Ex-policiais feridosmelhor jogo de apostas onlineserviço enfrentam depressão e sequelas após serem aposentados por invalidez:melhor jogo de apostas online

À esquerda, Rodrigo Vaz, antes; à direita, depois
Legenda da foto, O soldado Rodrigo Vaz ficou cego, perdeu o olfato e o paladar depoismelhor jogo de apostas onlinesobreviver a um tiro na têmpora dado por bandidos / Imagem: Acervo pessoal

"Como policial, eu me sentia feliz por poder combater o crime e proteger direitos e deveres da sociedade. Eu me sentia útil", lembra.

"Hoje, eu só choro. Estou vivo ainda, mas a minha vida foi desmantelada", diz. "Eu não posso ver as pessoas na rua, o rosto da minha mãe, dos meus sobrinhos. Sou fanático por cinema, mas não posso ver um filme."

'Legiãomelhor jogo de apostas onlinemutilados'

Em meio à ampla comoção gerada pelas mortesmelhor jogo de apostas onlinepoliciais no Rio - só neste ano, já foram maismelhor jogo de apostas online60 vítimas fatais - há um grande contingentemelhor jogo de apostas onlinepoliciais feridos que conseguem sobreviver e são frequentemente esquecidos pela sociedade.

Em 2017,melhor jogo de apostas onlineacordo com os cálculos da Comissão da Análise da Vitimização Policial, 163 PMs foram mortosmelhor jogo de apostas onlineserviço oumelhor jogo de apostas onlinefolga no Rio.

Já o númeromelhor jogo de apostas onlineferidos chegou a 784, o maior desde 2003. Somando os dados dos últimos cinco anos, 3.342 policiais da Polícia Militar do Estado do Riomelhor jogo de apostas onlineJaneiro (PMERJ) sofreram ferimentos - alguns tiveram lesões mais leves e puderam voltar ao serviço, enquanto outros ficaram com danos permanentes, casomelhor jogo de apostas onlineVaz.

"Você tem uma legiãomelhor jogo de apostas onlinemutilados, paraplégicos, tetraplégicos, pessoas sem uma parte da cabeça, quemelhor jogo de apostas onlinerepente se veemmelhor jogo de apostas onlinecama, dependendomelhor jogo de apostas onlinesondas, fraldas, cadeiras higiênicas", diz o coronel Fábio Cajueiro, presidente da Comissão da Análise da Vitimização Policial e à frente da Diretoriamelhor jogo de apostas onlineAssistência Social da PMERJ.

A comissão acompanha as baixas na corporação há 24 anos e diagnostica "décadasmelhor jogo de apostas onlineabandono". Em quase um quartomelhor jogo de apostas onlineséculo, foram 3.397 policiais mortos e 15.236 feridos, nos cálculos da comissão, que contabiliza todos os casosmelhor jogo de apostas onlinemortes ou ferimentos não naturais, sejammelhor jogo de apostas onlineconfrontos ou acidentesmelhor jogo de apostas onlinetrânsito.

"São pessoas no calor da juventude. Pela idade média, a maioriamelhor jogo de apostas onlinemortos e feridos na PM são pessoas que teriam ainda 20 anosmelhor jogo de apostas onlineserviço pela frente", afirma. "Imagina o custo que isso representa na folhamelhor jogo de apostas onlinepagamento do Estado no longo prazo", diz o coronel.

Nos cálculos da comissão, as baixas que a polícia sofreu nos últimos 24 anos custaram R$ 2,32 bilhões aos cofres públicos - isso sem contabilizar gastos com próteses, medicamentos, fisioterapia, injeções e internação hospitalar, entre outros.

"É um custo que o Estado e a PM estão tendo e que poderia ser evitado com investimentosmelhor jogo de apostas onlineprevenção. Em uma estrutura melhor para a polícia,melhor jogo de apostas onlineleis mais duras para coibir a impunidade. E, obviamente,melhor jogo de apostas onlineinvestimentos sociais", afirma. "Estamos empilhando corpos e mentes perturbadas. Isso é muito grave."

