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Como surgiu a lenda do Yeti, o abominável homem das neves que fascinou até Alexandre, o Grande:
Guias e carregadores locais, no entanto, disseram que elas pertenciam ao lendário metoh-kangmi, que pode ser traduzido para algo como "homem-urso boneconeve".
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Intrigado, Newman conversou com alguns dos tibetanos que viram as pegadas. Eles mencionaram históriasuma criatura misteriosa e selvagem que vagava pelo Himalaia.
Fascinado, o jornalista precisavaum nome atraente para os jornais, pois uma má traduçãometoh fez com que ele pensasse que o chamavam"boneconeve nojento".
Ele inventou algo muito mais evocativo: o abominável homem das neves.
E assim, a lenda do Yeti — o seu nome tibetano — tornou-se global, capturando a imaginação e inspirando maisum séculoestudos, pesquisas e buscas criptozoológicas.
O bípede peludo, parecido com um macaco, tem diferentes formas e tamanhos. Às vezes é considerado muito mais alto que um humano e às vezes pequeno, mas terrivelmente forte.
Embora seja retratado com pelos brancos para se misturar à paisagem cobertaneve, ele também pode ser marrom avermelhado e viver nas florestas do Himalaia.
No cinema, o Yeti varia desde o monstro assassinofantasiaterrorO Abominável Homem das Neves (1957) até o fofinho habitante das cavernasMonstros S.A. (2001).
No entanto, quando se trataevidências da existência do Yeti, o mais próximo que alguém chegou foram as pegadas — mas não aquelas que Howard-Bury eequipe disseram ter visto.
Durante outra expedição britânica que fez o reconhecimento das rotas do Everest 30 anos depois,1951, os alpinistas Eric Shipton e Michael Ward viram estranhas pegadas que percorriam aproximadamente 1,6 quilômetros a uma altitudemais4.500 metros.
Também havia sinaismarcasgarras.
Shipton tirou várias fotos e a pegada era quase duas vezes maior que aum humano.
Essas imagensShipton se tornaram ícones do fascínio do século 20 pelo Yeti.
Os contos tradicionais da região do Himalaia se referem ao Yeti como um espírito da geleira que trouxe sorte aos caçadores, ou como uma criatura que assustava as pessoasse aventurassem muito longe nas montanhas.
Tal criação estava longeser incomum: hoje, o Yeti faz parteuma famíliacriptídeos bípedestodo o mundo, incluindo o Sasquatch na América do Norte, o Yowie na Austrália e o Mapinguari na Amazônia.
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A crença no Yeti como uma criatura física, é claro, foi estabelecida muito antesos exploradores britânicos encontrarem suas pegadas.
Dizem que quando Alexandre, o Grande, invadiu o subcontinente indiano326 a.C., ele exigiu ver um, mas os moradores se recusaram a mostrá-lo, alegando que não sobreviveriabaixas altitudes.
Ao longo dos séculos, as histórias continuaram até que diferentes tiposYeti foram formados (o arquetípico Meh-teh, o menor Teh-Ima e o enorme Dzu-teh ou Nyalm) e a lenda tornou-se parte da mitologia da região.
O Yeti permaneceu praticamente intocado (na verdade, muitas crenças locais afirmavam que seria um mau presságio ver um) até o século 20, que provou ser uma época fértil para a criptozoologia.
Duas décadas depois que o jornalista Henry Newman popularizou o termo "abominável homem das neves"1921, dois viajantes afirmaram ter visto "duas manchas pretas" movendo-se pela neve do Himalaia.
Então, as imagensShipton1951, auxiliadas pela conquista do Everest dois anos depois, chamaram a atenção como nunca antes para a região e para o Yeti que talvez se esconda por lá.
E o interesse era grande.
Em 1959, a embaixada dos EUAKatmandu chegou a emitir um memorando ao DepartamentoEstadoWashington DC sobre gruposcaçadoresYeti que se aglomeravam no Himalaia.
Os "Regulamentos que regem as expediçõesmontanhismo no Nepal — Relativos ao Yeti" consistiamtrês regras para quem desejasse viajar.
A primeira alegava que 5 mil rúpias deveriam ser pagas ao governo nepalês para obter permissão para procurar a criatura.
A segunda afirmava: "Se o 'Yeti' for localizado, poderá ser fotografado ou capturado vivo, mas não deve ser morto ou baleado, excetocasoemergência decorrentelegítima defesa'. Também dizia que todas as fotografias deveriam ser entregues às autoridades.
A terceira garantia que quaisquer "notícias e reportagens que esclarecessem a existência real da criatura" também deveriam ser entregues.
Provas?
Os visitantes sonhavamfazer algum progresso e estavam atentos a qualquer coisa relacionada ao Yeti.
No final da década1950, uma expedição financiada pelo petroleiro texano Tom Slick descobriu um objeto curiosoum mosteiro budista na cidadePangboche: a mão mumificadaum suposto Yeti.
O explorador Peter Byrne conseguiu adquirir umseus dedos, supostamente após fazer uma doação financeira ao mosteiro, e o contrabandeou para fora do Nepal.
