Convivência entre idosos e crianças ajuda a combater solidão e violência na Cidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesDeus:grêmio novorizontino x tombense palpites
O bom humor contrasta com o relatogrêmio novorizontino x tombense palpitesuma vida dura. Na décadagrêmio novorizontino x tombense palpites1960, Alzira vivia na favela da Praia do Pinto, na Zona Sul do Rio, áreagrêmio novorizontino x tombense palpitesalto valor imobiliário. Até que um incêndio, cujas causas não foram esclarecidas, destruiu centenasgrêmio novorizontino x tombense palpitesbarracos da comunidade.
Ela era donagrêmio novorizontino x tombense palpitesuma pequena venda no local e perdeu praticamente tudo. Seu barraco foi parcialmente consumido pelo fogo, e ela passou a dormir no resto que sobrou.
Os moradores remanescentes da Praia do Pinto foram realocados para diferentes locais, e ela acabou se mudando para a Cidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesDeus. Ao longo da vida, Alzira trabalhou como empregada doméstica, auxiliargrêmio novorizontino x tombense palpitesserviços gerais e camelô.
Há 20 anos, já aposentada, conheceu o trabalho da Casa Emilien Lacay por meiogrêmio novorizontino x tombense palpitesum amigo. Apelidadagrêmio novorizontino x tombense palpites"caçula", por ter sido a mais nova entre três irmãos, decidiu frequentar o lugar. Hoje, é uma das mais antigas da casa.
Convivência alentadora
O centrogrêmio novorizontino x tombense palpitesacolhimento, que faz parte da Rede Cruzada, existe há 29 anos e atende gratuitamente cercagrêmio novorizontino x tombense palpites60 idosos e 200 crianças. A maioria mora na Cidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesDeus - e todos estãogrêmio novorizontino x tombense palpitessituaçãogrêmio novorizontino x tombense palpitesvulnerabilidade social. Em média, os idosos que frequentam a casa vivem com uma rendagrêmio novorizontino x tombense palpitesum salário mínimo.
Alémgrêmio novorizontino x tombense palpitespoder usufruir das diversas atividades promovidas pelo centro, muitos vão ao local pela garantiagrêmio novorizontino x tombense palpitesuma alimentação saudável. Juntos, todos têm aulasgrêmio novorizontino x tombense palpitescapoeira, teatro e canto. Três vezes por semana, dois dos mais velhos leem livros infantis para os pequenos.
"Há crianças que já perderam irmãos, idosos que já perderam sobrinhos e filhos na violência, que infelizmente perpassa para a realidadegrêmio novorizontino x tombense palpitescada família que a gente atende", explica Márcia Bogea, coordenadora da casa.
Na rua onde Alzira mora há ao menos três senhoras que perderam parentes próximosgrêmio novorizontino x tombense palpitesdecorrênciagrêmio novorizontino x tombense palpitesconfrontos armados e que agora vivem sozinhas. "Quando me mudei para a Cidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesDeus, a comunidade era mais tranquila", conta. "Nos últimos cinco anos, a violência ficou pior."
Dados do Institutogrêmio novorizontino x tombense palpitesSegurança Pública (ISP) mostram que a sensação maiorgrêmio novorizontino x tombense palpitesinsegurançagrêmio novorizontino x tombense palpitesAlzira tem fundamento. Em 2018, anogrêmio novorizontino x tombense palpitesque militares assumiram a segurança pública do Estado do Rio, uma pessoa foi morta a cada três dias,grêmio novorizontino x tombense palpitesmédia, na região da 32ª DP, que abrange a Cidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesDeus.
Os númerosgrêmio novorizontino x tombense palpiteshomicídios dolosos e mortes por intervençãogrêmio novorizontino x tombense palpitesagentes do Estado voltaram a subir após terem baixado com a criação da Unidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesPolícia Pacificadora (UPP) na favela,grêmio novorizontino x tombense palpites2009.
Interrupções forçadas
As frequentes trocasgrêmio novorizontino x tombense palpitestiros entre policiais e traficantes afetam as atividades do centrogrêmio novorizontino x tombense palpitesacolhimento, localizado a menosgrêmio novorizontino x tombense palpitescinco minutosgrêmio novorizontino x tombense palpitescarro da Cidadegrêmio novorizontino x tombense palpitesDeus.
