'Me decepcionei com Bolsonaro', diz indígena que integrou comitiva do presidente na ONU:ganha aposta ganha
"Está faltando diálogo com as minorias. Eu tinha muita expectativaganha aposta ganhaque o governo dele seria diferente, mas, depoisganha aposta ganhaesperar e esperar, isso não está acontecendo", afirma.
Em entrevista à BBC News Brasil, Ysani faz outras críticas à gestão. Segundo ela, cargos no governo têm sido ocupados com baseganha aposta ganharelações pessoais eganha aposta ganhaamizade, e não por competência técnica, e as autoridades não se mostram abertas a sugestões.
No início do ano, Ysani trocou farpas no Twitter com o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier. Criticado publicamente pela youtuber, Xavier disse que a processaria.
A BBC News Brasil enviou à Funai e ao Palácio do Planalto as críticas feitas pela indígena na entrevista, mas não obteve respostas.
Integrante do povo Kalapalo, da Terra Indígena do Xingu, Ysani se mudou para São Paulo aos 12 anos para fazer um tratamento médico. Desde então, faz visitas periódicas à aldeia natal, Tehuhungu, que hoje tem como cacique seu irmão.
Ela se tornou conhecida por um canal no YouTube no qual se define como uma "indígena do século 21" e aborda temas como cultura e sexo, contrastando suas vivências na cidade e na aldeia.
Nos últimos anos, suas críticas à política indigenistaganha aposta ganhagovernos anteriores - que, segundo ela, buscavam manter os indígenas dependentesganha aposta ganhadoações e os impediamganha aposta ganhase desenvolver economicamente - chamaram a atençãoganha aposta ganhaativistasganha aposta ganhadireita.
A aproximação com Bolsonaro, no entanto, a tornou alvoganha aposta ganhaduras críticasganha aposta ganhaorganizações indígenas eganha aposta ganhamoradoresganha aposta ganhaaldeias vizinhas àganha aposta ganhacomunidade - o que, segundo ela, teria resultado atéganha aposta ganha"atosganha aposta ganhafeitiçaria" contraganha aposta ganhafamília.
Na entrevista, Ysani conta ainda que passou uma semana hospedada no Palácio da Alvorada após a viagem a Nova York a convite da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Hoje, diz considerar que Bolsonaro é uma boa pessoa, mas deixa a desejar como político. "Ele tinha que ser mais aberto, saber dialogar com todos os movimentos,ganha aposta ganhavezganha aposta ganhasó atacar."
Confira os principais trechos da entrevista:
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Qualganha aposta ganhaavaliação do governo Jair Bolsonaro?
ganha aposta ganha Ysani Kalapalo - Estou decepcionada. Está faltando diálogo com as minorias. Eu tinha muita expectativaganha aposta ganhaque o governo dele seria diferente, mas, depoisganha aposta ganhaesperar e esperar, isso não está acontecendo.
Achei que o índio seria mais ouvido - indígenas que, como eu, têm esse pensamento mais do século 21, os indígenas que querem empreender, produzir.
Achei que nós teríamos mais espaço e que ele (Bolsonaro) colocaria pessoas técnicas e não amigasganha aposta ganhacertos cargos, como na Funai e na Sesai (Secretaria Especialganha aposta ganhaSaúde Indígena).
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Sua queixa sobre faltaganha aposta ganhadiálogo se aplica só à Funai ou ao governo como um todo?
ganha aposta ganha Ysani - Ao governo como um todo. Quem assume um cargo no governo deveria ter experiência e conhecimento técnico. E está faltando isso.
Nosso governo está priorizando as pessoas que são próximas, pessoas amigas,ganha aposta ganhavezganha aposta ganhacolocar pessoas que entendam do assunto.
Isso está fazendo com que qualquer um que faça uma sugestãoganha aposta ganhafora, qualquer cidadão, seja chamadoganha aposta ganhatraidor ou qualquer outra coisa. Isso tem me incomodado pra caramba.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você trocou farpas no Twitter com o presidente da Funai. O que ocorreu?
ganha aposta ganha Ysani - Eu estava o criticando porque houve uma invasãoganha aposta ganhaterra no Mato Grosso do Sul, com tiroteio por parte dos fazendeiros e dos índios, e a Funai não tinha dado uma resposta.
Fiz um post dizendo que o presidente da Funai tinhaganha aposta ganhafazer alguma coisa por aqueles indígenas. Ele respondeu que estavaganha aposta ganhaférias e não podia fazer nada. Foi arrogante.
