O médico brasileiro que busca a cura definitiva do HIV combinando tratamentos e vacina personalizada:roleta de robux
A infectologista Melissa Medeiros, especialistaroleta de robuxHIV e consultora da Sociedade Brasileiraroleta de robuxInfectologia, diz que a pesquisa é "extremamente promissora" e "traz esperança, acimaroleta de robuxtudo". No entanto, ela afirma que é preciso avançar nos testes para saber qual seria o impacto do tratamento nas pessoas.
"Quando se falaroleta de robuxalgo assim, as pessoas já acham que a cura chegou. Mas é importante saber que há um temporoleta de robuxpelo menos cinco a 10 anos até as pesquisas chegarem à população. É preciso bastante tempo até sabermos se a pesquisa será mesmo bem-sucedida e se é segura", disse à BBC News Brasil.
Impedindo a volta do vírus HIV
O tratamento contra o HIV disponível atualmente no Sistema Únicoroleta de robuxSaúde (SUS) é um coquetelroleta de robuxtrês medicamentos que inibe o máximo possível a reprodução do vírus no corpo, enquanto mantém o sistema imunológico atuante e protege contra infecções oportunistas.
O HIV, no entanto, não é completamente eliminado do organismo, e pode voltar.
A equiperoleta de robuxpesquisadores brasileiros fez uma combinaçãoroleta de robuxmedicamentos já utilizadosroleta de robuxtodo o mundo com mais duas substâncias ainda não usadas neste tiporoleta de robuxtratamento e vacinas personalizadas, feitas com base no DNAroleta de robuxcada participante.
"É a primeira vez no mundo que alguém experimenta esse tratamento específico que fizemos, e a primeira vez que temos resultados tão positivos na primeira etapa. Estamos dando mais um passo na direção da cura", afirmou Diaz à BBC News Brasil.
Em 2015, um estudo dinamarquês combinou um medicamento usado no tratamentoroleta de robuxcâncer com o coquetel antirretroviral e uma vacina baseadaroleta de robuxDNA e conseguiu eliminar os reservatórios do vírus HIV no organismoroleta de robuxpacientes por alguns meses.
Desde então, outros testes do tipo têm sido feitos na Espanha, na Grã-Bretanha, na Noruega, na Alemanha e na Itália, e começam a ocorrer nos Estados Unidos.
A primeira etapa do estudoroleta de robuxDiaz - feito com 30 pessoas - foi finalizada. Apenas cinco delas receberam a combinação completaroleta de robuxtratamentos, e entre elas, duas parecem estar livre do vírus,roleta de robuxacordo com os exames. Este grupo deve ser expandido para pelo menos 50 pessoas até o fim do ano.
Qual o objetivo do novo tratamento?
O tratamento proposto pelos pesquisadores brasileiros quer chegar à "cura esterilizante", que é a eliminação completa do vírus, sem a possibilidaderoleta de robuxque ele volte a se replicar - algo que atualmente pode ocorrer se o soropositivo pararoleta de robuxtomar o coquetel.
"Atualmente, nós tratamos a pessoa, o vírus morre, paramosroleta de robuxtratar, e o vírus volta. Isso ocorre porque o vírus continua se multiplicando no corpo da pessoa mesmo com o tratamento eficiente", explica o infectologista
De acordo com Diaz, a cura totalroleta de robuxpacientes com HIV enfrenta três grandes obstáculos - o fatoroleta de robuxque o vírus continua se replicando no corpo mesmo com o coquetel, que apenas mantém essa replicação baixa; o fatoroleta de robuxque o vírus fica latente, ou seja, "adormecido", e pode voltar à atividaderoleta de robuxmaneira aleatória; e a existência dos "santuários", locais do corpo humano onde os medicamentos são pouco distribuídos e o HIV pode continuar se desenvolvendo.
"O que fizemos foi combinar tratamentos que pudessem superar todas estas barreiras", afirma.
Como funcionaram os testes
O estudo foi feito inicialmenteroleta de robux30 pacientes, divididosroleta de robuxgruposroleta de robuxcinco pessoas. Cada um deles experimentou uma combinação diferente, e o último grupo usou todos os tratamentosroleta de robuxconjunto.
Além do coquetel antirretroviral, eles usaram a nicotinamida, ou vitamina B3, um suplemento alimentar que é vendidoroleta de robuxfarmácias, mas nunca foi usado contra o vírus HIV. Ele "acorda" as células com o vírus latente no corpo.
A pesquisa usou também o salroleta de robuxouro, medicação usada para tratar doenças como artrite que não chega a despertar as células com HIV, mas as leva a um "suicídio", explica Diaz.
E, para eliminar os "santuários"roleta de robuxvírus no organismo dos pacientes, os pesquisadores desenvolveram,roleta de robuxparceria com a Universidaderoleta de robuxSão Paulo (USP), uma complexa vacina personalizada, que faz com que o sistema imunológico volte a reconhecer o vírus dentro do corpo, encontre esses santuários e mate o vírus.
"Desenhamos,roleta de robuxacordo com o perfil genético da pessoa, o pedacinho do vírus que seria importante pra despertar o seu sistema imunológico", diz o infectologista.
Nas cinco pessoas do grupo 6, que fizeram o tratamento completo, a quantidaderoleta de robuxvírus diminuiu mais do queroleta de robuxtodas as outras. Eroleta de robuxduas delas, o vírus sumiu completamente das células.
