O anarquista espanhol que desviou milhõesradar betbanco e virou filme da Netflix:radar bet

Lucio Urtubia

Crédito, CORTESIA DO EDITORIAL TXALAPARTA

Legenda da foto, Lucio Urtubia (1931-2020)

Pedreiro durante o dia e falsificador à noite, Lucio Urtubia era semianalfabeto e atuou como ladrão, suposto sequestrador e contrabandista. Rebelde e revolucionário até o fim dos seus dias, foi um dos homens mais procurados dos anos 1980.

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Seu maior golpe foi falsificar uma imensa quantidaderadar betchequesradar betviagem do First National City Bank (hoje, Citibank) – na época, um dos maiores bancos do mundo –radar betconjunto com uma rederadar betdezenasradar betpessoas, chefiadas por ele.

Não se sabe ao certo o montanteradar betdinheiro que Urtubia chegou a desviar. Segundo ele próprio, foram pelo menos US$ 20 milhões (cercaradar betR$ 104 milhões,radar betvalores atuais).

Ele afirmava que o dinheiro foi usado para financiar grupos guerrilheiros na Europa e na América Latina, como os Tupamaros, no Uruguai, e os Montoneros, na Argentina.

A lenda conta que seus falsificadores ajudaram na fugaradar betEldridge Cleaver, líder dos Panteras Negras nos Estados Unidos, e que ele participou da tentativaradar betsequestro do oficial nazista Klaus Barbie na Bolívia. E ele próprio contava que chegou a discutir estratégias com Che Guevara.

Entre a pessoa e o personagem, o mito e a história, a vidaradar betLucio Urtubia parece ter saídoradar betum roteiroradar betcinema.

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De fato, a história extraordinária deste Robin Hood anarquista acabou virando livro – El Tesororadar betLucio (“O tesouroradar betLucio”,radar bettradução livre),radar betMikel Santos Belatz – e chegou às telasradar betduas ocasiões. A primeira, no documentário Lucio (2007), dos diretores Aitor Arregi e Jose Mari Goenaga; e, mais recentemente, no longa-metragem Um Homemradar betAção (2022).

Paradoxalmente para um homem que passou toda aradar betvida lutando contra o capitalismo, o filme mais recente foi produzido por uma grande corporação norte-americana, a Netflix.

"Quando apresentamos o filme, as pessoas nos perguntavam se era um documentário falso. Elas não conseguiam acreditar", recorda Aitor Arregi, um dos diretoresradar betLucio.

"A dissimulação, a falsificação e o espíritoradar betsobrevivência estão na essência daradar bethistória", explica o cineasta à BBC News Mundo, serviço da BBCradar betespanhol.

"É fascinante como um homem com pouca educação formal, mas imensamente inteligente e muito instintivo, conseguiu se envolverradar bettantas histórias, quase sem chegar à prisão."

Lucio Urtubia Jiménez nasceuradar bet1931 na cidaderadar betCascante,radar betNavarra (Espanha), no seioradar betuma família muito humilde.

Ele recorda naradar betautobiografia Mi Utopía Vivida ("Minha utopia vivida",radar bettradução livre) que, desde criança, "não respeitavaradar betnada tudo o que fosse proibido. Se eu queria e precisavaradar betalguma coisa, fazia o que fosse preciso para consegui-la."

Crianças brincandoradar betpovoado espanhol

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Lucio Urtubia teve uma infância muito pobreradar betNavarra, na Espanha

Com outras crianças, por exemplo, Urtubia roubava as moedas que os fiéis ricos doavam a Santo Antônio na igreja da cidade, esfregando barroradar betuma vara que era introduzida pela fenda da caixaradar betesmolas, para que as moedas ficassem grudadas. Ele furtava frutas, azeitonas e o que mais fosse necessário para sobreviver.

Do roubo, Urtubia passou ao contrabando na fronteira entre a França e a Espanha. Ele e seu irmão contrabandeavam fumo, conhaque Martell e remédios para a Espanha, cruzando o rio Luzaide (que separa os dois países), e mandavam para a França bebidas alcoólicas e pombos para servir nos restaurantes.

