A vítimabet winfebre amarela que foi diagnosticada com sinusite, infecção urinária e enxaqueca:bet win

Anderson, a mulher Maria e seus dois filhos
Legenda da foto, Técnicobet winrefrigeração que morreu com febre amarela dizia que doença só afetaria macacos | Foto: Arquivo pessoal

A família organizou uma festabet winAno-novobet wincasa, mas já no primeiro dia do ano, Santos se sentiu mal. Doresbet wincabeça, no corpo e febre o levaram ao Hospital Municipal Nossa Senhora do Desterro, no centrobet winMairiporã. Em uma consulta rápida, foi diagnosticado com sinusite.

Anderson Santos
Legenda da foto, Anderson Santos morreu quatro dias após ser internadobet winhospital na Grande São Paulo | Foto: Arquivo pessoal

Segundobet winmulher, Santos discordou do médico. "Meu nariz não está escorrendo e eu não estou espirrando. Acho que o médico é louco", teria dito. Voltou para casa com uma receitabet winanti-inflamatório e descongestionante nasal.

Nos dias 2 e 3, Santos voltou ao mesmo hospital. Ele piorara: as dores estavam mais fortes e agora se concentravam nas articulações e o técnico passara a ter vômitos e incômodo para urinar. Santos também apresentava visão turva, além da sensaçãobet winter areia nos olhos. O novo diagnóstico foibet wininfecção urinária.

"Bateu um desespero. A dor nos ossos dos dedos dele era tão insuportável que não podia nem encostar. Como aquilo poderia ser só infecção urinária?", contou a mulherbet winSantosbet winentrevista à BBC Brasil. Ainda assim, Santos foi mandado para casa.

No dia 4, ele deu entrada mais uma vez no hospital e, dessa vez, ouviu que sofriabet winenxaqueca. Apenas na madrugada do dia 5, com sintomas avançados, os médicos o diagnosticaram com febre amarela e, horas mais tarde, o transferiram para um hospital estadual no município vizinho, Franco da Rocha, onde ele foi internado.

Anderson Santos durante atendimento
Legenda da foto, Paciente com febre amarela chegou a ser diagnosticado com sinusite, hepatite, infecção urinária e dengue | Foto: Arquivo pessoal

A partir daí, a doença se agravou rapidamente. Santos teve rins e fígado comprometidos. Passou a fazer hemodiálise e a ter problemas no sistema neurológico. Não sabia mais onde estava, apresentava pensamento confuso e não mexia mais os olhos. Respondia às perguntas apenas por meiobet winmovimentos com o braço.

No terceiro diabet wininternação, um examebet winsangue confirmou que o paciente estava com febre amarela. Já era tarde demais. Santos passou a ter hemorragia pelos ouvidos, boca e nariz. Entroubet wincoma na noite do dia 8 e morreu às 9h15 do dia 9.

Nesta terça-feira, sete dias depois da morte, a mulherbet winSantos conversava com a reportagem da BBC Brasil na oficina do marido, onde trabalhava como atendente. Ela está esvaziando o local porque o único funcionário era Santos.

"Essa oficina era o sonho dele, mas eu não tenho condiçõesbet wincontinuar sozinha. Eu vou fechar e pedir ajuda para conseguir um serviço".

Em entrevista à GloboNews, o coordenadorbet winControlebet winDoenças da Secretariabet winSaúdebet winSão Paulo, o infectologista Marcos Boulos, disse que uma possível explicação para o alto númerobet winmortesbet win2018 está justamente na demora para fazer o diagnósticobet winfebre amarela.

"O quadro clínico é muito parecido com outras doenças, como dengue. É necessário fazer examesbet winfígado para identificar alterações repentinas e encaminhar o paciente para um hospital especializado o mais rápido possível", afirmou o infectologista.

Procurada, a assessoriabet winimprensa da Secretaria Municipalbet winSaúdebet winMairiporã afirmou que não fornece informações sobre diagnósticos ou condiçõesbet winsaúdebet winpacientes que tenham passado por algumabet winsuas unidadesbet winsaúde.

Já a Secretaria Estadualbet winSaúde afirmou que Santos já chegou à rede hospitalar do Estado com o diagnósticobet winfebre amarela e foi encaminhado imediatamente para a Unidadebet winTerapia Intensiva (UTI).

