Dos camposbet 4concentraçãobet 4retirantes às facções criminosas: Como Fortaleza se tornou a região metropolitana mais violenta do Brasil:bet 4
O número, entretanto, fazia pouco sentido pra quem estava dentro do coletivo naquela hora. De acordo com o Sindiônibus, que representa as empresas do setor, as áreas próximas da rodovia federal continuavam visadas pelos criminosos.
E não por acaso: a periferia no extremo sudeste da cidade é uma das regiões mais disputadas pelas facções criminosas que promoveram ataques na capital cearense por quase 30 dias consecutivos no primeiro mêsbet 42019.
O mesmo rio Cocó que serpenteia por bairros nobresbet 4Fortaleza antesbet 4desaguar no mar da Praia do Futuro é a divisa naturalbet 4duas grandes áreasbet 4influência do crime organizado no trecho antes da arena Castelão, onde o turismo não chega.
Parte da área imediatamente à esquerda do rio - bairros como Boa Vista, Barroso II, Passaré - é dominada pela facção local Guardiões do Estado (GDE).
No lado direito - Cajazeiras, Barroso I, Ancuri - atua o Comando Vermelho.
Mas as fronteiras são fluidas: pichações com as siglasbet 4grupos criminosos e ameaças aos rivais são sintomasbet 4uma disputa por território que transformou Fortalezabet 4uma das cidades com o maior númerobet 4mortes violentas no Brasil.
Entre as regiões metropolitanas, ela ocupa a pior posição,bet 4acordo com dados mais recentes do DataSUS, que ainda são preliminares. São 86,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. Na grande Natal, que ocupa a segunda posição, o índice ébet 483,3.
Contar a história dessa área da periferiabet 4Fortaleza é como colocar uma lupa sobre essas estatísticas. Essa é a trajetória dos bairros do Conjunto Palmeiras, Ancuri e Pedras, contada por moradoresbet 4um conjunto habitacional chamado Santa Fé, que fica no Ancuri.
'Morria muita gente aqui'
A diarista Márcia*, que estava no ônibus sequestrado pelos bandidos quando voltava do trabalho, viu pela primeira vez as inscrições "CV" nos muros próximos àbet 4casa no Santa Fé há cercabet 4dois anos.
"Eu não sabia nem o que era aquilo."
Ela demorou a entender que aquelas iniciais estavam por trás do "acidente" que levou o irmãobet 4um conhecido a perder uma perna e do assassinato brutal do maridobet 4uma amiga, espancado até a morte com uma ripabet 4pau, à noite, no meio da rua.
"Morria muita gente aqui."
A Secretariabet 4Segurança Pública do Ceará não disponibiliza estatísticas por bairro da capital, mas um cálculo grosseiro feito a partir dos dados das Áreas Integradasbet 4Segurança (AIS) dá dimensão do que a moradora quer dizer.
Em 2018 foram registrados 167 crimes violentos letais intencionais na AIS 3, que engloba o Ancuri, bairro onde o Santa Fé está localizado, e outros 12 da região - um totalbet 4256 mil pessoas.
São 65,2 homicídios para cada 100 mil habitantes, praticamente o dobro do registrado na AIS 1 (33,6), que concentra a maior parte dos bairros nobres da cidade.
O índice é alto, mas significativamente menor do quebet 42017, quando a AIS 3 contabilizou 98 mortes para cada 100 mil habitantes, índice próximo ao registrado entre algumas das cidades mais violentas do México, por exemplo.
Taxasbet 4homicídio acimabet 410 são consideradas epidêmicas pela OMS (Organização Mundialbet 4Saúde).
No Santa Fé vivem cercabet 45 mil pessoas - um quarto do total do bairro do Ancuri, onde o conjunto habitacional está localizado - distribuídasbet 4casas conjugadasbet 4uma sequênciabet 4ruas quase todas sem calçamento.
A renda média por habitante,bet 4acordo com uma pesquisa feita pela Igreja Batista Central da comunidadebet 4parceria com o cursobet 4Arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC), ébet 4R$ 413. Quase 60% dos moradores não concluíram o ensino fundamental.
São diaristas como Márcia, costureiras, mecânicos, cozinheiras, vigias, descarregadoresbet 4caminhões, pedreiros, ambulantes, catadores. A grande maioria nunca teve a carteirabet 4trabalho assinada.
