Por que o Brasil escapou ileso da droga que virou epidemia nos EUA e na Europa:freebet sportingbet

heroína

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Legenda da foto, O consumofreebet sportingbetheroína disparoufreebet sportingbetNova York, especialmente no bairro do Bronx | Foto: Getty Images

O relatório mostra que a epidemia atinge diferentes partes do país. A presença constante do víciofreebet sportingbetopiáceos sobrecarrega governos estaduais, que precisam deslocar cada vez mais recursos para remediar o problema.

A explosão no uso dessas substâncias, no entanto, não chegou ao Brasil. Aqui o problema é outro.

O último Levantamento Nacionalfreebet sportingbetÁlcool e Drogas disponível, feitofreebet sportingbet2012 pela Unifesp, apontava que 1,8 milhãofreebet sportingbetpessoas já haviam experimentado crack no país, enquanto a cocaína havia sido usada por 5,6 milhões. Já a Pesquisa Nacional sobre o Crack feita pela Fiocruzfreebet sportingbet2013 revelou que havia cercafreebet sportingbet370 mil usuários regularesfreebet sportingbetcrack nas capitais.

Seringa e colher
Legenda da foto, O tráfico brasileiro não trabalha com a distribuiçãofreebet sportingbetescalafreebet sportingbetheroína | Foto: Science Photo Library

Nenhum dos levantamentos aponta presença relevantefreebet sportingbetheroína. O estudo feito pela Unifesp nem cita a droga. E só 0,84 dos usuáriosfreebet sportingbetcrack já experimentaram heroína e outros opioides,freebet sportingbetacordo com a pesquisa da Fiocruz.

"A heroína tem prevalência muito baixa independentemente do estrato social -freebet sportingbetdiferentes classes sociais, gêneros, idade, formação", explica o pesquisador Francisco Inácio Bastos, principal especialistafreebet sportingbetdrogas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador do estudo sobre o crack.

Como conseguimos escapar ilesos desse problema?

Veteranosfreebet sportingbetguerra

A heroína é derivada do ópio - droga originária da Ásia que já era conhecida na Europa há milênios quando um tratado proibiufreebet sportingbetcomercialização,freebet sportingbet1912.

Produzida através da mesma planta, a papoula, a heroína foi sintetizada pela primeira vez pelo químico britânico Charles Romley Alder Wright, no fim do século 19.

Foi distribuída como remédio para dor pela empresa farmacêutica Bayer durante maisfreebet sportingbetuma década nos Estados Unidos e na Europa, até relatosfreebet sportingbetque a substância era viciante levaram também àfreebet sportingbetproibição, nos anos 1910.

A partir daí, ela continuou a ser produzida ilegalmente e se tornou um problema na Europa.

Papoula

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Legenda da foto, A heroína é derivada do ópio, produzido a partir da papoula | Foto: Getty Images

Já nos EUA, o grande mercado para a heroína se formou nos anos 1970, segundo Guaracy Mingardi, especialista do Fórum Brasileirofreebet sportingbetSegurança Pública e ex-subsecretário nacionalfreebet sportingbetsegurança pública.

"Os soldados que lutaram na Guerra do Vietnã (1955-1975) começaram a voltar viciados. Eles também tinham conhecido e criado relacionamentos com os traficantes, o que ajudou a disseminar a droga", afirma.

No Brasil, nunca se criou essa demanda, segundo Mingardi. Ele explica que o tráfico muitas vezes se utiliza das rotas comerciais existentes – e o menor númerofreebet sportingbetrotas entre Brasil e Ásia nesse período ajudou a inibir a disseminação da droga.

Muito longe da Ásia e das rotasfreebet sportingbetdistribuição, o Brasil acaba recebendo heroína muito raramente – e a preços muito mais altos.

A estimativa dos especialistas é que a droga esteja custando U$ 150 (R$ 450) por 1g. Como comparação, uma pedrafreebet sportingbetcrack custafreebet sportingbettornofreebet sportingbetR$ 10 na cracolândia paulistana.

