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Como a Bahia virou uma potência do marketing político:bilhete betano
Desde aquela eleição, marqueteiros baianos chefiaram todas as campanhas vitoriosas para presidente da República no Brasil e várias no exterior. O êxito da dupla Walter-Barrosbilhete betano1994 seria repetido nos anos seguintes por Nizan Guanaes, Duda Mendonça e João Santana.
Às vésperas da próxima eleição, porém, a primazia do grupo está ameaçada por escândalosbilhete betanocorrupção, que envolveram alguns dos seus principais expoentes e os afastaram da política.
Revolução tecnológica
Fernando Barros diz que a campanhabilhete betanoACM alçou o marketing político brasileiro a um novo patamarbilhete betanoqualidade técnica.
"Usamos as tecnologias mais avançadas e trouxemos os melhores profissionaisbilhete betanocada área: diretoresbilhete betanoTV, fotógrafos, técnicosbilhete betanoáudio,bilhete betanomaquiagem,bilhete betanofigurino. Foi uma grande novidade", lembra Barros, presidente da agência Propeg.
Em parceria com Geraldo Walter e com o também baiano Nizan Guanaes, Barros replicou a estratégia na campanhabilhete betanoFHC - eleitobilhete betanoprimeiro turno, embalado pelo sucesso do Plano Real.
Walter morreubilhete betanocâncer aos 41 anos, a seis meses antes do pleito presidencialbilhete betano1998. A direção da campanhabilhete betanoFHC à reeleição ficou com Nizan, que voltaria a assessorar políticos tucanosbilhete betanoeleições seguintes.
Afastadobilhete betanodisputas eleitorais há maisbilhete betanouma década, o baiano se tornou um dos principais nomes da publicidade brasileira. Um assistentebilhete betanoNizan afirmou que ele estava viajando e não poderia dar entrevista.
Primeiro marqueteiro baiano
Fernando Barros atribuiu o sucessobilhete betanobaianos no marketing político a fatores históricos. Ele afirma que, desde que Salvador foi capital do Brasil, entre 1549 e 1763, tornou-se terreno fértil para profissionais das letras, como jornalistas, publicitários e escritores.
Para o publicitário, o primeiro marqueteiro político do Brasil foi o poeta soteropolitano Gregóriobilhete betanoMatos (1636-1696). "Ele na prática fazia campanhas, porque atacava governos, era remunerado, era advogado. Viveu das palavras, da maneira eloquente com que colocava suas ideias."
Apelidadobilhete betanoBoca do Inferno e Bocabilhete betanoBrasa por suas críticas ácidas, Matos foi deportado pela Coroa portuguesa para Angola e voltou ao Brasil pouco antesbilhete betanomorrer, aos 59 anos.
Barros diz ainda que, como a Bahia nunca teve um setor industrial forte, as agênciasbilhete betanopublicidade do Estado tiverambilhete betanose aproximar do governo ebilhete betanopolíticos para sobreviver.
Autorbilhete betano18 livros sobre marketing eleitoral, o paulista Carlos Manhanelli diz que as agênciasbilhete betanoSão Paulo, eixo do mercado publicitário brasileiro, nunca se destacaram como as baianas nesse meio por um cálculobilhete betanocusto-benefício.
"Campanhas envolvem ideologia, e os clientes têm ideologia, então, as agências perdem clientes quando entrambilhete betanocampanha."
Para o cientista político pernambucano Antônio Lavareda, publicitários baianos devem partebilhete betanoseu sucesso ao caldo culturalbilhete betanoque se criaram, o mesmo que deu origem a ícones da cultura popular brasileira, como Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Gal Costa.
"É natural que a Bahia, que tem referências culturais muito associadas a raízes populares e à música, tenha gerado profissionais com pendor para uma comunicação bastante emocional, que é a que tem dado mais certo na política."
Publicidade versus jornalismo
Consultorbilhete betanocomunicação e conselheiro do presidente Michel Temer, o potiguar Gaudêncio Torquato diz que a ascenção dos marqueteiros baianos mudou a formabilhete betanofazer campanha política no Brasil.
Segundo ele, as campanhas no país sempre se equilibraram entre a visão jornalística, baseada na difusãobilhete betanoinformações, e a visão publicitária,bilhete betanoconteúdo mais emotivo, "até que os baianos chegaram e impuseram a visão publicitária".
Para Torquato, o publicitário Duda Mendonça, que,bilhete betano2002, chefiou a primeira campanha vitoriosabilhete betanoLuiz Inácio Lula da Silva à Presidência, levou a estratégia às últimas consequências e criou uma "grife".
No livro Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais,bilhete betanoAntônio Lavareda, Duda conta quebilhete betanotarefa na eleiçãobilhete betano2002 era apresentar ao Brasil "não o Lula das greves, dos sindicatos, mas um Lula humano, tranquilo, que tinha família, filhos e netos".
A imagem do "Sapo Barbudo", apelido irônico cunhadobilhete betano1989 por Leonel Brizola, deu lugar ao "Lulinha paz e amor", e o petista venceu o pleito.