"Daqui a gente escuta [os tiroteios]. A direção fica preocupada com bala perdida e coloca todo mundo pra dentro", explica Alzira.
Antigamente, caso o transporte público fosse interrompido quando os confrontos começavam, ela ia a pé para o centrogrêmio novorizontino x tombense palpitesacolhimento. Agora, por contagrêmio novorizontino x tombense palpitessua mobilidade reduzida, acaba ficandogrêmio novorizontino x tombense palpitescasa.
As limitações físicas afetamgrêmio novorizontino x tombense palpitesvida social como um todo. Apaixonada por samba, Alzira costumava desfilar no sambódromo todo Carnaval. Agora, não vai mais "para não prejudicar o desempenho das escolas".
Problemasgrêmio novorizontino x tombense palpiteslocomoção egrêmio novorizontino x tombense palpitesvisão limitam o relacionamentogrêmio novorizontino x tombense palpitesalguns idosos com crianças no centro. Mas, no geral, não impedem que troquem carinho e atenção. Muitas das crianças têm pais ausentes e são criadas apenas pelas mães. Como algumas famílias vieram do Norte e do Nordeste, o convívio com os avós nem sempre é possível. Alzira e seus colegas acabam suprindo essa ausência.
"As crianças os encontram na rua e os chamamgrêmio novorizontino x tombense palpites'vovô' e 'vovó'. Há crianças que já saíram daqui e continuamgrêmio novorizontino x tombense palpitescontato com os idosos. As mães as levam nas casas dos idosos porque foi criado um vínculo afetivo muito importante," conta Márcia.
"Eu me lembro muito das minhas crianças quando eram pequenas, porque eu não podia dar muito carinho e ficar com eles o tempo todo. Quando a gente trabalha fora, não tem tempo para quase nada", explica Quitéria dos Santos Dantas,grêmio novorizontino x tombense palpites71 anos. "Aquele carinho que você não pôde dar para os seus filhos, você pode dar pra eles, como se fossem os seus."
Listagrêmio novorizontino x tombense palpitesespera
Mãegrêmio novorizontino x tombense palpitesquatro filhos, a mais velha já falecida, Quitéria frequenta a casa há maisgrêmio novorizontino x tombense palpitesdez anos. No início, ela resistiu aos convitesgrêmio novorizontino x tombense palpitesamigos para se juntar ao grupo, pensando que o lugar se tratavagrêmio novorizontino x tombense palpitesum asilo e que ela perderiagrêmio novorizontino x tombense palpitesliberdade. Agora, é sempre uma das primeiras a chegar para passar o dia no centro, que funcionagrêmio novorizontino x tombense palpitessegunda a sexta-feira.
A casa recebe verbagrêmio novorizontino x tombense palpitesum convênio com a prefeitura egrêmio novorizontino x tombense palpitesapoiadores, originalmente direcionada às crianças. Mas o orçamento, que foi afetado pela crise nos últimos anos, é distribuídogrêmio novorizontino x tombense palpitesforma a atender também os idosos.
Pessoas acimagrêmio novorizontino x tombense palpites65 anos e criançasgrêmio novorizontino x tombense palpitesaté 4 anos e 11 meses passam por um processo seletivo que inclui uma análise socioeconômica e um sorteio. Atualmente, há listagrêmio novorizontino x tombense palpitesespera para entrar no centro.
"A nossa proposta é que as crianças saibam como é a realidade onde elas moram, mas também que existe um outro lado da vida, com carinho e amor. Para que elas cresçam sempre pensando no lado bom e venham a contribuir para o crescimento da sociedade," explica Márcia. "A gente acha que essa interação entre idoso e criança vai impactargrêmio novorizontino x tombense palpitesqual adulto essa criança vai ser."
O convívio também motiva os mais velhos a esperar por dias melhores. "Nós estamos indo e eles estão vindo [para este mundo], então a criança é uma esperança", diz Alzira.
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