PT estuda boicotar eleiçõesroleta twister2018 se Lula não puder ser candidato:roleta twister

Cartazroleta twisterLula com militantesroleta twisterCuritiba

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Legenda da foto, Correntes do PT não aceitam discussãoroleta twisternomes alternativos para uma eventual substituiçãoroleta twisterLula na disputa

Se a sentença do juiz Sergio Moro for confirmadaroleta twistersegunda instância - o que mesmo os mais otimistas petistas acreditam que acontecerá - a candidaturaroleta twisterLula ficará barrada pela Lei da Ficha Limpa.

O ex-presidente Lula e a senadora Gleisi Hoffmannroleta twistercomícioroleta twisterCuritiba no último dia 13

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Legenda da foto, O boicote não esta sendo discutido oficialmente, diz a senadora Gleisi Hoffmann, mas é visto por correntes do partido como "saída honrosa"

Para setores do PTroleta twistercorrentes como Construindo um Novo Brasil (CNB) e Novo Rumo ouvidos pela BBC Brasil, boicotar as eleições seria uma saída honrosa para o partido, que tem adotado o discursoroleta twistervítimaroleta twisterperseguição política pelo Ministério Público e pelo Judiciário brasileiros.

A estratégia extrema contaria com a anuência do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, cuja imagemroleta twisterlíder dos princípios petistas tem sido resgatada dianteroleta twisterdelaçõesroleta twisterantigos companheiros, como Palocci. Já Lula assiste às discussões olímpico. Como éroleta twisterseu feitio, deixa os diferentes aliados defenderem suas posições na arena partidária sem demonstrar preferências até o momento da decisão.

"Existem duas hipóteses claras. A primeira éroleta twisterforçar a candidatura, apelando ao Supremo Tribunal Federal para suspender a decisão da condenação. A segunda hipótese éroleta twisterboicotar as eleições, sob a justificativaroleta twisterque não querem deixar o povo decidir. E aí vai ser uma convulsão social, um riscoroleta twisterguerra civil no país", afirma o deputado estadual José Américo (PT-SP).

Na teoria política clássica, um dos pilares da democracia é a confiança dos partidos no sistema político eleitoral e naroleta twisterpossibilidaderoleta twisterchegar ao poder seguindo as regras do jogo. Enquanto parte do PT defende que o partido não mais acredita nisso - daí o boicote, outra ala enxerga a postura dos correligionários como "arrogância".

"Acompanho esta discussão e Lula é certamente o meu candidato. Mas esta posiçãoroleta twisternão ter candidato, boicotando as eleições se Lula não puder concorrer, é o resquícioroleta twisteruma velha arrogânciaroleta twisteruma parte do PT, que acha que não existe vida inteligente,roleta twisteresquerda, fora do nosso partido. O campo democráticoroleta twistercentro esquerda tem candidatos possíveis para nos representar, tanto à esquerdaroleta twisterLula, como mais ao centro", afirmou à BBC Brasil o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, da corrente Mensagem ao Partido.

Faixas com o nomeroleta twisterLula durante comícioroleta twisterCuritiba no último dia 13

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Se condenadoroleta twistersegunda instância, Lula seria enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficaria impedidoroleta twisterconcorrer

Genro antecipa tensões que devem se impor se o PT levar adiante o planoroleta twistertirar o 13 da urna eletrônica no ano que vem. De saída, o partido perderia alguns quadros, atraídos para outras legendas pela possibilidaderoleta twisterse candidatar.

Petistas a favor do boicote já começaram a rascunhar uma listaroleta twisterdefecções. O tema é especialmente sensível entre aqueles que são alvos da Lava Jato e buscam na reeleição a manutenção do foro privilegiado.

"Alguns parlamentares já ameaçaram sair, mas eles não mandam no partido. Se o partido decidir boicotar, boicota", diz Américo.