Duda se destacara na política nacional ao conduzir Paulo Maluf, hoje preso na penitenciária da Papuda (DF), à prefeiturabilhete betanoSão Paulo,bilhete betano1992. A célebre peçabilhete betanoque as obras do político eram listadasbilhete betanomeio ao slogan "Foi Maluf que fez" acabou replicada pelo baiano sete anos depois na campanha presidencial argentina.
Com o slogan "Menem lo hizo", Duda tentava eleger o candidato apoiado pelo então presidente Carlos Menem, Eduardo Duhalde. Lá, a tática não funcionou.
Uma assistente do publicitário disse que ele estava inacessível e não poderia ser entrevistado.
'McDonaldização'
Para Gaudêncio Torquato, Duda "é o grande responsável pela 'McDonaldização' do marketing político brasileiro: a aplicaçãobilhete betanoum mesmo modelobilhete betanovárias campanhas".
Citado no escândalo do mensalãobilhete betano2005 (e absolvido sete anos depois pelo Supremo Tribunal Federal), Duda se afastou da política e passou o bastão a seu ex-sócio João Santana, que assessorou Lula na reeleição e chefiou as duas campanhasbilhete betanoDilma Rousseff.
Nascidobilhete betanoTucano, no sertão baiano, Santana deu novo impulso à internacionalização do marketing político brasileiro. Em 2009, chefiou a campanha vitoriosabilhete betanoMauricio Funes,bilhete betanoEl Salvador;bilhete betano2012, asbilhete betanoHugo Chávez, na Venezuela,bilhete betanoDanilo Medina, na República Dominicana, ebilhete betanoJosé Eduardo dos Santos,bilhete betanoAngola; e,bilhete betano2013, voltou à Venezuela para eleger Nicolás Maduro. Em 2014, sofreu o primeiro revés ao assessorar José Domingo Arias, no Panamá.
A projeçãobilhete betanoSantana no exterior ocorreu paralelamente à expansão internacionalbilhete betanoempreiteiras brasileiras, entre as quais as baianas Odebrecht e OAS. Em 2016, num desdobramento da operação Lava Jato, o marqueteiro ebilhete betanomulher, a publicitária Mônica Moura, foram presos enquanto eram investigados pelo recebimentobilhete betanorecursos no exterior.
Em acordobilhete betanodelação premiada com o Ministério Público Federal, o casal disse que os pagamentos foram feitos pela Odebrecht e estavam relacionados aos trabalhos da duplabilhete betanoAngola, na Venezuela e no Panamá. Ambos afirmaram ainda que Lula lhes pediu que realizassem as campanhas nesses países.
Advogados do ex-presidente dizem que delações não são provas e que quem acusa o petista busca benefícios judiciais. A Odebrecht diz colaborar com as investigações.
Em 2017, Santana e Moura foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro a oito anosbilhete betanoprisão por lavagembilhete betanodinheiro, acusação que contestam. Eles aguardambilhete betanoliberdade o julgamentobilhete betanoseu recursobilhete betanosegunda instância. Santana não respondeu a um pedidobilhete betanoentrevista da BBC Brasil.
Nova era?
Depois da Lava Jato, publicitários da Bahia continuarão dominando o marketing político brasileiro? Com a saídabilhete betanocena dos figurões, outros profissionais do Estado vêm ocupando espaços.
Chefe das campanhas exitosasbilhete betanoJacques Wagner e Rui Costa ao governo da Bahia, o publicitário Sidônio Palmeira assumiubilhete betano2017 a conta do PT nacional e é cotado para dirigir a próxima campanha do candidato da sigla à Presidência.
Mauricio Carvalho, que assessorou o petista Alexandre Padilha na última disputa para governadorbilhete betanoSão Paulo, é outro que negocia um postobilhete betanodestaque neste ano.
Mas há quem avalie que a primazia baiana chegou ao fim. Para Gaudêncio Torquato, os eleitores brasileiros amadureceram e passaram a desconfiarbilhete betanocampanhas políticas com forte tom emocional, marca dos publicitários baianos nas últimas décadas. "O voto está subindo do coração para a cabeça."
Para Lavareda, as principais contas da eleição ficarão com personagens que vinham atuandobilhete betanosegundo plano, entre os quais o argentino Guillermo Raffo, que participou da campanhabilhete betanoAécio Nevesbilhete betano2014, e o gaúcho Marcos Martinelli, chefe da campanhabilhete betanoAmazonino Mendes ao governo amazonense,bilhete betano2017.
Outros avaliam que marqueteiros baianos continuarão a se destacar. Fernando Barros, da Propeg, afirma que a proibiçãobilhete betanodoações empresariais no pleitobilhete betano2018 fará com que publicitários tenhambilhete betanoser mais criativos.
Ele diz que a Bahia ainda é a maior escola do marketing político brasileiro e seguirá exportando quadros para as grandes disputas nacionais. "Até hoje você não forma uma equipebilhete betanomarketing político no país sem ter um baiano no meio."
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