Armas apreendidasmelhor jogo de apostas onlinebandidos pelas Forças Armadas no Riomelhor jogo de apostas onlineJaneiro, dispostas no asfalto para serem destruídas,melhor jogo de apostas onlinejunhomelhor jogo de apostas online2018

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Armas apreendidasmelhor jogo de apostas onlinebandidos pelas Forças Armadas no Riomelhor jogo de apostas onlineJaneiro, dispostas no asfalto para serem destruídas,melhor jogo de apostas onlinejunhomelhor jogo de apostas online2018

'Em segundo plano'

Rodrigo Vaz era lotado na UPP dos morros do Adeus e da Baiana, no Complexo do Alemão. Como policial, diz, foi um "combatente". Hoje, só consegue ir sozinho da sala para o quarto e do quarto para a sala. Passou a ser quase totalmente dependentemelhor jogo de apostas onlinesua mãe, Regina Vaz, que largou o trabalho para cuidar dele.

"O Estado não se importa nem um pouco", diz Regina. "Quando me entregaram ele na saída do hospital, eu pensei que continuariam por perto me ajudando. Levou uns seis meses para cair a ficha que eu estava sozinha com elemelhor jogo de apostas onlinecasa. Ninguém ia me procurar", conta ela.

Os amigos buscam animar Vaz e fazê-lo sairmelhor jogo de apostas onlinecasa. "Mas ir para a rua me magoa mais. Fico tristemelhor jogo de apostas onlineouvir o barulho das pessoas e não poder ver", lamenta o ex-soldado. "Se eu pudesse voltar a enxergar, eu seria o homem mais feliz do mundo."

Abandono dos feridos

A situaçãomelhor jogo de apostas onlineVaz ecoa outros casos como o dele. De acordo com o policial reformado André Rios, policiais aposentados por invalidez sofrem com a escassezmelhor jogo de apostas onlinerecursos, com faltamelhor jogo de apostas onlineassistência e com entraves legais e burocráticos para ter acesso a benefícios.

"Ficamosmelhor jogo de apostas onlinesegundo plano", diz Rios, que ficou paraplégico após ser atingido por quatro tirosmelhor jogo de apostas online2003, depois que bandidos fecharam seu carro para um assalto e o identificaram como policial.

"Para cada um que morre, uns seis policiais ficam gravemente feridos. O impacto é enorme, e o gasto que a administração pública tem com isso é astronômico", diz ele, que virou um forte defensor dos direitosmelhor jogo de apostas onlinepoliciais feridos e está prestes a se formarmelhor jogo de apostas onlineDireito.

De acordo com a PMERJ, os policiais são vítimas do mesmo cenáriomelhor jogo de apostas onlineviolência que os demais cidadãos fluminenses - com o agravantemelhor jogo de apostas onlineque, quando um agentemelhor jogo de apostas onlinesegurança é identificado como tal, o criminoso busca eliminá-lo.

Em nota, a corporação afirma que uma das ações principais para reduzir os danos aos policiais é trabalhar para ampliar o policiamento ostensivomelhor jogo de apostas onlineuma maneira geral e, assim, "dar mais segurança aos cidadãos e aos policiais".

Entre as ações tomadas neste sentido, a Polícia Militar cita a aquisiçãomelhor jogo de apostas onlinenovas viaturas, o retorno do Regime Adicionalmelhor jogo de apostas onlineServiço (uma espéciemelhor jogo de apostas onlinehora extra oficial) e treinamentos específicos voltados para reduzir comportamentos que podem colocar policiaismelhor jogo de apostas onlinerisco - como, por exemplo, um curso voltado para treinar o porte veladomelhor jogo de apostas onlinearmas durante horáriosmelhor jogo de apostas onlinefolga. "Além disso, todos os policiais militaresmelhor jogo de apostas onlineunidades da Região Metropolitana estão autorizados a utilizar seus coletes balísticosmelhor jogo de apostas onlinediasmelhor jogo de apostas onlinefolga", diz a nota da PMERJ.

