O surpreendente pesobet365 deduas variáveis externas sobre o seu voto:bet365 de

ilustração eleitores

Crédito, smartboy10

Legenda da foto, Segundo pesquisa, o eleitor premia com reeleição os presidentes que têm a 'sorte'bet365 degovernarbet365 deperíodosbet365 de'bonança econômica' promovida pela queda na taxabet365 dejuros norte-americanos e pelo boom das commodities

Usando análises estatísticas, os dois pesquisadores verificaram o impacto desse índice nos resultados eleitorais e nas pesquisasbet365 depopularidade dos últimos 30 anosbet365 de18 países da América Latina, separadosbet365 dedois grupos - um com as naçõesbet365 deeconomia dependente da exportaçãobet365 deprodutos primários e o outro menos dependente disso.

A pesquisa revelou que nos países onde a exportaçãobet365 deprodutos primários e investimentos estrangeiros têm peso grande na economia - quase toda a América do Sul - tanto a popularidade dos presidentes quanto as perspectivasbet365 dereeleição se mostraram bem maisbet365 desintonia com esses dois fatores externos do que com a percepção da qualidade da gestão dos governantes.

No outro grupo, formado por países como o México e nações caribenhas, que não são grandes exportadoresbet365 decommodities, o impacto das duas variáveis externas foi baixo.

A lógica identificada pela pesquisa é abet365 deque o eleitor votabet365 deacordo com a situação da economia. Ebet365 depaíses dependentes da exportaçãobet365 deprodutos não industrializados ebet365 deinvestimentos estrangeiros, o cenário econômico varia conforme os preços das commodities e das taxasbet365 dejuros dos EUA.

Ou seja,bet365 deacordo com a pesquisa, o eleitor premia com reeleição os presidentes que têm a "sorte"bet365 degovernarbet365 deperíodos de"bonança econômica" promovida pela queda na taxabet365 dejuros norte-americanose pelo boom das commodities, e pune os governantes que cumprem o mandatobet365 deperíodo com indicadores externos menos favoráveis.

Variação do Índicebet365 deBons Tempos Econômicos
Legenda da foto, Índicebet365 deBons Tempos Econômicos capta variaçãobet365 dejuros dos EUA e preçobet365 decommodities. Quanto mais alto, maiores as chancesbet365 deum presidente ser reeleito e ter mais popularidade. Impacto chega a serbet365 de50% para reeleição ebet365 demaisbet365 de60% para popularidade.

Fatores ligados à qualidade da gestão dos presidentes, como políticas sociais e ausência ou presençabet365 deescândalosbet365 decorrupção, até podem influenciar popularidade e resultado eleitoral, mas o impacto deles é bem menor que o dos fatores econômicos externos.

Pelos cálculosbet365 deCampello e Zucco, preçosbet365 decommodities e juros, quando favoráveis, aumentambet365 decercabet365 de50% a chancebet365 deum presidente ser reeleito.

Na décadabet365 depior resultado do Índicebet365 deBons Tempos Econômicos, nos anos 1980, o percentualbet365 dereeleiçõesbet365 depresidentes ou eleiçõesbet365 desucessores escolhidos por eles foibet365 deapenas 22% na América do Sul.

Nas primeiras duas décadas dos anos 2000, quando a América Latina se beneficiou com altos preços das commodities e baixas taxasbet365 dejuros nos Estados Unidos, o sucesso eleitoral dos presidentes subiu para 60%.

"A chancebet365 dereeleição ou eleiçãobet365 deseu sucessor no período que o índice está muito alto é significativamente mais alto que quando o índice está ruim. De um cenário negativo, com taxabet365 dejuros altos e commodities baixas a um cenário positivo,bet365 dejuros baixos e commodities com preços altos, essa variação vai gerar uma probabilidadebet365 dereeleição quase 50% mais alta", disse Campellobet365 deentrevista à BBC Brasil.

O resultado é ainda mais expressivo quando se analisa a aprovação popular dos governantes. Juros e preçobet365 decommodities determinam, segundo a pesquisabet365 deCampello e Zucco, até dois terços - 66,6% - da variaçãobet365 depopularidade dos presidentes.

"A margembet365 deque o esforço do candidato gera vitória eleitoral é baixíssima na América Latina", destaca Campello.

"Olhar para a economia diz muito pouco sobre a competência dos líderes. A economia pode estar indo bem ou mal e isso não tem nada a ver com competência, tem a ver com fatores exógenos. E se você está votando conforme a economia, você não está votando pelo cara mais competente, está votando no cara certo na hora certa", afirma Zucco.

bet365 de Presidentes que tiveram sorte...a azar

Levandobet365 deconsideração os resultados da pesquisa dos dois professores da FGV, é possível identificar os presidentes brasileiros que tiveram mais "sorte" ou "azar" quando governaram.

Zucco e Campello explicam que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) assumiu a presidênciabet365 deum período relativamente bombet365 deÍndicebet365 deBons Tempos econômicos no primeiro mandato (1995-1998), por causa da queda dos juros norte-americanos, que gerou injeçãobet365 deinvestimentos externos a países da América Latina.

