Partidos brasileiros são mais do mesmo e poderiam ser reduzidos a 2, aponta pesquisab2xbet cpfOxford:b2xbet cpf
A partir da resposta dos legisladores, os pesquisadores descobriram que as 25 legendas com representação na Câmara têm posições muito semelhantes.
Seria possível dividir esses partidosb2xbet cpfdois grupos, umb2xbet cpfcentro-direita, composto pelo chamado "centrão", alémb2xbet cpfPP, PSDB e MDB, e outrob2xbet cpfcentro-esquerda, formado por partidos como PT, PC do B e PDT. O blocob2xbet cpfcentro-direita têm hoje 60% das cadeiras na Câmara dos Deputados, e ob2xbet cpfesquerda, 40%.
"No campo das ideias, pelos 20 assuntos que a gente mediu, dois partidos são suficientes e representariam razoavelmente eb2xbet cpfforma coerente a sociedade. Um seria estaria mais à esquerda e outro mais à direita", disse o professor César Zucco à BBC Brasil.
Power traça um paralelo da distribuição atualb2xbet cpfcadeiras no Congresso entre centro-direita e centro-esquerda com o cenário partidário do Brasilb2xbet cpf1979, ainda no regime militar, quando havia apenas dois partidos com representação no Congresso.
"Se você pensar, é parecido com o Brasilb2xbet cpf1979. Tinha dois partidos na época. O Arena (partido governista), com 60% das cadeiras, e o MDB (que fazia oposição ao governo militar), com 40%. Nós vemos a mesma coisa hoje: existem dois grupos, sendo que ob2xbet cpfcentro-direita tem maior representação no Legislativo", afirma.
A conclusãob2xbet cpfque duas legendas já seriam suficientes para representar as posições dos grupos políticos existentes hoje no Congresso indica que a acelerada criaçãob2xbet cpfpartidos no país não é estimulada pela demandab2xbet cpfsetores por representação, mas sim por estratégias políticas e interesses eleitorais.
"Isso confirma a ideiab2xbet cpfque, claramente, esses partidos não existem para representar ideologias e ideias que precisam ser representadas. Eles representam ideias parecidas e existem por questões estratégicas dos deputados e senadores", afirma Zucco.
"Atendem a interesses locais, porque os políticos precisamb2xbet cpflegendas diferentes para competirb2xbet cpfeleições; a interessesb2xbet cpftermosb2xbet cpffinanciamento, por causa do acesso a recursos partidários; e ao interesseb2xbet cpfacesso a recursos dentro do Congresso Nacional, como pessoal, verba, participaçãob2xbet cpfcomissões", completa o professor da FGV.
A pesquisa não defende a mudançab2xbet cpfmodelo político para um sistema bipartidário ou com menos legendas, apenas demonstra que a posição dos 25 partidos que hoje têm representação no Congresso Nacional é similar a pontob2xbet cpfser possível dividir o Legislativob2xbet cpfdois grupos.
O efeito impeachment: PT mais à esquerda e PSDB, à direita
Alémb2xbet cpfmapear a posição dos partidos quanto aos principais temas econômicos e sociais, Power e Zucco também mediram a percepção que parlamentares e senadores têm da ideologia das legendas com representação no Congresso.
Os dois pesquisadores perguntaram aos parlamentares onde eles classificariam cada partido político, numa escalab2xbet cpf1 a 10, sendo 1 "de esquerda" e 10,b2xbet cpf"direita".
A análise histórica das respostas, captadas desde 1990, demonstra que partidosb2xbet cpfcentro e centro-esquerda, quando assumem a Presidência, tendem a dar uma guinada à direita, porque precisam fazer concessões a grupos conservadores para governar. Foi o casob2xbet cpfPSDB e PT nos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Por causa da enorme fragmentação no Congresso e do excessob2xbet cpfpartidos políticos, dificilmente o presidente terá, sozinho, maioria para governar. Por isso, forma coligações com outras legendas, ainda que elas não tenham semelhança ideológica com o partido vencedor da eleição.
No governo Lula, por exemplo, o PT se aliou a partidosb2xbet cpfcentro-direita e direita, como PMDB, PTB e PP. Nos dois mandatos, o Brazilian Legislative Survey captou um "salto" forte do partido para a "direita"b2xbet cpftermosb2xbet cpfideologia.
"Se voltamos aos anos 1990, havia uma polarização no governo FHC por causa das políticas neoliberais adotadas. O PT fazia uma oposição forte a elas. Lula ganhoub2xbet cpf2002 e trouxe o PT e partidos maisb2xbet cpfesquerda para o centro", disse Power à BBC Brasil.