Campanha pró-vacinação

A morte do técnicobet winrefrigeração abalou a família e a vizinhança. Segundo Maria, Santos não viajou nos últimos meses, mas a família vivebet winuma regiãobet winmatabet winMairiporã - o mosquito que transmitiu o vírus que dizimou macacos na área foi o mesmo que o vitimou. Não há registrosbet winfebre amarela urbana - transmitida entre humanosbet wincidades - no Brasil desde 1942.

Uma semana depois, Maria diz quebet win"ficha ainda não caiu", mas que está preparada para ajudar outras famílias.

"Isso marcou minha vida e me dói muito falar, principalmente quando eu lembro da dor que ele passou e o quanto ele sofreu por essa demora do diagnóstico. Pensar que um mosquito está tirando a vidabet winmuitas pessoas é revoltante", afirmou.

Anderson abraça filho no hospital
Legenda da foto, Depoisbet wincinco dias, Anderson foi diagnosticado com febre amarela e internado na UTI | Foto: Arquivo pessoal

O casal estava junto havia 12 anos. Para lidar com a dor, ela optou por usarbet winpágina no Facebook para encorajar os amigos a tomarem vacinas e a questionarem os médicos diantebet winsintomas da doença.

"Falta uma campanha ainda maior. É necessário mais agentesbet winsaúde entrando nos bairros mais afastados, vacinando gente e eu estou disposta a ser voluntária e entrar nesses locais. E eu não vou me cansarbet winfalar o que passei no hospital, dar palestra ou o que mais for necessário. Tudo por causabet winuma picada. É inaceitável", diz.

Áreabet winrisco

A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar nesta terça-feira a vacinação contra febre amarela para todos os viajantes internacionais que visitem qualquer área do Estadobet winSão Paulo.

A determinaçãobet winnovas áreas consideradasbet winriscobet wintransmissãobet winfebre amarela tinha ocorridobet winabrilbet win2017. A recomendaçãobet winvacinação já é válida para viajantes internacionais que visitem estados das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, Minas Gerais e Maranhão, alémbet winpartes dos estados da região Sul, Bahia e Piauí.

Vacinação contra a febre amarela

Crédito, EPA

Legenda da foto, Ministério deu por encerrado surtobet winfebre amarela silvestrebet winjulho, mas novos casosbet winSão Paulo reacenderam alerta

A vacinação deve ser feita ao menos dez dias antes da viagem.

O vírus da febre amarela é considerado endêmicobet wináreas tropicais do continente africano e nas Américas Central e do Sul. A OMS recomenda que seja tomada uma dose padrão da vacina, o que é suficiente para garantir imunidade e proteção para toda a vida.

O Brasil terá, entre fevereiro e março, uma campanhabet winvacinação, porém com doses fracionadas. O objetivo do fracionamento é conseguir atender a um número maiorbet winpessoas.

O efeito da dose menor, entretanto, é mais efêmero e tem um períodobet wineficácia variável. Ainda faltam estudos que possam precisarbet windefinitivo o tempo da proteção garantida, se cinco, oito, dez ou mais anos. De acordo com o Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz, que produz a vacina no Brasil, a dose fracionada pode proteger as pessoas por até oito anos.

A vacinabet windose padrão confere imunidade eficaz dentrobet win30 dias para 99% das pessoas imunizadas.

Febre Amarela

O nome "febre amarela" se refere ao sintoma da icterícia, quando a pele adquire coloração amarelada, apresentada por alguns pacientes da doença, como Santos.

O vírus é transmitido por mosquitos infectados e causa febre hemorrágica. Os sintomas incluem dorbet wincabeça, dores musculares, náusea, vômitos e fadiga.

Uma pequena parte das vítimas chega a desenvolver sintomas graves, com insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. Entre os casos severos, aproximadamente metade deles resultabet winmorte num períodobet winsete a 10 dias.

Os viajantes com contra-indicações para a vacina contra a febre amarela (gestantes, crianças abaixobet win9 meses ou lactentes, pessoas com hipersensibilidade grave à proteína do ovo e imunodeficiência grave) ou com maisbet win60 anos devem consultar um médico para avaliar cuidadosamente a relação risco-benefício.