Perdafla bet apostasintimidade com o sonho causa grande prejuízo à humanidade, diz neurocientista:fla bet apostas

Sidarta Ribeiro

Crédito, Peter Iliciev/Fiocruz

Legenda da foto, Sidarta Ribeiro foi um dos fundadores do Instituto do Cérebro da UFRN

Para ele, ao relegar os sonhos ao segundo plano, abrimos mãofla bet apostasum poderoso instrumento para simular efeitosfla bet apostasnossos atos e encontrar soluções para problemas - atributos que os tornam especialmente importantes num momentofla bet apostasque a humanidade se vê paralisada diantefla bet apostasuma catástrofe climática e da crescente desigualdade social.

Um dos mais destacados cientistas brasileiros, Ribeiro é diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e foi um dos fundadores do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde é professor titular.

A criação do instituto, referência para a neurociência brasileira, marcou o retorno do pesquisador ao país após ele passar pelas universidades americanas Rockfeller e Duke. Antes, formou-sefla bet apostasBiologia na Universidadefla bet apostasBrasília (UnB) e fez mestradofla bet apostasBiofísica na Universidade Federal do Riofla bet apostasJaneiro (UFRJ).

Na entrevista à BBC, Sidarta aborda ainda outro tema que abraçou como pesquisador: o potencial da maconha efla bet apostasalucinógenos para tratar diversas doenças.

Defensor da legalizaçãofla bet apostastodas as drogas - medida que, segundo ele, reduziria a violência e protegeria usuários -, ele próprio já descreveu experiências que teve com chásfla bet apostascogumelos e ayahuasca, quando diz ter visualizado seu cérebro por dentro.

Confira os principais trechos da entrevista.

fla bet apostas BBC News Brasil - O senhor fala que os sonhos perderam importância para nós, na civilização ocidental, enquanto no passado sonhos guiavam líderesfla bet apostasguerra e eram usados para ampliar nossa compreensão do mundo. Como e quando perdemos essa relação com os sonhos?

fla bet apostas Sidarta Ribeiro - Nos últimos 500 anos. Tem a ver com o desenvolvimento do capitalismo. Desde a Antiguidade se sabia que sonhos podiam acertar e errar. Havia uma certezafla bet apostasque não eram confiáveis, mas eram potencialmente preciosos. Com o fim da Idade Média e início do capitalismo mercantil, deixafla bet apostasser aceitável fazer uma decisão comercial, militar ou política com basefla bet apostassonhos.

Você não vai mandar um navio da Companhia das Índias Orientais para encherfla bet apostasnoz moscada e trazer para vender na Europa porque teve um sonho. Deixafla bet apostasser aceitável, e o sonho sai da vida social.

fla bet apostas BBC News Brasil - Há espaço para retomar o protagonismo do sonho numa sociedade que quer lidar com coisas concretas?

fla bet apostas Ribeiro - Hoje a maioria das pessoas opera na basefla bet apostasque precisa lutar pela sobrevivência, garantir o seu, pois o que interessa é ter mais coisas. Isso levou a um grande mal-estar, a muita depressão, muito suicídio, muita gente infeliz, inclusive os ricos.

O que nos trouxefla bet apostasmilhõesfla bet apostasanosfla bet apostasuma vidafla bet apostasmuito semelhante àfla bet apostasum macaco-prego até virarmos o que somos agora foi a capacidadefla bet apostasimaginar um futuro com base no passado, que o sonho propicia. Prestar atenção ao sonho significa simular as consequências dos atos presentes. E a humanidade está com muita dificuldadefla bet apostasfazer isso - não sófla bet apostasrelação ao meio ambiente, masfla bet apostasrelação à distribuiçãofla bet apostasriqueza, à tomada dos empregos pelos robôs.

Estamos andandofla bet apostasdireção a um futuro que não parece nada bom. Nesse sentido, é preciso olhar para a sabedoria dos povos coletores-caçadoresfla bet apostashojefla bet apostasdia, que ainda têm um modofla bet apostasvidafla bet apostasque se utilizamfla bet apostassonhos pra fazer esses ajustes finos das ações do indivíduo com o grupo e com o meio ambiente.

O excessofla bet apostasconhecimento com faltafla bet apostassabedoria é muito perigoso - é o que vivemos hoje. Aumentar a introspecção, fazer um regresso aos sonhos, voltar a trazê-lo para a mesa do café da manhã, para a cama ao ladofla bet apostasquem se dorme, para um grupofla bet apostastrabalho, para a psicanálise, com os filhos, o sonho ser um assunto na vida das pessoas é muito importante.