Para conseguir registrar a própria candidatura na Justiça Eleitoral, o candidato precisa da assinatura da presidência nacional do partido ouroleta twisterseus diretores regionais. Portanto, se a direção do PT fechar questão sobre o assunto, nenhum político conseguirá fazer o registro sob o número 13.

A tese do boicote na rua

Embora mantenha o boicote como uma questão aberta, o partido já colocou a tese na rua. Duas frases, repetidas por integrantes do partido, sinalizam a estratégia: "Eleição sem Lula é fraude" e "Eleição sem Lula é golpe".

"Temos trabalhado muito as redes sociais com esses slogans", afirma a presidente do PT.

O ex-presidente Lula e Luiz Marinho durante o eventoroleta twisterposseroleta twisterMarinho na presidência estadual do PT
Legenda da foto, A teseroleta twisterque 2018 sem Lula seria fraude eleitoral é defendida por petistas como Luiz Marinho, presidente do diretório da siglaroleta twisterSP | Foto: Fotos Públicas

O lema tem aparecido ainda nas declaraçõesroleta twisterquadros do partido. Pouco depois da condenaçãoroleta twisterLula,roleta twisterjulho, o presidente do diretório petistaroleta twisterSão Paulo e ex-prefeitoroleta twisterSão Bernardo do Campo, Luiz Marinho, foi um dos primeiros a enunciá-lo:

"Processo eleitoral no ano que vem sem Lula candidato não é eleição democrática, é fraude eleitoral", disse.

Na semana passada, depoisroleta twisterdisparados os petardosroleta twisterPalocci, foi a vez do deputado federal Paulo Pimenta repetir à BBC Brasil a mesma ideia. "Não aceitaremosroleta twistermaneira alguma a legitimidaderoleta twisteruma eleição que o Lula não participe", afirmou.

A saída pelo Supremo

Na estratégia petista, o cenário do boicote serve não só como posicionamento político, mas como instrumentoroleta twisterpressão. O partido já decidiu que irá recorrer ao Supremo para liberar Lula a concorrerroleta twistercasoroleta twistercondenaçãoroleta twistersegunda instância - o petista está disposto a fazer boa parte da campanha sub júdice.

Para ganhar no Supremo, o PT conta com três elementos a seu favor: o primeiro, o cenário caótico ao qual o boicote poderia levar o país - aspecto que os ministros certamente gostariamroleta twisterevitar.

Os ministros do Supremo Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Celsoroleta twisterMello e Edson Fachin
Legenda da foto, Partido aposta na boa relação do ex-presidente com ministros do Supremo para que a candidatura seja liberada | Foto: Ag. Brasil

O segundo, a tese defendida por Gilmar Mendes no julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral,roleta twisterjunho. Na ocasião, Gilmar afirmou que os juízes não devem brincarroleta twister"aprendizesroleta twisterfeiticeiros" ao votar contra a cassação do mandato do presidente Michel Temer. "A Constituição valoriza a soberania popular, a despeito dos valores das nossas decisões. Mas é muito relevante", disse.

Para petistas, raciocínio semelhante se aplicaria à candidatura Lula, que desponta na primeira posição da preferênciaroleta twistereleitoresroleta twisterpesquisasroleta twisteropinião recentes.

Por fim, o PT confia no bom trânsitoroleta twisterLula com os mais diversos ministros da corte: a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, fez questãoroleta twisterconvidar Lula pararoleta twisterposse no cargo, há um ano, quando o ex-presidente já era investigado no âmbito da Lava Jato. E o próprio Gilmar Mendes ligou para Lula para prestar condolências quando da morte da ex-primeira dama Marisa Letícia,roleta twisterum diálogo emotivo.

"No fundo, o boicote é um movimento para jogar mais responsabilidade e pressão sobre a direita, os empresários e o próprio Judiciário quanto à instabilidade que a interdição do Lula pode causar", resume um dos estrategistas petistas no Congresso.

