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'Fiquei 9 meses preso na Nicarágua ao comemorar vitória da Miss Universo, e agora tiraram minha nacionalidade':betesportivo club
Ele foi preso pelas acusaçõesbetesportivo club“roubo qualificado e posse ilegalbetesportivo clubarmas”.
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Fim do Matérias recomendadas
A libertaçãobetesportivo clubRamírez e do restante dos prisioneiros ocorreu por razões humanitárias. De acordo com o Mecanismo para o Reconhecimentobetesportivo clubPresos Políticos na Nicarágua, ainda existem 36 presos políticos.
"Eu não sabia que havia presos políticos. A desinformação na Nicarágua é impressionante. Eu conhecia apenas algumas pessoas, mas não sabia que havia tantos presos políticos", conta Ramírez.
Em 10betesportivo clubsetembro, cinco dias depois da ida ao exílio, o Supremo Tribunalbetesportivo clubJustiça da Nicarágua, alinhado ao governo Ortega, informou ter retirado a nacionalidade dos 135 presos enviados para a Guatemala e ter confiscado os seus bens.
O comunicado do Supremo garante que os “condenados por atos criminosos” promoveram “a violência, o ódio, o terrorismo e a desestabilização econômica” e que o confisco dos seus bens é para que respondam pelos “graves danos materiais e imateriais” que teriam causado.
Em 18betesportivo clubnovembrobetesportivo club2023, quando aconteceu o concurso Miss Universo, Ramírez havia saído para comemorar o terceiro aniversário do filho.
Ao voltar para casa e saber da vitóriabetesportivo clubSheynnis Palacios, pegou a bandeira que guardava desde 2018, anobetesportivo clubque participou dos protestos contra o governo Ortega, e saiubetesportivo clubmoto.
Depois daquele período, Ramírez decidiu não participar maisbetesportivo clubmanifestações e “ficar calado” por medobetesportivo clubconsequências para ele ebetesportivo clubfamília.
A bandeira, diz ele, estava enrolada embetesportivo clubmão.
O delitobetesportivo clubse manifestar
Embora desde setembrobetesportivo club2018 o governo da Nicarágua tenha proibido manifestações e as considere um crime,betesportivo clubnovembro passado pessoas saíram às ruas para celebrar a vitória no concursobetesportivo clubbeleza.
Foi a primeira vezbetesportivo clubanos que multidões com bandeiras azuis e brancas foram vistas nas ruas do país. Houve celebraçõesbetesportivo clubcidades como Manágua, Diriamba, Jinotega.
Mas várias pessoas acabaram na prisão.
Naquela noite, Ramírez conta que passou cercabetesportivo clubmeia horabetesportivo clubuma comemoraçãobetesportivo clubManágua quando um homem se aproximou dele para perguntar o que diziabetesportivo clubbandeira.
Ao ver o escudo invertido, o homem prendeu Ramírez, e mais pessoas começaram a cercá-lo.
O triunfobetesportivo clubPalacios como Miss Universo tornou-se uma questão controversa e até política na Nicarágua.
Após a vitória, Ortega baniu a proprietária da franquia Miss Nicarágua, Karen Celeberrti, e a acusoubetesportivo club“conspiração e traição”.
Em maio passado, Anne Jakrajutatip, que comanda o Miss Universo, afirmou através do Instagram que Palacios viviabetesportivo club“exílio indefinido”.
Porém, mais tarde, a nicaraguense negou isso.
“Quero informar que não estou exilada. Quero informar a todos os meiosbetesportivo clubcomunicação daqui que não estou exilada. As portas do meu país estão abertas para irmos comemorar com todos os nicaraguenses”, afirmou Palacios.
Ela, porém, é a única Miss Universo que não voltou ao seu país para celebrar a coroa nos últimos 20 anos, segundo levantamento publicado pelo jornal La Prensa.
Emborabetesportivo clubdiversas ocasiões tenha garantido que retornará ao país, isso ainda não aconteceu e faltam apenas dois meses para o fim do seu reinado.
'Vão me matar'
Ramírez ficou preso por maisbetesportivo clubnove meses,betesportivo club18betesportivo clubnovembrobetesportivo club2023 a 5betesportivo clubsetembro.
"Tiraram fotos minhas, pegaram minha identidade, começaram a me dizer: 'Somos da Frente [Sandinista, da qual Ortega faz parte].' Eles tiraram as chaves da minha motocicleta e iniciaram um interrogatório", lembra Ramírez sobre o diabetesportivo clubque foi preso.