Durante o serviço militar, Urtubia teve acesso ao almoxarifado do quartel. Uma nova dimensão abriu-se para ele: botas, camisas, relógios e instrumentosradar betprecisão ali guardados saíam escondidosradar betlatasradar betlixo.

Um dia, os militares descobriram que estavam sendo saqueados. Urtubia estavaradar betlicença e fugiu para a França para escapar da prisão ou do fuzilamento. Chegou a Paris sem falar uma palavraradar betfrancês.

"Não sabia nada, nem lavar as mãos", contou ele. "Assim cheguei a Parisradar bet1954, com uma mão na frente e a outra atrás."

Urtubia logo começou a trabalharradar betuma empresaradar betconstrução e a profissãoradar betpedreiro o acompanhou por toda a vida.

"O ser humano é o que é devido ao que ele faz. Por isso, minha salvação sempre foi o trabalho. Sem ele, não somos ninguém", dizia ele.

O trabalho foi também a melhor camuflagem pararadar betvida clandestina. Afinal, quem iria imaginar que um modesto pedreiro, sem nenhuma educação, poderia estar por trás daquelas sofisticadas falsificações?

Anarquistas durante a guerra civil espanhola

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitos anarquistas que haviam defendido a República Espanhola durante a guerra civil fugiram depois do triunfo das tropasradar betFrancisco Franco

Paris, na época, era o refúgioradar betmilharesradar betcomunistas, anarquistas, socialistas e dissidentes espanhóis. Mas Urtubia mal sabia ler e não tinha formação política.

Ele contaradar betsuas memórias que, um dia, um companheiro perguntou a ele: "Mas qual é aradar betpolítica? O que você é?" Ele respondeu que era comunista, pois achava que todos os que se opunham ao fascismo seguiam aquela ideologia.

Os companheiros se puseram a rir e disseram “Que comunista, que nada, você é anarquista!”

Despertar político

Urtubia só havia ouvido a palavra "anarquista" uma vez, da boca do seu pai. Certa vez, muito irritado, ele disse que "se nascesseradar betnovo, seria anarquista".

A palavra entrou naradar betvida e o acompanhou para sempre: "Começou ali, para mim, a verdadeira escola, a verdadeira liberdade".

Ele se inscreveuradar betcursosradar betfrancês da Juventude Libertária e começou a frequentar a sede da Confederação Nacional do Trabalho (CNT) da França, na rua Sainte-Marthe,radar betParis. Por ali passaram o Nobelradar betLiteratura Albert Camus ("grande amigo dos anarquistas espanhóis") e o fundador do surrealismo, André Breton.

Na CNT, Urtubia também pôde ouvir os escritores Georges Brassens e Jacques Brel. E a educação que lhe foi negada pelas escolas franquistas, segundo ele, foi aberta pelas mãosradar betgruposradar betteatro que representavam obrasradar betFederico García Lorca e recitavam poemas dos escritores espanhóis Antonio Machado e Miguel Hernández.

Até que chegou o diaradar betque o secretário da CNT, Germinal García, pediu um favor.

"Sabemos que você tem um pequeno apartamento e chegou um amigo clandestino", disse ele. "[Queria saber] se você pode nos ajudar por algum tempo, até encontrarmos algo para ele e resolver seus documentos."

O amigo era Quico Sabaté, o maior expoente da guerrilha urbana contrária ao ditador Francisco Franco na Catalunha (Espanha) – talvez, um dos espanhóis mais procurados na época.

Urtubia ficou fascinado com Sabaté, segundo Bernard Thomas contra no livro Lucio, El Anarquista Irreductible ("Lucio, o anarquista irredutível",radar bettradução livre): “o seu deus, seu mestre do anarquismo”.

Lucio Urtubia

Crédito, CORTESIA DO EDITORIAL TXALAPARTA

Legenda da foto, Para Urtubia, o roubo é 'um gesto revolucionário, desde que cometido para fazer o bem coletivo'

Urtubia não escondeu apenas o "Quico". Quando foi para a prisão cumprir uma penaradar betseis meses, Sabaté pediu a ele que guardasse algumas "ferramentas": uma metralhadora Thompson e uma pistola.