Fotografiamelhor jogo de apostas onlinepreto e branco do casamentomelhor jogo de apostas onlineRaphael Cabral, antesmelhor jogo de apostas onlineperder a perna - na imagem, ele aparece com a noiva
Legenda da foto, O policial Raphael Cabral teve a perna amputada ao ser atingido por uma granadamelhor jogo de apostas onlinecontronto com traficantes / Imagem: Acervo pessoal

Décimo ferido da equipemelhor jogo de apostas onlineum ano

Raphael Cabral foi contemporâneomelhor jogo de apostas onlineRodrigo Vaz no cursomelhor jogo de apostas onlineformação policial, trocando o terno e gravata que usava para vender colchõesmelhor jogo de apostas onlineuma loja pela farda azul da PM. "Eu ganhava bem, mas não ia conseguir fazer aquilo a vida inteira. Achei que na polícia eu poderia fazer diferença para a sociedade."

Assim como Vaz, Cabral acabou trabalhandomelhor jogo de apostas onlineuma UPP, a da Vila Cruzeiro. E, assim como o amigo, também saiu precocemente, após ter a perna esquerda amputada. Em janeiro do ano passado, foi atingido por uma granadamelhor jogo de apostas onlineconfronto com traficantes na favela, e só sobreviveu porquemelhor jogo de apostas onlineequipe o socorreu e estancou o sangramento com um torniquete mesmo sob intensa trocamelhor jogo de apostas onlinetiros. Sobrou "só um palmomelhor jogo de apostas onlineperna", conta ele.

"Em menosmelhor jogo de apostas onlineum ano, eu fui o décimo da equipe (de 23 pessoas) a ser ferido. Tinha tiroteio pelo menos três vezes por dia", diz Cabral, que à época tinha 28 anos. Ele completou seus seis anosmelhor jogo de apostas onlinepolícia no hospital.

"Foram 25 dias internado, cinco cirurgias, três paradas cardíacas, doze bolsasmelhor jogo de apostas onlinesangue e quatro colôniasmelhor jogo de apostas onlinebactéria", enumera.

Cabral foi pentacampeão cariocamelhor jogo de apostas onlinetaekwondo e ensinou a luta para maismelhor jogo de apostas online200 crianças na primeira UPPmelhor jogo de apostas onlineque foi lotado, no Morro do São João, na zona norte do Rio. "Naquela época, ainda tomávamos café com os moradores e dávamos aulasmelhor jogo de apostas onlineprojetos sociais", lembra ele. "O meu melhor chute era a perna esquerda". A perna foi substituída por uma prótese.

"Eu já tinha aceitado que morreriamelhor jogo de apostas onlinebreve. Sabia que mais cedo ou mais tarde uma daquelas munições ia me acertar. Por eu estar conformado, perder uma perna não foi nada para mim", diz.

Auxílio-invalidez seletivo

Cabral teve uma boa notícia nesta semana: foi, enfim, publicada no Diário Oficial do Estado do Riomelhor jogo de apostas onlineJaneiro a autorizaçãomelhor jogo de apostas onlineseu auxílio-invalidez, um pagamento mensalmelhor jogo de apostas onlineR$ 3 mil.

Ele diz que o auxílio vai lhe dar "uma vida mais digna", mas está longemelhor jogo de apostas onlinecompensar a perdamelhor jogo de apostas onlineum membro "nessa guerra que ninguém ganha", diz.

Já Rodrigo Vaz ainda não obteve o mesmo benefício e está lutando na Justiça.

