"As pessoas dizem 'tem que morrer mesmo' porque não é o filho delas", afirma paigrêmio novorizontino x crb palpitejovem morto na Cidadegrêmio novorizontino x crb palpiteDeus:grêmio novorizontino x crb palpite
No domingo pela manhã, quando notícias das mortes se espalhavam pela comunidade, o pastor ajudou a mobilizar um grupogrêmio novorizontino x crb palpitecercagrêmio novorizontino x crb palpitecem pessoas que entrou na mata para buscar os corpos.
A polícia investiga o assassinato dos sete jovens, ocorridogrêmio novorizontino x crb palpiteuma localidade da comunidade conhecida como Karatê no mesmo diagrêmio novorizontino x crb palpiteque quatro policiais morreram na quedagrêmio novorizontino x crb palpiteum helicóptero que participavagrêmio novorizontino x crb palpiteuma operação na favela.
De acordo com a polícia, a perícia feitagrêmio novorizontino x crb palpitecinco dos sete corpos indica que não há sinaisgrêmio novorizontino x crb palpiteexecução - moradores acusam agentes do Batalhãogrêmio novorizontino x crb palpiteOperações Especiais (Bope)grêmio novorizontino x crb palpiteterem executado o grupo.
Titular da Delegaciagrêmio novorizontino x crb palpiteHomicídios do Rio, o delegado da Polícia Civil Fábio Cardoso afirma que as diligências para identificar os autores e esclarecer as circunstâncias das mortes dos sete jovens continuam e seguem duas linhas investigativas - apurando se ocorreramgrêmio novorizontino x crb palpiteconfrontos com milicianos ou com policiais.
Pastor da Assembleiagrêmio novorizontino x crb palpiteDeus, o Leonardo pai tem 45 anos e diz ter dedicado 14 deles à evangelizaçãogrêmio novorizontino x crb palpitetraficantes durante a madrugada na Cidadegrêmio novorizontino x crb palpiteDeus.
O depoimento abaixo foi dado à BBC Brasil algumas horas antesgrêmio novorizontino x crb palpiteele enterrar o filho no jazigo da família no cemitério Ricardogrêmio novorizontino x crb palpiteAlbuquerque, com vista para o Parque Olímpicogrêmio novorizontino x crb palpiteDeodoro e a logomarca da Rio 2016.
"Quando eu vi aquilo lá (os corpos na mata), a minha mente... Eu fiquei sem ação na hora. Não tinha como tirar foto, as garotas com a gente gritavam.... e eu falei: vamos levar todo mundogrêmio novorizontino x crb palpitevolta.
Foi covardia. Muita covardia. O meu filho era dócil, carinhoso, meigo, brincalhão. Quando ele foi começar a trabalhar, acho que tinha 15 anos, foi vender doce ali na Barra da Tijuca, o delegado prendeu ele e falou que ele estavagrêmio novorizontino x crb palpitevadiagem. Eu não entendi aquilo. Falou que ele estavagrêmio novorizontino x crb palpitevadiagem. E aí deu no que deu.
Depois ele colidiu com uma viatura da polícia, estava sem capacete. Forjaram a cena e disseram que ele estava com cocaína. Fomos para a Justiça e conseguimos inocentá-lo.
Meu filho era muito meigo. Era uma pessoa dócil. Mas essa revolta dele, não era para ele ser dessa forma. E aqueles jovens que morreram, eles eram tudo... tudo garotão. Eles viviam juntos. E morreram juntos. Barbaramente.
Eles são vítimas. Se fossem traficantes, a polícia tinha que apresentar as armas. Cadê as armas? Eles foram cruelmente executados, encontrados sem nada.
Eu cresci aqui na comunidade. Vi o Zé Pequeno (traficante que chefiou a vendagrêmio novorizontino x crb palpitedrogas na comunidade, retratado no filme "Cidadegrêmio novorizontino x crb palpiteDeus"), vi tudo isso. Eu acho que as autoridades têm que ser mais presentes. Parargrêmio novorizontino x crb palpiteficar maquiando as coisas. A educação e a saúde ainda estão péssimas. A segurança, então, nem se fala.
