R$ 7 trilhões por ano: os estudos que tentam calcular quanto a Amazônia,robô sportingbetpé, rende ao Brasil:robô sportingbet
Eles dizem que com isso querem, primeiro, abrir um diálogo com as várias correntesrobô sportingbetpensamento usando uma linguagem que todos entendem: o cifrão. Segundo, querem mostrar que a natureza (e nesta reportagem, a floresta) não é um patrimônio "que está ali à toa, fazendo nada". Já contribui muito para a economia do planeta.
Terceiro, os pesquisadores propõem que os estudos sirvam como pontorobô sportingbetpartida para decisões futuras.
No caso da Amazônia, a ideia é que esses estudos auxiliem os brasileiros na buscarobô sportingbetatividades econômicas sustentáveis baseadasrobô sportingbetum conhecimento profundo do potencial da floresta. Para que ela renda ainda mais dólares —robô sportingbetpé.
Isso não é sonho mirabolante e já foi feito antes, eles argumentam. No auge do ciclo da borracha, a floresta contribuía com maisrobô sportingbetum terço das exportações brasileiras e rivalizava com a lavoura do café no período — sem que uma árvore fosse derrubada.
Estudo mundial e estudo brasileiro
Em particular, dois estudos revelam números surpreendentes sobre a contribuição financeira atual da Floresta Amazônica para o Brasil.
Um deles é o estudo global macroeconômico Changes in the Global Value of Ecosystem Services, liderado pelo americano Robert Costanza, professor da Crawford School of Public Policy da Universidade Nacional da Austrália e pioneirorobô sportingbetestudosrobô sportingbetprecificação dos serviços oferecidos pela natureza.
Publicadorobô sportingbet2014, esse estudo — que atualiza um trabalho anterior do especialista — calcula o valorrobô sportingbetdiferentes tiposrobô sportingbetbiomas, entre eles, as florestas tropicais. Segundo os cálculos, a Amazônia brasileira rende ao país (e ao mundo) cercarobô sportingbetUS$ 1,83 trilhão (R$ 7,67 trilhões) por anorobô sportingbetvalor bruto.
O segundo estudo, Valoração Espacialmente Explícita dos Serviços Ecossistêmicos da Floresta Amazônica Brasileira, publicadorobô sportingbetnovembrorobô sportingbet2018, foi liderado pelo modelador ambiental Britaldo Soares Filho, da Universidade Federalrobô sportingbetMinas Gerais (UFMG) e realizadorobô sportingbetparceria com o Banco Mundial. A equipe, integrada por pesquisadoresrobô sportingbetvárias universidades brasileiras, precificou,robô sportingbetvalores líquidos, um pequeno númerorobô sportingbetserviços que a Amazônia oferece.
O estudo concluiu, por exemplo, que o valor somadorobô sportingbetdiferentes serviços pode chegar,robô sportingbetdeterminadas áreas, a US$ 737 (R$ 3 mil) por hectare por ano. Esse valor é muito superior à renda gerada pela pecuáriarobô sportingbetbaixa produtividade praticada na Amazônia — cercarobô sportingbetUS$ 40 (R$ 167) por hectare por ano, segundo os pesquisadores.
A BBC News Brasil contactou pesquisadores envolvidos nesses estudos. A seguir, vamos destacar alguns dos números encontrados.
US$ 1,83 trilhão por ano: contribuição anual da Amazônia
Robert Costanza iniciou suas pesquisasrobô sportingbetprecificaçãorobô sportingbetserviços ecossistêmicos e praticamente criou, no final da décadarobô sportingbet1990, uma nova disciplina, a Economia Ecológica.
O cientista não é pouco ambicioso. Em 1997, decidiu calcular o valor total dos serviços ecossistêmicos do planeta. Entre eles, regulação climática, gestão da água, controle da erosão, polinização, controle biológico, fornecimentorobô sportingbetalimentos, combustíveis e fibras, serviços culturais e recreativos.
