaneiro por voltareclame betano20reclame betanonovembro, segundo a MonitoraCovid-19.

Enquanto os casos aumentam, o isolamento social está menor no Estado. Em razão disso, especialistas afirmam que é inevitável que a situação piore cada vez mais nas próximas semanas.

Na quinta-feira, a Prefeitura do Rioreclame betanoJaneiro anunciou novas medidas restritivas, diante do avançoreclame betanocasos. Para especialistas, essas ações foram tomadas tardiamente e não abrangem todas as questões necessárias para ajudar a conter a propagação do vírus.

O aumentoreclame betanocasos

O baixo índicereclame betanoisolamento social é o principal motivo para o aumentoreclame betanocasos da covid-19 no Rioreclame betanoJaneiro, apontam os especialistas ouvidos pela reportagem.

Dados apurados por meio dos celulares da região, levantamento feito pelo pelo Gruporeclame betanoTrabalho Multidisciplinar para o Enfrentamento do Coronavírus, da UFRJ, apontam que o índicereclame betanomobilidade nas cidades do Rioreclame betanoJaneiro chegou a 40% no início da pandemia. Porém, o número subiu cada vez mais nos últimos meses, com a flexibilização da quarentena. Hoje, a taxa é por voltareclame betano60% a 70%.

Governadorreclame betanoexercício, Cláudioreclame betanoCastro,

Crédito, Governo do RJ

Legenda da foto, Mesmo com aumentoreclame betanocasos, autoridades não veem novas ações restritivas para as próximas semanas. Governadorreclame betanoexercício, Cláudioreclame betanoCastro, descarta endurecer medidas

"O número (de movimentação) é um pouco abaixoreclame betanoantes da pandemia, porque ainda existem setoresreclame betanoquarentena, como a Educação. Mas as pessoas,reclame betanogeral, estão se movimentando como antes", diz o epidemiologista Roberto Medronho, professor da UFRJ e coordenador do grupo que apura a situação da covid-19 no Rioreclame betanoJaneiro.

A taxareclame betanotransmissão do vírus no Estado cresceu nas últimas semanas. Esse índice aponta quantas pessoas são infectadas,reclame betanomédia, por quem já está doente.

O ideal é que fique abaixoreclame betano1, para reduzir a possibilidadereclame betanonovas infecções. Acima disso, ganha cada vez mais força, e os númerosreclame betanodoentes crescemreclame betanoescala geométrica.

A atual taxareclame betanotransmissão, referente ao inícioreclame betanodezembro, éreclame betano1,33reclame betanotodo o Estado — no fimreclame betanonovembro era 1,27. O maior índice está na capital: 1,45. Já na região metropolitana éreclame betano1,38. Os dados são do grupo da UFRJ que atua no enfrentamento ao coronavírus.

"A taxa nunca ficou abaixoreclame betano1 no Rioreclame betanoJaneiro. A quarentena foi flexibilizada com o vírusreclame betanoalta, com a transmissão acimareclame betano1,1. Com a volta da aglomeração a propagação do vírus foi rápida", explica Alberto Chebabo.

A média móvelreclame betanocasos da covid-19 no Rioreclame betanoJaneiro, que avalia a quantidadereclame betanonovos registros nos últimos sete dias, também estáreclame betanoalta.

O número atual éreclame betano2,5 mil casos no Estado, conforme o MonitoraCovid-19. É um dos maiores índices desde o início da pandemia — os números se aproximam da maior média,reclame betanomeadosreclame betanojulho, quando chegou a 3 mil casos diários.

Já a atual médiareclame betanomortes, segundo o MonitoraCovid-19, éreclame betano80 por dia. "Se considerarmos que a curvareclame betanocasos começou a subir há três semanas, é provável que os númerosreclame betanomortes, que estão estáveis, também vão subir. Muitas pessoas que contraem a doença e apresentam quadro grave acabam morrendo ao longo das semanas", explica o sanitarista Christovam Barcellos, da Fiocruz.

Festas, aglomerações e praias

A flexibilização das medidasreclame betanoisolamento no Rioreclame betanoJaneiro ocorre desde junho. Aos poucos, conforme as autoridades consideravam necessário, a quarentena foi afrouxando.

Em 20reclame betanooutubro, por exemplo, um decreto estadual autorizou a realizaçãoreclame betanoeventosreclame betanoentretenimento oureclame betanolazerreclame betanoespaços abertos ou fechados.

Essa medida estipulou que os locais deveriam seguir normas para evitar a propagação do vírus.

servidor da saúde atendendo pacientes

Crédito, Luis Alvarenga/Getty Images

Legenda da foto, Taxareclame betanotransmissão da covid-19 segue alta no Rioreclame betanoJaneiro e preocupa médicos

Entre as medidas para esses eventos estão: os locais fechados devem receber somente 50%reclame betanosua capacidade máxima, rodasreclame betanosamba devem ser realizadasreclame betanolugares que não ultrapassem o limitereclame betanoquatro metros quadrados por pessoas e os eventosreclame betanoquadras escolasreclame betanosamba devem limitar o público para evitar aglomeração.