A quase 20 km dali, os moradores do bairro Meireles - o mais rico da cidade - têm rendimento 9 vezes maior,bet 4R$ 3.659,54, como consta nos dados mais recentes do Institutobet 4Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
O Ancuri ocupa a 102ª posição entre os 119 bairros mapeados no ranking da renda.
O último lugar é do vizinho Conjunto Palmeiras, berço da facção Guardiões do Estado.
Campobet 4concentraçãobet 4flagelados da seca
O Conjunto Palmeiras tem origem na décadabet 41970, conta o professor do departamentobet 4Arquitetura da UFC Renato Pequeno, quando a prefeiturabet 4Fortaleza dá início a um processobet 4"periferização"bet 4favelas localizadasbet 4áreas da cidade que começavam a se valorizar.
Os primeiros moradores do bairro vinham do Arraial Moura Brasil, uma favela à beira mar que foi parcialmente removida e deslocada para o conjunto habitacional nos limites da cidade, a 17 km. No lugar dela surgiriam, anos mais tarde, a avenida Leste-Oeste e o Marina Park, ainda hoje o hotel mais luxuoso da cidade.
Visada pelo mercado imobiliário nos anos 70, essa área também nasceubet 4um contextobet 4pobreza e exclusão, destaca o pesquisador do Observatório das Metrópoles, muito anterior às remoções violentas patrocinadas pelo Programa Integradobet 4Desfavelamento (PID).
Antesbet 4ser Arraial Moura Brasil, a comunidade tinha sido o Campo do Urubu - um dos 7 camposbet 4concentração erguidos no Ceará nas primeiras décadas do século 20 para aglomerar os retirantes da seca que vinham do interior do Estado e "higienizar" a paisagem urbana.
"Fortaleza já nasceu segregada", diz Pequeno.
A capital assistiu a três grandes ciclosbet 4migraçãobet 4"flagelados":bet 41877,bet 41915 - processo retratado no livro O Quinze,bet 4Rachelbet 4Queiroz - ebet 41932.
Ainda no fim do século 19, 30% das moradias na cidadebet 4Fortaleza eram barracosbet 4palha - nos quais viviam, na grande maioria, migrantes fugindo da seca.
Os camposbet 4concentração, conforme relata a historiadora Kênia Rios, foram propostos - com essa nomenclatura - pela elitebet 4Fortaleza como uma espéciebet 4política humanitária, intenção que só existiu no papel.
Os dois que estavam localizados na capital - o Urubu e o Alagadiço - tinham capacidade para 2 mil ou 3 mil pessoas, mas chegaram a confinar até 8 mil.
A estruturas extremamente precárias dividiam homens e mulheres e eram vigiadas ininterruptamente por soldadosbet 423º Batalhão Policial. Só se podia sair com autorização -bet 4geral concedida apenas àqueles empregadosbet 4obras públicas na capital.
"A exploração da mãobet 4obra nesses lugares é uma coisa impressionante. As pessoas trabalhavambet 4trocabet 4um pratobet 4comida", diz a historiadora.
Em abrilbet 41933, a chuva voltou a cair no sertão e os camposbet 4concentração do Estado começam a ser desativados.
O governo chegou a distribuir passagensbet 4ônibus e algumas sementes para garantir que os retirantes voltassem para suas cidadesbet 4origem.
Sem perspectiva, entretanto, muita gente ficou.
"Esse é o momentobet 4que o flagelado vira favelado", diz a professora do departamentobet 4História da UFC.
Décadas depois, o Conjunto Palmeiras viraria destino não apenas daqueles que foram removidos da favela do Arraial Moura Brasil, masbet 4dezenasbet 4famílias que habitavam comunidades pobres localizadasbet 4áreas que se tornavam interessantes para o mercado imobiliário.
"Essa nova periferia era espacial e socialmente afastada da área centralbet 4Fortaleza. No José Walter (conjunto habitacional vizinho ao Palmeiras), pra você ter uma ideia, só passava ônibus duas vezes por dia - pra levar o morador para o serviço e trazê-lobet 4volta. Isso acaba sendo um novo confinamento."
As dezenas viraram centenas e hoje o Conjunto Palmeiras soma 36 mil moradores. Tem a pior renda média entre os 119 bairros da capital e é o segundo piorbet 4termosbet 4extrema pobreza.
Lá, 17,2% dos habitantes sobrevivem com renda domiciliar mensal menor que R$ 70, conforme o Ipece.