Também sugeri muita coisa para ele no campo da agricultura e do empreendedorismo. Acho que ele não gostou e disse que ia me processar.
Ameaçou processar também o Ubiratã (Maia), um advogado indígena. Inclusive o Ubiratã foi o responsável por criar o grupo "Indígenas por Bolsonaro" durante a campanha.
Eu esperava alguma consideração por todos os indígenas que deram o sangue e apanharam muito vitualmente por apoiá-lo na campanha, mas faltou isso.
ganha aposta ganha BBC News Brasil- Por que acha que o presidente da Funai tem agido dessa maneira?
ganha aposta ganha Ysani - Tem pessoas que não aceitam conselhos e se acham os donos da verdade. Acho que é o caso dele. É arrogância e prepotência.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Servidores da Funai dizem que o órgão está sucateado, que faltam funcionários e a entidade perdeu capacidadeganha aposta ganhaagir. Dizem que falta gente nas bases e às vezes nem os carros funcionam. O que você acha?
ganha aposta ganha Ysani - O que a Funai precisa éganha aposta ganhaestratégia para lidar com os indígenas. Precisa colocar pessoas competentes para botar a Funai para funcionar. Hoje, a Funai é só uma sigla, está realmente sucateada.
O presidente da Funai tem colocado militares na Funai, mas muito militar não conhece a questão indígena. Está uma bagunça.
ganha aposta ganha BBC ganha aposta ganha News Brasil ganha aposta ganha - Você mantém algum tipoganha aposta ganhadiálogo com ministros ou membros do governo?
ganha aposta ganha Ysani - Hoje, eu não tenho essa troca. Eu tenho o WhatsAppganha aposta ganhaalguns ministros, mas mando sugestões e não vejo resultados. Tenho contato com a (ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos) Damares (Alves), uma pessoa que admiro muito.
Tenho o WhatsApp da Teresa Cristina. Vejo que ela é uma das ministras que estão se destacando na questão agrícola, mas ela deveria fazer mais pelas minorias também, deveria abrir uma porta para aqueles que querem plantar.
Deveria haver mais projetos voltados a quem não tem poder aquisitivo para adquirir ferramentas para a produção.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Qual balanço que você faz daganha aposta ganhaaproximação com Bolsonaro e a exposição que você ganhou?
ganha aposta ganha Ysani - Não me arrependoganha aposta ganhanada. Na vida, precisamos passar por tudo o que passamos para aprender. Quanto à viagem com Bolsonaro, naquele momento, eu precisava estar ali, apesarganha aposta ganhater perdido meu tio no mesmo dia.
Pensei bastante antesganha aposta ganhaembarcar para a viagem. Foi muito triste e libertador ao mesmo tempo. Tinhaganha aposta ganhaseguir a viagem porque tinha uma mensagem a entregar para o mundo.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Como surgiu o convite para a viagem?
ganha aposta ganha Ysani - Fiz um vídeo com o pessoal da minha aldeia denunciando a cobertura da questão das queimadas. A mídia estava divulgando que a Amazônia estava pegando fogo.
Era uma época quente no Xingu, quando pega fogo com muita facilidade. O Bolsonaro viu o vídeo, deve ter gostado e me chamou. Depois o pessoal da Funai me ligou convidando.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Como foi o contato com Bolsonaro e a comitiva na visita?
ganha aposta ganha Ysani - Tinha perdido meu tio, eu estava anestesiada. Meu tio era um apoiador do presidente. Eu fiz essa viagem por ele, porque ele realmente admirava o presidente.
Eu estava viajando, mas parecia que eu não estava ali. Minha mente estava na minha aldeia
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você manteve algum contato com o Bolsonaro depois da visita?
ganha aposta ganha Ysani - Eu fiquei uma semana com ele depois da viagem. A (primeira-dama) Michelle (Bolsonaro) me convidou para passar alguns dias no Palácio da Alvorada. Foi muito bom conhecer esse lado mais íntimo do presidente.
ganha aposta ganha BBC News Brasil- Você disse num vídeo que Bolsonaro é uma boa pessoa, mas não um bom político. Por quê?
ganha aposta ganha Ysani - Eu o conheciganha aposta ganhaperto depois da viagem. Ele é uma boa pessoa, sabe conversar, sabe ser um bom amigo. Mas, como político, tinha que ser mais aberto, saber dialogar com todos os movimentos,ganha aposta ganhavezganha aposta ganhasó atacar.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Hoje você mantém algum contato com ele?
ganha aposta ganha Ysani - Tenho o WhatsApp dele. Quando estava decepcionada com essa questão da Funai, porque o presidente da Funai disse que ia me processar, eu falei isso para ele (Bolsonaro).
