4 visões sobre a crise e o futuro das UPPs no Rio:slots com bonus gratis
A BBC Brasil conversou com dois especialistas e dois moradoresslots com bonus gratisUPPs sobre o futuro do programa. Confira os depoimentos:
Ana Paula Oliveira, ativista e moradora da UPPslots com bonus gratisManguinhos
Quando criaram a UPP,slots com bonus gratis2012, eu vi como positivo o fatoslots com bonus gratisnão vermos mais armas. A gente sabia que os traficantes ainda estavam ali, mas não víamos mais aquelas armas pesadas.
A questão é que rapidamente isso foi substituído pelo armamento pesado da polícia, e aos poucos ficou claro que a UPP não traria projetos sociais nem a paz, mas sim apenas uma forte militarização controlando tudo que os moradores fazem.
Logo no ano seguinte veio a primeira morte provocada por policiais da UPP,slots com bonus gratismarçoslots com bonus gratis2013, eslots com bonus gratisoutubro a segunda, um garoto espancado até a morte pela polícia. Sete meses depois foi o meu filho, morto com um tiro nas costas.
Não adianta mudar nomenclatura e cor do uniforme. É toda a estrutura e o treinamento da Polícia Militar que precisa mudar. Eles vêm para cá com ódio. Na visão deles, o pobre e favelado é o inimigo que precisa ser exterminado.
Fico revoltada ao ver que nossos filhos morreramslots com bonus gratisnomeslots com bonus gratisum projeto racista, classista, excludente eslots com bonus gratismentira. Eles estão buscando a segurançaslots com bonus gratisquem? Eu digo com propriedade que a UPP é um extermínioslots com bonus gratisfavelados. É mesmo. A maioria das pessoas são mortas com tiro nas costas ou na cabeça.
Para ser justa, nos últimos anos ganhamos a UPA (Unidadeslots com bonus gratisPronto Atendimento) e a Clínica da Família, mas dentro da comunidade é só a polícia mesmo. Para nós ficou claro que a UPP é uma farsa. A ideiaslots com bonus gratispacificação e proximidade é uma grande mentira.
No cenário atual eu acho que as coisas só vão piorar. Não tenho nenhuma expectativa positiva. Se antes eles tinham dinheiro e nada deu certo, imagina agora,slots com bonus gratiscrise? Eu acho que infelizmente dias sombrios nos esperam.
E mesmo que houvesse muito dinheiro para investir,slots com bonus gratisnada adiantaria se você continua com uma Polícia Militar que vê o moradorslots com bonus gratisfavela como inimigo. Nós não precisamosslots com bonus gratismais e mais policiais, precisamosslots com bonus gratissaúde, educação, lazer e cultura, e não mais morte e violência.
Ana Paula Oliveira nasceu e cresceu na favelaslots com bonus gratisManguinhos, na Zona Norte do Rio. Seu filho Johnatha foi morto com um tiro nas costas disparado por um policial da UPPslots com bonus gratismaioslots com bonus gratis2014, e desde então tornou-se ativistaslots com bonus gratisgruposslots com bonus gratismães que perderam filhos devido à violência policial. Sua luta já a levou a Washington, Genebra e outros países da Europa.
Pedro Strozenberg, pesquisador e ex-membro do Conselho Nacionalslots com bonus gratisSegurança Pública
Nesse momentoslots com bonus gratiscrise, eu acho que é muito importante que não haja maniqueísmos ao falar do programa das UPPs. Houve acertos e erros, mas tratar a política como algo fracassadoslots com bonus gratisforma geral não trará benefícios à segurança pública.
Eu vejo que deu certo uma mudançaslots com bonus gratismentalidade, dessa lógicaslots com bonus gratisenfrentamento, eslots com bonus gratisuma nova maneiraslots com bonus gratisselecionar e treinar policiais, com capacitação direcionada para o policiamentoslots com bonus gratisproximidade. Por outro lado a velocidadeslots com bonus gratisexpansão fez com que o projeto fosse enfraquecido também no treinamentoslots com bonus gratisefetivo.
Os pontos negativos foram tratar as favelasslots com bonus gratisforma muito semelhante, quando elas possuem diferenças enormes entre si, e a falta das políticasslots com bonus gratisEstado, das iniciativas da prefeitura, dos projetos e melhorias que haviam sido incluídas no projeto inicial. Faltou também um sistemaslots com bonus gratismonitoramentoslots com bonus gratisproblemas,slots com bonus gratisabusos.
Obviamente você não pode tolerar 15 pessoas mortas num ano numa comunidadeslots com bonus gratisque há um projetoslots com bonus gratispolícia comunitária, como o que ocorre no Complexo do Alemão. Algo está errado e precisava ter havido um controle sobre isso, uma intervenção atuando sobre o que está errado.
Nesse cenário caótico do RJ no momento, sem dúvida as UPPs se encontram numa situação crítica e muito delicada. Possivelmente vão reduzir efetivoslots com bonus gratisalgumas unidades e reforçarslots com bonus gratisoutras. Vai ser necessário uma aliança com os governos municipal e federal.
O mais importante é perceber que das 38 unidades há dezslots com bonus gratisestado crítico. Não se pode dizer que o projeto fracassou, pois há o riscoslots com bonus gratisretrocedermos a um nívelslots com bonus gratisque os avanços feitos sejam desqualificados.