O valor obtido foi US$ 33 (R$ 138) trilhões (em 1997), atualizado, no estudorobô sportingbet2014, para US$ 125 (R$ 524) trilhões por ano. Coloquemos esse númerorobô sportingbetcontexto:robô sportingbet1997, o PIB mundial era US$ 18 (R$ 75) trilhões;robô sportingbet2014, US$ 80 (R$ 335) trilhões. O valor também é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que foirobô sportingbetR$ 6,8 trilhõesrobô sportingbet2018.
O trabalhorobô sportingbetCostanza é polêmico, e ele recebe críticasrobô sportingbettodos os lados. Os economistas questionam suas metodologias. "Como é possível que a natureza valha mais do que o PIB mundial?", perguntam.
Já os ecologistas dizem que o cálculo é inútil, porque a natureza não pode ser reduzida a cifrões. Sem ela, não haveria vida humana. Seu valor, portanto, temrobô sportingbetser infinito, argumentam.
Mas o pesquisador se defende explicando que seus cálculos são apenas estimativas, cujo objetivo é permitir que países façamrobô sportingbetprópria contabilidade. Que percebam que aquela árearobô sportingbetfloresta,robô sportingbetpântano ourobô sportingbetcaatinga que aparentemente está inerte não é patrimômio parado.
Em uma palestra, um integrante da equiperobô sportingbetCostanza — o geógrafo Paul Sutton, da Universidaderobô sportingbetDenver, nos Estados Unidos — explicou:
"Queremos que as pessoas tenham estimativas confiáveis dos benefícios que recebemos da natureza, e na moeda que todo mundo entende: o dólar."
"Nós concordamos, a natureza é infinitamente valiosa. Mas não a tratamos como tal", disse. "Estamos tratando a natureza como se o seu valor fosse zero."
Precificando a polinização: metodologias
Para fazer seus cálculos, a equiperobô sportingbetCostanza combinou múltiplos métodos e milharesrobô sportingbetestudos publicados por cientistasrobô sportingbettodo o mundo.
Para estimar o valor da polinização, por exemplo, o raciocínio foi o seguinte:
"Se tivéssemosrobô sportingbetsubstituir a polinização feita pelas abelhas por trabalho humano, para polinizar manualmente a lavoura, o custo seria US$ 200 (R$ 838) bilhões por ano", disse Sutton. Portanto, ele explicou, o valor da polinização é o custo que é evitado quando as abelhas fazem esse serviço para nós, gratuitamente.
Para calcular o valorrobô sportingbetserviços como a produçãorobô sportingbetcombustíveis e alimentos, a equipe simplesmente usou os valoresrobô sportingbetmercado desses serviços.
O efeito protetor dos manguezaisrobô sportingbetFukushima
Manguezais, como os que estão sendo ameaçados pelo vazamentorobô sportingbetóleo no Nordeste brasileiro, prestam serviços valiosíssimos. "Sabemos que os manguezais evitam que marés adentrem e destruam parte das cidadesrobô sportingbetdiasrobô sportingbetressaca", disse o professorrobô sportingbetEcologia Jean Paul Matzger, do Institutorobô sportingbetBiociência da Universidaderobô sportingbetSão Paulo, USP, à BBC News Brasil.
"Para Costanza, a pergunta foi: qual seria o prejuízo que teríamos se não houvesse o manguezal?". Para responder a essa pergunta, a equipe estudou o acidente na usina nuclearrobô sportingbetFukushima, no Japão,robô sportingbet2011.
"Eles perceberam que o fatorobô sportingbetvocê ter a proteção dos mangues dá uma super-segurança para as usinas. Havia situações com e sem mangue. Foi justamente assim (fazendo a comparação) que eles avaliaram o prejuízo que (que o vazamento das usinas) tiveram pela ausência do mangue."
Em 2014, Robert Costanza revisou o valor dos manguezais.
"O valor dos mangues aumentou muito", disse Metzger. "São US$ 194 mil (R$ 813 mil) por hectare ao ano."
