Como a pecuária ajuda a contar a história do Brasil:casino online playtech
Ocupaçãocasino online playtechterritórios
Conforme os rebanhos cresciam, o gado deixoucasino online playtechser usado unicamente na lavouracasino online playtechcana e se tornou crucial para a ocupaçãocasino online playtechterritórios da jovem colônia.
Em artigo publicadocasino online playtech1995 na revista Le Portugal et l'Europe Atlantique, le Brésil et l'Amérique Latine, a historiadora Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011) remonta o crescimento da pecuária no Brasil às sesmarias, terras distribuídas pela Coroa e destinadas à produção agrícola.
Linhares conta que, para conseguir ocupar os territórios, os sesmeiros costumavam arrendar áreas menores a sitiantes que possuíam rebanhos. Era importante preencher as áreas porque terras livres podiam ser retomadas pela Coroa para serem redistribuídas.
Começa então a grande marcha bovina para o interior: o gado avançacasino online playtechSão Vicente (SP) até os camposcasino online playtechCuritiba;casino online playtechPernambuco, para o Agreste e o Piauí; da Bahia, para o Ceará, o Tocantins e o Araguaia. Nos séculos seguintes, os rebanhos ocupariam ainda o Semiárido, Minas Gerais, o Rio Grande do Sul, o Cerrado e franjas da Amazônia.
Linhares diz que está superada a noçãocasino online playtechque as fazendascasino online playtechgado pioneiras se caracterizavam pela natureza livre do trabalhocasino online playtechpeões e vaqueiros,casino online playtechcontraste com a escravidão nos engenhoscasino online playtechcana.
"Tal avanço sobre a terra nada tevecasino online playtechpacífico, sendo numerosos os registroscasino online playtechreação violenta das populações indígenas à incorporaçãocasino online playtechsua forçacasino online playtechtrabalho nas fazendascasino online playtechgado", ela afirma.
Em Os índios e a civilização, o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) descreve o avanço da pecuáriacasino online playtechterras dos povos Timbira, no sul do Maranhão.
"À custacasino online playtechtramoias,casino online playtechameaças ecasino online playtechchacinas, os criadorescasino online playtechgado espoliaram a maioria deles, e os remanescentescasino online playtechvários grupos se viram obrigados a juntar-se nas terras que lhes restavam, insuficientes para o provimento da subsistência à base da caça, da coleta e da agricultura supletiva desses índios."
No século 19, a atividade se transforma com a chegadacasino online playtechraças zebuínas da Ásia, mais adaptadas ao clima tropical. Até então, boa parte do rebanho brasileiro era composto por raças taurinas,casino online playtechorigem europeia.
Alguns fazendeiros do Triângulo Mineiro viajam eles próprios à Índia para buscar os animais, identificados pela presençacasino online playtechcorcova (cupim) e pelas orelhas longas.
Outros pecuaristas compram as resescasino online playtechmascates, vendedores ambulantes que conduzem pequenos rebanhoscasino online playtechfazendacasino online playtechfazenda. Alguns mascates fazem fortuna e mandam construir palacetes nas principais cidades da região.
Perón e o primeiro impulso à exportação
Nos anos 1940, com a ascensãocasino online playtechJuan Domingo Perón à Presidência da Argentina, novos mercados se abrem para o Brasil.
Pesquisadorcasino online playtechpecuária do Centrocasino online playtechEstudos Avançadoscasino online playtechEconomia Aplicada da escolacasino online playtechagricultura da USP (Esalq), Sérgiocasino online playtechZen diz que naquela época a Argentina era a grande fornecedoracasino online playtechcarne bovina do mundo.
Ele conta, porém, que o intervencionismocasino online playtechPerón fez com que multinacionais do setor buscassem o Brasil como alternativa.
É nessa época que empresas como a inglesa Anglo e a americana Swift se instalam no país, trazendo técnicas industriais para o abate e o processamento da carne.
Com o fim da Segunda Guerra (1939-1945), diz Zen, a pecuária se reorganiza na Europa e avança nos EUA e na Austrália. O Brasil sofre com a competição, e as multinacionais deixam o país, pressionadas também pela concorrência com abatedouros clandestinos.
Na décadacasino online playtech1970, o avanço da agricultura pelo Cerrado dá novo fôlego ao setor. Com a correção da acidez dos solos e a introduçãocasino online playtechcapins mais adaptados ao bioma, a raça zebuína Nelore se consolida como a principal variedade do país.
Hoje o Centro-Oeste é a principal região produtora do Brasil, mas a expansãocasino online playtechcapins exóticos - especialmente do gênero braquiária - ameaça a vegetação original remanescente.
