Um ano após impeachment, Temer é presidente que menos viajou ao exterior desde Itamar:esportesdasorte

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Legenda da foto, Temer fez apenas sete viagens internacionaisesportesdasorteum anoesportesdasortegoverno

Alguns também apontam o menor prestígio do atual presidente como um fator que pode estar inibindo convitesesportesdasorteoutros governos.

"O presidente brasileiro deveria estar viajando muito mais, mas Temer e o Brasil carregam um certo estigma hoje, refletindo a semilegitimidade do processoesportesdasorteimpeachment, o statusesportesdasorteTemeresportesdasortepresidente não eleito (diretamente para o cargo) e com alta rejeição popular, o fatoesportesdasorteele e seus aliados aparecerem largamente envolvidosesportesdasortepráticas corruptas e o retrocesso nos avanços sociais e econômicos que vem ocorrendo nos últimos três a quatro anos", afirma o especialistaesportesdasorteAmérica Latina e presidente emérito do Inter-American Dialogue, centroesportesdasortepesquisasesportesdasorteWashington, Peter Hakim.

"Com eleições presidenciais marcadas para o próximo ano, a maioria dos países preferiria esperar e convidar (para visitas) um novo presidente eleito, preferencialmente que não esteja manchado por suspeitasesportesdasortecorrupção e gozeesportesdasortemaior apoio doméstico", acredita ele.

Hakim, porém, não deixaesportesdasorteapontar responsabilidades dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff na recente derrocada externa brasileira, tanto por causaesportesdasorteerros na condução econômica como pelos escândalosesportesdasortecorrupção envolvendo seus governos.

"Não há dúvidaesportesdasorteque as acusações contra Lula contribuíram para a deterioração da imagem do Brasil. Ele se tornou o nome e o rosto do sucesso histórico do país eesportesdasorteseu reconhecimento internacional. Agora, a expressão 'até mesmo Lula' (por aparecer citado nas denúncias) passou a significar quão amplamente a liderança política do Brasil foi corrompida", disse o americano.

Já a professoraesportesdasorterelações internacionais da UniversidadeesportesdasorteBrasília Tânia Manzur considera que a controvérsiaesportesdasortetorno da legitimidade do impeachment não é um fator determinante para explicar a queda das viagens presidenciais. Naesportesdasortevisão, a instabilidade doméstica acaba exigindo que Temer passe mais tempo no Brasil.

"No frigir dos ovos, a maior parte dos governos no mundo inteiro têm um olhar muito pragmático. O que interessa (ao estabelecer relações com outros países) é o que eles vão angariar com essa parceria estratégica", afirmou.

Apesar disso, a professora concorda que "estamos vivendo um processo terrívelesportesdasortetermos institucionais e políticos que certamente pesa para a imagem internacional do país".

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Legenda da foto, A China foi um dos poucos países que Temer visitouesportesdasorteum anoesportesdasortegoverno

Cinco meses sem viagens

As viagensesportesdasorteTemer realizadas até agora se concentraram no período final do ano passado - foram três para participaresportesdasorteeventos multilaterais (G20, na China; BRICS, na Índia; e Assembleia da ONU, nos EUA) e três visitas oficiais a outros países (Argentina, Paraguai e Japão). Jáesportesdasorte2017 ele fez apenas uma viagem, que não estava programada, para participar do velório do ex-presidenteesportesdasortePortugal Mário Soares, no inícioesportesdasortejaneiro.

Com isso, Michel Temer caminha para completar cinco meses sem sair do país, já queesportesdasortepróxima viagem está prevista apenas para meadosesportesdasortejunho, quando deve visitar Noruega e Rússia. Isso não acontecia desde 1992, quando Collor chegou a ficar seis meses sem cumprir agenda internacional.

Nos 12 meses anteriores ao impeachment, Dilma Rousseff realizou 15 viagens ao exterior, o que segueesportesdasortemédia anual durante os pouco maisesportesdasortecinco anosesportesdasortegoverno e também a média do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula, poresportesdasortevez, fezesportesdasortemédia 31 viagens internacionais por ano no total dos seus dois mandatos, mantendo a tradição brasileiraesportesdasorteprivilegiar visitas a países da América do Sul e da Europa, mas ampliando também a presençaesportesdasorteoutras regiões, como África e América Central.

Questionado, o governo justificou o baixo númeroesportesdasorteviagens no primeiro semestre deste ano ao fato do presidente estar focadoesportesdasortequestões internas, como a aprovação das reformas da Previdência e trabalhista. Diz também que o presidente não viajou maisesportesdasorteseu primeiro ano porque optou por não deixar o país durante o mandato interino, entre 12esportesdasortemaio e 31esportesdasorteagosto do ano passado, quando Dilma foi definitivamente cassada.

"Nos primeiros mesesesportesdasorte2017, o presidente da República tem-se dedicado ao esforçoesportesdasortelevar adiante intensa agendaesportesdasortereformas, o que pressupõe continuado diálogo com a sociedade e com o Congresso Nacional", respondeu a SecretariaesportesdasorteComunicação Social da Presidência da República.