Já as florestas tropicais, segundo o estudorobô sportingbetCostanza, podem gerar benefícios estimadosrobô sportingbetUS$ 5,4 mil (R$ 22,5 mil) por hectare/ano.
Estudo Brasileiro: Um mapa dos tesouros da Amazônia
Mas o estudorobô sportingbetCostanza não levarobô sportingbetconta as especificidadesrobô sportingbetcada floresta tropical. Ele oferece apenas um valor médio global. E a Floresta Amazônica é únicarobô sportingbetvários aspectos. Por exemplo, ela é a mais biodiversa do planeta, segundo especialistas.
Entrarobô sportingbetcena o estudo brasileiro, o mais importante desse tipo já feito no país, publicado na prestigiosa revista Nature Sustainability.
O Estudo Espacialmente Explícitorobô sportingbetValoração investiga exclusivamente a porção brasileira da Amazônia e precifica, com maior precisão, um número menorrobô sportingbetserviços que ela oferece à economia do Brasil — produçãorobô sportingbetalimentos (castanha-do-pará), produçãorobô sportingbetmatérias-primas (borracha e madeira sustentável), mitigação dos gases do efeito estufa (absorção e retenção do carbono) e regulação climática (produçãorobô sportingbetchuva e energia hidrelétrica). O estudo também mapeia a biodiversidade da Amazônia, embora sem precificá-la.
Segundo seus autores, a ideia era criar uma espécierobô sportingbetferramenta, um mapa que ajudasse tomadoresrobô sportingbetdecisão a desenhar políticasrobô sportingbetpreservação e uso sustentável dos recursos da floresta.
"O estudo avalia o potencial hoje da florestarobô sportingbetgerar valor econômicorobô sportingbettermos líquidos", disse à BBC News Brasil umrobô sportingbetseus autores, o professor da UFMG Raoni Rajão, especialistarobô sportingbetgestão ambiental e validação econômica.
Crucialmente, os vários gráficos e tabelas apontam as áreasrobô sportingbetque as autoridades deveriam intervir com maior urgência para evitar a perdarobô sportingbetvaliosos serviços e produtos florestais que — os pesquisadores ressaltam — beneficiam toda sociedade.
Trata-se das áreasrobô sportingbetque os serviços prestados podem alcançar o valor mais alto estimado, US$ 737 por hectare por ano.
Ou, fazendo o raciocínio inverso...
"O desmatamento nessas áreas pode gerar prejuízosrobô sportingbetaté US$ 737 por hectare por ano", explicou Rajão.
Os pesquisadores explicam que, nessas regiões, os valores são altos porque, ali, vários serviços se combinam: produçãorobô sportingbetalimentos erobô sportingbetmatérias-primas e também serviços indiretos, como regulação climática e absorção do carbono.
Segundo Rajão, essas são também as áreas sob maior riscorobô sportingbetocupação ilegal e desmatamento para a pecuáriarobô sportingbetbaixa produtividade (a mais prevalente na Amazônia).
Isso não é coincidência, explicou. As terras mais valiosas identificadas são as áreas da Amazônia onde o acesso é mais fácil. Por seremrobô sportingbetfácil acesso, são também as mais viáveis economicamente. Estamos falandorobô sportingbetterras próximasrobô sportingbetestradas,robô sportingbetrios e próximasrobô sportingbetoutras áreas já desmatadas.
Se é assim, então por que não sair abrindo estradas para aumentar a rentabilidaderobô sportingbettoda a Amazônia? — você talvez esteja se perguntando.
Porque estradas atraem assentamentos ilegais e mais desmatamento, explicou o pesquisador. E isso pode ter consequências catastróficas para a Amazônia.
Funciona desta forma: a floresta tropical é capazrobô sportingbetgerarrobô sportingbetprópria umidade. Mas a floresta desmatada e degradada produz menos umidade, pega fogo mais facilmente, perde a funçãorobô sportingbettransportadora e retentorarobô sportingbetumidade. Isso gera um efeito cascata que se alastra por toda a floresta, disse Rajão.