Na prática, os especialistas pontuam que não há fiscalização suficiente para saber se as medidasreclame betanodistanciamento social estão sendo seguidas nesses locais. Nas últimas semanas, foram comuns imagensreclame betanoaglomeraçõesreclame betanodiferentes pontos do Rioreclame betanoJaneiro.

"Desde outubro, houve total perdareclame betanocontrole das medidasreclame betanoisolamento. Há muita gente circulando normalmente pelo Estado", diz Christovam Barcellos.

Chebabo ressalta que eventos como pequenas festasreclame betanofamília ou até idas a praias lotadas têm ajudado a propagar o coronavírus no Estado.

"Quando há uma aglomeração, pode haver exposição ao vírus. Nos últimos meses, muita gente voltou a frequentar bares, restaurantes, boates, reuniõesreclame betanofamília... Vimos famílias inteiras infectadas após uma pequena reunião com 10 pessoas. Além disso, muitos jovens vão a eventos e levam o vírus para os mais velhos quando voltam para casa", pontua.

As aglomerações no transporte público também colaboraram fortemente para a propagação do vírus, segundo os especialistas. Muitos trabalhadores se viramreclame betanomeio a veículos lotados.

"(As autoridades) deveriam ter se preocupadoreclame betanomelhorar o transporte público, com mais veículos e mais espaço para as pessoas. Além disso, deveriam ter reforçado o usoreclame betanomáscara nesses locais", afirma Medronho.

Há três semanas, os casosreclame betanocovid-19 no Rio estãoreclame betanocrescimento. Meses atrás, a taxa variava: ora crescia, ora diminuía. "Não temos uma segunda onda, porque nunca saímos da primeira. Isso agrava ainda mais a situação, porque os serviçosreclame betanosaúde já estavam sofrendo com os númerosreclame betanocasos, agora aumenta ainda mais a demanda", declara Medronho.

Hospitais sobrecarregados

O resultado do aumentoreclame betanocasos no Estado pode ser notado nos hospitais. Na cidade do Rioreclame betanoJaneiro, a ocupaçãoreclame betanoleitosreclame betanoUnidadereclame betanoTerapia Intensiva (UTI) voltados somente para pacientes com a covid-19 éreclame betano91%. Isso inclui leitos do Sistema Únicoreclame betanoSaúde (SUS), municipais, estaduais e federais. A taxareclame betanoocupaçãoreclame betanoleitosreclame betanoenfermaria éreclame betano87%.

De acordo com a Prefeitura da capital fluminense, há 1.411 pessoas internadasreclame betanoleitos especializados no município, sendo 590 delasreclame betanoUTI.

Na cidade, 420 pessoas aguardam transferência para leitos na região metropolitana — destas, 193 precisamreclame betanoUTI. "As pessoas que aguardam leitosreclame betanoUTI estão sendo assistidasreclame betanoleitosreclame betanounidades, com monitores e respiradores", diz a Prefeitura da Capital,reclame betanonota encaminhada à BBC News Brasil.

Os hospitais particulares também enfrentam um períodoreclame betanosobrecargareclame betanodecorrência da covid-19. "Está tendo uma demanda altareclame betanoleitosreclame betanotodas as unidadesreclame betanosaúde. Os hospitais privados estão tendoreclame betanointerromper cirurgias eletivas, pois estão todos cheios. Estão fechando CTIs (Centrosreclame betanoTerapia Intensiva) para outras doenças e reabrindo leitos para a covid", diz Chebabo.

Pacientesreclame betanoUTI do Rioreclame betanoJaneiro

Crédito, Fabio Texeira/Anadolu Agency via Getty Images

Legenda da foto, Pacientesreclame betanoUTI do Rioreclame betanoJaneiro, onde a ocupaçãoreclame betanoleitos passoureclame betano91%

A atual situaçãoreclame betanotoda a área da saúde no Rioreclame betanoJaneiro tem sido altamente estressante, avalia Medronho. "Há muito estressereclame betanotermosreclame betanodemanda que cresce a cada dia. A faltareclame betanovagas para quem precisa ficar na enfermaria ou CTI é muito grave, porque aumenta a possibilidadereclame betanoa pessoa morrer sem sequer ser internadareclame betanohospital", diz o médico.

"A abordagem clínicareclame betanorelação à covid-19 evoluiu muito desde o início da pandemia, quando estávamos diantereclame betanouma doença muito nova e adquirindo conhecimento para tratar melhor. Hoje já sabemos o que pode ser mais efetivoreclame betanoum tratamento. Mas o problema é que não estamos encontrando vagas", acrescenta o epidemiologista.

