Como a guerra comercial entre EUA e China pode afetar o Brasil:casino online net
As hostilidades no plano comercial entre as duas potências afetam outros países, como o Brasil.
No atual contextocasino online neteconomias integradascasino online netum sistemacasino online netcomércio multilateral, mudanças nos preços, reduções ou aumentoscasino online netprodução, fechamentos ou deslocamentocasino online netfábricas ou ainda a pressão para redirecionar produtos para outros destinos geram impactos diretos nos parceiros econômicos da China e do Estados Unidos.
Relação com o Brasil
Embora o Brasil tenha um superávit comercial com a China, principal parceira econômica do país, o comércio exterior reproduz uma dinâmica histórica: o Brasil exporta commodities e importa manufaturados.
Os chineses compram produtos como minériocasino online netferro, açúcar, celulose, carne bovina ecasino online netfrango. Mas a soja é a principal mercadoria brasileira vendida para a China: representa 43% das exportações do último ano. As exportaçõescasino online netsoja do Brasil para o mercado chinês representaram,casino online net2017, maiscasino online netUS$ 20 bilhões,casino online netacordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Já os EUA importam sobretudo aviões, semimanufaturadoscasino online netaço e alumínio e petróleo bruto do Brasil. As exportações brasileiras para os americanos movimentaram US$ 26 bilhões no ano passado, segundo dados do MDIC. O valor equivale a um pouco mais da metade do que é gerado pelas exportações nacionais que seguem para a China.
"O ponto negativo é que essas tensões podem desacelerar o crescimento global, o que poderia prejudicar os mercados emergentes, tantocasino online nettermoscasino online netexportações, quantocasino online netrelação ao crescimento do investimento estrangeiro", alerta Penelope Prime, diretora do Centrocasino online netPesquisa da China na Universidade do Estado da Georgia (EUA).
Disputa anunciada
Desde a campanha presidencial, Donald Trump vinha prometendo que colocaria a "América primeiro" e afirmando que a China era o inimigo a ser combatido para devolver empregos aos americanos.
Em visita a Pequim no ano passado, Trump insistiu que as regras comerciais precisavam ser reajustadas para equilibrar o comércio entre os dois países. Já o presidente chinês, Xi Jinping, um defensor da globalização, garantiu que a China iria se abrir para empresas estrangeiras.
O que dizem os EUA
Trump acusa a Chinacasino online netadotar práticas desleais, como o roubocasino online netpropriedade intelectualcasino online netcompanhias americanas. O déficit comercial dos Estados Unidos com o país chegou a US$ 375 bilhões no ano passado. A China vê as medidas protecionistas americanas como "um ataque" que ela precisa revidar para se proteger e alega que os americanos começaram "a maior guerra comercial da história".
Nos últimos meses, os dois países entraramcasino online netuma crescente disputa comercial. Os EUA passaram a aplicar medidas contra a China, além dos recursos dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). Anunciaram tarifascasino online netimportação contra produtos chineses e restriçõescasino online netinvestimento, que o governo chinês vem retaliando.
A Casa Branca quer reduzircasino online netUS$ 100 bilhões o déficitcasino online netsua balança comercial com a China e anuncioucasino online netmarço taxas sobre o aço e o alumínio, ação que também afetou os exportadores brasileiros. Em resposta, Pequim taxou maiscasino online net100 mercadorias americanas, como carnecasino online netporco, frutas e nozes, tuboscasino online netaço para a indústria do petróleo e etanol. Em seguida, os EUA divulgaram uma listacasino online net1,3 mil produtos chineses alvocasino online nettarifascasino online netaté 25%, itens que somam o equivalente a US$ 50 bilhõescasino online netimportações da China.
Para Louis Chan, diretorcasino online netpesquisa do Conselhocasino online netDesenvolvimento do Comérciocasino online netHong Kong (Hong Kong Trade Development Council, HKTDC) na China, a chamada "guerra comercial" não envolve só os dois países. "O que os EUA estão fazendo é algo unilateral contra chineses e contra outros aliados, como União Europeia, México, Argentina e Brasil. Países que costumavam ser parceiroscasino online netcomércio e investimento", afirma.