Contava que, com estas "ferramentas" e duas batasradar betcomerciante, ele e um amigo assaltaram seu primeiro banco, no boulevard Magenta,radar betParis. A dupla chamaria o assaltoradar bet"expropriação".

O espanhol ganhava então 50 francos (menosradar betUS$ 8,50, ou R$ 44,radar betvalores atuais) por semana no cansativo trabalho da construção. E,radar bet16 minutos, passou a ter milhões.

Depois desse primeiro roubo, vieram muitos outros, mas ele nunca deixouradar bettrabalhar na construção. O dinheiro, segundo ele, era usado para causas revolucionárias.

As "expropriações" eram simplesradar betuma épocaradar betque não havia câmerasradar betsegurança, mas ele não gostava delas por temer que alguém pudesse sair ferido.

"Quando saía para expropriar um banco, eu urinava nas calças", contou eleradar betdiversas entrevistas, sem nenhum sinalradar betvergonha.

Por isso, ele trocou a Thompson por uma impressora, que era a grande arma dos anarquistas.

Com a ajudaradar betdiversos amigos impressores, eles começaram a falsificar documentosradar betidentidade, passaportes e carteirasradar betmotorista espanholas. Os documentos serviam para ajudar exilados e dissidentes.

"Graças a eles, era possível alugar carros, que eram ou não devolvidos, apartamentos, abrir contas bancárias, viajar, pagar, não pagar... Com eles, eram abertas as portas dos lugares que estavam fechados para nós", contou ele naradar betautobiografia.

Depois dos documentos, o próximo passo foi a falsificaçãoradar betdinheiro. Certa vez, chegaram às mãosradar betUrtubia notas falsificadasradar betdólar americanoradar betótima qualidade.

"O dólar era mais fácilradar betfalsificar do que alguns trabalhos que já havíamos feito. O mais difícil, quando o assunto é dinheiro, é o papel", reconheceu ele próprio no documentário Lucio.

Mas, se eles não tinham meiosradar betacesso ao material, o que seria melhor do que um país para falsificar dinheiro?

Ernesto Che Guevara

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ernesto ‘Che’ Guevara era ministro da Economiaradar betCuba

Urtubia contava que teve uma ideia absurda. Ele conseguiu ser apresentado à embaixadora cubanaradar betParis, que tomou as medidas necessárias para que ele se encontrasse com Che Guevara no aeroporto parisienseradar betOrly, onde ele tinha uma escala programada.

Mito ou realidade?

Como ocorre com outros episódios da vidaradar betUrtubia, é difícil comprovar o suposto encontro com Che Guevara, contado pelo anarquista espanholradar betdiversas entrevistas – ainda que tenha sido confirmado pelo ex-guerrilheiro cubano Dariel "Benigno" Alarcón, que lutou sob o comandoradar betGuevara.

Para os anarquistas, comunistas e outros anticapitalistas, a revolução cubana foi uma inspiração.

O historiador Óscar Freán Hernández é professorradar bethistória contemporânea da Espanha da Universidaderadar betLyon 2, na França, especializado no anarcossindicalismo espanhol.

Para ele, parece possível que as organizações e os movimentos clandestinos que existiam naquela época estivessemradar betcontato com a diplomacia cubana. Afinal, eraradar betCuba que se situava, na época, o foco revolucionário.

Mas, "se realmente ele se encontrou com o Che ou não... isso, não sabemos", reconhece o professor.

Urtubia estava entusiasmado e seu plano, segundo ele, era simples: que Cuba imprimisse milhõesradar betdólares para inundar o mercado e desvalorizar a moeda norte-americana. Ele próprio forneceria as chapas.

Segundo seu testemunho, Ernesto "Che" Guevara era então ministro da Economiaradar betCuba e, supostamente, não achou uma boa ideia.

Urtubia ficou decepcionado, mas não quis se arriscar a falsificar dinheiro porradar betconta. As penasradar betprisão por este delito eram muito altas e podiam chegar a 20 anosradar betprisão.

"Como se sabe, seguro morreuradar betvelho", confessou ele naradar betautobiografia. "Por isso, decidimos fabricar os chequesradar betviagem. A pena era muito menor: cinco anos."