"Quando você degrada a floresta, você faz com que áreas que não foram desmatadas também se ressequem."
"Então, se fizermos isso (se sairmos rasgando a floresta com estradas), chegaremos ao que os cientistas chamamrobô sportingbet'tipping point'. Um limiterobô sportingbetdestruição após o qual a floresta inteira morre."
US$ 737 (estudo brasileiro) X US$ 5.382 (estudo global)
De volta aos estudosrobô sportingbetprecificação, como explicar a discrepância tão grande entre os valores encontrados pelos dois estudos?
Nesse ponto, é preciso lembrar que o estudorobô sportingbetRobert Costanza estimou o valor somadorobô sportingbettodos os serviços realizados por florestas tropicais.
O estudo brasileiro mediu apenas quatro serviços da Amazônia. Ficaramrobô sportingbetfora, além da biodiversidade, serviçosrobô sportingbetrecreação e turismo, retençãorobô sportingbetnutrientes, proteção contra inundações, produçãorobô sportingbetalimentos pela pesca e benefícios à saúde, entre vários outros.
Outra diferença: o estudo global traz valores brutos, o brasileiro, valores líquidos.
E porque buscou valores precisos, o estudo brasileiro acabou trazendo resultados bastante conservadores, explicou Rajão. Tudo aquilo que não pôde ser comprovado na ponta do lápis acabou ficando fora da conta.
Ainda assim, colocadorobô sportingbetcontexto na realidade do Brasil, US$ 737 por hectare é um valor altíssimo, explicou o pesquisador. Ele usa os números da pecuária para efeitorobô sportingbetcomparação.
"Muitos acham que, se você tira a floresta e põe gado, o valor anual daquele hectare, que era zero, vai passar a fornecer,robô sportingbetmédia, US$ 40 por hectare", disse.
"Porém ao considerar todos os serviços e produtos fornecidos pela floresta, vemos que, na verdade, teremos uma perda para sociedaderobô sportingbetaté U$S 700 (dependendo da área), já considerando o lucro com a pecuária. Acontece que, quanto mais próximarobô sportingbetestradas, e quanto mais ameaçada é a terra, maior é também seu valor potencial para a exploraçãorobô sportingbetprodutos madeireiros e não madeireiros — isso porque os custosrobô sportingbettransporte são menores."
Mudançarobô sportingbetmentalidade
Nosso estudo informa sobre as alternativas, disse o especialista.
"Manter (a floresta) protegida produz para a economia até US$ 737 (R$ 3 mil) por hectare por ano. Se você põe pecuária, gerarárobô sportingbetmédia apenas US$ 40 (R$ 167) por hectare ano."
E oferece um "mapa da mina" da bioeconomia da Amazônia.
"Com isso, esperamos que os criadoresrobô sportingbetpolíticas públicas e o setor privado deixemrobô sportingbetver a floresta como um obstáculo para o desenvolvimento", disse Rajão. "E que a vejam como uma infraestrutura verde crucial para o bem estar e crescimento econômico do país."
Mineração e soja
Até agora, os valores encontrados pelo estudo foram comparados aos ganhos da pecuária na Amazônia. Mas por que fazer a comparação com a pecuária, e não com a mineração — atividade favorecida pelo governo?
"Mais do que 80% das áreas convertidas são para a pecuária, então a comparação é, sim, com a pecuária", argumentou.
Segundo Rajão, o problema da mineração não é tanto a área minerada.
"Em teoria, (a mineração) poderia ser até um caminho para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O problema é que, primeiro, você temrobô sportingbetconstruir uma estrada até lá. E a gente sabe que 90% do desmatamento acontece a menosrobô sportingbet5 km da estrada."
"Então, só ao rasgar a floresta, você já gera toda uma dinâmicarobô sportingbetdesmatamento para pôr pecuária. E você também atrai muita população. Quando você constrói essas megaobras, atrai dezenasrobô sportingbettrabalhadores e, depois que terminam a obra, parte deles continua ali. Essa é uma população que depois também vai desmatar. Vai comprar as áreas griladas para a pecuária e se fixar ali."