Em nota, a Prefeitura do Rioreclame betanoJaneiro afirma que irá abrir,reclame betanohospitais municipais, mais 220 leitos dedicados ao tratamento da doença nas próximas semanas.

Os especialistas comentam que a imensa maioria dos leitos abertos na primeira fase da pandemia foram desativados logo que os casos começaram a diminuir.

"Não houve planejamento para que fossem reativados. Agora, temos que esperar os procedimentos para que voltem a funcionar", declara Medronho. "Agora o Estado e o município precisam contratar novos profissionaisreclame betanosaúde para reativar esses leitos", diz Chebabo.

As dificuldades nos hospitais do Rioreclame betanoJaneiro atingem também aqueles que trabalham nas unidadesreclame betanosaúde. Segundo o jornal O Globo, cercareclame betano16 mil dos profissionais que atuam na rede municipal ainda não receberam o pagamentoreclame betanonovembro.

Em nota à BBC News Brasil, a Prefeitura do Rioreclame betanoJaneiro afirma que as secretariais municipaisreclame betanoFazenda ereclame betanoSaúde se reuniram para discutir os pagamentos aos trabalhadores.

"As secretarias trabalham para equacionar a questão e a previsão é que os pagamentos sejam realizados até a semana que vem", diz nota encaminhada à reportagem.

'A situação vai piorar'

Desde que os casosreclame betanocovid-19 passaram a crescer nas últimas semanas, autoridades do Rioreclame betanoJaneiro evitaram definir novas medidasreclame betanoisolamento. Na semana passada, o governadorreclame betanoexercício, Claudio Castro, afirmou que não dariam "passo para trás" sobre a reabertura dos estabelecimentos e descartou um lockdown, medida adotadareclame betanodiversas regiões do Estado nos primeiros meses da pandemia.

Mas nesta quinta-feira, a Prefeitura do Rio anunciou novas medidas para tentar controlar o avanço do vírus. Entre as ações estão a proibiçãoreclame betanoestacionamento na orla nos finsreclame betanosemana e feriados.

Apesar disso, as praias continuarão liberadas normalmente. Também foi proibido o usoreclame betanoáreasreclame betanolazer onde não são usadas máscarasreclame betanocondomínios, comoreclame betanopiscinas e saunas.

Além disso, a Prefeitura anunciou que irá escalonar os horários dos funcionamentos da indústria (a partir das 7h), dos serviços (a partir das 9h) e do comércio (a partir das 11h). Segundo as autoridades, a medida ajudará a reduzir a aglomeração no transporte público.

A Prefeitura afirma que as novas medidas são para proteger a população sem causar danos à economia.

Para Chebabo, as novas restrições são pouco eficazes diante do avanço da covid-19. "São medidas tímidas", diz.

"São um passo adiante, mas não suficientes", pondera Barcellos. Ele ressalta que as novas medidas não coíbem as aglomeraçõesreclame betanofestas, bares ou reuniões familiares.

Roberto Medronho critica o fatoreclame betanoas autoridades sequer cogitarem a possibilidadereclame betanoadotar um lockdown no Estado. "Fiquei chocado que os governantes, diante do aumento sustentadoreclame betanocasos, descartaram essa possibilidade, que sabemos que funciona. É até possível entender por causa do impacto na economia e porque as pessoas estão cansadas. Mas quando descartam assim, é como se houvesse uma vacina e dissessem: não vou aplicar agora", diz o epidemiologista.

"Essa decisão (de descartar o lockdown) é um desserviço à pandemia. Isso choca a comunidade científica do Rioreclame betanoJaneiro. Sabemos que é uma medida dura. É um remédio amargo, mas é necessário", acrescenta.

Diante do atual cenário, os especialistas consideram que é inevitável que a pandemia se tornará ainda mais grave no Rioreclame betanoJaneiro nas próximas semanas. O períodoreclame betanoférias escolas, as comprasreclame betanofimreclame betanoano e as festividadesreclame betanodezembro tornam o cenário preocupante.

"Os casos têm subido e vários fatores só apontam para cima cada vez mais. É provável que a pandemia no Estado atinja o seu pico no verão", comenta Christovam Barcellos.

Os números entre o fim deste ano e o inícioreclame betano2021 podem ser maiores do que os do períodoreclame betanopico, entre o fimreclame betanomaio e julho, apontam os estudiosos.

"A situação vai piorar. Estamos todos muito preocupados", desabafa Chebabo. Ele ressalta que apenas abrir leitos não é o ideal para enfrentar a covid-19. "Até porque há uma capacidade finitareclame betanoleitos e não é possível haver um número tão grandereclame betanoum dia para o outro. E a covid-19 é uma doença muito séria. Internar não significa que a pessoa vai sobreviver", declara.

"O ideal seria diminuir a movimentação das pessoas, proibir reuniões, shows... Mas não há, no Rioreclame betanoJaneiro, nenhuma tendênciareclame betanoque haja medidas mais rígidas", lamenta o infectologista.

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