Renovação na política deve privilegiar candidatos 'ricos' e que atingem 'grandes massas', dizem cientistas políticos:cbet cupom
Na semana passada, o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a aberturacbet cupom76 inquéritos contra 98 personalidades do mundo político, incluindo o alto escalão do governo.
A decisão foi baseada nas delações premiadascbet cupomex-executivos da empreiteira Odebrecht.
Os especialistas argumentam que, embora haja uma grande expectativacbet cupommudança, frente ao que chamamcbet cupom"derrocada da velha política", o graucbet cupomrenovação vai depender da combinaçãocbet cupomoutros fatores.
"A renovação só será possível se houver novos nomescbet cupomnúmero suficiente e se os partidos vão perder o controle dessa oferta (de nomes). Até agora, esse controle é muito forte, uma vez que o custo das eleições no Brasil continua sendo alto", explica Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria.
"Possivelmente, veremos um processo mais fragmentado por causa do desgaste da elite política tradicional, mas só se essa combinaçãocbet cupomfatores acontecer. Caso contrário, veremos os mesmos nomes, talvez ocupando postos distintos", ressalva.
Nas eleiçõescbet cupom2014, segundo levantamento feito nas despesas declaradas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os candidatos gastaram um totalcbet cupomR$ 5,1 bilhões, a maior parte vindacbet cupomdoaçõescbet cupomempresas.
Jácbet cupom2015, o STF decretou o fim das doaçõescbet cupomempresas a campanhas eleitorais.
Ainda assim, Cortez acredita que candidatos da chamada "velha política", inclusive aqueles investigados pela Lava Jato, devem tentar a reeleição.
Devido aos trâmites do processo, é pouco provável que eles sejam julgados e condenados até as eleições do ano que vem - se isso acontecer, eles se tornam "ficha suja" e são impedidoscbet cupomconcorrer.
"Não acredito que eles vão deixarcbet cupomconcorrer e desaparecer da cena política. Devemos esperar uma readequação dos objetivos desses candidatos. Eles devem concorrer a cargos menores", opina Cortez.
Os especialistas destacam ainda que a renovação pode ser prejudicada se o modelocbet cupomlista fechada, debatido na propostacbet cupomreforma política, for aprovado pelo Congresso.
Por esse sistema, o voto é destinado ao partido, que, porcbet cupomvez, determina qual parlamentar vai ocupar a cadeira no Parlamento.
"É um casuísmo sem tamanho. Sem dúvida, o objetivo é blindar esses políticos investigados da ira da população e garantir a permanência deles", opina o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da UFRJ. "O modelocbet cupomlista fechada já funcionacbet cupomoutros países e apresenta vantagens, mas neste momento, se aprovado, engessa a composição do Congresso e privilegia aqueles que estão sendo acusadoscbet cupomcorrupção."
"A lista fechada protege os políticos tradicionais. Não se tratacbet cupomuma discussão do que é melhor, mas do que eles podem fazer para livrar a própria pele", acrescenta Maria Teresa Kerbauy, cientista política da Unespcbet cupomAraraquara.
'Forasteiros, não aventureiros'
Neste sentido, caso a aguardada renovação não se concretize, acredita Cortez, pode haver um aumento considerável dos "votos brancos e nulos" nas eleiçõescbet cupom2018.
Mas, se ocorrer, ela deve priorizar candidatos "endinheirados e que atinjam grandes massas".
"Os partidos vão recorrer às suas bases mais tradicionais. Vai se dar melhor quem tiver apoiocbet cupomcoletivos, agendas temáticas mais específicas e com maior exposição nas mídias", prevê Cortez.
"Mas, sem dúvida, um dos elementos principais será o acesso a recursos financeiros", acrescenta.
"Por isso, aqueles com muito dinheiro já saem com enorme vantagem. Devemos esperar forasteiros, ou seja, nomes estranhos à política tradicional, mas não aventureiros", opina.
Na caça pelo voto do eleitor, candidatos com grande capacidadecbet cupom"se conectar com grandes massas" também acabam favorecidos, lembram os especialistas.
Nesse grupo, estão desde lideranças sindicais a religiosas, passando por celebridades.
"Lideranças populistas, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), e que não estejam envolvidas nas investigações da Lava Jato, também devem ganhar ainda mais força", diz Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio.
Cortez pondera, contudo, que a eventual renovação do Congresso não necessariamente resulta "na maior eficácia do processo político".
Ele cita o casocbet cupomSilvio Berlusconi, que se tornou primeiro-ministro da Itáliacbet cupom1994.
Bilionário e donocbet cupomum conglomeradocbet cupommídia, Berlusconi tinha não só recursos financeiros para custearcbet cupomcampanha como também amplo acesso aos meioscbet cupomcomunicação.
Tendo sido eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados pouco antescbet cupomse tornar premiê, ele foi um dos maiores expoentes da ondacbet cupomrenovação política que varreu a Itália após a Operação 'Mani Pulite' ('Mãos Limpas'), que teria servidocbet cupominspiração à Lava Jato ao desvendar a gigantesca redecbet cupomcorrupção que dominava o país.
Mas,cbet cupom2013, Berlusconi acabou condenado a quatro anoscbet cupomprisão por fraude fiscal, alémcbet cupomter sido alvocbet cupominúmeras denúnciascbet cupomcorrupção.
'Diferenciados e vitimizados'
O atual contexto político também deve implicarcbet cupomuma mudança dos discursos eleitorais para 2018.
Com uma parcela significativa da classe política atingida pelas investigações, a onipresente "bandeiracbet cupomdefesa da ética" deve "sumir das campanhas", afirmam os especialistas.
Eles acrescentam ainda que os candidatos tendem a ser dividir entre os "diferenciados" e os "vitimizados".
"Os políticos que não estão sendo investigados e não têm nenhuma relação com o esquemacbet cupomcorrupção vão tentar fazer todo o possível para se diferenciar dos demais", diz Ismael, da PUC-Rio.
"Por outro lado, aqueles que estão sendo investigados vão tentar se reeleger com o discurso da vitimização. Eles já vêm tentando criar narrativas para desgastar a Lava Jato, apontando eventuais falhas durante as investigações, e esse discurso deve ganhar força até as eleições", conclui.