Então não vale a pena desmatar para mineração e pecuária, dizem os cientistas. Mas e a soja?
"Grande parte das áreas desmatadas na Amazônia não tem condiçãorobô sportingbetreceber agriculturarobô sportingbetmaior valor, não tem favorabilidade climática. Chove demais, algumas são acidentadas, e os custos logísticos são tão altos que inviabilizam o negócio", disse o pesquisador.
Os números da extração e coleta na Amazônia
O estudorobô sportingbetprecificação da Amazônia brasileira foi feito ao longorobô sportingbettrês anos e é assinado por 13 pesquisadores, a maioria do Brasil. A equipe foi a campo observar como os locais extraem seu sustento da floresta.
"Nosso estudo foi olhar valores concretos. O ribeirinho vai lá e vende a castanha. Quantas latasrobô sportingbetcastanha aquele hectare produz?", explicou Rajão.
Os pesquisadores usaram o mesmo método para medir a produçãorobô sportingbetborracha erobô sportingbetmadeira sustentável.
"Nossa equipe foi a diferentes Estados da Amazônia entrevistou produtores. Estimou custorobô sportingbetprodução, receita, a produtividade daquela área específicarobô sportingbetfloresta. E ao cruzar esses valores com dadosrobô sportingbetoutras áreas, estimamos o valor daquele hectare. Um trabalho que partiu da análise microeconômica do valor da floresta."
De US$ 40 a US$ 200 por hectare por ano
Feitas as contas, o estudo mostra que,robô sportingbetcertas regiões da floresta, um hectare gera ganhos anuaisrobô sportingbetaté US$ 40 (R$ 167) para a produçãorobô sportingbetcastanha do Pará e US$ 200 (R$ 838) para produçãorobô sportingbetmadeireira sustentável.
Então a castanha rende US$ 40 por hectare por ano? À primeira vista, não parece muito. Mas quando se olharobô sportingbetperto, o valor cresce.
"Pequenos imóveis na Amazônia chegam a 400 hectares. Multiplicados por US$ 40, são US$ 16 mil, ou RS$ 66 mil por ano", calculou Rajão. "Já são RS$ 5.500 líquidos, por mês, no bolso do produtor."
Seis milhõesrobô sportingbetbrasileiros tiram sustento da floresta
A pesquisa revela também que 6 milhõesrobô sportingbetpessoas se beneficiam hoje da extração sustentávelrobô sportingbetalimentos erobô sportingbetmatérias-primas da floresta.
"São populações ribeirinhas, populações tradicionais, indígenas e agricultores", explicou Rajão. "Eles coletam castanha, borracha e açaí nas reservas extrativistas, como a (reserva) Chico Mendes, por exemplo."
"O amazônida é aquele que vive da floresta, sabe do valor e não desmata", continua Rajão. "Quem desmata são os forasteiros que entram ilegalmente."
Mas ao ressaltarrobô sportingbetmaneira positiva a contribuiçãorobô sportingbetatividades como a coletarobô sportingbetcastanha para a economia do país, estariam os autores ignorando os altos níveisrobô sportingbetpobreza e o baixo Índicerobô sportingbetDesenvolvimento Humano (IDH) dos coletoresrobô sportingbetcastanha?
"O IDH está ligado fortemente às políticas públicas", respondeu Rajão. "Ele é baixo pois não há escolas, hospitais etc. Com o desmatamento para a pecuária, isso não muda", argumentou.
"O extrativismorobô sportingbetalguns produtos — como a castanha, a madeira, o açaí — já é mais lucrativo do que a pecuária", disse Rajão. Mas ele reconhece que nenhuma dessas atividades tira o produtor da pobreza. Isso, disse, requer outras medidas. "É necessário agregar valor, ou seja,robô sportingbetvezrobô sportingbetvender o produto para um atravessador, é preciso organizar cadeiasrobô sportingbetvalor onde a maior parte do lucro fica no local."
