Para debater no Dia do Índio: 'Usoplanilha gestão de banca apostas esportivascocar no carnaval é troca, não discriminação', diz líder indígena:planilha gestão de banca apostas esportivas
"Quando um branco vai para a nossa tribo, ele usa cocar e adereços e a gente não acha nadaplanilha gestão de banca apostas esportivasruim. E quando a gente vai para a cidade a gente usa roupa, óculos, tênisplanilha gestão de banca apostas esportivasmarca", completa, afirmando que racismo é "quando branco chama o índioplanilha gestão de banca apostas esportivasbicho e incapaz" e "tira o índio daplanilha gestão de banca apostas esportivasterra".
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Em entrevista à BBC Brasil, a jovemplanilha gestão de banca apostas esportivas27 anos disse que conversou com outros membros da aldeia antesplanilha gestão de banca apostas esportivasfazer o vídeo.
"Eu consultei minha família e outras lideranças indígenas da tribo, principalmente da tribo Kalapalo. Depois disso, a gente decidiu gravar o vídeoplanilha gestão de banca apostas esportivasgrupo. Só eu apareço, mas tomamos a decisão juntos", contou.
A opinião contrasta com aplanilha gestão de banca apostas esportivasoutra ativista dos direitos dos indígenas. Em vídeo divulgado no YouTube, Katú Mirim,planilha gestão de banca apostas esportivas31 anos, argumenta que o usoplanilha gestão de banca apostas esportivascocares e pinturas corporais no carnaval "ajuda a perpetuar o estereótipo e a hipersexualização da mulher indígena."
Katú foi adotada quando criança por um casalplanilha gestão de banca apostas esportivasSão Paulo e batizada como Kátia Rodrigues, mas resgatou as origens indígenas depoisplanilha gestão de banca apostas esportivasadulta e adotou o nome Katú Mirim,planilha gestão de banca apostas esportivascerimônia na aldeia Guarani Mbya, no Jaraguá,planilha gestão de banca apostas esportivasSão Paulo.
"O que é fantasia? Criação imaginação, ficção, algo que não existe. Pessoas, culturas, não são fantasias, porque elas existem. Usar a fantasiaplanilha gestão de banca apostas esportivasíndio é uma faltaplanilha gestão de banca apostas esportivasrespeito, não é uma homenagem. Vocês estão ajudando a invisibilizar uma luta, a alimentar estereótipos, a violência, e o estupro", afirma ela no vídeo.
A partir daí a campanha com a hashtag "ÍndioNãoéFantasia" ganhou as redes sociais. Um vídeo postado pelo site Catraca Livre criticou, além do usoplanilha gestão de banca apostas esportivasadereços indígenas, fantasiasplanilha gestão de banca apostas esportivascigano, Iemanjá e árabe por serem consideradas preconceituosas.
planilha gestão de banca apostas esportivas A visãoplanilha gestão de banca apostas esportivasYsani planilha gestão de banca apostas esportivas : planilha gestão de banca apostas esportivas trocas culturais e celebração
Ysani Kalapalo critica a campanha pela proibição categóricaplanilha gestão de banca apostas esportivasfantasiaplanilha gestão de banca apostas esportivasíndio, porque, para ela, isso soa como se fosse a opinião dos indígenas como um todo. E destaca que não existe apenas "uma população indígena", mas sim 305 etnias diferentes no Brasil.
Ela compara o usoplanilha gestão de banca apostas esportivasfantasias no carnaval ao usoplanilha gestão de banca apostas esportivasadereçosplanilha gestão de banca apostas esportivasoutros povos que os Kalapalos adotam numa cerimônia chamada Hagaka.
"A gente vive essa trocaplanilha gestão de banca apostas esportivascultura. A Hagaka é um momentoplanilha gestão de banca apostas esportivasque a gente se fantasiaplanilha gestão de banca apostas esportivasvárias culturas,planilha gestão de banca apostas esportivasbichos eplanilha gestão de banca apostas esportivasnão indígenas também. É parecido com o carnaval. Se você for analisar na história da humanidade, o que a gente mais faz é troca. Trocaplanilha gestão de banca apostas esportivasobjeto,planilha gestão de banca apostas esportivasconhecimento,planilha gestão de banca apostas esportivascultura, entre pessoas e nações. "
Ysani descreveu ainda outra cerimônia realizada entre tribos no Xingu que também envolve o que chamaplanilha gestão de banca apostas esportivas"troca cultural". "O Uluki é uma cerimôniaplanilha gestão de banca apostas esportivasque fazemos trocas com outras tribos,planilha gestão de banca apostas esportivasbens eplanilha gestão de banca apostas esportivasconhecimentos. Isso faz parte."
"Nós não achamos nada demais no uso dos cocares no carnaval. Primeiro eu acho engraçado quando vejo, e legal ao mesmo tempo. As pessoas que discriminam o índio não vão usar cocar. Se está usando, é porque gosta e admira. Eu enxergaria dessa maneira."
Ysani admite, porém, que o tema é controverso. Desde que publicou o vídeo, recebeu feedbacks positivos, mas também muitas críticas.