Sobre a ausência dos projetos sociais e um monitoramento mais rígido dos desviosslots com bonus gratisconduta dos policiais eu acho que são duas bandeiras das quais não se pode desistir. É necessário bater nessa tecla até que isso aconteça.
Pedro Strozenberg é pesquisador da áreaslots com bonus gratissegurança pública do Institutoslots com bonus gratisEstudos da Religião (Iser), e ex-membro do Conselho Nacionalslots com bonus gratisSegurança Pública. Também atuou no Conselho Estadualslots com bonus gratisDireitos Humanos eslots com bonus gratisSegurança Pública do Estado do RJ e foi subsecretárioslots com bonus gratisDireitos Humanos do Estado do RJ.
Thainã Medeiros, comunicador, ativista e morador da UPP do Complexo do Alemão
Eu acho que a situação atual no Complexo do Alemão é o resultadoslots com bonus gratisuma sérieslots com bonus gratisequívocos, começando com a ocupação com o Exército,slots com bonus gratis2010.
Para ser justo, no início havia uma expectativa muito positiva. Muitos moradores estavam animados e os militares entregavam bilhetes que falavamslots com bonus gratisum novo tempo,slots com bonus gratismudanças. E foram três anos sem tiroteio. Ouvíamos tiros, mas não tinha tiroteio, confronto.
Por outro lado tinha a opressão da Polícia Militar, que transformou hábitos e a cultura da favela, com revistas, intimidações e proibições, como os bailes funk, que passaram a ser vetados.
Por um lado eu podia sairslots com bonus gratiscasa e ir trabalhar sem medoslots com bonus gratistiroteio, mas outro se estivesse na rua depois das 22h poderia levar um tapa na cara e ser chamadoslots com bonus gratisvagabundo por policiais da UPP.
Mas tudo mudouslots com bonus gratismaioslots com bonus gratis2013, quando a corrida da paz, da qual participava o ex-secretárioslots com bonus gratissegurança José Mariano Beltrame, foi interrompida por cinco minutosslots com bonus gratistiros. Foi um sinal, um recado bem claro,slots com bonus gratisque as coisas iam começar a mudar.
A UPP tem que sair, eles têm que ir embora do Alemão. Há iniciativas láslots com bonus gratissaúde, educação, cultura,slots com bonus gratisautogestão, criados por moradores, e eles atrapalham.
Se não tem dinheiro para as políticas sociais e nem para uma polícia bem treinada, a presença deles lá só está alimentando a guerra. São forças inimigas no mesmo território e inocentes morrendo no meio.
Thainã Medeiros nasceu e cresceu no Complexo do Alemão. Desde o finalslots com bonus gratis2013 integra o Coletivo Papo Reto Comunicação Independente, que tornou-se uma referênciaslots com bonus gratiscomunicação e monitoramento da violência policial e já levou seus integrantes à sede das Nações Unidas,slots com bonus gratisNova York, para debates e encontros sobre o tema.
Luiz Eduardo Soares, pesquisador, antropólogo e ex-secretário nacionalslots com bonus gratisSegurança Pública
A essa altura muitos já reconhecem, inclusive autoridades, que o projetoslots com bonus gratispacificação como concebido inicialmente fracassou. É claro que há situações e situações, masslots com bonus gratisforma geral é uma iniciativa fracassada. E isso ocorreu basicamente por duas razões: não houve reforma das polícias e não houve a entradaslots com bonus gratispolíticas sociais junto com os policiaisslots com bonus gratisUPPs.
Não tem como você levar adiante um projetoslots com bonus gratispoliciamento comunitário com uma polícia violenta e corrupta. Era previsível que houvesse uma sérieslots com bonus gratisabusos eslots com bonus gratiscorrupção levando a uma desmoralização que finalmente trariaslots com bonus gratisvolta o tráfico. A formação que era dada a esses policiaisslots com bonus gratisUPPs era muito breve, muito incipiente. A tradição e os hábitos da Polícia Militar nunca mudaram.
A ausênciaslots com bonus gratispolíticas sociais enfraqueceu demais o projeto, assim como a expansão e a escolha dos locais que recebiam UPP não com base num diagnóstico da situação, mas sim as mais próximas da Zona Sul do Rio eslots com bonus gratislocais com movimentaçãoslots com bonus gratisturistas visando a Copa do Mundo e as Olimpíadas, tentando mostrar à classe média e aos turistas que o problema estava resolvido.
Não vejo saídaslots com bonus gratismeio à crise atual no Rioslots com bonus gratisJaneiro. Eu acho que as UPPs vão falir uma a uma, indo ao fundo do poço e se corroendo. Os policiaisslots com bonus gratisUPPs trabalhamslots com bonus gratiscondições análogas à escravidão, segundo o Ministério Público do RJ, e realocar efetivo vai descobrir uma parte para cobrir outra, sem sucesso.
Diante disso é óbvio que o tráfico está se reorganizando, disputando quem vai ficar com que morro, com que território, nessa retomadaslots com bonus gratispoder.
Luiz Eduardo Soares é mestreslots com bonus gratisantropologia, doutorslots com bonus gratisciência política e pós-doutorslots com bonus gratisfilosofia política. Assumiu a Secretaria Nacionalslots com bonus gratisSegurança Públicaslots com bonus gratis2003 eera coordenadorslots com bonus gratissegurança, justiça e cidadania do Estado do RJ. É professor da UERJ e já foi pesquisador das universidadesslots com bonus gratisColumbia e Harvard.