Pressão sobre STF e outras possíveis consequências das gravações envolvendo Jucá:1xwin bet

Romero Jucá

Crédito, Agencia Brasil

No entanto, a Folha1xwin betS. Paulo divulgou os áudios apontando que Jucá não falava sobre economia na conversa.

Além disso, a conversa sugeriria a necessidade1xwin betrealizar um "pacto", inclusive com o Supremo Tribunal Federal, para delimitar o alcance da operação. Sob pressão, Jucá anunciou no fim da tarde que se licenciará do Ministério do Planejamento a partir desta terça para que o caso seja esclarecido, e que retornará caso seja "reconvidado" por Temer.

Segundo a Folha, os diálogos foram gravados1xwin betforma oculta,1xwin betmarço, portanto antes1xwin beta abertura1xwin betprocesso1xwin betimpeachment contra Dilma ter sido autorizada pela Câmara,1xwin bet171xwin betabril, e confirmada pelo Senado,1xwin bet121xwin betmaio. A reportagem diz que os áudios estão1xwin betposse da Procuradoria-Geral da República (PGR) - a assessoria da instituição informou que não comentaria o assunto.

Entenda abaixo os trechos mais importantes da conversa entre Jucá e Machado e quais seu significados e possíveis consequências políticas.

Impeachment como pacto para conter Lava Jato

Em determinado trecho da conversa revelada pela Folha, Jucá diz que "tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria",1xwin betaparente referência à operação Lava Jato. Os trechos transcritos pela reportagem indicam que essa fala foi dita quando ambos discutiam o risco1xwin betnovas delações premiadas que poderiam comprometer o PMDB.

Em outro trecho, Jucá acrescenta que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado então responde: "aí parava tudo". "É. Delimitava onde está, pronto", resume o ministro, a respeito das investigações.

Para Renato Perissinoto, professor1xwin betciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a revelação desses diálogos pode aumentar a pressão para que o STF julgue o mérito do processo1xwin betimpeachment, ou seja, se manifeste sobre se há fundamento jurídico para a cassação1xwin betDilma. Até o momento, a maioria dos ministros tem sinalizado que a Corte deve se limitar a interferir para garantir a legalidade do rito do processo.

"Claro que isso torna esse governo, do ponto1xwin betvista da legitimidade, ainda mais fraco", afirma o professor.

Segundo Rafael Cortez, analista político da Consultoria Tendências, a conversa1xwin betJucá e Machado certamente será usada pelos apoiadores do retorno1xwin betDilma como forma1xwin betquestionar a legitimidade do impeachment. No entanto, considera que "ainda não há evidência1xwin betque isso por si só vai reverter o apoio (à cassação1xwin betDilma)", já que o novo governo "gerou toda uma expectativa nos grandes agentes econômicos e1xwin betparte relevante da sociedade".

No último dia 12, 55 senadores votaram pela abertura do processo1xwin betafastamento da presidente. Será preciso que 54 votem por1xwin betcondenação para que a petista seja definitivamente cassada.

Para Cortez, o fato1xwin beta conversa1xwin betJucá ter vindo à tona "é um sinal1xwin betque a votação final do impeachment não está garantida", ainda que ele opine que a absolvição da presidente ainda seja o cenário menos provável.

E se conversa tivesse sido divulgada antes?

Na avaliação dos dois cientistas políticos, se a divulgação dessas conversas tivesse ocorrido antes das votações da Câmara e do Senado sobre o impeachment1xwin betDilma, poderia ter influenciado o destino da petista.

"Se essas gravações tivessem saído antes do processo1xwin betimpeachment, o constrangimento1xwin bettirar uma presidente contra quem não se tinha nenhuma acusação (de favorecimento pessoal por corrupção) para colocar no lugar um governo com sete ministros citados na Lava Jato seria ainda maior", opina Renato Perissinoto, da UFPR.

Para Cortez, o impacto das gravações seria mais relevante se elas tivessem sido reveladas antes, pois agora que Temer chegou ao poder "tem mecanismos na mão", como nomeações1xwin betcargos, para limitar impacto das gravações no meio político.