Ele foi então levado à delegacia, onde um policial lhe disse: "Quer saber? Você é dignobetesportivo clublevar um tiro e que isso acabe. Porbetesportivo clubcausa, o país é assim."
Após a ameaçabetesportivo clubmorte, Ramírez sentiu medo.
"Foi o momentobetesportivo clubque senti: 'Acabou aqui, vão me matar. Vão jogar meu corpo fora e dizer que foi assassinato, roubo, agressão'. Comecei a pedir perdão ao Senhor, senti muito medo pela minha vida naquele momento."
As razões pelas quais alguns dos 135 presos acabaram detidos são diversas.
O jornalista Víctor Ticay, por exemplo, foi preso por transmitir uma procissão religiosa pelo Facebook; Óscar Parrilla e Kevin Laguna por tentarem pintar um muralbetesportivo clubhomenagem à Miss Universo na cidadebetesportivo clubEstelí; Anielka García pela confecçãobetesportivo clubalgumas camisasbetesportivo clubhomenagem à crisebetesportivo club2018.
Já Olesia Muñoz nem sabia por que a tirarambetesportivo clubcasa.
Prisão por um comentário nas redes
Foi a segunda vez que Olesia Muñoz se tornou presa política.
A primeira foibetesportivo club2018, quando ficou dez meses detida, acusadabetesportivo clubterrorismo, crime organizado e porte ilegalbetesportivo clubarmas.
Desta vez, a prenderambetesportivo clubabrilbetesportivo club2023. Ela passou 17 meses na prisão, acusadabetesportivo clubcrime cibernético.
Só depoisbetesportivo clubser tiradabetesportivo clubcasa é que Muñoz soube que foi acusadabetesportivo clubter comentado uma suposta postagem nas redes sociaisbetesportivo clubque um bispo criticava o governo.
Ela diz que a publicação, porém, nunca existiu: teria sido inventada.
"Nem tenho redes sociais", diz.
Católicos, incluindo sacerdotes, são alvobetesportivo clubperseguição na Nicarágua.
As condições vividas nas prisões da Nicarágua foram denunciadas na Guatemala, onde estão os presos políticos.
Jared Ramírez afirma ter sofrido abusos físicos e psicológicos. Quando foi preso pela primeira vez, ele diz que um policial bateu duas vezes embetesportivo clubnuca.
"Tínhamos menos direitos do que qualquer prisioneiro comum. Tínhamos apenas uma visita por mês,betesportivo club30 a 40 minutos. Tínhamos pátio e solbetesportivo club10 a 15 minutos por dia. Passávamos todo o tempo trancados, num calor sufocante."
Olesia Muñoz descreve que estava “praticamente numa jaula".
"Ferro no telhado, ferro nas laterais e o calor era insuportável. Ficava trancada o dia todo", relata.
Recomeçar
Na semana passada, o governo da Guatemala acolheu aqueles que considera presos políticos.
"Uma vez na Guatemala, será oferecida a estas pessoas a oportunidadebetesportivo clubsolicitar formas legaisbetesportivo clubreconstruir as suas vidas nos Estados Unidos oubetesportivo cluboutros países", disse o conselheirobetesportivo clubSegurança Nacional do governo Joe Biden, Jake Sullivan.
Este é o segundo grupobetesportivo clubpresos políticos a ser banido da Nicarágua nos últimos dois anos. A primeira vez foibetesportivo club9betesportivo clubfevereirobetesportivo club2023, quando um grupobetesportivo club222 pessoas voou para Washington.
“Minha prioridade é que esse processo termine o mais rápido possível para que eu possa me estabilizar financeiramente e trazer minha esposa, ou que as organizações me ajudem a poder reencontrar minha família. Um reencontro e um recomeço", diz Ramírez, que afirma desejar dar ao filho um “futuro melhor” nos Estados Unidos.
“Realmente, o mais doloroso foi deixar minha terra natal. Amo minha nação, sei a situação que a Nicarágua está passando. Tive que deixar igrejas, famílias, uma vida consagrada a Deus”, lamenta.
Mas ele está convencidobetesportivo clubque um dia poderá retornar à Nicarágua — "sem medo nenhumbetesportivo clubpoder estar com as pessoas que deixei", ele frisa.
Antesbetesportivo club5betesportivo clubsetembro, Ramírez nunca havia entradobetesportivo clubum avião. Sua primeira vez foi ao ser banidobetesportivo clubseu próprio país.
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