Analistas rejeitam boatos sobre intervenção dos EUA no impeachment:casino spin samurai

Presidente interino Michel Temer

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Wikileaks alimentou rumores sobre a participação dos EUA no impeachment ao divulgar que o presidente interino Michel Temer conversou sobre a política brasileira com diplomatas americanoscasino spin samurai2006.

O histórico recente da relação entre os dois países, porém, se contrapõe a essas teorias - que tampouco encontram respaldo entre a maioria dos especialistas no tema. Desde que se reelegeu, Dilma vinha tratando os Estados Unidos como uma das prioridadescasino spin samuraisua política externa. Em 2015, ela visitou a Casa Branca e ouviu do presidente Barack Obama que o Brasil era uma "potência global".

Nos últimos meses, ambos conversaram por telefone ao menos duas vezes:casino spin samuraidezembro, o americano lhe agradeceu pela postura do Brasil nas negociações para o acordo climáticocasino spin samuraiParis e,casino spin samuraijaneiro, os dois discutiram ações contra o zika.

Em 30casino spin samuraimarço, a poucos dias da votação do impeachment, Brasil e EUA assinaram um acordo para trocacasino spin samuraiexperiências no setorcasino spin samuraiinfraestrutura.

As ações indicam que havia ficado para trás o mal-estar gerado com a revelação pelo site Wikileaks,casino spin samurai2013,casino spin samuraique Dilma fora espionada pelo governo americano.

Nos últimos dias, o mesmo Wikileaks alimentou rumores sobre a participação dos EUA no impeachment ao divulgar que o presidente interino Michel Temer havia sido um "informante" da embaixada americanacasino spin samuraiBrasília. Um telegrama diplomático revelado pelo site aponta que Temer conversou sobre a política brasileira com diplomatas americanoscasino spin samurai2006.

Para o professorcasino spin samurairelações internacionais da Fundação Getúlio Vargas Oliver Stuenkel, a interpretação é equivocada. Ele afirma que, no jargão diplomático, informante é qualquer pessoa que dialogue com diplomatascasino spin samuraiserviço.

"Uma boa embaixada tem como missão conversar com todo mundo e colher informações", afirma.

Telegramas

Presidente Dilma Rousseff

Crédito, VANDERLEI ALMEIDA

Legenda da foto, Brasil não está entre as prioridades da política externa dos EUA; Casa Branca teria pouco a ganhar com a desestabilização do país

Stuenkel cita telegramas que mostram que, antescasino spin samuraiser condenado no escândalo do mensalão e na Lava Jato, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também se reunia com diplomatas americanos para tratar da política no Brasil.

Para o professor, muitas teorias sobre o envolvimento dos EUA no impeachment se baseiam no apoio que Washington deu a ditaduras latino-americanas durante a Guerra Fria. Na época, a Casa Branca temia a ascensão do comunismo e ajudou a articular golpes militares na região.

Mesmo após o fim da Guerra Fria, porém, os Estados Unidos chancelaram um golpe fracassado contra o presidente venezuelano Hugo Chávez,casino spin samurai2002. Segundo Stuenkel, o apoio americano foi "um grave erro que até hoje tem custos".

O professor afirma, no entanto, que o Brasil não está entre as prioridades da política externa dos EUA e que a Casa Branca teria pouco a ganhar com a desestabilização do país.

"Vemos cada vez maiscasino spin samuraiWashington um desejocasino spin samuraique o Brasil assuma mais poder para cuidar dos problemas da região, como a crise na Venezuela, e deixem os EUA usar todacasino spin samuraienergia para lidar com o Oriente Médio, a China, a Rússia e outros temas que consideram mais importantes."

Outras teorias sobre o envolvimento dos EUA no impeachment, segundo Stuenkel, surgem da crençacasino spin samuraique o novo governo brasileiro será melhor para Washington que o anterior. Ele diz, porém, que a relação entre os dois países atingiu seu ápice nos anos Lula.

Lula, diz Stuenkel, mantinha com o então presidente americano George W. Bush "não só uma amizade pessoal, mas uma cooperação ainda maior que a que existia entre FHC e Bill Clinton".

Em artigo recente na Folhacasino spin samuraiS.Paulocasino spin samuraique comparou as políticas externas petista e tucana, o também professorcasino spin samurairelações internacionais da FGV Matias Spektor escreveu que "o discurso mais incendiário que um presidente brasileiro já fezcasino spin samurairelação à hegemonia americana não foicasino spin samuraiLula, mascasino spin samuraiFHC".

No discurso, o tucano atacou a globalização e o "capitalismo especulativo", referência ao modelo econômico americano. Já Lula, diz Spektor, costumava adotar um tom mais moderadocasino spin samurairelação a Washington. Em 2009, Obama chegou a dizer que o político brasileiro era "o cara", ainda que no ano seguinte viesse a rejeitar os esforços do Brasil para mediar um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

Um assessor do Departamentocasino spin samuraiEstado - órgão que coordena a política externa dos EUA - disse à BBC Brasil que o governo americano não comentaria informações provenientescasino spin samuraidocumentos secretos.

Ele disse que são "absolutamente falsos" os relatos sobre o envolvimento dos EUA no impeachment. "Nós continuamos a nos engajar com o governo brasileiro como parte do nosso trabalho normal e rotineiro", afirma.

Segundo o assessor, o governo americano "continua comprometido com a manutenção da sólida relação bilateral que existe entre os dois países".

Os Estados Unidos vêm tratando o impeachment com cautela. Na quarta-feira, na manifestação mais contundentecasino spin samuraium representante do país sobre o tema, o embaixador americano na Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou a tesecasino spin samuraique o afastamentocasino spin samuraiDilma tenha sido um "golpe suave oucasino spin samuraioutro tipo".

"O que ocorreu no Brasil seguiu o processo legal constitucional e respeitando completamente a democracia", afirmou Michael Fitzpatrick.