Rajão disse que é preciso também modernizar a produção. Ele deu exemplosrobô sportingbetcomo isso poderia ser feito: "Transformando a castanha bruta na descascada, que já está pronta para o consumo. Ou o açaí fruta na pasta congelada que consumimos aqui no Sudeste. E (é preciso) fazer isso já na floresta, com energia solar e tecnologiasrobô sportingbetbaixa manutenção e custo", disse.
"Esse conceito está na base do que chamamosrobô sportingbetAmazonia 4.0. É a bioeconomia da Amaônia com aspectos da indústria 4.0. Mas para chegarmos nessa visãorobô sportingbetlongo prazo são necessários investimentosrobô sportingbetciência e tecnologia, alémrobô sportingbetum grande esforçorobô sportingbetcapacitação."
O pesquisador lembra que, ao longorobô sportingbetsua história, a Floresta Amazônica já sustentou milhõesrobô sportingbetpessoas.
"Antes da colonização, havia 50 milhõesrobô sportingbetpessoas vivendo na Amazônia. O ecossistema tem uma capacidade incrívelrobô sportingbetsustentar vida. Mas quando você tira a floresta e põe capim, você diminui essa capacidade."
Os rios voadores e a regulação climática
Até agora, falamos da renda direta que a floresta produz para o Brasil ao gerar alimentos e matérias-primas. Mas a equipe brasileira também mediu a renda que a floresta gera indiretamente ao prestar dois outros serviços: a absorção e retenção do carbono que produz o aquecimento global e a regulação do clima.
Tente traçar narobô sportingbetmente um quadrilátero que vairobô sportingbetSão Paulo até Buenos Aires, na Argentina, erobô sportingbetCuiabá até a cordilheira dos Andes, pediu o respeitado climatologista brasileiro Antônio Nobrerobô sportingbetuma palestra TED na internet.
Essa área, ele disse, gera 70% do PIB da América do Sul. E para fazer isso, depende dos chamados rios voadores que fluem da Amazônia transportando umidade.
Esses fluxos aéreos maciçosrobô sportingbetvaporrobô sportingbetágua que vêmrobô sportingbetáreas tropicais do oceano Atlântico e são alimentados pela umidade que se evapora da Amazônia viajam maisrobô sportingbet3 mil km pela atmosfera levando chuvas e irrigando o sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e norte da Argentina.
Os rios voadores são, portanto, vitais para a produção agrícola e a vidarobô sportingbetmilhõesrobô sportingbetpessoas na América Latina.
Pois quanto vale a regulação climática que a Amazônia faz para o Brasil — lembrando que os rios voadores também geram energia hidrelétrica para o país?
Essa foi mais uma pergunta que a equipe brasileira tentou responder, mas um serviço dessa magnitude não é fácilrobô sportingbetprecificar.
Erobô sportingbetfato, no esforçorobô sportingbetcalcular valores líquidos, com precisão, nessa categoriarobô sportingbetserviço o estudo brasileiro traz números que os próprios pesquisadores consideram conservadores.
Os mapas e gráficos revelam, no entanto, alguns dados importantes. Um deles diz respeito às chamadas "áreas sem destinação" da Amazônia brasileira:
Estamos falandorobô sportingbet62 milhõesrobô sportingbethectaresrobô sportingbetflorestarobô sportingbetáreas públicas que não tiveram seu uso definido pelo governo — por exemplo, não são reservas indígenas e não foram destinadas à conservação ou à reforma agrária. Por conta dessa indefinição, são áreas sob grande riscorobô sportingbetocupação ilegal e desmatamento para dar lugar à pecuária.
O estudo concluiu que a chuva gerada por esses 62 milhõesrobô sportingbethectares contribui, anualmente, com US$ 422 milhões (R$ 1,77 bilhão) para a produção agropecuária. Isso equivale a 35% da renda líquida das lavourasrobô sportingbetsoja no Mato Grosso, principal estado produtor brasileiro.