"Você faz ideia ou tem visto a chuvaplanilha gestão de banca apostas esportivashorrores e deboches e racismo contra nós indígenas!?!", questionou uma pessoa na página dela no Facebook. Alguns foram mais agressivos: "Vergonha, você é uma vergonha! Parabéns, Ysani, agora você já pode ir fazer papelplanilha gestão de banca apostas esportivasíndio na próxima novela, elas amam isso", disse outro usário da rede social.
"Os feedbacks negativos são mais vindosplanilha gestão de banca apostas esportivasindígenas que não têm muita familiaridade com a aldeia, que não cresceram dentro da aldeia. Que não convivem com a tribo. Eles se doem com isso. Dos indígenas tribais, só tenho recebido agradecimentos", afirmou Ysani.
Ela também rebateu as críticasplanilha gestão de banca apostas esportivasque a representação dos indígenas no Carnaval é estereotipada. "Não vejo dessa forma. Cada um idealiza o indígenaplanilha gestão de banca apostas esportivasum jeito. Até porque somos diferentes mesmo um do outro, nas culturas tribais."
Ysani disse que gostaplanilha gestão de banca apostas esportivascarnaval e conta que já desfilou na Sapucaí. "No ano passado, a Imperatriz Leopoldinense homenageou os povos indígenas do Xingu. Fui uma das homenageadas e desfilei. Foi muito legal. E também acho bonitos os blocosplanilha gestão de banca apostas esportivasrua."
Conhecimento para defender direitos indígenas
Ysani vive entre a cidade e a tribo. Ela concluiu o ensino médio e fez cursos técnicos na áreaplanilha gestão de banca apostas esportivastecnologia da informação. Atualmente, trabalhaplanilha gestão de banca apostas esportivasprojetos ligados a mídias digitais - está criando uma rede social chamada Uitigu- e dá palestras sobre direitos indígenas.
"Ao contrário do que muita gente pensa, que o índio vive na mamata do governo, a gente tem que trabalhar e muito quando vive na cidade."
Em 2008, ela criou uma campanha nas redes sociais com o lema "orgulho indígena", voltada a elevar a autoestima das populações indígenas.
Ysani saiu pela primeira vez da tribo Kalapalo, no Parque Indígena do Xingu, aos 12 anos, com os pais e os irmãos. Na época, não falava uma palavraplanilha gestão de banca apostas esportivasportuguês. A família foi morarplanilha gestão de banca apostas esportivasSão Carlos, no interiorplanilha gestão de banca apostas esportivasSão Paulo.
O objetivo era entender a "cultura dos brancos", para melhor defender os interesses dos índios das aldeias. E também levar conhecimento indígena para os povos da cidade.
"Os Kalapalo não tinham contato com a cultura não indígena. E meus pais tomaram uma decisão difícil,planilha gestão de banca apostas esportivastrazer os filhos para conhecer outra realidade. Eles achavam que se pudéssemos conhecer a cultura dos brancos, poderíamos nos defender melhor", diz.
"Precisamosplanilha gestão de banca apostas esportivasindígenas para falar sobre coisas como essa para não indígena. Os antropólogos continuariam falandoplanilha gestão de banca apostas esportivasnome dos índios, se não fossemos para as cidades."
Ysani conta que, quando começou a ir à escola, virou "atração" entre as outras crianças.
"Fui mais ou menos bem recebida. Mas nem por isso vou me vitimizar. Foi um momentoplanilha gestão de banca apostas esportivasaprendizagem. Perguntavam muito da cultura e eu praticamente não falava nadaplanilha gestão de banca apostas esportivasportuguês. Depois, na adolescência, eu pude explicar coisas", disse.
"Português é uma linguagem complicada. Mas hojeplanilha gestão de banca apostas esportivasdia, depois que a gente aprendeu a trabalharplanilha gestão de banca apostas esportivasportuguês, eu dou palestras, eu levo isso como uma motivação."
Problemas indígenas
Ysani disse que gostaria que problemas como demarcaçãoplanilha gestão de banca apostas esportivasterras, faltaplanilha gestão de banca apostas esportivasacesso à saúde nas tribos e apropriação da cultura indígena por igrejas recebessem a mesma visibilidade dada à polêmica sobre fantasias no Carnaval.
"Tem tanta coisa séria rolando. A saúde indígena está cada vez mais precária. Não tem mais verba. Temos problemaplanilha gestão de banca apostas esportivasviolência e entradaplanilha gestão de banca apostas esportivasdrogas nas aldeias. E tem muito indígena deixandoplanilha gestão de banca apostas esportivasfalar a língua nativa, porque as igrejas falam que é cultura do capeta", afirmou.
Apesar dos problemas, ela diz que a cultura Kalapalo está sendo mantida. E celebra a trocaplanilha gestão de banca apostas esportivasexperiências entre indígenas e pessoas das cidades que desejam conhecer mais sobre a cultura deles.
"Na tribo da minha família templanilha gestão de banca apostas esportivastornoplanilha gestão de banca apostas esportivas80 pessoas. No momento, eles estãoplanilha gestão de banca apostas esportivasfesta. Comemorando, celebrando, recebendo visitantesplanilha gestão de banca apostas esportivasvários lugares. A minha aldeia recebe pessoas que querem passar um tempo lá. A gente faz trocaplanilha gestão de banca apostas esportivascultura, ensina e aprende."