Claro, não mais com a crençafla bet apostasque ele pode ser uma comunicação com um oráculo determinístico ou uma revelação, mas sim um bom diagnóstico do que está rolando agora. Isso ajuda a gente a imaginar o futuro e escolher o melhor caminho, evitando as armadilhas.

Arte egípcia
Legenda da foto, Sonhos eram elemento central na vida socialfla bet apostasantigas civilizações, como a egípcia

fla bet apostas BBC News Brasil - O senhor diz que nossos sonhos ficaram mais complexos na passagem da Era do Bronze (3000-1200 aC) para a Era Axial (800-200 aC). Como isso impactou a humanidade?

fla bet apostas Ribeiro - Houve uma mudançafla bet apostasmentalidade muito grande no Período Homérico, por voltafla bet apostas800 antesfla bet apostasCristo. Esse é um períodofla bet apostasque se plasma essa consciência que é a que usamos hojefla bet apostasdia. As pessoas serem capazesfla bet apostasfazer diálogo interno,fla bet apostasnavegar no passado e no futuro mentalmente, com um eu, é uma coisa muito recente.

Na Idade do Bronze, as pessoas tinham ainda uma mentalidade bicameral, semelhante àfla bet apostasum esquizofrênico,fla bet apostaspessoas que escutam vozes. É um tipofla bet apostasconsciência diferente. É uma mente com mais pessoas morando dentro dela. Os deuses moravam na mente, e também a pessoa que recebia os comandos verbais. Isso está fartamente documentado.

Na Era Axial, a gente funde essas vozes com o próprio self, com o eu. Passamos a fazer diálogos internos. Deixamosfla bet apostasachar que Atenas ou Zeus estavam falando conosco. Passamos a pensar: "preciso me alimentar, porque estou com fome". Não é um comando verbalfla bet apostasinspiração divina.

Esse tipofla bet apostasmente surgiu 3 mil anos atrás e agora começou a mudarfla bet apostasnovo. Estamos passando uma sériefla bet apostasfunções mentais para as máquinas, cada vez mais. Estamos virando ciborgues aceleradamente.

fla bet apostas BBC News Brasil - O xamã yanomami Davi Kopenawa diz que "os brancos dormem muito, mas só conseguem sonhar com eles mesmos".

fla bet apostas Ribeiro - Exatamente. Ou a gente simula esse futuro planetário, ou a gente vai se dar mal.

fla bet apostas BBC News Brasil - O governo Bolsonaro tem apostado numa campanhafla bet apostasmaior repressão às drogas. Qual afla bet apostasposição sobre o tema?

fla bet apostas Ribeiro - Sou a favor da legalização e regulamentaçãofla bet apostastodas as drogas. Minha posição coincide com a da SBPC, decididafla bet apostasassembleia no ano passado por unanimidade.

A proibiçãofla bet apostasdrogasfla bet apostassi é tóxica, causa muitos males. É preciso regulamentar as substânciasfla bet apostasacordo com seu potencial benéfico e danoso. E com isonomia entre esses potenciais. Não é possível a gente ter substâncias como o álcool, que tem propaganda positiva na televisão, e ter a Cannabis proibida. Não faz sentido do pontofla bet apostasvista científico.

fla bet apostas BBC News Brasil - Haveria regulamentação até das drogas mais pesadas? As pessoas poderiam comprar crack na farmácia?

fla bet apostas Ribeiro - Elas têm que ser reguladas. O crack é uma criação do proibicionismo. Não havia crack até quatro décadas atrás. Na vigência da proibição, não se podendo operar com a cocaína, passou-se a operar com o crack.

A proibição é muito perigosa para sociedade. Até pessoas que não fazem usofla bet apostasnenhuma substâncias psicoativa podem morrer numa circunstânciafla bet apostasproibição, com uma bala perdida.

fla bet apostas BBC News Brasil - Críticos à legalização dizem que as drogas são nocivas e que o Estado, ao regulá-las, daria uma espéciefla bet apostaschancela às substâncias.

fla bet apostas Ribeiro - Acredito nas evidências científicas. Existem rankingsfla bet apostasdanos das substâncias, como o do David Nutt, do Imperial College (na Grã-Bretanha). Ele mostra que a substância mais perigosa, mais do que a heroína, é o álcool.

Diante dessas evidências, já que convivemos com o álcool, por que não podemos conviver com outras substâncias e regular o seu uso? E dizer: "se você quer utilizá-la, você vem aqui e faz assim e assim, mas não vai usar seringa contaminada, vai saber a dose, não vai ter contaminação".