A ditadura militar também estimulou a atividade ao promover a colonização da Amazônia. A construção da rodovia Transamazônica (1968-1974) empurrou a fronteira pecuária até o sul do Pará, enquanto a oeste fazendeiros - muitos deles paulistas e gaúchos - substituíam florestas por pastagenscasino online playtechMato Grosso,casino online playtechRondônia e no Acre, às margens da BR-364.
Até hoje, a pecuária é tida como a principal responsável pelo desmatamento da Amazônia. Áreas destruídas pelo fogo podem se tornar pastagens sem grandes custos, e a mobilidade dos bois permite que sejam criados longecasino online playtechestradas e centroscasino online playtechconsumo.
Além disso, o gado criadocasino online playtecháreas desmatadas ilegalmente pode ser abatido e comercializado por frigoríficos regulares, o que dificulta seu rastreamento.
Na Amazônia, assim comocasino online playtechboa parte do Centro-Oeste, os rebanhos têm espaço, água e clima favorável o ano todo, uma grande vantagem competitivacasino online playtechrelação à Europa ou aos EUA, onde os invernos são rigorosos e os animais passam ao menos parte do ano confinados.
Especulação bovina
Mesmo com a expansão territorial, o setor ainda enfrentava turbulências. Entre as décadas 1980 e 1990, nos anoscasino online playtechhiperinflação, o gado se tornou uma alternativa à moeda que desvalorizava rapidamente. Os animais eram comprados e logo revendidos para que se lucrasse com a especulação.
Só após a estabilização da economia com o Plano Real,casino online playtech1994, o setor é forçado a se tornar mais eficiente.
Avanços tecnológicos possibilitam que mais bois sejam criadoscasino online playtechmenos espaço. No fim dos anos 1990, a epidemiacasino online playtechvaca louca na Europa e acasino online playtechfebre aftosa na Argentina abrem espaço para o gado brasileiro.
A pressãocasino online playtechcompradores estrangeiros ecasino online playtechambientalistas quanto ao desmatamento da Amazônia e à qualidade da carne leva a indústria nacional a endurecer o controle sobre o abate.
As autoridades sanitárias também se tornam mais rigorosas. Sérgiocasino online playtechZen, da Cepea-Esalq, diz que um estudocasino online playtech2012 apontou que naquele ano só 6% dos abates ocorriam sem fiscalização.
Nos anos Lula e Dilma, o governo estimula a concentração do setor comcasino online playtechpolíticacasino online playtech"campeões nacionais". Sob a gestãocasino online playtechLuciano Coutinho, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) injeta recursoscasino online playtechalguns grupos, que incorporam outros e se tornam gigantes globais.
A Sadia se funde com a Perdigão, dando origem à Brasil Foods (hoje BRF); o Grupo JBS compra as redescasino online playtechfrigorífico Bertin e Independência e passa a controlar algumas das principais marcas do mercado, como Swift, Friboi e Seara.
A financeirização da pecuária atinge níveis inéditos. O Brasil passa a disputar com a Índia o postocasino online playtechmaior exportador mundialcasino online playtechcarne bovina e se torna o segundo maior produtor, atrás dos EUA.
Novas técnicas
Pesquisador-chefe da subdivisãocasino online playtechgadocasino online playtechcorte da Embrapa, agênciacasino online playtechpesquisa subordinada ao Ministério da Agricultura, Cléber Soares diz que hoje a expansão da atividade não necessitacasino online playtechnovas áreas.
Ele afirma que nas fazendas bovinas do Brasil se produzem hoje,casino online playtechmédia, 90 quiloscasino online playtechcarne por hectare ao ano, mas que é possível produzir até 600 quilos com a adoçãocasino online playtechtecnologias já disponíveis.
Soares apostacasino online playtechsistemas que integram, numa mesma fazenda, pecuária, plantaçõescasino online playtechsoja ou milho e florestas comerciais. Hoje boa parte do gado brasileiro se alimenta sócasino online playtechcapim. Quando é possível complementar a dieta com cereais, Soares diz que os rebanhos requerem menos espaço.
O pesquisador também aposta no contínuo aperfeiçoamento dos animais e conta que, séculos após importar seus primeiros bois e vacas, o Brasil se tornou o maior exportadorcasino online playtechgenética bovina do mundo.
Ele diz que, numa inversãocasino online playtechpapéis, o país passou a vender inclusive para as regiões a que deve a formaçãocasino online playtechseu rebanho: hoje raças zebuínas brasileiras são exportadas para a Índia, e raças taurinas nacionais são despachadas para a Europa.