"Na medidacasino online netque o Brasil e outras economias exportam produtoscasino online netcompetição com os EUA, as tarifas chinesas sobre esses produtos devem aumentar as exportações do Brasil e desses países, a exemplo da soja", diz Prime, da Universidade do Estado da Georgia.
Perdas no aço
A guerra comercial será cíclica, avalia Cui Daiyuan, professorcasino online neteconomia na Universidadecasino online netXangai, na China. "O Brasil também pode ser afetado pelo protecionismo dos EUA, embora ganhe no curto prazo com o desvio do fornecimentocasino online netcommodities".
A sobretaxa aplicada por Trump sobre o aço afetou diretamente as siderúrgicas brasileiras. O Brasil é a segunda maior fontecasino online netaço para os EUA, as vendas para o país representam um terço das exportações brasileiras do produto e agora estão sujeitas a uma nova tarifacasino online net25%.
Mesmo que China e EUA cheguem a uma trégua, Chan reforça que o governo chinês tem trabalhado muito bem com o Brasil e outras economias emergentes. Para o economista chinês, uma mudança na cadeiacasino online netsuprimentos mundial estácasino online netcurso, gerando ganhadores e perdedores.
"Mesmo sem a guerra comercial, haverá alterações nas relações entre as economias emergentes. A chamada batalhacasino online nettarifas vai estimular esse processo e fazer com que se torne uma realidade muito mais rápido", avalia.
Benefício?
Chan acredita que a disputa com Washington vai servir para aproximar mercados emergentes, como a cooperação Sul-Sul. "Se você descobre que seus fornecedores não sãocasino online netconfiança, no sentido que as políticas deles podem mudar da noite para o dia, então, provavelmente, você vai procurar outros parceiros mais confiáveis", explica.
Mas o conflito pode durar pouco. Gustavo Oliveira, geógrafo e cientista político no Swarthmore College, na Pensilvânia (EUA), acredita que os dois países devem chegar a um acordo sobre essas questões tarifáriascasino online netmeses. "O que está acontecendo é um realinhamento, onde você tem menos exportação dos EUA para a China e mais exportações do Brasil ecasino online netoutros países para a China."
Para Marcoscasino online netPaiva Vieira, professorcasino online neteconomia da Universidadecasino online netTecnologiacasino online netCantão, o Brasil pode explorar a situaçãocasino online netforma positiva. "É um momento para se aproveitar a disputa,casino online nettodos os seus aspectos, para buscar mais negócios e investimentos. Sendo pragmático, o Brasil deve manter-se equidistante, abrindo-se para as investidas dos dois lados. Não há situação mutuamente excludente nas oportunidadescasino online netnegócios comerciais,casino online netfusões e aquisições e investimentos estrangeiros."
O especialista aponta que o lucro com o aumento da venda da soja brasileira, para compensar a diminuição do fornecimento americano, ajuda a trazer um resultado favorável na balança comercial e gera divisas.
Pior cenário
Apesar da vantagem inicial, William Jackson, economista especializadocasino online netmercados emergentes da consultoria Capital Economics, acredita que o Brasil pode ser atingidocasino online netoutras formas. "Primeiro, uma deterioração mais geral do cenário causada por preocupações comerciais poderia enfraquecer o real, aumentando a inflação. Segundo, o Brasil estaria vulnerável se os EUA começassem a impor tarifas amplas sobre alguns bens específicos, como aeronaves. Por último, se a guerra comercial fizer a economia chinesa desacelerar, isso pode fazer com que os preços das commodities que o Brasil exporta diminuam."
Para a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), a guerra comercial é uma brigacasino online netelefantes, onde a grama é destruída e todo mundo sai perdendo. Um estudo do órgão feito com 124 países mostra que no pior cenário, ocasino online netuma guerra comercial envolvendo todas os países do mundo, as tarifas médias aplicadas às exportações brasileiras poderiam passar dos atuais 5% para 32%.
O que diz o governo
O ministro brasileiro da Agricultura e um dos maiores produtorescasino online netsoja do Brasil, Blairo Maggi, dissecasino online netentrevista à agência Reuterscasino online netParis que teme que a maior demanda externa por soja nacional vá pressionar os preços locais e prejudicar a competitividade do Brasil. A dinâmica pode se reproduzir com outras commodities que o Brasil exporta para China.
