CoronaVac: 7 perguntas para entender a vacina do Butantan:7k bet7k
Com mais7k bet7k40 milhões7k bet7kinfectados e 1,1 milhão7k bet7kmortos no mundo por causa da covid-19, há uma grande expectativa7k bet7ktorno não apenas dessa, mas das 196 vacinas que estão sendo desenvolvidas atualmente no mundo contra a covid-19,7k bet7kacordo com dados da Organização Mundial da Saúde.
Desse total, 44 já estão sendo testadas7k bet7khumanos, das quais 10 estão na última fase desta etapa7k bet7kpesquisa, a chamada fase 3, quando se verifica a eficácia.
Entre elas, está a CoronaVac, que está sendo testada não apenas no Brasil, mas também na Turquia e na Indonésia.
A BBC News Brasil preparou uma série7k bet7kperguntas e respostas para esclarecer o que se sabe sobre essa vacina até o momento. Confira a seguir.
O que foi anunciado agora?
O governo7k bet7kSão Paulo divulgou que, entre os 9 mil voluntários que já participam dos testes da CoronaVac no Brasil, 35% deles tiveram efeitos adversos.
Os mais comuns foram dor, edema e inchaço no local da aplicação, dor7k bet7kcabeça e fadiga. Não foram detectados efeitos colaterais graves.
Na coletiva7k bet7kimprensa7k bet7kque foi feito o anúncio, foi apresentado um comparativo com outras quatro vacinas também7k bet7kteste no Brasil, desenvolvidas pelas empresas Moderna, BioNTech/FoSun/Pfizer, CanSino e AstraZeneca/Oxford.
Nestas quatro vacinas, a incidência7k bet7kefeitos adversos variou entre 77% e 100%. "Portanto, [a CoronaVac] é a vacina mais segura não só no Brasil, mas no mundo", disse Covas.
No entanto, esses resultados já eram esperados,7k bet7kacordo com especialistas.
Por que já se esperava que os testes no Brasil apontassem que a CoronaVac é segura?
Há dois motivos. O primeiro é que ela usa uma tecnologia bastante tradicional, diz o imunologista Aguinaldo Pinto, professor da Universidade Federal7k bet7kSanta Catarina.
Essa vacina utiliza uma versão inativada do vírus. Isso quer dizer que o vírus foi exposto ao calor ou a produtos químicos para não ser capaz7k bet7kse reproduzir.
Uma vez injetado na corrente sanguínea, o vírus é detectado pelo sistema imunológico, que desenvolve formas7k bet7kcombatê-lo.
Mas, como o vírus é incapaz7k bet7kse reproduzir, não consegue deixar uma pessoa doente.
"Não há nada7k bet7knovo na tecnologia por trás dessa vacina. Ela existe há várias décadas. Temos muitas vacinas7k bet7kvírus inativados sendo comercializadas hoje, como as contra a gripe, por exemplo. E sabemos que elas são bastante seguras", afirma Pinto.
Enquanto isso, as outras vacinas comparadas à CoronaVac na coletiva7k bet7kimprensa usam tecnologias ainda inéditas7k bet7kvacinas e cujos efeitos são mais incertos.
O segundo motivo é que os testes no Brasil apenas confirmaram o que já havia sido comprovado7k bet7ketapas anteriores da pesquisa, como o próprio governo7k bet7kSão Paulo indicou.
Antes7k bet7kser testada aqui, a CoronaVac foi testada na China para verificar7k bet7kcapacidade7k bet7kgerar uma reação do sistema imune e7k bet7ksegurança e obteve bons resultados7k bet7kambos os critérios.
Naquela ocasião, o estudo concluiu que esta vacina teve índices bastante semelhantes ou mesmo menores7k bet7kparticipantes com efeitos adversos.
"Essa conclusão é apenas um reforço dos resultados7k bet7kfases anteriores. Se tivesse surgido algum efeito adverso grave, a segurança da vacina já teria sido contestada e, possivelmente, ela nem teria chegado à fase 3", explica Pinto.
Mas o imunologista alerta que uma vacina ser segura (ou a mais segura) não significa que ela seja eficaz.
Afinal, a CoronaVac protege contra a covid-19?
É exatamente isso que os testes7k bet7kfase 3 estão investigando. Estes testes estão sendo realizados não só no Brasil, mas também na Indonésia e na Turquia.
No Brasil, os testes7k bet7kfase 3 serão feitos pelo Butantan com 13 mil profissionais7k bet7ksaúde voluntários com idades entre 18 e 59 anos, dos quais 9 mil já foram recrutados.
Eles são divididos7k bet7kdois grupos: um recebe a vacina e outro, placebo. Nem os participantes nem os pesquisadores sabem7k bet7kqual grupo está cada voluntário.
Ao fim do estudo, será analisada a proporção7k bet7kpessoas que receberam a vacina e ficaram doentes para atestar7k bet7keficácia.
De acordo com o governo7k bet7kSão Paulo, uma análise preliminar7k bet7keficácia poderá ser feita quando ao menos 61 casos7k bet7kcovid-19 forem confirmados entre os participantes, o que, segundo o governo7k bet7kSão Paulo, ainda não foi atingido.
Um comitê7k bet7kespecialistas terá acesso aos dados e poderá saber7k bet7kqual grupo fazem parte essas pessoas que ficaram doentes para avaliar se a vacina funciona ou não.
Uma segunda análise poderá ser feita quando houver 151 casos7k bet7kcovid-19 ou mais.
Se nestas análises a maioria dos que ficaram doentes estiver no grupo que tomou placebo, o comitê poderá concluir que a eficácia foi comprovada, o que permitirá apresentar esses resultados à Agencia Nacional7k bet7kVigilância Sanitária (Anvisa) para solicitar o registro da vacina.