Desde o governo Lula, a polarização vinha diminuindo no país. Os levantamentos com parlamentares entre 2002 e 2014 mostram a construçãob2xbet cpfconsensos entre partidosb2xbet cpfquestões econômicas e sociais, como interferência moderada do Estado na economia, necessidadeb2xbet cpfresponsabilidade fiscal e adoçãob2xbet cpfprogramas sociais baseadosb2xbet cpftransferênciab2xbet cpfrenda – Bolsa Família, por exemplo.
Mas, segundo Power, o impeachmentb2xbet cpfDilma Rousseff interrompeu o ciclob2xbet cpfaproximação entre partidosb2xbet cpfesquerda e centro-direita.
"Durante o governo FHC, os partidosb2xbet cpfesquerda eram mais isolados. Nos anos 2000, eles se aliaram a partidosb2xbet cpfcentro e centro-direita para permitir a governabilidadeb2xbet cpfLula. O impeachment cortou essa aliança."
Com o rompimento dos laços com siglas como o MDB, o PT e demais partidos tradicionalmente vistos comob2xbet cpfesquerda, como PC do B e PDT, tendem a voltar às raízes, adotando posições mais "esquerdistas", como maior presença estatal na economia.
"Agora que romperam com a direita, nada os impedeb2xbet cpfadotar uma ideologiab2xbet cpfesquerda mais radical", avalia o professorb2xbet cpfOxford.
Enquanto isso, o PSDB deu um passo largo para a "direita", na percepção dos parlamentares,b2xbet cpfcomparação com o resultado dos levantamentosb2xbet cpf2014. "O PSDB vem andando para a direita desde que iniciamos o levantamento,b2xbet cpf1990. Mas agora o movimento foi bastante forte", diz Zucco.
"A percepção dos políticosb2xbet cpf'esquerdização' do PT eb2xbet cpf'direitização' do PSDB tem a ver com o impeachment", destaca.
Em que espectro estão os partidos
De acordo com a pesquisab2xbet cpfPower e Zucco, o partido hoje visto entre os parlamentares como mais "de esquerda" é o PSOL, seguido por PC do B, PT e Rede.
O levantamento também captou a ascensão do chamado Centrão, partidosb2xbet cpfmédio porte que tiveram papel chave no impeachmentb2xbet cpfDilma. Juntos, eles formam uma das maiores bancadas da Câmara e são essenciais à sobrevivência do governo Michel Temer.
Fazem parte desse grupo, visto como "de centro" pelos parlamentares, PSC, Pros, PTB e Podemos (visto na tabela acima com a sigla Pode). Classificados como centro-direita, estão MDB, PSDB, PSD e PR.
O partido visto como mais "de direita" é o Democratas, seguido por PP e PSL. O DEM é também a sigla queb2xbet cpfforma mais consistente se manteve "à direita" na percepção dos legisladores desde que o BLS começou a ser feito,b2xbet cpf1990.
Com base nas respostas diretas dos parlamentares às perguntas que medem a posição ideológica, é possível dividir o Congressob2xbet cpfdois grandes grupos, segundo o estudo: umb2xbet cpfcentro-esquerda, composto por PSOL, PC do B, PT, Rede, PDT, PSB, PPS e PV, e outrob2xbet cpfcentro-direita, com os demais partidos.
O que esses achados dizem sobre o cenário pós-2018?
Em resumo, o Brazilian Legislative Survey captou um Congresso Nacional polarizado. E, embora existam 25 partidos com deputados eleitos, o legislativo poderia ter apenas dois se levadab2xbet cpfconta a semelhança entre elesb2xbet cpfquestões ideológicas.
Embora haja movimentos na sociedade por uma renovação na política, os pesquisadores avaliam que a fotografia atual do Congresso tende a ser reeditada após a eleiçãob2xbet cpfoutubro. Com a restrição ao financiamento empresarialb2xbet cpfcampanha, candidatos dependerão do Fundo Partidário. E quem recebe mais dinheiro são os partidos tradicionais, que elegeram mais deputadosb2xbet cpf2014.
O presidente que se eleger precisará, segundo Zucco e Power, captar o apoiob2xbet cpfparte do blocob2xbet cpf"centro-direita" – que tem 60% das cadeiras –, principalmente dos partidos que hoje integram o chamado Centrão.
"Vai ter menos renovação do que o espírito das ruas sugeririam. Quem tem acesso ao dinheiro são os políticos que já estão no poder. O próximo presidente vai ter que fazer mais do mesmo. O grupo majoritário (Centrão) é o que dá apoio ao Temer e ele vai ter que ser cooptado pelo próximo governo. Não dá para esperar muita diferença", diz Zucco.
"O presidente que se eleger vai ter minoria no Congresso (por causa do grande númerob2xbet cpfpartidos que devem eleger deputados), dificilmente terá 12% das cadeiras. Para governar, ele vai ter que formar alianças com, pelo menos, seis ou sete partidos", completa Power.