Seringa

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Legenda da foto, O mercado para a heroína nos EUA se formou nos anos 1970, especialmente após a volta dos soldados do Vietnã | Foto: Getty Images

"A questão do preço e da distribuição é muito importante. No caso da cocaína, por exemplo, estamos ao lado dos maiores produtores do mundo. Mesmo assim, a maior parte da cocaína consumida aqui, por exemplo, vem da Bolívia, porque a colombiana é mais cara e costuma ir para os EUA e a Europa", afirma ele.

O crime organizado brasileiro também não parece ter estratégias ou escalafreebet sportingbetdistribuiçãofreebet sportingbetopioides.

"Pelos poucos registrosfreebet sportingbetusofreebet sportingbetheroína aqui é possível perceber que a droga não vem através do tráfico comum, dos mesmos distribuidores que vendem maconha, cocaína e crack", afirma Mingardi.

O médico Francisco Inácio Bastos, da Fiocruz, concorda com essa avaliação: "Não existe distribuição sistemática, é um ou outro estrangeiro que traz um pouco para cá".

Efeito colateral

Outro fator a ser levadofreebet sportingbetconta é que os brasileiros não têm um alto consumofreebet sportingbetremédios anestésicos como os americanos, explica Bastos.

"Eles têm costume maiorfreebet sportingbetconsumir anestésicos e analgésicos por uma sériefreebet sportingbetmotivos: o país é mais rico, a população tem uma sobrevida maiorfreebet sportingbetrelação à doenças crônicas e reumáticas, o acesso é maior", diz o pesquisador.

Segundo ele, o hábitofreebet sportingbetconsumir opioides legais acaba levando muitas pessoas ao vício. "Muitos remédios que são receitados acabam gerando um vício. As pessoas ficam dependentesfreebet sportingbet(substâncias opioides como) fentanil, metadona e oxicodona. Depois que a quantidade receitada acaba, na dificuldadefreebet sportingbetconseguir as drogas – vendidas só com prescrição médica – a pessoa acaba comprando heroína na rua, porque ela tem efeitos parecidos", diz Bastos.

Em 2015, um terço dos americanos recebeu prescrição para usar esse tipofreebet sportingbetmedicamento, segundo dados do governo federal dos EUA.

Usuáriofreebet sportingbetheroína no Bronx

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Legenda da foto, Maleficíos da heroína foram muito divulgadosfreebet sportingbetcampanhas publicitárias no Brasil nos anos 1980 | Foto: Getty Images

Outra explicação possível para a menor incidênciafreebet sportingbetheroína no Brasil é que os maleficíos da droga foram muito divulgadosfreebet sportingbetcampanhas contra o seu uso – principalmente a partir dos anos 1980, quando houve um picofreebet sportingbetconsumo no mundo.

A validade dessa tese, no entanto, é questionável se considerada a quantidadefreebet sportingbetpublicidade negativa feita sobre o crack e o fatofreebet sportingbetque o uso dessa droga apenas se intensificou desde os anos 1990.

A heroína é uma droga depressora. Gera uma sensaçãofreebet sportingbeteuforia intensa seguida por um períodofreebet sportingbetsedação, e é rapidamente viciante. Usada continuamente, causa insônia, disfunção sexual, enfraquecimento do sistema imunológico e pode desencadear doenças psicólogicas e lesões cerebrais.

Conforme o corpo se acostuma com a substância, necessitafreebet sportingbetdoses cada vez maiores para obter a mesma sensação - por isso a droga tem um alto índicefreebet sportingbetoverdose.

"As classes baixas consomem o crack, que é mais barato. Nas classes médias, que teriam poder aquisitivo para consumir o produto, a reputação da droga pode ter um papelfreebet sportingbetsuprimir o uso", diz Bastos.

"É um círculo virtuoso - não existe demanda, então os traficantes não trazem. E como não existe distribuição, as pessoas não viciam", diz. "Um problema a menos para a gente se preocupar."