Segundo Maggi, o país ganha no curto prazo, mas no médio e no longo prazo, a forte demanda da exportação pode ser um problema, já que o Brasil é um grande produtorcasino online netanimais e o setor depende da soja nacional para ração.
A soja é o principal produto agrícola que os EUA mandam para a China e corresponde a quase 10% das exportações do país. Com Pequim boicotando parte da soja americana, o agronegócio no Brasil teve lucro alto na safra passada.
No último ano, a China importou, ao todo, 97 milhõescasino online nettoneladascasino online netsoja, o equivalente a quase o total do consumo da produção brasileira, 119 milhõescasino online nettoneladas, segundo a Embrapa, e da americana, que soma 119,5 milhõescasino online nettoneladas. Os chineses são os maiores importadores do produto no mundo.
Há uma década, 38% da soja que entrava no mercado chinês vinha dos EUA e 34%, do Brasil. Hoje, 57% da soja que abastece o país asiático vemcasino online netlavouras nacionais, segundo dados da Administração Geral da Alfândega da China.
China sem EUA?
Gustavo Oliveira explica que China não pode contar com a soja brasileira para substituir a americana, já que o Brasil direciona grande parte da produção nacional (43 milhõescasino online nettoneladas) para alimentar o mercado doméstico. A exportação brasileira sofre com a instabilidade política, como demostrou a recente greve nacionalcasino online netcaminhoneiros.
Além disso, a China importa quase dois terços da produção mundialcasino online netsoja. "Brasil e EUA exportam cada um maiscasino online netum terço e todos os outros países somados são responsáveis por menoscasino online netum terço. Tirar os EUA ou o Brasil da equação basicamente significa ter que pegar toda a soja do resto do mundo e toda a soja do Brasil para atender ao mercado chinês. Todos os outros importadores, fora a China, teriam que importar exclusivamente dos EUA. Essa é uma situação que não é realística, por várias questões logísticas,casino online netmercado,casino online netcontrato", sinaliza o pesquisador.
Modelocasino online netdesenvolvimento
Para Oliveira, da Swarthmore College, pensar sobre o impacto da guerra comercialcasino online netuma análise restrita ao agronegócio é pressupor que tudo aquilo que favorece o setor é bom para o país. "Não é tão simples assim. Essa conversa tem se dado no âmbitocasino online netque o agronegócio, a siderúrgica e a mineração brasileira são o equivalente ao interesse do Brasil. Isso é equivocado", critica.
"Uma grande crise para o agronegócio brasileiro pode ser uma coisa boa para milharescasino online netfamílias sem terra, para milhõescasino online netpequenos agricultores e para diversos outros setores da sociedade brasileira que têm uma visãocasino online netdesenvolvimento distinta do agronegócio", Oliveira avaliacasino online netPequim,casino online netentrevista à BBC News Brasil.
O pesquisador alerta que o atrito entre China e EUA evidencia como o Brasil está vulnerável, sendo um grande exportadorcasino online netprodutos agrícolas e minérios. "Fica muito exposto a avanços e retrocessoscasino online netnegociações entre Pequim e Washington, onde as empresas ou o Estado brasileiro nem sequer têm peso. O Brasil está refémcasino online netum modelo neocolonial."
Sobre o fatocasino online netque a relação do Brasil com a China se resume a exportar produtoscasino online netbaixo valor e comprar produtos industrializados da China, Chan,casino online netHong Kong, defende que as companhias chinesas já estão produzindo no Brasil computadores, televisões e maquinário, como um novo desdobrando da cooperação sino-brasileira.
"Elas estão se beneficiando da Zona Francacasino online netManaus para produzir e vender não só ao mercado brasileiro, mas à América do Sul", explica.
Segundo Vieira, que alémcasino online netpesquisador é vice-diretor da Sociedadecasino online netEconomias Emergentescasino online netCantão, China, é preciso pensarcasino online netuma relação comercialcasino online netmais qualidade. "É imprescindível que o Brasil aproveite o momento deste conflito que define a nova hegemonia global para atrair mais tecnologia da China, especialmente as soluções financeiras (fintech). Como as práticas chinesas, hoje, estão anos luz à frentecasino online netqualquer outro paíscasino online nettermoscasino online netpagamentos digitais, usocasino online netblockchain e atécasino online netcriptomoedas, seria muito saudável o Brasil absorver mais rapidamente tais avanços."