No entanto, a mesma tecnologia que faz da CoronaVac uma alternativa segura não conta a favor7k bet7ksua eficácia.
"Vacinas7k bet7kvírus inativados não geram uma resposta do sistema imune tão forte e duradoura quanto vacinas7k bet7kvírus atenuados [que conseguem se reproduzir, embora lentamente], por exemplo", diz Pinto.
Qual é a taxa7k bet7keficácia que uma vacina deve ter?
A imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal7k bet7kCiências da Saúde7k bet7kPorto Alegre, diz que,7k bet7kgeral, uma vacina deve ter uma taxa7k bet7keficácia7k bet7k70%, ou seja, ser capaz7k bet7kproteger sete7k bet7kcada dez pessoas que a tomarem.
"Porque aí a gente consegue atingir a chamada imunidade7k bet7krebanho, e há uma chance maior7k bet7kproteger a população como um todo", afirma Bonorino.
Dimas Covas disse, no entanto, que o governo7k bet7kSão Paulo deve pedir o registro à Anvisa caso a CoronaVac tenha uma eficácia7k bet7kao menos 50%.
A própria Anvisa já indicou que pode aceitar uma eficácia neste patamar, diante da situação7k bet7kemergência criada pelo novo coronavírus, contra o qual não existe ainda uma vacina.
"Neste momento, a regra mínima é 50%, mas já seria7k bet7kgrande utilidade uma vacina com 40%7k bet7keficácia. Já seria suficiente para reduzirmos a mortalidade e as internações. Se tivéssemos uma vacina com 40%7k bet7keficácia, eu seria o primeiro a tomá-la", disse Covas.
A CoronaVac pode ficar pronta ainda neste ano?
O governo7k bet7kSão Paulo afirmou que espera poder fazer uma primeira análise7k bet7keficácia até novembro. Também anunciou anteriormente que a vacinação7k bet7kprofissionais7k bet7ksaúde teria início7k bet7k157k bet7kdezembro.
Para isso, o Butantan deverá começar a produzir a CoronaVac ainda7k bet7koutubro para ter 46 milhões7k bet7kdoses prontas para serem aplicadas até dezembro. "Aí aguardaremos o processo7k bet7kregistro da vacina", disse Covas.
Jorge Kalil, diretor do Laboratório7k bet7kImunologia do Instituto do Coração (Incor), considera esse cronograma pouco factível.
"Mostrar que a vacina é segura não quer dizer nada. Para registrar uma vacina, o mais importante é a eficácia. Precisa ver se ela protegeu contra a doença, se ela deixou a doença mais branda, e para observar isso precisa7k bet7ktempo", afirma Kalil.
O imunologista destaca que, até agora, o estudo do Butantan ainda não conseguiu recrutar todos os 13 mil voluntários previstos.
Além disso, o governo7k bet7kSão Paulo também afirma que foram aplicadas até o momento apenas 12 mil doses entre os 9 mil voluntários que já participam dos testes. Isso significa que a maioria deles ainda não recebeu a segunda das duas doses previstas da vacina.
"Também tem muito pouco tempo7k bet7kobservação pós-vacinal. Isso não é aceito internacionalmente", afirma Kalil.
Bonorino concorda: "Não tem como demonstrar eficácia a não ser daqui a vários meses, porque precisa deixar as pessoas terem covid-19."
A imunologista acredita que existe um fator político por trás do desenvolvimento acelerado das vacinas contra a covid-19.
Por7k bet7kvez, o governador7k bet7kSão Paulo, João Doria (PSDB), disse não estar7k bet7kuma "corrida eleitoral ou ideológica, mas7k bet7kuma corrida para salvar vidas".
"As vacinas que salvam vidas são as que cumprem todos os protocolos7k bet7ktestes e têm eficácia comprovada", diz Bonorino.
Quem vai tomar a vacina primeiro?
Isso ainda não foi divulgado oficialmente pelo governo7k bet7kSão Paulo.
Mas João Gabardo, coordenador-executivo do centro7k bet7kcontingência da covid-197k bet7kSão Paulo, afirmou que são usados normalmente critérios7k bet7kvacinação no Brasil que levam7k bet7kconta o grau7k bet7kexposição a uma doença e os grupos para os quais ela representa um maior risco7k bet7kmorte.
Isso inclui profissionais7k bet7ksaúde e segurança, portadores7k bet7kdoenças crônicas, idosos, pessoas que têm alguma imunodeficiência.
Dimas Covas reafirmou esse entendimento ao dizer que, "em uma vacinação no meio7k bet7kuma pandemia, se deve proteger quem tem mais risco".
"Num primeiro momento, a vacina vai ser priorizada para esses grupos", disse o diretor do Butantan.
Vai ser obrigatório tomar a vacina?
João Doria disse na sexta-feira (16/10) que a vacina contra a covid-19 será obrigatória7k bet7ktodo o Estado. Segundo Doria, somente quem tiver um atestado médico que comprove que ele não pode ser imunizado será liberado.
"Adotaremos medidas legais se houver contrariedade nesse sentido", disse o governador.
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), adversário político7k bet7kDoria, afirmou que quem oferecerá a vacina será o Ministério da Saúde, mas "sem impor ou tornar a vacina obrigatória".
Na segunda-feira, Bolsonaro voltou tratar do assunto. Em conversa com apoiadores, afirmou que a vacina contra a covid-19 "não será obrigatória e ponto final" e criticou o rival.
"Tem um governador aí que está se intitulando o médico do Brasil dizendo que ela [a vacina] será obrigatória. Repito que não será."
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