O motivo é que Cabral é um casomelhor jogo de apostas onlineamputação, enquanto Vaz levou um tiro na cabeça. A lei 6.764 garante o auxílio por invalidezmelhor jogo de apostas onlinecasosmelhor jogo de apostas onlineparaplegia, tetraplegia ou amputações, mas não para outros tiposmelhor jogo de apostas onlineferimento.

"A lei é mal feita", diz o coronel Cajueiro. "Se você for feridomelhor jogo de apostas onlinecombate e perder um dos membros, ou se tornar cadeirante, recebe o auxílio. Mas se ficar com um buraco na cabeça, tiver convulsões, precisar substituir parte da calota cranial com próteses caríssimas, não recebe", critica.

Em 2014, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio adicionou um parágrafo à lei que,melhor jogo de apostas onlinetese, estende o benefício a outros casosmelhor jogo de apostas onlineinvalidez física ou mental permanente. Mas a Procuradoria-Geral do Estado questionou a constitucionalidade da mudança, que está suspensa até que tribunais superiores deliberem a respeito.

Raphael Cabral (à esquerda), com a prótese na perna esquerda, o cadeirante André Rios (ao centro) e Roberto Santa Rosa (à direita), que teve a perna direita amputada
Legenda da foto, Da esquerda para a direita: Raphael Cabral, André Rios e Roberto Santa Rosa / Imagem: Acervo pessoal

'S.O.S. Veteranos'

Diante da solidão que se impõe aos inativos por invalidez, muitos buscam apoiomelhor jogo de apostas onlineredes sociais ou gruposmelhor jogo de apostas onlineWhatsApp - como o "S.O.S. Veteranos", que tem quase 80 ex-policiais afastados permanentemente. São cegos, amputados, lesionados na cabeça, tetraplégicos e paraplégicos, diz André Rios.

"As interações são importantes porque as pessoas ficam muito sozinhas", diz. "No início, ficam totalmente perdidas. Não sabem como proceder. Estão entrandomelhor jogo de apostas onlineum mundo novo. Quem é solteiro acha que nunca mais vai arrumar mulher, quem é casado teme pelo futuro do relacionamento. Mas quando veem os outros casos, entendem que há vida após o ferimento. Veem que dá para encarar."

Rios, Cabral e Vaz não perderam o orgulho da profissão, mas mudaram, cada um àmelhor jogo de apostas onlinemaneira, seu olhar sobre a atividade policial no Rio.

"É uma guerra muito injusta. A polícia não tem subsídios, não tem material humano nem bélico para viver essa guerra. Estamosmelhor jogo de apostas onlineguerra, mas ninguém assume", diz Rios.

Vaz sente mágoamelhor jogo de apostas onlinerelação a um Estado que "não dá condições para a polícia trabalhar" e "não dá subsistência" quando policiais ficammelhor jogo de apostas onlineestado como o dele. Aos mais jovens, aconselharia não entrar para a polícia. "A sociedade é hipócrita, não merece os policiais que tem. São homens guerreiros que dãomelhor jogo de apostas onlinevida para ela. As pessoas não os reconhecem."

Já Cabral diz ter desistido do Brasil. Depoismelhor jogo de apostas onlineter a perna amputada, passou por três outras situaçõesmelhor jogo de apostas online"quase-morte" - incluindo a fugamelhor jogo de apostas onlineum arrastão na avenida Brasil, e disparos contra seu carro ao entrarmelhor jogo de apostas onlineuma favela por engano seguindo indicações do GPS. Agora, faz planosmelhor jogo de apostas onlinesair do Brasil com a família. Para ele, ficar é estar "na fila da morte".

"O meu filhomelhor jogo de apostas online4 anos repete diariamente que quer ser policial. Apesarmelhor jogo de apostas onlineeu ser apaixonado pela PM, não o incentivo. Ele pode ser policialmelhor jogo de apostas onlineoutro país", diz Cabral. "Essa sociedade não merece o trabalho do policial. Não sabe o preço que nós pagamos."