"Enquanto era uma coalizão fora do governo (defendendo o impeachment) e o status quo era o governo Dilma, certamente a gravação teria impacto mais relevante", disse.

PSDB

Em outro momento da conversa, Jucá e Machado falam sobre como políticos do PSDB podem ser atingidos pela Lava Jato.

No trecho mais comprometedor revelado pela Folha, Machado diz que "o primeiro a ser comido vai ser o Aécio (Neves, senador e presidente do PSDB)". Em seguida, as transcrições indicam que teria havido um "esquema" para eleger Aécio presidente da Câmara dos Deputados. O mineiro presidiu a Casa entre 2001 e 2002, no final do governo Fernando Henrique Cardoso.

"(Sussurrando) O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara?", pergunta Machado, segundo a Folha.

Pouco depois, Machado continua: "O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei1xwin betcampanha do PSDB...".

Jucá apenas responde: "É, a gente viveu tudo".

Para Cortez, a referência a Aécio traz instabilidade para a aliança política que dá base ao governo Temer no Congresso.

"Isso indica que a coalizão (pró-impeachment) não vai necessariamente se traduzir numa ampla janela1xwin bet(aprovação de) reformas (no Congresso). O PSDB vai dar o apoio (ao governo Temer) mas ao mesmo tempo vai procurar se descolar".

Já Perissinoto observa que esse é mais um episódio que tende a enfraquecer Aécio, que já vinha enfrentando o desgaste1xwin better sido citado1xwin betdelações da Lava Jato, por exemplo como suposto beneficiário1xwin betum esquema1xwin betcorrupção1xwin betFurnas, estatal do setor elétrico, o que o senador nega.

Jucá e Machado comentam que Aécio não teria mais chances1xwin betvencer eleição, aparentemente1xwin betreferência à próxima disputa presidencial1xwin bet2018.

"Curiosamente, embora o PSDB tenha sido uma das lideranças no processo1xwin betimpeachment, esse processo o enfraqueceu", diz Perissinoto, citando o fato1xwin beta Lava Jato ter "transbordado para todos os partidos".

Cunha

Jucá e Machado também conversam sobre a situação1xwin betEduardo Cunha, presidente afastado da Câmara dos Deputados sob acusação1xwin betusar seu cargo para atrapalhar investigações.

Para o ministro do Planejamento, o deputado "está morto". Em aparente referência a Cunha, ela também indica a necessidade1xwin betque algum político seja punido para diminuir a pressão popular.

"Tem que ser um boi1xwin betpiranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem", disse a Machado. Na entrevista coletiva desta segunda-feira, Jucá disse que não se referia a um bode expiatório, mas sim1xwin bet"punir os culpados" pela corrupção.

Para Perissinoto, a estratégia1xwin beteventualmente usar Cunha como bode expiatório não funcionaria. "Eu acho que é um erro1xwin betcálculo, porque se tem um cara que não se deixa matar tranquilamente é o Cunha. Porque ele tem não sei quantos deputados na mão dele, conhece o podre1xwin betmeio mundo. Se ele cai, vai cair um castelo1xwin betcartas com ele".

STF e militares

Em outro momento do diálogo, Jucá diz que teria conversado com ministros do STF e militares sobre apoio ao processo1xwin betimpeachment.

"(Em voz baixa) Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições1xwin bet(inaudível) sem ela (Dilma). Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar", disse Jucá, segunda a transcrição da Folha.

Na avaliação1xwin betCortez, essas afirmações tendem a fazer com que o Supremo atue para "reforçar esses sinais1xwin betque ele não está associado a partidos políticos e que tampouco é partidário do movimento1xwin betminimizar os efeitos da Lava Jato".

"É usual que lideranças políticas encontrem canais1xwin betdiálogos com ministros1xwin betSupremo. Evidentemente, a insinuação1xwin betque esses contatos deveriam representar desvios aumentam o incentivo do Supremo1xwin betreforçar os sinais1xwin betque ele1xwin betfato é independente do processo político", observa.