O problema da proibição é que os usuários ficam totalmente desprotegidos para qualquer tipofla bet apostasacidente, erro e má-fé. Precisamos pararfla bet apostasdemonizar algumas drogas e endeusar outras.

Hojefla bet apostasdia,fla bet apostasvários países do mundo, como Brasil e Inglaterra, você liga a televisão e vê jogadoresfla bet apostasfutebol muito bem sucedidos, rodeadofla bet apostasmulheres maravilhosas, tomando cerveja. É por essas coisas que o álcool é a substância que tem maior prevalênciafla bet apostasconsumo entre todas. Uma substância que tem grandes riscos para a saúde das pessoas e da sociedade, pois o álcool também tem esse impacto social. Enquanto isso, outras substâncias que nem causam tantos riscos são perseguidas.

Maconha
Legenda da foto, Anvisa apresentou propostas para que empresas possam cultivar maconha para fins medicinais

fla bet apostas BBC News Brasil - Recentemente a Anvisa defendeu que empresas possam cultivar maconha para fins medicinais e vendê-la para a indústria farmacêutica ou entidadesfla bet apostaspesquisa. O que achou da proposta?

fla bet apostas Ribeiro - Ela é melhor do que não regulamentar nada. Mas acho que ela precisa ser modificada para a inclusãofla bet apostasprodutores que não sejam apenas as grandes empresas. Se você tratar a maconha como se fosse plutônio, só as grandes empresas vão poder atender.

Hoje existe um uso medicinal da maconha por muitas pessoas do Brasil que são amparadas por habeas corpus (decisões judiciais que autorizam o cultivo e consumo da substância). E esse uso não estaria atendido por essa proposta inicial.

É preciso garantir o acessofla bet apostasquem não tem dinheiro. E o acessofla bet apostasquem não tem dinheiro a uma planta é o autocultivo, o plantio das cooperativas. Isso seria uma legislação avançada.

Permitir que as multinacionais se instalem e produzam aqui vai mudar pouco a situação do brasileirofla bet apostasclasse baixa ou classe média que precisa do remédio. O remédio vai sair muito caro.

fla bet apostas BBC News - Como garantir que a mãe que planta Cannabis para produzir remédio para seu filho estará utilizando a melhor planta, ou que o remédio será adequado para o paciente?

fla bet apostas Ribeiro - São duas etapas. A primeira é agregar valor às boas práticasfla bet apostascultivo efla bet apostastudo que se conhece da fitoterapia, que faz parte inclusive do Sistema Únicofla bet apostasSaúde.

Em segundo lugar, parcerias com centrosfla bet apostaspesquisa das universidades para fazer dosagem. É totalmente viável e,fla bet apostascerta maneira, já foi iniciada por meio dos habeas corpus. Agora, não dá para todo mundo entrar na Justiça. Precisa resolver para todo mundo.

fla bet apostas BBC News Brasil - O senhor já comparou o potencial da maconha para a medicina aos efeitos que os antibióticos tiveram no passado. Por quê?

Apesar dessa frase parecer bombástica, ela exprime uma realidade científica que está se tornando uma realidade médica. As maconhas, e eu digo no plural, porque as plantas têm propriedades e composições diversas, apresentam algumas propriedades que são muito desejáveis para doenças diferentes. Ela é um poderoso anti-inflamatório, o que serve para muitas dores.

E, por alterar as atividades dos neurôniosfla bet apostasuma maneira a dessincronizá-los, também tem efeitofla bet apostasuma sériefla bet apostasenfermidades, como epilepsia, tourette, dores neuropáticas.

Há também o efeito antitumoral, que é muito impressionantefla bet apostascasosfla bet apostasglioma, por exemplo. Também tem efeitosfla bet apostasproduçãofla bet apostasnovas sinapses, por isso já existem usos para Alzheimer e mesmo para declínio cognitivo do envelhecimento.

As pessoas se perguntam: 'por que só agora estamos falando disso? A gente já não precisava desses medicamento?' O problema é que não era do interesse da indústria que um medicamento que serve para várias doenças pudesse ser plantadofla bet apostascasa pelas pessoas.

fla bet apostas BBC News Brasil - O ministro da Cidadania, Osmar Terra, é contra a liberação da maconha medicinal, mas diz que seria possível regulamentar o canabidiol sintético. O que o senhor acha?

fla bet apostas Ribeiro - Acho surreal. A quem interessa um produto tão caro que poderia ser tão barato?

fla bet apostas BBC News Brasil - O governo também diz que a regulamentação da maconha medicinal abriria a porta para o uso recreativo. E que, porfla bet apostasvez, ela seria portafla bet apostasentrada para outras drogas mais nocivas.

fla bet apostas Ribeiro - Esse é um discurso atrasado e faz parte da ideiafla bet apostasque proibindo as drogas você protege as pessoas. Eu acredito no oposto: regulamentando as drogas, as pessoas vão ser protegidas.