Violências "invisíveis" como a faltabet 4saneamento básico,bet 4equipamentosbet 4lazer, escolas,bet 4hospitais e postosbet 4saúde viraram terreno fértil para gangues locais que, depois dos anos 2000, se organizarambet 4torno das quadrilhasbet 4traficantes e das facções que chegaram do Rio ebet 4São Paulo.
O enredo é parecidobet 4praticamente todo o "cinturãobet 4pobreza"bet 4volta da área mais centralbet 4Fortaleza, diz o pesquisador do Laboratóriobet 4Violência da UFC Luiz Fabio Paiva.
No Conjunto Palmeiras, particularmente, a equação deu origem, por voltabet 42015, a uma facção batizadabet 4Guardiões do Estado - que atuabet 4paralelo, porbet 4vez, a PCC, CV e Família do Norte, que tem origem no Amazonas.
"As facções possibilitaram a organização do crime que atuavabet 4regiões diferentes."
Do vazio demográfico ao vazio do Estado
Vizinha do Conjunto Palmeiras, Beth* lembra quando chegou ao conjunto Santa Fé, no início dos anos 90.
Não havia coletabet 4lixo e a Cagece distribuía água um dia sim, outro não - os moradores recorriam a uma "cacimba" nas proximidades quando as torneiras secavam.
Nos anos 2000, o serviço foi regularizado, três ruas como nomesbet 4santas ganharam calçamento - Nossa Senhorabet 4Lourdes,bet 4Fátima e Aparecida - e, com pressãobet 4uma igreja batista, a IBC, foi aberto um postobet 4saúde.
O pastor Armando Bispo, nascido na zona nortebet 4São Paulo e com passagem pelos Estados Unidos, chegou ao conjunto habitacionalbet 498, quando decidiu tirar a igreja do ginásiobet 4uma escola particular no bairro nobre do Papicu e levá-la a um lugar onde pudesse cumprir a "verdadeira vocação"bet 4cuidar do outro.
"Foi quando a gente tomou a decisãobet 4mudar para uma região considerada perigosa, abandonada, terrabet 4ninguém."
O terrenobet 4210 mil metros quadradosbet 4que até hoje funciona a igreja costumava ser um localbet 4depósitobet 4cargas roubadasbet 4caminhõesbet 4cruzavam a BR-116.
Beth está entre os moradores que falam com entusiasmo da chegada da IBC. As latasbet 4lixo instaladas na calçada ajudam a suprir a deficiência da coleta feita pela prefeitura e o espaço para as crianças durante o culto alivia o fardo das mães que trabalham e cuidam da casa. "O pastor Armando não se intimida com bandido", diz ela.
"O 'códigobet 4ética' do tráfico é não mexer com a igreja evangélica, e aqui não é diferente", sentencia o pastor.
Umabet 4suas histórias preferidas é sobre um meninobet 414 anos que vinha causando problemas no bairro no ano passado. "Eu peitei ele, disse que não adiantava ficar ameaçando todo mundo. Quando cheguei na casa do garoto, a 300 metros da igreja, eram 9 pessoas vivendobet 4um quadrado. O banheiro era um buraco no quintal."
Com a ajuda da Casabet 4Misericórdia, a IBC ajudou a família a construir uma residência melhor, e vem fazendo isso gradativamente com moradores do conjunto. "Um quarto das casas aqui não tem banheiro."
Beth morabet 4um espaço bom, que construiu com a ajudabet 4parentes e vizinhosbet 4esquemabet 4mutirão - como a maioria dos vizinhos, porém, ela não tem os documentos da casa própria.
Boa parte do conjunto foi erguido atravésbet 4uma Sociedade Comunitáriabet 4Habitação Popular (SCHP) organizada pela própria prefeitura nos anos 90, mas que até hoje não foi regularizada.
O problema não é uma exclusividade do Santa Fé, segundo a professora Clarissa Freitas, do departamentobet 4Arquitetura da UFC. Dezenasbet 4comunidades estão na mesma situação.
"Isso talvez seja uma particularidadebet 4Fortaleza: esses são conjuntos habitacionais ilegais. É o próprio Estado agindo na ilegalidade", ressalta a urbanista, que pesquisa a questão da regularização fundiária na cidade.
"Muita gente não faz essa ligação, mas isso está muito conectado à questão da violência. As pessoas se sentem menos cidadãs, com menos direitos. O Estado vira inimigo."
Toquebet 4recolher
Dominado pelo tráfico, o Santa Fé é considerado por boa parte dos moradores um lugar "tranquilo, por incrível que pareça".
