A mulher denunciada por médicacasino online uruguayplantão e processada por aborto: 'Fui interrogada enquanto sangrava':casino online uruguay

Macacasino online uruguaycorredorcasino online uruguayhospital

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Legenda da foto, Após tentar aborto caseiro, mulher se dirigiu a emergênciacasino online uruguayum hospital público

Esta reportagem integra uma sériecasino online uruguaysete matérias sobre a realidade do aborto clandestino no Brasil:

O aborto no Brasil só é permitido nos casoscasino online uruguayestupro, riscocasino online uruguayvida para a mãe e feto com anencefalia (por decisão do Supremo Tribunal Federal). A pena para uma grávida que provoca a interrupção da gravidez écasino online uruguayaté três anoscasino online uruguayprisão.

Juliana estava recém-separada e namorava um rapaz, quando descobriu que estava grávida do terceiro filho. Ela diz que não tinha condições econômicas e psicológicas para ter mais uma criança.

"Eu sabia como que era a vidacasino online uruguayter filhos, a responsabilidadecasino online uruguayter dois filhos, a responsabilidade que sempre sobra para a mãe. Fica doente, é a mãe que tem que cuidar. Não pode faltar muito tempo do serviço, senão o emprego já desconta. E eu sabia que não queria ter uma terceira criança."

Depoiscasino online uruguaytentar soluções caseiras, como chás, ela conseguiu comprar um remédio abortivo. Com medo da reação dos familiares e amigos, Juliana tomou as pílulas sozinhacasino online uruguaycasa. Não contou para ninguém.

Mas começou a sentir dores fortes como efeito do medicamento, que provoca contrações do útero a pontocasino online uruguayexpelir o feto. Assustada, decidiu buscar ajuda na emergênciacasino online uruguayum hospital público.

"O primeiro médico que me atendeu me ajudou. As medicações ainda estavamcasino online uruguaymim. Ele tirou, enrolou na luva, jogou fora. Falou que ia tratar como aborto instantâneo e que estava ali para me ajudar e não julgar", contou.

Sombracasino online uruguayuma mulher

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Legenda da foto, 'Assim como eu, eles são pré-julgados, condenados, crucificados', diz mulher sobre repressão vivida também pelos filhos após vizinhança descobrir que ela fez um aborto

Mas o plantão desse médico terminou enquanto Juliana ainda estavacasino online uruguayprocessocasino online uruguayaborto, ainda sob o efeito da medicação.

"Ele indo embora, as dores aumentaram. O processocasino online uruguayexpulsão do feto começou e aconteceu que expulsou (o feto), saiu", conta. A enfermeira que acompanhou o primeiro atendimento contou do aborto à médica que assumiu o plantão, que decidiu chamar a polícia.

Os policiais foram imediatamente ao hospital e interrogaram Juliana quando ela ainda sangrava. "Assim que eu tinha acabadocasino online uruguayter o feto, eu tive uma convulsão. Eles (policiais) entraram na sala falando que era para eu confessar, senão eu ficaria algemada, que eu iria para um presídio", relatou.

Pressionada, Juliana acabou confessando ter tomado os remédios abortivos. "Foi aonde eu fui falando e dei o nome do rapaz que me vendeu. Foi autuado o crimecasino online uruguayflagrante."

Para não ser presa, ela teve que pagar uma fiança. O homem que vendeu os medicamentos passou a ameaçá-la e a notícia do aborto se espalhou pela cidade.

"Depoiscasino online uruguaytudo isso, eu recebi ameaças do rapaz que vendeu a medicação, recebi chantagenscasino online uruguayfamiliares. Os médicos da minha cidade sabem o que aconteceu e não me tratam tão bem", conta.

Sem recursos para pagar um advogado, Juliana está sendo representada na Justiça pela Defensoria Públicacasino online uruguaySão Paulo. No mês passado, um pedido para arquivar o processo foi negado pelo Tribunalcasino online uruguayJustiçacasino online uruguaySão Paulo. A Defensoria disse que vai recorrer ao Superior Tribunalcasino online uruguayJustiça (STJ).

Comprimidos

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Legenda da foto, Com medo da reação dos familiares e amigos, Juliana tomou pílulas abortivas sozinhacasino online uruguaycasa

Mas, independentemente da decisão judicial, Juliana diz que já se sente "julgada" e "condenada" pela sociedade.