Disse que estava muito chateada e decepcionada com o presidente Bolsonaro. Em vezganha aposta ganhaficar dizendo isso pela internet, preferi mandar pelo WhatsApp.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Ele te respondeu?
ganha aposta ganha Ysani - Não. Visualizou, mas não respondeu.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Outros indígenas que apoiaram a eleiçãoganha aposta ganhaBolsonaro também estão descontentes?
ganha aposta ganha Ysani - Eu estou num grupo do WhatsApp chamado "Indígenas com Bolsonaro". A maioria se afastou e deixouganha aposta ganhaapoiá-lo depois dessas atitudes do presidente da Funai. Praticamente todo indígena que apoiava o Bolsonaro se afastou.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você recebeu muitas críticas do movimento indígena quando se aproximou do Bolsonaro. Como lidou com as reações?
ganha aposta ganha Ysani - Hoje, existem dois movimentos indígenas. Tem os indígenas que querem se manter como antes, e tem o movimento dos indígenas agricultores, empreendedores, assumidamente capitalistas. Eu pertenço a esse grupo. Quero que os indígenas participemganha aposta ganhatudo do mundo moderno.Os indígenas que estão nesse movimento com essa visão mais ancestral, digamos assim, eles me odeiam e me atacam. Já os indígenas que querem se renovar me apoiam. Esses indígenas recebem ameaças dos indígenas do outro lado.Muitas vezes vejo uma certa hipocrisia entre os indígenas que querem se manter como antigamente. Porque eles não vivem mais aquela vida tribal, aquela vidaganha aposta ganhacaça e pesca. Eles vivemganha aposta ganhadoação.
ganha aposta ganha BBC Brasil News - Não há espaço para as duas visões? Para que os que querem ficar mais isolados e para que os que querem se integrar mais?
ganha aposta ganha Ysani - Com certeza. Tem índios que gostamganha aposta ganhase isolar. Que fiquem lá e não sejam incomodados. Mas vejo muitos ataques aos índios que querem o progresso.
Nossa mentalidade é a da meritocracia. Souganha aposta ganhaum clã que nunca foiganha aposta ganhaficar pedindo. Sempre batalhamos muito. Os povos indígenas são muito diferentes entre si. Cada povo tem seu pensamento e aganha aposta ganhapolítica.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Muitas lideranças indígenas dizem que, quando o governo defende a abertura das terras indígenas para grandes empreendimentos econômicos, como o agronegócio e a construçãoganha aposta ganhahidrelétricas, o objetivo final é tomar as terras das comunidades e torná-las dependentes desses negócios. Não existe esse risco?
ganha aposta ganha Ysani - A maioria das pessoas acha que o indígena é um ser puro, inocente, que precisa ser cuidado. Não é verdade. Existem indígenas que querem essas coisas que você citou. O que não pode é obrigá-los a aceitar.
Conheço uma aldeiaganha aposta ganhaque a tribo toda quer minerar. Aí vem um indígenaganha aposta ganhaoutra aldeia para se meter ali e proibir esse tipoganha aposta ganhanegócio com o pensamentoganha aposta ganhaque "se eu estou na merda, também quero que você esteja".
E aquela tribo é obrigada a ficar na miséria. O índio sem estudo, o índio pobre, o que ele faz? Ele acaba mendigando para as ONGs.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Quais ONGs? Você critica todas as ONGs que trabalham com indígenas?
ganha aposta ganha YSani - Tem ONGs que fazem bom trabalho e protegem, como a WWF, que eu já apoiei, ou o Greenpeace.
Mas a maioria é filha da p* mesmo. Não vou nem citá-las para não dar ibope.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - O governo apresentou um projetoganha aposta ganhalei para regulamentar a mineraçãoganha aposta ganhaterras indígenas. Se uma grande mineradora entrarganha aposta ganhauma comunidade, não poderia haver um desequilíbrioganha aposta ganhaforças? E se essa comunidade se arrepender depois?
ganha aposta ganha Ysani - Não tenho nada contra isso. Esse projetoganha aposta ganhamineração veio dos próprios índios mineradores. Se alguma mineradora bilionária quiser fazer uma parceria com os índios, que conversem entre eles.