A disputa por território com os rivais da GDE, que domina o Conjunto das Palmeiras, e as punições àqueles considerados traidores fazem dos homicídios violentos parte do cotidiano, mas "eles se matam entre eles".
O medo, entretanto, regula a rotina.
No início dos anos 90, Leda* e os amigos do bairro costumavam caminhar aos finsbet 4semana pouco maisbet 45 km pelo 4º Anel Viário, que cruza a BR-116 nos limites do conjunto, para chegar a um clube chamado Valeu Boi.
A casa noturna, frequentada pela elitebet 4Fortaleza, cobrava caro pela entrada. "A gente ficava ouvindo forró do ladobet 4fora. Era bom demais."
Hoje, pouca gente no Santa Fé sai depois das dez da noite.
Mesmo dentrobet 4casa, fala-se baixo e não se comentam certos assuntos porque, com os imóveis colados uns nos outros, "todo mundo sabe o que todo mundo faz" - e ninguém quer ser considerado traidor pelos "grandões" do Comando Vermelho.
A disputa entre facções rivais impõe ainda um outro toquebet 4recolher. Muita gente não se sente seguro para visitar os parentes que morambet 4comunidades dominadas por outras siglas.
Os vizinhos Curió e Santa Maria, por exemplo, são chefiados pelo Comando Vermelho, mas o Palmeiras e o Conjunto Alameda das Palmeiras são áreasbet 4domínio da GDE, que tem famabet 4ser mais cruel do que as facções fluminense e paulista.
"A questão da crueldade acabou virando formabet 4demonstraçãobet 4poder das facções. Com a GDE, que não tem 'regras' consolidadas e possui uma hierarquia menos clara, eram comuns as mutilações, casosbet 4que as vítimas eram queimadas vivas", diz César Barreira, também do LEV-UFC.
Ao contráriobet 4PCC e CV, a GDE não cobra filiação ou mensalidade.
"Isso atraiu todo tipobet 4jovem inconsequente, que queria brincarbet 4ser bandido", diz uma fonte ligada à Segurança Pública do Estado que não quis se identificar.
A chegada do Minha Casa, Minha Vida
Os relatosbet 4recrudescimento da violência entre os moradores do Santa Fé coincidem com a inauguração,bet 42016,bet 4um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida (MCMV) do outro lado do anel viário, no bairro Pedras.
Hoje com 5 mil unidades, o Alameda das Palmeiras ganhou as manchetes locais quando,bet 42017, um motoristabet 4Uber foi morto a tiros na entrada do conjunto.
Guilherme Maia, na época com 22 anos, não viu o aviso no muro: "Adentra, tire o capacete e, carro abaichi (abaixe) os vidros. Se roubar na favela, morre. Assinado, crime 745 (sic)". Os números seriam uma suposta alusão à GDE.
Em dezembro do mesmo ano, dois corpos carbonizados foram encontrados também na entrada da comunidade.
"Aquele lugar foi construídobet 4uma forma estranha, só tem uma entrada, um beco", diz o pastor Armando Bispo.
O professor Renato Pequeno ressalta que, até 2012, os projetos do MCMV na capital cearense tinham no máximo 500 unidades. Depoisbet 4um pedido feito pelas construtoras participantes do programa, a Caixa subiu esse limite para 5 mil.
"Aí você tem esses conjuntos enormes construídosbet 4locais afastados - porque as empresas vão procurar os lugares mais baratos possíveis pra construir - e praticamente sem equipamentos públicos no entorno", ele critica.
Outra questão, acrescenta Clarissa Freitas, é a "privatização dos espaços públicos" nos empreendimentos, que são todos murados. "A polícia só entra lá com mandado."
Assim como o Alameda, conjuntos como o Cidade Jardim I e II, cada um com cercabet 45,5 mil unidades, e José Euclides da Cunha, com 5 mil, hoje são dominados por facções criminosas.
São frequentes os casosbet 4expulsõesbet 4moradores por traficantes, que revendem os imóveis ou os repassam para amigos e parentes.
Em ação movida na Justiça Federal para devolver as residências aos proprietários legais, promotores do Ministério Público Federal e Estadual ponderaram que a Caixa Econômica não deveria financiar empreendimentosbet 4áreas sem infraestrutura.
Região metropolitana
A história da periferiabet 4Fortaleza transborda para a região metropolitana, onde os índicesbet 4homicídio são ainda maiores do que na capital.