Ou seja, se essas áreas forem desmatadas, o setor perderá maisrobô sportingbetUS$ 400 milhões (R$ 1,68 bilhão) por ano pela quedarobô sportingbetprodutividade resultante da diminuição nas chuvas.
Caso o desmatamento atinja áreasrobô sportingbetuso sustentável, proteção integral, terras indígenas, não designadas, privadas e militares, as perdas para o setor podem alcançar US$ 763 milhões (R$ 3,2 bi) por ano.
Outra revelação importante: o desmatamento para a pecuária gerará perdas para os próprios pecuaristas. A redução nas chuvas associada ao desmatamento nas áreas citadas acima pode trazer perdas anuaisrobô sportingbetUS$ 1,4 bilhão (R$ 5,8 bilhão) para a pecuária brasileira.
Quanto vale a biodiversidade da Floresta Amazônica?
Raoni Rajão e seus colegas não sabem quanto vale a biodiversidade da floresta. Mas o pesquisador explicou que há métodos para se fazer esse cálculo:
"Existem estudos que estimam o nívelrobô sportingbetdesconhecimento. Olham o esforçorobô sportingbetamostragem e o tantorobô sportingbetdiversidade que foi descoberta. Aí, estimam a quantidaderobô sportingbetespécies desconhecidas e,robô sportingbetcima disso, o valor econômico."
Fazer isso na Amazônia ainda é um projeto futuro. Mas, para termos uma noção do valor da nossa biodiversidade, basta olharmos na outra direção, para a história do Brasil, disse Rajão.
A Segunda Revolução Industrial, que ocorreu entre meados dos séculos 19 e 20 — quando foram inventados o automóvel, o avião e o telefone —, não teria sido possível sem a borracha da Amazônia, disse o especialista.
"Para você ter equipamentos mecânicos, precisarobô sportingbetborracha, algo para amortecer. Você não conseguiria fazer um carro sem a borracha produzida sustentavelmente na Amazônia."
No livro A luta pela borracha no Brasil: Um estudorobô sportingbethistória ecológica, o historiador Dean Warren dá uma pista do valor econômico que a floresta já rendeu ao país:
"O comércio da borracha tornou-se um sustentáculo da economia brasileira. Em seu auge, proporcionou quase 40% das receitasrobô sportingbetexportação, quase igualando o caférobô sportingbetimportância", escreveu o historiador.
"Hoje, depoisrobô sportingbetdesmatar uma árearobô sportingbetquase cem milhõesrobô sportingbethectares, a agropecuária na Amazônia contribui com menosrobô sportingbet10% da produção brasileira", comparou Rajão.
Os anestésicos amazônicos que revolucionaram a medicina
Há milharesrobô sportingbetanos, indígenas na Amazônia usam um conjuntorobô sportingbetplantas que têm extratos venenosos para anestesiar a caça, contou Rajão.
"A flecha penetra na caça, o animal fica paralisado mas logo na sequência o veneno é processado, não envenena quem come a caça."
As plantas, conhecidas como curare, deram origem aos poderosos anestésicos que transformaram a medicina.
"No século 20, cientistas da Universidaderobô sportingbetLeipzig, na Alemanha, foram lá, roubaram esse conhecimento, isolaram o princípio ativo e isso contribuiu para a revolução anestesiológica."
Quanto valeriam,robô sportingbetmoedarobô sportingbethoje, o ciclo da borracha e os anestésicos produzidos pelas plantas curare?
E qual seria o valor, para o Brasil e o mundo,robô sportingbetoutras preciosidades ainda desconhecidas, ou quem sabe conhecidas e protegidas pelos povos tradicionais da floresta?
Esse preço, difícilrobô sportingbetestimar, é o valor da biodiversidade da Amazônia.
* O Estudo Espacialmente Explícitorobô sportingbetValoração da Amazônia Brasileira está disponível na plataforma web interativa amazones.info
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