Mas o que vejo bastante é que os índios não querem fazer parcerias, eles querem construir uma empresa para eles mesmos explorarem. Isso que eu acho legal.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Bolsonaro disse que não demarcaria nem mais um centímetroganha aposta ganhaterras indígenas. Seu povo, Kalapalo, viveganha aposta ganhaum grande território já demarcado, mas nem todos os povos tiveram suas terras regularizadas. Qualganha aposta ganhaopinião?
ganha aposta ganha Ysani - Sim, o Parque Indígena do Xingu já está demarcado há muito tempo. Pode até soar contraditório, mas, baseado nos indígenas com que eu converso, vejo que já tem terra suficiente.
Se você fizer uma viagem pela Amazônia, vai perceber que realmente tem muita terra para pouco índio. O que falta é esse diálogo com os indígenas para que possam caminhar com as próprias pernas.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Os guarani-kaiowá, por exemplo, são um povo indígena numeroso que tem poucas áreas demarcadas. Não deveriam ter terras maiores?
ganha aposta ganha Ysani - Não posso dizer com propriedade se merecem uma terra ou não, até porque não conheço muito bem a realidade deles.
Só converso com alguns índios guarani-kaiowá, que relatam muitos conflitos internos. Lá tinha uma famíliaganha aposta ganhafazendeiros, com carro, um monteganha aposta ganhacoisa na fazenda.
Um grupoganha aposta ganhaíndios acabou invadindo não exatamente para ter terra, mas para ter aquela casa, aquele carro, os bens materiais.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Mas nem todos os casos são assim. Você não acha que existem reivindicações legítimas?
ganha aposta ganha Ysani - Pode ser que existam. O que vejo hoje é que os indígenas originários já têm uma boa terra demarcada. Agora falta produzir algo para si.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você diz queganha aposta ganhafamília sofreu muito com aganha aposta ganhavisibilidade após a aproximação com Bolsonaro. O que ocorreu?
ganha aposta ganha Ysani - Essa perseguição interna entre índios já existe há milharesganha aposta ganhaanos. Depois que fui para a ONU, isso repercutiu bastante.
Eu sabia que ia causar alvoroço, que ia despertar invejaganha aposta ganhaalguns caciques. Até porque sou uma mulher. Na cultura alto xinguana, a mulher não pode ter voz ativa na política.
Eu fui quebrando todos os paradigmas, graças a esse contato com o mundo moderno. Meu clã sempre foi muito batalhador. Não temos essa coisaganha aposta ganhaesperar as coisas caírem do céu. E isso sempre despertou uma inveja. Sofremos uma perseguição mesmo, inclusive com atosganha aposta ganhafeitiçaria.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Como foi isso? Esses atos tiveram alguma consequência?
ganha aposta ganha Ysani - No Xingu, existem gruposganha aposta ganhafeiticeiros, algoganha aposta ganhaque o mundo moderno não acredita. Eles fazem feitiço para as pessoas passarem mal, ficarem doentes.
Isso atingiuganha aposta ganhauma forma leve a minha aldeia. Teve algumas consequências estranhas. Do nada, crianças passaram mal. Mas não foi nada que veio a matar alguém.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você tem religião?
ganha aposta ganha Ysani - Em 2012, minha família foi acolhida por mórmonsganha aposta ganhaSão Carlos (SP). Através desse contato conhecemos o Cristianismo. Hoje admiro bastante a religião cristã. Não diria que sou religiosa, sou politeísta.
Ainda continuo acreditandoganha aposta ganhaespíritos da natureza, na minha religião nativa.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Qualganha aposta ganhaposição sobre o trabalho missionárioganha aposta ganhaaldeias indígenas?
ganha aposta ganha Ysani - Acho muito bacana. Existem tribos que têm uma cultura muito rígida. A partir do momentoganha aposta ganhaque essas pessoas religiosas passam a visitar as aldeias, o índio tem o direitoganha aposta ganhaescolher o que é bom para ele. Desde que não sejam obrigados.
ganha aposta ganha BBC News Brasil ganha aposta ganha - Não há casosganha aposta ganhadiscriminação,ganha aposta ganhaque missionários pro ganha aposta ganha í ganha aposta ganha bem pajésganha aposta ganhafazerem rituais, dizem que são coisas "do demônio"?
ganha aposta ganha Ysani - Recebemos um grupoganha aposta ganhareligiosos na minha aldeia. Tratamos eles com muito respeito. Foi muito lindo. Não sei como essas coisas acontecemganha aposta ganhaoutras aldeias.
