Brasil x EUA: o Brasil é mesmo injusto no comércio exterior com os EUA, como disse Trump?:igu bet

Donald Trump, nesta segunda-feira

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ao anunciar acordoigu betlivre-comércio com México e Canadá, Trump disse que Brasil 'está entre os mais duros do mundo'igu betcomércio exterior

O Índiceigu betLiberdade Econômica, compilado pela Fundação Heritage, coloca o Brasiligu bet153º lugar entre 180 paísesigu bettermosigu betabertura comercial, sendo classificado como "majoritariamente não livre" nesse aspecto. O ranking é liderado por Hong Kong, e os EUA ocupam o 18º lugar.

Para defensores dessas restrições às importações, elas são uma formaigu betmanter a indústria brasileira competitiva internamente e gerar empregos dentro do País. Já críticos afirmam que elas distorcem o mercado, dificultam exportaçõesigu betprodutos que não sejam matérias-primas e desestimulam a produtividade e a inovação das empresas brasileiras.

Um relatórioigu betmarço do Banco Mundial afirma que alguns dos fatores por trás da baixa competitividade brasileira podem ser "a faltaigu betconcorrência interna, graças a um ambienteigu betnegócios que favorece empresas já estabelecidas, dificulta a inovação e a entradaigu betnovas empresas; e a externa, devido às altas barreiras tarifárias e não-tarifárias ao comércio e a políticas públicas que se concentramigu betsubsídios a empresas já existentes, distorcendo os mercadosigu betcapital e trabalho".

Portoigu betSantos

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Brasil é considerado um país fechadoigu betcomércio internacional; na foto, o Portoigu betSantos

Por trás disso estão motivos "históricos e culturais", na opiniãoigu betDiego Coelho, professorigu betRelações Internacionais e Coordenador do Observatórioigu betMultinacionais da ESPM.

"Desde os anos 1930, temos uma políticaigu betsubstituição das importações que durou até os anos 1990, com um processoigu betabertura que, ainda assim, foi muito distante da abertura praticadaigu betmédia no exterior. Com a própria indústria focando mais no mercado interno, que é muito grande, muitos setores veem a concorrência estrangeira como uma ameaça ao emprego", diz ele. "A indústria automotiva brasileira, por exemplo, é uma das mais protegidas do mundo."

Mais recentemente, no início desta década, tarifas sobre importação foram elevadas para aumentar a arrecadaçãoigu betimpostos, aproveitando-seigu betum momentoigu betque os cidadãos brasileiros viram seu poder aquisitivo aumentar eigu betque o câmbio estava mais favorável para importações, diz a professoraigu betEconomia do Insper Juliana Inhasz. Quando a situação do país piorou, "ficou difícil para o País abrir mão dessas receitas", agrega.

EUA mais afetado?

Talvez seja isso a que Trump se refira quando diz que o Brasil "é um dos mais duros". Mas, segundo especialistas, há poucos indíciosigu betque os Estados Unidos sejam particularmente afetadosigu betmodo negativo por isso.

"O Brasil é realmente um país fechado, que impõe barreiras a produtos externos, sejam elas barreiras burocráticas, tarifárias, regulatórias, sanitárias e fitossanitárias (quando se impede a entradaigu betum produto alegando contaminação biológica)", diz à BBC News Brasil o professor da Escolaigu betEconomia da FGV-SP Lucas Ferraz.

"Mas não existe nenhuma restrição específica para os EUA. O Brasil é difícil para todo o mundo (em termosigu betcomércio exterior), trata todos os países da mesma forma e, como membro da Organização Mundial do Comércio, não discrimina (países)igu betpráticas comerciais", agrega.

Exportações brasileiras na China

Crédito, AFP

Legenda da foto, Para analistas, carga tributária, burocracia e instabilidade jurídica dificultam inserção do Brasil na economia global

Especificamente na relação com os EUA, o Brasil teve superávitigu betUS$ 2 bilhõesigu bet2017, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O país exportou aos americanos US$ 26,8 bilhões e importouigu betlá US$ 24,8 bilhões.

"Trump sempre avalia como desfavorável a relação com um paísigu betque os EUA não tenham superávit, mas não é bem assim", diz Juliana Inhasz. "O Brasil exporta aos EUA petróleo bruto e minérioigu betferro, por exemplo, que são insumos importantes para a economia americana."

Ambienteigu betnegócios complexo

Para Lucas Ferraz, a fraseigu betTrump também dá margem à interpretaçãoigu betque empresas americanas teriam dificuldadesigu betse estabelecer por aqui - o que, segundo ele, tampouco condiz com a realidade.

"Não há nenhuma evidênciaigu betque empresas americanas sejam discriminadasigu bettermosigu betimpostos, tanto que o Brasil está entre os maiores receptoresigu betinvestimentos externos diretos. O País é atrativo (para multinacionais) porque dá lucro pela própria dificuldadeigu betse comprar produtosigu betfora, que favorece empresas que produzem aqui dentro", afirma Ferraz.

"O Brasil, assim, acaba sendo uma ilhaigu betprosperidade para multinacionais, que têm acesso a um mercado consumidor grande e fechado à produção externa."

Opinião semelhante é compartilhada pela Amcham, a Câmaraigu betComércio Brasil-EUA. "Não sei se a palavra certa é 'duro', masigu betfato o Brasil é um país fechado: somos a oitava maior economia do mundo, mas temos apenas 1,2% do comércio exterior global", diz à BBC News Brasil o presidente do conselho da Amcham, Helio Magalhães.

"É um ambiente muito complexo, pouco favorável aos negócios, com alta carga tributária, instabilidade jurídica, corrupção que encarece (as transações), ineficiência da mãoigu betobra e baixa qualidade dos serviços públicos. Além disso, temos poucos acordos comerciais. Mas não faz sentido dizer que o Brasil trata mal as empresas americanas. Todas são tratadas da mesma maneira."

Para Magalhães, um possível aspecto positivo da falaigu betTrump é o indicativoigu betinteresseigu betdiscutir a relação comercial com o Brasil. "Nenhum presidente (americano recente) tentou discutir o comércio com o Brasil. Seria ótimo iniciar a discussãoigu betum acordo comercial", opina.

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