Ele fez isso com a ajuda do astroHollywood James Stewart, amigoSlick, que escondeu o dedo na bagagem da esposa, embrulhadauma cueca.
Em 1960, apareceu outra parte do corpo.
Após alegar ter visto pegadas estranhas durantehistórica subida ao Everest com Tenzing Norgay, o alpinista Edmund Hillary foibusca do Yeti e voltou com um suposto couro cabeludo emprestadoum mosteiroKhumjung.
No entanto, testes revelaram que a peleformacapacete veioum serau, um animal parecido com uma cabra.
Quanto à mãoPangboche, a análiseDNA realizada2011 provouuma vez por todas que era humana.
Aparentemente, todas aquelas pegadas vistas pelos alpinistas também poderiam ser explicadas.
As pegadas individuais poderiam ter sidopedras que caíram e que tiveramforma altera à medida que a neve derreteu.
Já as pegadas múltiplas eram possivelmenteum animal diferente, criando uma pegada maior e aparentemente inexplicável quando as patas dianteiras e traseiras pousavamlocais semelhantes.
Michael Ward, o médico da expediçãoHillary, observou que poderiam até ser "pésformato anormal"uma pessoa, já que conheceu tibetanos e nepaleses cujo dedão do pé "estavaângulo reto com o resto do pé".
Mas e as pessoas que alegaram ter visto a criatura?
Em 1986, o físico inglês Anthony Wooldridge, que estavauma corrida beneficente no Himalaia, afirmou ter visto um Yeti a apenas 150 metrosdistância dele e conseguido tirar fotos.
No mesmo ano, o experiente montanhista italiano Reinhold Messner, famoso por escalar o Everest sem oxigênio suplementar, afirmou que também teve um encontro com a criatura.
Ele passou anos tentando encontrar outro Yeti, sem sucesso. Já a conclusão da históriaWooldridge foi que ele tinha visto uma formação rochosaformato incomum.
Poderia existir?
Têm sido comuns relatos secundários igualmente questionáveis sobre pessoas que avistaram Yetis, incluindo o do montanhista nepalês Ang Tsering Sherpa, que disse que seu pai tinha visto um.
"Yetis não são tão grandes. Eles têm aproximadamente o tamanhocrianças7 anos. Mas são muito fortes", afirmou, antesaludir aos poderes mágicos que às vezes são citados nos mitos sobre os Yetis.
"Se o Yeti tivesse visto meu pai primeiro, meu pai não teria conseguido andar. O Yeti pode impedir as pessoasandar. Então ele os come."
Todas as análises científicas e afirmações desmascaradas não foram suficientes para extinguir o fascínio pelo Yeti.
Em 2011, especialistas e entusiastas da criptozoologia realizaram uma conferência na Sibéria Ocidental e anunciaram a"prova indiscutível" da existência do Yeti, com a descobertaninhos feitosramos retorcidosárvores.
No entanto, pouco depois, um participante, o antropólogo americano Jeff Meldrum, revelou que as autoridades russas falsificaram a história como um golpe publicitário.
A criptozoologia sempre foi atormentada pelo engano, motivada pela fama e fortuna.
Possivelmente, foi isso que levou caçadores na China a anunciarem publicamente2010 ter capturado um Yetiquatro patas e sem pelos (na verdade, um animal parecido com um gato chamado civeta).
Mastodos os criptídeos, o Yeti tem sido objetouma quantidade surpreendenteinvestigações científicas, levando a avanços significativos na última década.
Em 2013, Bryan Sykes, geneticista da UniversidadeOxford, emitiu um apelo global para que qualquer "evidência" do Yeti fosse analisada.
Das dezenasamostras que recebeu, dois pelos (um do norte da Índia, no oeste do Himalaia, e outro,centenasquilômetrosdistância, no Butão), correspondiam a um urso polar pré-histórico, que se acredita ter vivido há pelo menos 40 mil anos.
Sykes apresentou a intrigante teoriaque o Yeti existe, mas é, na verdade, um urso híbrido. Se essa não for uma anomalia pré-histórica, outras raças rarasursos poderiam ser o Yeti da vida real.
Já Reinhold Messner concluiu na década1980 que o Yeti poderia ser o urso azul tibetano ou o urso pardo do Himalaia.
Em 2017, o estudioso americano Daniel C. Taylor, conservacionista e figura importante no estudo do Yeti que passou décadas caçando a criatura, finalmente publicou suas extensas descobertas, incluindo uma análise abrangente das pegadasShipton.
Em Yeti: A Ecologiaum Mistério, ele apontou o urso negro asiático como a provável criatura flagrada no Himalaia.
Mas é improvável que essas descobertas convençam a todos.
O abominável homem das neves passou por maisum séculoempolgação e especulação.
Um séculopegadas, histórias, avistamentos e espécimes, coincidindo com um séculointeresse crescenteoutras feras não comprovadas, como o Monstro do Lago Ness e o Pé Grande.
Para muitos que acreditam que ele existe, o Yeti representa as maravilhosas incógnitas da Terra, e a esperançaencontrá-lo não acabará pela faltaevidências definitivas.
*Para ler o artigo originalinglês no BBC HistoryExtra, clique aqui.
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