Coronavírus: um século depois, cemitério feito para gripe espanhola sepulta vítimas da covid-19brasil on betMaceió:brasil on bet

O enterrobrasil on betCláudio só contou com três pessoas — o cunhado, o irmão e o patrão —, que viram tudobrasil on betlonge. Os coveiros, que carregavam o caixão lacrado, usavam EPIs (equipamentosbrasil on betproteção individual) que mais lembravam profissionaisbrasil on betsaúdebrasil on bethospitais.

"Foi muito triste. Não podia ter muita gente por causa da contaminação. Foi um enterro feito às pressas e limitado", contou o cunhado, Marcelo Franklin.

História

O jornalista e pesquisadorbrasil on betHistória alagoana Edberto Ticianelli contou à BBC News Brasil que o terreno escolhido para a construção do cemitério na época fica entre o tradicional bairro do Prado e o antigo hospitalbrasil on betisolamento, que tratou pacientes da gripe espanhola.

"Em frente a ele já tinha existido um cemitério (em meados do século 19). O local não foi bem aceito por alguns, entre eles o doutor Afrânio Jorge, que era secretáriobrasil on betSaúde da época e fez campanha contra", disse o historiador.

Ticianelli afirmou que, como as mortes eram muitas e a população queria ter seus entes enterrados, passaram a entender a oposiçãobrasil on betAfrânio Jorge como uma atitude contra esse direito. "Houve muita confusão, com brigas e tiros."

O local para ser o novo cemitério foi escolhido provisoriamente e desapropriado para receber os mortos. Somentebrasil on bet1924 ele foi murado e preparado para ser,brasil on betfato, um cemitério. "Antes era apenas um terreno."

Antesbrasil on betser batizadobrasil on betSão José, o local tinha outro nome: cemitériobrasil on betCaju, por causa da existênciabrasil on betvários cajueiros no local.

Estima-se que o númerobrasil on betmortos no mundo inteiro por causa da gripe espanhola esteja entre 17 milhões e 50 milhões. Em Alagoas, um levantamento publicado mostrou que entre o dia 1º e o dia 10brasil on betdezembrobrasil on bet1918 foram enterrados 126 mortos no cemitério São José.

"Esses são os únicos dados encontrados. Na época não havia nenhuma preocupação com dados. Mas imagine quantas pessoas morriam e eram enterradasbrasil on betlocais diversos sem nenhum controle. Em 10 dias foram enterradas 172 pessoas no cemitério Nossa Senhora da Piedade, no (bairro do) Prado. Imagine nos outros", ressaltou o historiador.

Para ele, a estimativa é que tenha havido maisbrasil on bet2 mil mortes. "Isso apenas na capital. No interior nem se fala, foi uma calamidade", disse.

A história se repete

Em 2020, a história se repete, com a chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus. Alagoas enfrenta um crescimento rápidobrasil on betcasos confirmados ebrasil on betmortes. Até este domingo (3/5), eram 1.441 casos confirmados e 64 óbitos no Estado.

O historiador vê relação entre as pandemias da gripe espanhola e a do novo coronavírus. "Como hoje, a medicina não teve respostas imediatas. Também se repetiu a tentativabrasil on betse minimizar as ameaças da gripe. Era tratada, no início, como uma gripebrasil on bet'caráter benigno', ou seja: que não colocava vidasbrasil on betrisco. As medidas dos governantes da época recomendavam evitar aglomerações e toda atividade desse tipo foi suspensa: aulas, comércio, missas", explicou.

Por meiobrasil on betnota, a Superintendência Municipalbrasil on betDesenvolvimento Sustentável disse que "os cemitérios públicosbrasil on betMaceió têm a capacidade para realizarbrasil on betmédia 300 sepultamentos por mês" e que registram hoje entre seis e oito sepultamentos por dia.

"Para o mêsbrasil on betabril ainda não há nenhuma alteração além da média, visto que o númerobrasil on betóbitos não têm ultrapassado a capacidade que os cemitérios comportam."

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