Há um trabalho clássicofla bet apostasque se viu que os usuáriosfla bet apostascrack largavam o crack para fumar maconha e depois acabavam largando até a maconha. A maconha servia como portafla bet apostassaídafla bet apostasdependênciafla bet apostascrack.

O grande problema não é o usofla bet apostasdrogas, é o abuso. Pode-se fazer uso problemáticofla bet apostasqualquer coisa: internet, celular, tablet. Precisamos sair do pânico moral e entrarfla bet apostasoutra discussão, que é como proteger as pessoas dos perigos específicos dessas substâncias.

Psicodelia
Legenda da foto, Psicodélicos podem ajudar medicina a produzir remédios mais eficazes para depressão

fla bet apostas BBC News Brasil - O senhor já disse que o Brasil poderia estar na vanguarda da ciência sobre psicodélicos. Qual o potencialfla bet apostaspesquisa nesse campo e quanto já avançou?

fla bet apostas Ribeiro - O potencial é muito grande, porque a psiquiatria não tem bons remédios para depressão, para traumas e para angústias existenciais profundas. Muitas pessoas que usam antidepressivos por muito tempo não encontram satisfação. Pelo contrário, encontram um aumento da insatisfação.

Pesquisas dos últimos dez anos têm mostrado que os psicodélicos são poderosos no tratamentofla bet apostasdepressão e trauma. Fazem muito mais do que outras substâncias. Mas não é simplesmente a administração da substância, é a psicoterapia assistida pela substância. O Brasil tem uma liderança nesse campo por causa das pesquisas com ayahuasca, o chamado chá do Santo Daime.

É uma pesquisa que vem sendo realizada há muito tempofla bet apostasfunção da liberdade religiosa para o uso desse chá. Houve um avanço grande aqui no Brasil sobre o conhecimento que os psicodélicos fazem no cérebro e no corpofla bet apostasmaneira geral.

fla bet apostas BBC News Brasil - Quanto do efeito da ayahuasca se deve à substância e quanto se deve ao ritual religiosofla bet apostasque ela é consumida?

fla bet apostas Ribeiro - Em todo tipofla bet apostasexperiência psicodélica, o ritual, o contexto, o ambiente, com quem você estava, que música cantou, que luz tinha, que cheiro tinha, todas as variáveis contextuais são tão ou mais relevantes que a própria substância.

Nesse sentido, a ciência concorda com as religiões. As religiões dizem: as substâncias, sozinhas, não são sagradas, é necessária uma sériefla bet apostascuidados.

Agora, não vai haver acordo sobre a interpretação que vai ser dada sobre as experiências que as pessoas tiveram. E nem precisa. A ciência pode ter uma interpretação, e as religiões podem ter outras.

fla bet apostas BBC News Brasil - Comunidades indígenas e religiosas que consideram a ayahuasca sagrada se preocupam comfla bet apostasapropriação por outros grupos, como cientistas e a indústria farmacêutica. O avanço da ciência sobre a ayahuasca não tende a esvaziar seu sentido religioso e a sabedoria ancestralfla bet apostastorno dela?

fla bet apostas Ribeiro - O risco sempre existe, porque a ciência tem um históricofla bet apostasser muito brutal e capitalista na maneirafla bet apostasse relacionar com o saber tradicional. Por outro lado, tivemos abertura para ter contato com pessoas que praticam essa religião porque elas queriam saber mais.

Pode haver respeito mútuo. Mas a discussão é mais profunda. O Brasil conhece a ayahuasca pelas religiões sincréticas, ribeirinhas e caboclas, que tiveram contato com o chá e o misturaram com o universo judaico-cristão e da umbanda. Foram essas religiões que disseminaram a ayahuasca pelo mundo, e não os povos indígenas ayahuasqueiros, que trouxeram essa tradição do passado imemorial para cá.

A apropriação cultural dos índios é constante. Num momentofla bet apostasque estão devastando a Amazônia, mostrar como os psicodélicos podem ser benéficos me parece uma atitude respeitosa com quem tem esses processos como sacramentos.

cérebro
Legenda da foto, Ciência ainda não conseguiu decifrar o funcionamento do cérebro

fla bet apostas BBC News Brasil - O senhor pensa cientificamente enquanto está sob efeitofla bet apostaspsicodélicos?

fla bet apostas Ribeiro - Depende da vez. É uma situaçãofla bet apostasmuito insight. Se eu te disser "mexa o polegar direito", você mexe. Mas se for para ativar o hipocampo esquerdo, você não consegue, você não sabe onde ele está.