Questionada sobre a interpretação, a senadora Gleisi Hoffmann nega que se trate apenasroleta twisterchantagem, mas reconhece o poderroleta twistercausar tensãoroleta twisteruma eventual retirada do PT do próximo pleito:

"Não é colocar a faca no pescoço dos ministros nemroleta twisterninguém, mas (a intenção) é alertá-los sobre a gravidade dessa situação para a democracia brasileira. É algo que nos questiona como país democrático, como economia, internacionalmente é péssimo."

Plano B para perder a eleição?

Petistas afirmam ainda que a ideia do boicote pode servir para "conter precipitações do pontoroleta twistervistaroleta twisterdisputas internas" ou evitar um novo "dedaço"roleta twisterLula, que poderia impor ao partido um substituto, como fez com Dilma Rousseff, trauma do qual o PT ainda não se recuperou.

As movimentaçõesroleta twisterquadros como o ex-prefeitoroleta twisterSão Paulo Fernando Haddad, que tem viajado o Brasil e dado entrevistas, irritou setores do PT. Também causou ciúme o burburinhoroleta twistertorno do nome do ex-governador da Bahia Jaques Wagner. A ideia do boicote serviria para sedimentar definitivamente a ideiaroleta twisterque não existe um plano B ao nomeroleta twisterLula para o partido.

Fernando Haddad
Legenda da foto, Setores do PT rechaçam a discussãoroleta twisternomes alémroleta twisterLula para 2018, como o do ex-prefeitoroleta twisterSão Paulo Fernando Haddad | Foto: AGPT/Fotos Públicas

"Não temos plano B. Plano B para quê? Haddad? Jaques Wagner? Plano B é para perder a eleição? Nosso nome competitivo é o Lula e é com ele que vamos para a eleição", diz Gleisi exaltada após ser questionada pela BBC Brasil sobre a possibilidaderoleta twisteroutro cabeçaroleta twisterchapa petista.

Por trás da reação, está a leituraroleta twisterque a eleiçãoroleta twister2018 tem um caráter plebiscitário para o PT: se Lula vencer, é como se o voto popular chancelasse as teses do PTroleta twisterque houve golpe eroleta twisterque o partido e seu principal líder são vítimasroleta twisterperseguição das elites, e não autoresroleta twistermalfeitos. Se perder com Lula, os líderes do PT admitiriam a possibilidaderoleta twisterse reinventar.

Mas sem Lula, os petistas descartam possibilidaderoleta twistervitória. Não estariam dispostos a testar suas teses e arriscarroleta twisterprópria sobrevivência nessas condições.

Tarso Genro durante a campanharoleta twister2014
Legenda da foto, Petistas como Tarso Genro são contrários ao boicote e afirmam ele seria "resquícioroleta twisteruma velha arrogânciaroleta twisteruma parte do PT" | Foto: UPPRS/Fotos Públicas

Por outro lado, para os petistas contrários ao boicote, ao se ausentar da eleição o partido pode deixarroleta twisterdiscutir a vida política, econômica e social do país. Arrisca-se a perder o protagonismo que possui há décadas na arena política como representanteroleta twistercertos setores e ideias.

Nas palavrasroleta twisterTarso Genro, o PT vive o dilema entre "ser apenas mais um partido democrático, tradicional, como terminaram sendo os partidos sociais-democratas europeus que hoje aplicam as receitas liberal-rentistas" ou um partido apto a "se renovar, para ser o cabeçaroleta twisterponteroleta twisteruma esquerda capazroleta twisterredespertar os sentimentos utópicos, que sempre motivaram as grandes transformações sociais".

"A grande questão será a seguinte: que programaroleta twistertransição apresentaremos para retirar o país do atoleiro econômico e socialroleta twisterque nos encontramos? Isso é o que importará no momento das eleições", questiona Genro.

Se optar por sair do pleito, o PT não responderá a essa questão.