Mas, no segundo mandato, o cenário externo se deteriorou com a queda no preçobet365 deprodutos primários decorrentebet365 decrises internacionais (crises Russa e Asiática) que contagiaram o contexto econômico do Brasil. FHC deixou o governobet365 de2002 com 24,4%bet365 depopularidade e não conseguiu eleger o candidato do seu partido, José Serra.

Campello e Zucco afirmam que o presidente com mais "sorte"bet365 derelação aos indicadores externos foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que governou durante períodobet365 dealta acentuada do Índicebet365 deBons Tempos Econômicos. De 2003 a 2011, o preço dos produtos primários cresceu muito, impulsionado por importações da China, e os juros norte-americanos permaneceram baixos.

Variaçãobet365 depopularidade dos presidentes
Legenda da foto, Pesquisa diz que popularidade dos presidentes da América do Sul é determinada por dois fatores externos: preço das commodities e juros dos EUA. Lula foi presidente brasileiro com mais "sorte".

Lula deixou o governo com 83%bet365 depopularidade e conseguiu elegerbet365 desucessora, Dilma Rousseff (PT). Campello e Zucco calculam que, se FHC tivesse governado no segundo mandato com as mesmas condições externas que Lula (mesmo Índicebet365 deBons Tempos Econômicos),bet365 depopularidade ao deixar o Planalto seriabet365 de45.9%,bet365 devezbet365 de24.4%.

Já Lula, se tivesse o mesmo Índicebet365 deBons Tempos Econômicos do segundo mandatobet365 deFHC, deixaria o governo,bet365 deacordo com os dois pesquisadores, com 34%bet365 deaprovação popular.

Não foi só no Brasil que os bons tempos econômicos garantiram reeleição. A maioria dos governantes da América do Sul neste período, como Hugo Chávez (Venezuela), Néstor Kichner e Cristina Kirchner (Argentina), e Evo Morales (Bolívia) conseguiu se reeleger e emplacar sucessores.

Dilma Rousseff, porbet365 devez, assumiubet365 de2011, no pico do Índicebet365 deBons Tempos Econômicos, quando o preçobet365 dealimentos no mercado internacional estava bem elevado e a taxabet365 dejuros dos EUA, baixa. Mas o cenário se deteriorou rapidamente a partir daí, com queda acentuada do índice.

Ela conseguiu se reeleger com o índicebet365 dequeda porém sem grandes repercussões - ainda - sobre indicadores econômicos nacionais, como desemprego e inflação. A popularidade dela despencou no segundo mandato, até o impeachmentbet365 deagostobet365 de2016.

"Dilma pegou uma fase difícil do Índicebet365 deBons Tempos Econômicos. O preço das commodities estava mais alto que na época do FHC, mas a queda foi muito acentuada", explica Zucco.

bet365 de Qual o impacto disso tudo?

Os resultados da pesquisa preocupam, porque, segundo seus autores, indicam que há poucos incentivos para que um político da América do Sul invista na qualidadebet365 desua gestão.

"Um presidente que sabe que vai ser eleito independentemente do que faça, tem muito pouco incentivo para desempenhar atividadesbet365 deprol do eleitor. Incentivo ele tem para distribuir dinheiro para o próprio partido, gastar demais, ou até desviar", diz Campello.

"E do outro extremo isso também acontece. Se o presidente sabe que a eleição está perdida, ele tem incentivos para usar seus recursos para construir suas bases, garantir benefícios futuros ou para corrupção", completa a professora da FGV. "A margem que o esforço do candidato gerabet365 determosbet365 deresultados eleitorais é muito estreita."

Segundo os dois professores, o ideal seria que presidentes economizassem recursos obtidosbet365 deépocas econômicas favoráveis para aplicá-losbet365 deperíodosbet365 decrise, evitando, assim, que as dificuldades econômicas geradas por fatores externos afetem duramente a população.

Mas o incentivo para fazer isso é pequeno. O que acaba ocorrendo é que os políticos gastambet365 deperíodobet365 debonança e são forçados a conter gastosbet365 deépocabet365 dedificuldades econômicas.

Campello e Zucco defendem a adoção, pelos países sul-americanos,bet365 depolíticas anticíclicas que obriguem governos a economizarbet365 deperíodobet365 decrescimento econômico e gastar essa reservabet365 deépocasbet365 decrise.

"A maneira seria impedir que a sensaçãobet365 debem estar da população fosse determinado por fatores exógenos. Uma formabet365 defazer isso é usar politicas anticíclicas para impedir que um senador e prefeito possa gastar todo o dinheiro do períodobet365 decrescimento", diz Campello.

"Se a gente tem orçamento razoavelmente fixo e a população conseguir perceber que a vida dele piorou mais num governo que no outro, a competência vai começar a impactar mais as eleições."

Outra medida para minimizar o peso da "sorte" na eleição presidencial seria melhorar o acesso à informação e a qualidade da educação nos países latino-americanos, para que os eleitores consigam identificar resultados econômicos alheios à gestão do presidentebet365 demedidas que resultaram diretamente da gestão.