"Agora estamos estudando como fazer a interrupção desse tratamento, para ver se elas permanecem sem o vírus por mais tempo. Depois, vamos expandir o estudo."
A cura do HIV está próxima?
O primeiro homem considerado curado do HIV no mundo, o americano Timothy Ray Brown, foi declarado livre do vírusroleta de robux2006 após receber a medula óssearoleta de robuxum doador com uma mutação genética rara, que o tornava imune ao vírus.
Brown precisou do transplante porque ele tinha leucemia. Em 2008, a doença voltou e ele teve que fazer um segundo transplanteroleta de robuxmedula. No entanto, continuou completamente livre do HIV.
Mas, segundo os especialistas, isso não quer dizer que um transplanteroleta de robuxmedula resolveria os casosroleta de robuxtodas as pessoas que são soropositivas no mundo - cercaroleta de robux37 milhõesroleta de robux2017, segundo a ONU.
"Timothy Brown é um caso raro e bastante específico, porque ele teve a sorteroleta de robuxencontrar um doadorroleta de robuxmedula com uma mutação genética raríssima que faz com que as célulasroleta de robuxdefesa do corpo não tenham um receptor que pode se ligar ao vírus HIV", explica Melissa Medeiros.
"Mas esse tiporoleta de robuxtransplante tem um índiceroleta de robux50%roleta de robuxmortalidade. Não é uma opção terapêutica para todas as pessoas que têm HIV."
Por isso, nos últimos anos, cientistasroleta de robuxtodo o mundo têm investidoroleta de robuxpesquisas como a feita por Diaz,roleta de robuxque pessoas que já estãoroleta de robuxtratamento para controlar o vírus recebem medicamentos extra e uma vacina específica.
"Ser portador do HIV é viverroleta de robuxsilêncio, porque as pessoas sentem que não podem contar para a família nem para os amigos, vivem com medoroleta de robuxnovos relacionamentos,roleta de robuxcomo a sociedade vai aceitá-los no trabalho, etc. A cura ainda pode demorar um pouco, mas é realmente essencial", diz Melissa Medeiros.
Necessidaderoleta de robuxinvestimento na prevenção da Aids
Mas, para a epidemiologista Lígia Kerr, que produz estudos sobre HIV para o Ministério da Saúde, é preciso mais do que um tratamento médico para resolver o problema da Aids no mundo.
"Os avanços tecnológicos no tratamento e na cura da Aids são muito bem vindos, mas não são somente eles que vão controlar a situação. Se você tem um tratamento super caro e governos que não estão mais querendo investir na saúde, fica difícil", disse à BBC News Brasil.
É necessário, segundo Kerr, um pacote que inclua prevenção, educação sexual, campanhas com populações mais vulneráveis e tratamento médico, para impedir que o vírus circule.
"Alguns pesquisadores como eu não acreditam nesta cura total da Aids, porque alcançar isto não envolve só medicação, mas comportamento, comprometimento com o outro, uso do preservativo, investimento dos governos", diz.
"Tentamos eliminar completamente outras doenças há anos e não conseguirmos. Por exemplo, a hanseníase. É uma doença tratável, mas, se você não tratar todo mundo, não tem jeito. Você ainda terá o bacilo infectando outras pessoas."
Se for bem-sucedido, o tratamento para curar o HIV seria muito caro?
Diaz afirma que uma vacina personalizada para cada paciente soropositivo no Brasil - e no mundo - seria muito custosa, ainda que ele não tenha uma estimativa real do valor gasto emroleta de robuxpesquisa até agora. Mesmo assim, ele se diz otimista.
"Há outras coisas na saúde que são caras, mas, quando viram praxe, são feitas mais rapidamente. Temos vários exemplos disso na medicina."
Para Melissa Medeiros, o alto custo do tratamento poderia ser compensado emroleta de robuxescalaroleta de robuxprodução, caso os resultados finais da pesquisa signifiquem,roleta de robuxfato, uma cura definitiva.
"Hoje o governo já comprou algumas batalhas como essa, como a da Hepatite C. O tratamento cura quase que 100% das pessoas, e não é barato. Custaroleta de robuxtornoroleta de robuxR$ 100 mil a R$ 300 mil por paciente, mas o Ministério fornece gratuitamente."
A polêmica do estudo feito somente com homens
Para fazer parte do estudo da Unifesp, era necessário que os soropositivos fossem todos maioresroleta de robux18 anos e do sexo masculino, o que significa que os pesquisadores ainda não sabem como o tratamento pode funcionarroleta de robuxmulheres. Por essa razão, Diaz admite que foi "muito criticado".
"Não é uma coisa correta fazer essa discriminação. Temos que investigar para todos os indivíduos. Mas tive uma intuiçãoroleta de robuxque, nesse momento, seria mais seguro fazer só com homens", diz.
"Achei que para alguns medicamentos poderia haver mais efeitos colaterais nas mulheres. Mulheres às vezes engravidam e não sabíamos o que essa combinação poderia fazer. Mas já está no plano incluir mulheres na próxima etapa. Como vimos que a associaçãoroleta de robuxmedicamentos não causou mal detectável, então ficamos mais seguros."
Segundo o infectologista, tratamentos experimentais contra o vírus HIV geralmente têm 75%roleta de robuxpacientes homens e 25%roleta de robuxmulheres, que costumam ser infectadasroleta de robuxmenor número.
No entanto, seu estudo deve obedecer a nova diretriz na comunidade científicaroleta de robuxter o mesmo númeroroleta de robuxmulheres e homens.