Fabiano Lucas, pesquisador do departamentobet 4Geografia da UFC que trabalhou com dadosbet 4mortes violentas da RM antes do contexto das facções criminosas, ressalta que os municípiosbet 4pior situação são aqueles mais integrados à dinâmicabet 4Fortaleza - cidades como Maracanaú, Caucaia e Eusébio.
A região metropolitana soma 18 municípios -bet 4praticamente todos eles, o índicebet 4homicídios passabet 4100 para cada 100 mil habitantes.
Uma dessas cidades, Aquiraz, foi palco do assassinatobet 4um dos líderes do PCC. Em fevereirobet 42018, o corpobet 4Gegê do Mangue - que moravabet 4um condomínio fechado na região - foi encontradobet 4uma reserva indígena no município.
"Nós tivemos grandes apreensões no Porto das Dunas (localizado no municípiobet 4Aquiraz), e não por acaso: o lugar é uma cidade estruturada praticamente sem nenhum controle (do Estado)", diz uma fonte ligada à Segurança Pública do Estadobet 4Ceará que não quis se identificar.
Gegê do Mangue não foi o único chefe da facção paulista que passou pelo Ceará: dois anos antes, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior - irmãobet 4Marcola, apontado como número 1 da facção paulista - foi preso na cidadebet 4Fortaleza.
Ele, o irmão e outros 20 líderes do PCC foram transferidosbet 4fevereiro do presídiobet 4Presidente Venceslau (SP) para penitenciárias federaisbet 4Porto Velho (RO), Brasília e Natal (RN).
A segurança e a sensaçãobet 4segurança
Em paralelo à pobreza e à total ausênciabet 4Estado nas regiões tomadas pelo tráfico, duas fontes ligadas à Segurança Pública apontaram falhas na política penitenciária e na gestão das polícias como as razões por trás do aumento exponencial da violênciabet 4Fortaleza na última década.
Ambos destacaram que diferentes gestões deram prioridade à sensaçãobet 4segurança - com criaçãobet 4dispositivos como o Ronda do Quarteirão, implantado na gestão Cid Gomes (PROS), e o Batalhãobet 4Policiamentobet 4Rondasbet 4Ações Ostensivas e Intensivas (Raio), ampliado no governobet 4Camilo Santana (PT) -bet 4detrimento da segurançabet 4si.
Teria faltado investimentobet 4inteligência e a promoção da integração das polícias.
"Eles demoraram a admitir que existia facção no Ceará", acrescenta uma das fontes, ligada à polícia militar. As apreensõesbet 4drogas com identificação do PCC no Estado começaram a pipocarbet 42010, diz ela. O CV teria chegado ainda antes.
A administração das penitenciárias do Estado também foi criticada.
Nesse sentido, eles citam desde a separação dos detentos por facções dentro dos presídios - a promessabet 4revogação dessa prática prometida pelo novo secretáriobet 4Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, é apontada como uma das razões para a sequênciabet 4ataques realizados no Cearábet 42019 - a um excessobet 4permissividade dentro da cadeia.
Alémbet 4liberar - se não no papel, mas na prática - a entradabet 4celulares e televisores, diz uma fonte, a administração chegou ao pontobet 4promover o que ficou conhecido como "pernoites do amor": desde o início dos anos 2000, os detentos podem receber parceiras sexuais no Dia do Presidiário, no Natal e no Dia das Mães.
"Houve um afrouxamento e o crime se fortaleceu", ressalta essa mesma fonte.
Coincidência ou não, os membros da GDE do Conjunto Palmeiras dizem que "saíram da faculdade" quando acabambet 4cumprir pena nos presídios do Estado.
Naquela tardebet 4novembrobet 4que o ônibus que a trazia Márcia do serviço foi sequestrado, ela não chegou a ser roubada.
Estendeu a bolsa, mas os assaltantes, que pareciam ter pressa, foram embora antesbet 4alcançá-la.
A ameaça do início se mostrou apenas frasebet 4efeito - os bandidos não mataram nem feriram ninguém no coletivo.
O dinheiro que ela ganhou pelo diabet 4trabalho engordou as economias reservadas para realizar um sonho jábet 4muitos anos: comprar uma casa no bairrobet 4Messejana.
*Os nomesbet 4todos os moradores entrevistados pela reportagem foram preservados por questõesbet 4segurança.
Colaborou Amanda Rossi, da BBC News Brasilbet 4São Paulo
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