Quando a gente está numa experiênciafla bet apostasayahuasca, você consegue visualizar onde está o hipocampo esquerdo. Se isso éfla bet apostasfato o hipocampo esquerdo ou só uma ilusão, eu não sei.

Mas é uma situaçãofla bet apostasque se consegue simular o próprio funcionamento cerebral. No fundo, um cientista está sempre pensandofla bet apostasciência. O que será que está acontecendo no meu cérebro para que eu possa estar vendo isso?

Aí entra a questão da interpretação. A pessoa que está na religião vai dizer: "eu vi um espírito". Enquanto um cientista materialista vai dizer: "eu vi uma representação daquela entidade que habita meu cérebro".

A gente já entendeu como o coração funciona. Por que a gente ainda não entendeu como o cérebro funciona? Porque é mais complicado. O que é a consciência?

Esta é a geração que finalmente vão conseguir entender o que é a consciência. Poderão dizer que na tradição hindu já conhecem a consciência faz tempo. Mas não nos termos da biologia, da química, da física. Essa tradução está sendo feita agora.

fla bet apostas BBC News Brasil - Militares fardados filmaramfla bet apostasfala no último encontro da SBPC,fla bet apostasjulho. O Exército diz que não ordenou o ato e que eles agiram como cidadãos privados. Como interpretou o episódio?

fla bet apostas Ribeiro - O atofla bet apostassi pode ser interpretadofla bet apostasmil maneiras, das mais benignas às menos benignas.

A informaçãofla bet apostasque eles estavam lá como cidadãos privados pode muito bem proceder. Foi um pouco estranho, porque, quando a gente documenta alguma coisa como cidadão comum, a gente fica sentado na cadeira e usa o próprio celular (já os militares usavam câmeras e se moviam durante a gravação).

Mas isso não é o ponto principal. O ponto central é o que eu disse naquela palestra: faltam R$ 340 milhões para o CNPq (Conselho Nacionalfla bet apostasDesenvolvimento Científico e Tecnológico) pagar as bolsas a partirfla bet apostassetembro. O Fundo Nacionalfla bet apostasDesenvolvimento Científico e Tecnológico foi contingenciadofla bet apostas90%. O orçamentofla bet apostasCiência no Brasil voltou a ser o que era 15, 20 anos atrás. Isso é gravíssimo, ameaça o funcionamento do país.

fla bet apostas BBC - O que esses contingenciamentos representam?

fla bet apostas Ribeiro - Representam o fimfla bet apostasbolsasfla bet apostasalunosfla bet apostasalunosfla bet apostasiniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado efla bet apostaspesquisadores que já são professores. Representam não ter dinheiro para comprar os insumos da pesquisa, não ter dinheiro para fazer manutençãofla bet apostasequipamentos caros, para fazer publicação científica, para viajar para congressos e representar a ciência brasileira.

Basicamente, significam um grande handicap (um atraso) para o cientista brasileiro. Já não é fácil, mas, na situação atual, está se tornando proibitivo. Imagina o que vai ser com 84 mil bolsasfla bet apostaspesquisa suspensas a partirfla bet apostassetembro. Temos vários alunos sem bolsa. Todos os laboratórios têm equipamentos parados porque a gente não consegue dinheiro para consertar.

O país precisa entender que houve um investimento fla bet apostas70 anos para termos o Sistema Nacionalfla bet apostasCiência, Tecnologia e Inovação. Se houver um desinvestimento tão brutal como se está anunciando, teremos um prejuízofla bet apostasdécadas.

fla bet apostas BBC News Brasil - O que achou da demissão do diretor do Inpe (Instituto Nacionalfla bet apostasPesquisas Espaciais), Ricardo Galvão, na semana passada? (Galvão deixou o posto após se desentender com Bolsonarofla bet apostasrelação à divulgaçãofla bet apostasdados sobre o desmatamento na Amazônia.)

fla bet apostas Ribeiro - É gravíssima. Ao invésfla bet apostasse discutir a questão central, que é o aumento do desmatamento, a gente fica discutindo um conflito entre pessoas. A Amazônia está se aproximando do limite, do pontofla bet apostasnão retorno. Enfrentamos um crise ambiental sem precedente que vai desertificar a Amazônia, vai destruir o agronegócio brasileiro e vai ter consequências sérias para o país.

raya

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