Quanto aos pajés, meu pai é um. Ele também admira a vidaganha aposta ganhaCristo, mas pelo menos ele tem uma escolha. Não é o pajé que faz feitiçaria. Na religião indígena, pajé é um cara da paz, que expulsa o demônio.
Na cultura do Xingu, o feiticeiro é perseguidoganha aposta ganhatodos os lugares. Tanto é que jamais assumem que são feiticeiros. E o pajé luta contra eles espiritualmente.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você ainda visitaganha aposta ganhaaldeia com frequência? Consegue circular por lá depois das críticas que recebeuganha aposta ganhaoutras comunidades?
ganha aposta ganha Ysani - No momento, com a perda do meu tio, ainda não estou pronta emocionalmente. Mas, claro, se eu for agora, não vão gostar nada. Porém, podem latir o quanto for, mas não chegam a agredir.
ganha aposta ganha BBC News Brasil ganha aposta ganha - Você já foi classificadaganha aposta ganha"bolsonarista". Como você se define politicamente?
ganha aposta ganha Ysani - Estou mais voltada para a centro-direita. Nas redes sociais, as pessoas me chamam do que quiserem, mas não sou bolsonarista. Já fui chamadaganha aposta ganhalulista, dilmista - estou acostumada, mas não é condizente com a verdade.
Posso me considerar parteganha aposta ganhauma direita liberal. Tenho essa vibe empreendedora, quero que as pessoas tenham oportunidade no trabalho, tudo isso.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Quando você foi à ONU, foram publicadas reportagens mostrando que você já participouganha aposta ganhaum seminário LGBT promovido pelo então deputado Jean Wyllys (PSOL) e que chegou a apoiar a Dilma. Como analisa seu passado?
ganha aposta ganha Ysani - Já apoiei a Dilma, já apoiei Aécio Neves (risos). Já apoiei tantos políticos. Não tenho a menor vergonhaganha aposta ganhafalar disso, porque faz parte do processo.
A Dilma prometeu uma sérieganha aposta ganhacoisas para os índios. Fui tentar conversar com elaganha aposta ganha2013ganha aposta ganhaBrasília. Acabei sendo chutada para fora. Minha opinião sempre incomodou
Me decepcionei com a Dilma, porque ela se dizia a favor da minoria, mas não nos recebia. Era só discurso. Então, me arrependi.
O Jean Wyllys me convidou para participar do Congresso LGBTganha aposta ganhaBrasília. Eu fui lá com muito carinho. Aliás, defendo o respeito para todo mundo. Não gostoganha aposta ganhahomofobia, respeito todos os povos, todas as orientações.
Admiro Jean Wyllys ainda como político. Claro, ele tem um posicionamento diferente do meu. Assisti ele no BBB (Big Brother Brasil), mas, depois que ele ficou muito radical na política, acabei me distanciando.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você sente que há pessoas que quiseram usarganha aposta ganhaimagem politicamente quando era conveniente e agora se afastaram?
ganha aposta ganha Ysani - Tenho certeza. É o que mais tenho visto nesses 13 anosganha aposta ganhaativismo. Usam minha imagem quando é conveniente e depois me descartam. Mas eu não dependo deles, eu dependoganha aposta ganhamim mesma.
Na minha trajetória, aprendi que você não pode ficar cega ao apoiar certas pessoas. Tem que confiar e desconfiar ao mesmo tempo. Senão, será usada como massaganha aposta ganhamanobra.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - O governo Bolsonaro também tentou usarganha aposta ganhaimagem?
ganha aposta ganha Ysani - Pode ser, pode não ser. Mas estou tranquila, até porque sempre vivi isso.
ganha aposta ganha BBC News Brasil - Você teria interesseganha aposta ganhaassumir algum cargo no governo? Já lhe ofereceram algo?
ganha aposta ganha Ysani - Me ofereceram um cargo na Funai, que eu não aceitei. A sugestão foi do próprio presidente da Funai, poucas semanas depoisganha aposta ganhaele assumir.
Meu foco não éganha aposta ganhacargo político. Nunca quis isso na minha vida. Eu gostoganha aposta ganhacriar, sou uma empreendedora. Eu quero colaborar nos bastidores, para que os índios tenham independência política, financeira e se libertem das amarras das ONGs eganha aposta ganhaalguns políticos aproveitadores.
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