O anarquista pegou um trem para Bruxelas, na Bélgica, para comprar 30 mil francos (cercaradar betUS$ 5,1 mil ou,radar betvalores atuais, R$ 26,4 mil)radar betchequesradar betviagem do First National City Bankradar betum banco local.

Sucursal do First National City Bank

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O First National City Bank (atual Citibank) era um dos maiores bancos do mundo

Não foi fácil, mas eles conseguiram falsificar os cheques e fabricar, segundo Urtubia, 8 mil talõesradar bet25 chequesradar betUS$ 100 cada um. Total: US$ 20 milhões (cercaradar betR$ 104 milhões,radar betvalores atuais).

Diversas equipes trocavam esses chequesradar betagências bancárias por dinheiroradar betverdade,radar betespécie. Trinta células, cada uma com duas pessoas, eram coordenadas para apresentar os cheques no mesmo momentoradar betdiferentes cidades europeias. Desta forma, eles garantiam que a numeração dos documentos não estivesse registrada na listaradar betcheques roubados ou suspeitos.

O que era feito com o dinheiro?

"Esta é uma das grandes perguntas: quanto dinheiro era movimentado e para onde foi esse dinheiro", pergunta-se o historiador Óscar Freán Hernández. Ele descarta que o dinheiro fosse usado para enriquecimento próprio.

Urtubia e seus companheiros relataram que o dinheiro obtido financiou uma longa listaradar betguerrilhas e grupos armados consideradosradar betesquerda na América Latina e na Europa. Entre eles, estavam os Tupamaros (Movimentoradar betLiberação Nacional), no Uruguai, o movimento Ação Direta, na França, e o grupo separatista basco ETA, na Espanha.

Mas existem poucos documentos que comprovem as palavrasradar betUrtubia sobre o destino dos fundos. Isso se deve à própria natureza clandestina da operação e à faltaradar betfontes policiais (muitas delas ainda não acessíveis para os historiadores), além da faltaradar betdocumentos escritos, "logicamente por questõesradar betsegurança, já que eles estavam cometendo atos ilegais e não podiam deixar pistas", segundo explica Freán Hernández.

Embora garantisse que detestava a violência e que deixouradar betfazer as "expropriações" devido ao riscoradar betque alguém acabasse sendo ferido ou morto, Urtubia não fez nenhuma objeção moral para que parte desse dinheiro supostamente chegasse, por exemplo, ao ETA.

Urtubia se justificava comradar betaversão à Espanha pelas injustiças que havia vivido e presenciado duranteradar betinfância e adolescência.

"Eu odiava a Espanha e Navarra porque havia passado por muitos horrores. E isso me fazia ser solidário com as pessoas que combatiam", declarou eleradar betentrevista ao programaradar betTV espanhol Salvadosradar bet2015.

Lucio Urtubiaradar betmeio a livros

Crédito, CORTESIA DO EDITORIAL TXALAPARTA

Legenda da foto, Para o historiador Óscar Freán Hernández, Lucio Urtubia tornou-se ‘uma espécieradar betherói mistificado’

Mas chegou um momentoradar betque a galinha dos ovosradar betouro começou a fraquejar.

Os chequesradar betviagem falsos começaram a aparecer por toda parte. O First National City Bank deixouradar betaceitá-los, gerando caos e comoção entre as pessoas que haviam comprado cheques e agora não conseguiam recuperar seu dinheiro.

O pedreiro recebeu então uma ofertaradar betum amigo. Ele havia encontrado um comprador que pagaria 30% do valor dos cheques. Desta forma, eles evitavam o riscoradar betir trocá-los nas agências bancárias.

Mas era uma armadilha. Lucio Urtubia foi detido pela políciaradar betjunhoradar bet1980, no famoso café parisiense Les Deux Magots, e enviado para a prisão.

Um dos seus advogadosradar betdefesa foi Roland Dumas, que posteriormente seria ministro das Relações Exteriores da França.