Sei que a educação partegrêmio novorizontino x crb palpitepai para filhos, mas se hoje entrar uma educação ética, vai mudar muita coisa.
Eu trabalheigrêmio novorizontino x crb palpitepesquisador para uma doutora da Colômbia. Na pesquisa que fiz para ela, eu vi os arquivosgrêmio novorizontino x crb palpite1888, quando houve a abolição da escravatura. Os arquivos diziam que quando teve a libertação dos escravos,grêmio novorizontino x crb palpitevezgrêmio novorizontino x crb palpiteeles apoiarem os trabalhadores que estavam aqui no Brasil, apoiaram a vindagrêmio novorizontino x crb palpiteestrangeiros.
Ali que começou a guerra. Investiram nos estrangeiros e foram jogando o pessoal daqui para os morros. A primeira favela que surgiu é aquela perto do Comando Militar Leste (o Morro da Providência). Foram jogando as pessoas para os morros. E daí começou a diferença. Eu vi, eu peguei o livro na mão, está lá no Arquivo Nacional. Foi assim que começou a guerra.
Sou pastor itinerante da Assembleiagrêmio novorizontino x crb palpiteDeus. Nós tínhamos um grupo que evangelizava traficantes na madrugada. Não é uma obra fácil. Muita gente se converteu. Fiquei uns 14 anos na madrugada e saí por causa da minha saúde.
Nessa época trabalhávamos com o pastor Joabe Domingos. Ele era um pastorgrêmio novorizontino x crb palpitefibra. Muitos traficantes se converteram. Muitos aceitaram a palavragrêmio novorizontino x crb palpiteDeus.
Eles falam que na Cidadegrêmio novorizontino x crb palpiteDeus todo mundo é traficante, todo mundo aqui é bicho, mas não é não. O pastor Joabe foi um guerreiro, não tenho palavras para explicar (começa a chorar). Ele ensinou a gente a amar essas vidas! Foi um pai para nós. Maisgrêmio novorizontino x crb palpite70% das pessoas foram convertidas na Cidadegrêmio novorizontino x crb palpiteDeus através dele.
Meu filho foi criado lá com ele. Foi batizado no Espírito Santo. E você acha que eu ia deixar aquelas vidas lá dentro do mato, que eu ia me omitir, com medogrêmio novorizontino x crb palpiteopressão? Falaram que iam matar a gente se a gente entrasse. Não. Eu não tinha como deixar essas vidas lá.
Então quando a gente viu aqueles corpos lá, eu fiqueigrêmio novorizontino x crb palpiteestado de... (chora). Não só pelo meu filho, mas por todos eles, porque nós sempre evangelizamos na madrugada.
Eu quero dizer para qualquer comunidade: pense, antesgrêmio novorizontino x crb palpiteir para o lugar errado. Porque o final é triste. É ilusório. Porque a crueldade vem. Mas uma coisa eu vou enfatizar: ninguém é maior que a justiçagrêmio novorizontino x crb palpiteDeus.
As pessoas que falam que 'tem que morrer mesmo', que foi uma operação bem-sucedida, elas falam isso porque não é o filho delas. Para essas pessoas eu diria: vem conviver aqui na comunidade. Qualquer comunidade. Na Maré, na Rocinha. Vem viver aqui dentro.
Eu diria que elas também têm filhos, têm esposas, maridos. A gente tem que fazer a diferença. Não é criticar e dizer 'tem que morrer mesmo'.
Eu creio que quando eles fizeram aquilo ali com aqueles jovens, foi ali que o helicóptero caiu. Creio eu! Porque foi a maior injustiça. A Bíblia diz que o que se planta é o que se colhe. Eu creio que quando eles fizeram aquilo, o helicóptero caiu.
E eu quero dizer para essas pessoas: eles têm famílias. Para pensarem nos seus filhos."