Ainda sem data para encontrar Trump

Para Hakim, um exemplo que confirma a faltaesportesdasorteprestígio do atual presidente brasileiro é o fatoesportesdasorteo ex-presidente americano Barack Obama ter se mantido distante e até agora Temer não ter uma visita agendada com o novo mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Legenda da foto, Temer viajou para participar da reunião dos Brics

Considerando outros líderes sul-americanos, Trump já recebeu na Casa Branca os presidentesesportesdasortePeru, Argentina e recebe nesta semana o da Colômbia. Embora não tenha feito convite oficial ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos disse a Temer,esportesdasortetelefonemaesportesdasortemarço, que tem interesseesportesdasorterecebê-lo - o Palácio do Planalto tem expectativaesportesdasorteque isso ocorra no segundo semestre.

Já com a chanceler alemã, Angela Merkel, considerada a mulher mais poderosa do mundo, Temer não teve qualquer contato pessoal neste primeiro ano, nem mesmo por telefone. Ela mantinha boa relação com Dilma eesportesdasorte2015 veio ao Brasil com uma comitivaesportesdasortesete ministros e cinco secretáriosesportesdasorteEstado, inaugurando um processoesportesdasorte"consultas intergovernamentais" entre os dois países. A visita marcou a entrada do Brasil para um seleto grupoesportesdasorteparceiros mais próximos da Alemanha, que incluía também França, Itália, Espanha, Polônia, Israel, Rússia, China e Índia.

Em julho, Temer irá à Alemanha para a próxima cúpula do G20,esportesdasorteHamburgo. Após esse compromisso, o presidente brasileiro tem planejadas viagens à Colômbia, Argentina (Cúpula do Mercosul), China (visitaesportesdasorteEstado e cúpula do BRICS) e Nova York (abertura da Assembleia-Geral da ONU). Sem dar detalhas, o governo disse que "há entendimentosesportesdasortecurso para a fixaçãoesportesdasortedatasesportesdasortevisitas a outros países, cujos convites já foram aceitos pelo presidente da República".

O Palácio do Planalto disse também à BBC Brasil que a atuação diplomática do presidente não se resume às viagens e que Temer tem mantido contatos telefônicos e encontros bilaterais paralelos aos eventos multilaterais dos quais participa. Esses tiposesportesdasorteencontros,esportesdasortegeral rápidos, também costumavam ser realizados pelos antecessoresesportesdasorteTemer.

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Segundo o governo, o foco da atuação internacional do país está nos resultados econômicos.

"O presidente Temer tem levado adiante diplomacia presidencial ativa e verdadeiramente universal, que responde aos reais valores e interesses da sociedade brasileira. Em particular, tem-se concentrado, também no plano externo, no imperativo da retomada do crescimento e da geraçãoesportesdasorteempregos", afirma a resposta enviada à BBC Brasil.

"Demonstração eloquente do pragmatismo e da eficácia da diplomacia presidencial deu-se no episódio da Operação Carne Fraca. Após a divulgação da Operação, a pronta atuação pessoal do presidente da República foi essencial para manter os mercados abertos ao produto brasileiro", diz ainda a nota.

DiplomaciaesportesdasorteLula é alvoesportesdasortecontrovérsias

A professor da UNB Tânia Manzur vê com ceticismo a possibilidadeesportesdasorteo Brasil recuperar agora o prestígio internacional que alcançou no governo Lula, períodoesportesdasorte8 anos que reuniu forte crescimento econômico com uma liderança carismática.

O petista teve papel importante na formação do grupo dos Brics e no fortalecimento do G20 (integrado por nações ricas e emergentes)esportesdasortecontraponto ao G8 (restrito a países desenvolvidos). No entanto, ressalta a professora, alguns críticos veem a política externa no seu governo como "partidária", muito ligada à visão internacional do PT.

"Lula tinha ativismo muito grande, que para muitos era positivo e para outros tantos tinha acepção negativa. Rendeu poucos frutosesportesdasortetermos dos esforçosesportesdasorteaumentar drasticamente o númeroesportesdasorterepresentações brasileiras no exterior para buscar um assento permanente no ConselhoesportesdasorteSegurança da ONU, o que acabou não acontecendo", nota a professora.

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Legenda da foto, Lula teve papel importante no fortalecimentoesportesdasortegrupos como o G20

Opinião semelhante tem o diplomata e professoresportesdasorteEconomia Política da UniCeub Paulo RobertoesportesdasorteAlmeida. "As viagensesportesdasorteLula eram excessivas eesportesdasortepolítica externa megalomaníaca. Hoje, por exemplo, o Brasil tem mais embaixadas nas Américas do que as potências coloniais. Tem embaixadaesportesdasorteilhazinhas do Caribe com menos habitantes que um bairroesportesdasorteBrasília", critica.

Stuenkel, poresportesdasortevez, tem uma avaliação mais positiva. Segundo ele, as frequentes viagens internacionaisesportesdasorteLula contribuíram, por exemplo, para aumentar a integração entre órgaõsesportesdasortesegurança na América do Sul, assim como o fluxoesportesdasorteinvestimentos externos para o Brasil eesportesdasorteempresas brasileiras no exterior.

"A redução das viagens presidenciais é algo ruim porque o Brasil é uma das dez maiores economias do mundo e, como a gente vê nos outros principais países, a diplomacia presidencial hoje é fundamental", afirma Stuenkel.

"A ausência do presidente (Temer) nesse sentido faz o Brasil voltar um pouco àquela posição pré-FHC. Foi no governo dele que o Brasil começou a atuar como membro mais ativo nas discussões globais", recorda.