"Compreendi na hora que o dinheiro não era para ele, que se tratavaradar betuma empreitada política – meio maluca, poderíamos dizer – para fabricar chequesradar betviagem e colocá-losradar betcirculação para desestabilizar o regime", relata Dumas no documentário Lucio.

Roland Dumasradar bet2003

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Quando foi preso, Lucio Urtubia foi defendido por Roland Dumas, célebre advogadoradar betPablo Picasso que viria a ser ministroradar betRelações Exteriores da França no governo François Mitterrand

Naquela época, Dumas mantinha relações diplomáticas com a Espanha e pediu ajuda a Urtubia para entrarradar betcontato com o ETA, que havia sequestrado o deputado espanhol Javier Rupérez. O deputado foi libertado depoisradar bet31 dias.

Quando a organização armada sequestrou os cônsules da Áustria, El Salvador e Uruguai na Espanha,radar bet1981, Dumas recorreu novamente a Urtubia.

E o First National City Bank?

Lucio Urtubia passou quase seis meses na prisão enquanto se desenrolava o processo.

Mas a polícia não conseguiu encontrar as chapasradar betimpressão. E, enquanto elas continuassem nas mãos dos falsificadores, os cheques continuariam sendo impressos e o problema persistiria.

Segundo os advogados, o banco estava desesperado e decidiu negociar.

Thierry Fagart, outro dos advogados do anarquista, conta que o renomado juiz progressista Louis Joinet, então assessor do primeiro-ministro francês, conhecia Urtubia e convenceu os advogados do banco a negociar.

"Ele disse aos advogados do First National City Bank que acreditava que, do pontoradar betvista francês, era uma questão prejudicial que precisava ser interrompida, que não podia continuar assim, que, mesmo colocando muita gente na prisão, o tráfego [de cheques] continuava e que talvez a solução passasse por uma negociação entre o Citibank e o advogadoradar betLucio Urtubia, que todos consideravam ser o cheferadar bettodo este assunto", relata Fagartradar betLucio.

Foi assim que, segundo Fagart, a mesma organizaçãoradar betquem Urtubia e seu grupo haviam roubado milhõesradar betdólares concordouradar betretirar as acusações contra ele,radar bettroca das chapas, que estavam escondidasradar betum guarda-volumes da estaçãoradar bettremradar betAusterlitz,radar betParis.

O advogado relata no documentário que a troca foi realizadaradar betum quartoradar bethotel no Champs-Elysées, na capital francesa, onde ele havia combinadoradar betse encontrar com um funcionário do banco. "Foi incrível, comoradar betum filme policial", segundo ele.

Fagart conta que, quando o banco verificou o material, entregou uma maleta com "uma considerável somaradar betdinheiro", que fazia parte do acordo.

Champs-Elysées

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Segundo o advogadoradar betLucio Urtubia, a reunião com o Citibank ocorreuradar betum hotel do Champs-Elysées,radar betParis

Urtubia afirma que eram cercaradar bet40 milhõesradar betfrancos (maisradar betUS$ 6 milhões, cercaradar betR$ 31 milhõesradar betvalores atuais). Ele foi libertadoradar betseguida e sempre insistiu que não ficou com o dinheiro.

O banco não respondeu às tentativas da BBCradar betconhecer aradar betversão dos fatos.

Urtubia tinha, na época, quase 50 anos. Era horaradar betse aposentar da vida clandestina e dedicar-se à família e ao trabalhoradar betpedreiro, que nunca abandonou, no bairro parisienseradar betBelleville, onde morava.

"Existem coisas que nunca vamos saber e temos que aceitar", reconhece Freán Hernández.

"Mas o mais interessante talvez fosse saberradar betqual momento essa figuraradar bethomem imigrante, sem consciência política, que chega à França e começa a conhecer a ideologia anarquista, torna-se ativista e realiza uma sérieradar betações –radar betqual momento essa pessoa começa a se tornar uma espécieradar betherói mistificado", explica o historiador.

Lucio Urtubia morreuradar bet2020. Ele garantiuradar betdiversas entrevistas que, na verdade, nunca deixouradar betser delinquente.

"Nem eu mesmo acredito no que vivi."

-Este texto foi publicadoradar bethttp://vesser.net/articles/cxex82erd6zo