"Muita gente que me olha torto, algumas lembram do fato, me tratam mal. Eu tenho medocasino online uruguayser condenada por um crime que eu não fiz. Porque eu acho que é o meu corpo. Eu tenho direito sobre o meu corpo", afirma.

"É muita acusação e pouco amparo. A gente tenta operar e não pode (pelo SUS). A prevenção, tanto da camisinha quanto a pílula, é 99% seguro. Mas e aquele 1%? E quando acontece e você não quer?", questiona.

Centenascasino online uruguayprocessos iguais ao da Juliana

A históriacasino online uruguayJuliana não é um fato isolado. Centenascasino online uruguayprocessos contra mulheres acusadascasino online uruguayabortar tramitam na Justiçacasino online uruguaytodos os Estados.

De acordo com um levantamento feito pelo Portal Catarinas nos tribunaiscasino online uruguayjustiçacasino online uruguay2017, 18 Estados registraram 331 processos criminais pela práticacasino online uruguayautoaborto - aborto provocado pela gestante ou com o consentimento delas.

Conforme a pesquisa, São Paulo é o Estado com o maior númerocasino online uruguayprocessos por aborto provocado pela gestante - foram 250 entre 2015 a 2017, um aumentocasino online uruguay25% no período.

A defensora Ana Rita Prata, coordenadora do Núcleocasino online uruguayPromoção dos Direitos da Mulher da Defensoria Públicacasino online uruguaySão Paulo, disse à BBC Brasil que,casino online uruguay70% dos casos, essas mulheres são denunciadas por um profissionalcasino online uruguaysaúde após buscar ajuda nos hospitais.

Martelo que representa a atuação dos tribunais

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Legenda da foto, Há centenascasino online uruguayprocessos contra mulheres acusadascasino online uruguayabortarcasino online uruguaytodo o país

Quando a denúncia não é feita pelo médico ou enfermeiro que atende na emergência, quem chama a polícia é um familiar ou vizinho, segundo a defensora.

"A prática acontece, todo mundo sabe, mas aquelas mulheres que chegam ao sistemacasino online uruguayjustiça é por uma denúnciacasino online uruguayalguém dacasino online uruguayconfiança oucasino online uruguayalguém que deveria cuidar e não julgar", afirmou à BBC Brasil.

Segundo a defensora, denunciar pacientes após o atendimento viola a ética médica. Ela é autoracasino online uruguayum pedido na justiça para anular 30 ações penaiscasino online uruguaymulheres denunciadas por profissionaiscasino online uruguaysaúde. O Tribunalcasino online uruguayJustiçacasino online uruguaySão Paulo (TJ-SP) negou o pedido e a Defensoriacasino online uruguaySão Paulo disse que vai recorrer ao Superior Tribunalcasino online uruguayJustiça (STJ).

"A denúncia viola o dever éticocasino online uruguaysigilocasino online uruguayqualquer dos profissionaiscasino online uruguaysaúde. Nesses casos que encontramos, foram médicos, enfermeiros e assistentes sociais. Os conselhoscasino online uruguayclasse dessas três profissões são enfáticoscasino online uruguaydizer que é dever ético manter o sigilo, não só não revelando o fato, mas também não entregando documentos sigilosos."

Procurado pela BBC Brasil, o Conselho Federalcasino online uruguayMedicina confirmou o entendimentocasino online uruguayque,casino online uruguaycasoscasino online uruguayaborto, o sigilo é considerado necessário para garantir a saúde das pacientes.

Segundo a entidade, o Art, 66, II, da Leicasino online uruguayContravenções Penais "é claro" ao eximir os médicoscasino online uruguaycomunicar crimes caso a denúncia "exponha o cliente a procedimento criminal".

"Esse devercasino online uruguaymanutenção do sigilo decorre da necessidade do pacientecasino online uruguaypoder confiar irrestritamente no médico. Caso o paciente temesse a revelaçãocasino online uruguayseus íntimos segredos, poderia vir a ocultar fatos importantes, colocandocasino online uruguayriscocasino online uruguayprópria saúde e até mesmo vida", informou o Conselho Federalcasino online uruguayMedicina,casino online uruguayresposta encaminhada por e-mail à BBC Brasil.