Rudolf Höss, o comandante encarregadosolar flare slotAuschwitz cuja vida familiar é retratada no perturbador filme 'Zonasolar flare slotInteresse':solar flare slot
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Fim do Matérias recomendadas
Dirigido por Jonathan Glazer, a produção cativou a crítica pelo olhar original sobre o Holocausto, que foca justamente no cotidiano banal da famíliasolar flare slotHöss, um dos maiores perpetradores da crueldade.
A história do filme se passa quase inteiramente na agradável casa da família, que possui um amplo jardimsolar flare slotque a esposasolar flare slotRudolf passa longas horas cuidando e uma piscina onde brincam os cinco filhos.
Um muro cinza separa a casa do camposolar flare slotextermínio e esconde dos olhos da família a tragédiasolar flare slotmagnitudes arrepiantes que ocorriasolar flare slotAuschwitz.
O filme é ficção. Na verdade, é vagamente baseadosolar flare slotum romance do escritor britânico Martin Amis.
Mas, como revelam os nomes dos personagens, é também uma tentativasolar flare slotimaginar a normalidadesolar flare slotRudolf Höss esolar flare slotesposa Hedwig, aqueles da vida real, que na verdade moravamsolar flare slotuma casa grande ao lado do camposolar flare slotextermínio e desfrutavamsolar flare slotuma vida confortável, enquanto ele tomou algumas das decisões mais atrozes e brutais da história.
O próprio Höss, durante os julgamentossolar flare slotNuremberg, estimou o númerosolar flare slotvítimassolar flare slotAuschwitz entre 2,5 e 3 milhões.
O jovem soldado
A vida pessoal e familiarsolar flare slotHöss ficou conhecida atravéssolar flare slotsuas memórias, publicadassolar flare slotdiferentes versões pelo mundo.
Höss veiosolar flare slotuma família rica e muito católica. Em suas memórias, ele conta que não teve amigos na infância, seu pai o criou com rígida disciplina militar e ele cresceu se sentindo incapazsolar flare slotexpressar afeto.
Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, ainda criança, ele convenceusolar flare slotmãe a deixá-lo ser auxiliarsolar flare slotenfermagem da Cruz Vermelha.
Embora seu pai o tivesse preparado para ser padre, Höss tinha outras ideias. “Eu queria ser soldado e, acimasolar flare slottudo, não queria perder aquela guerra”, escreveu elesolar flare slotsuas memórias.
Aos 16 anos, conseguiu. Ele se juntou a um batalhão e foi lutar na frente iraquiana.
“Nunca mais senti um terror semelhante ao que tomou contasolar flare slotmim naquele momento”, escreveu Höss sobresolar flare slotprimeira luta. “Continuei atirando, com mais confiança, tiro após tiro, como me ensinaram no quartel, sem pensar no perigo.”
Quando ele voltou da guerra, ele estava órfão. Decidiu então se juntar aos Fraikorps, exércitos paramilitares e ultranacionalistassolar flare slotsoldados que, tal como Höss, tinham ido para a guerra e se sentiam incapazessolar flare slotregressar à vida civil.
Nas suas memórias, ele relembra os crimes que testemunhou no conflito que continuou nos países bálticos após a Primeira Guerra Mundial.
“Quantas vezes eu teria que testemunhar o horrível espetáculosolar flare slotcasas queimadas e corpos carbonizadossolar flare slotmulheres e crianças! Pareceu-me então que a loucura destrutiva dos homens tinha atingido o seu paroxismo e que não poderia ir mais longe”, escreveu ele sobre os letões nasolar flare slotautobiografia.
Condenado à prisão
Em 1922, Höss se juntou ao Partido Nazista. Pouco depois, foi condenado a 10 anossolar flare slotprisão por participar no assassinatosolar flare slotum professor, a quem acusousolar flare slotter traído um soldado do seu lado. Ele pagou apenas 4 anos, graças a uma anistia geral.
Nas suas memórias, Höss descreve: “Os meus longos anossolar flare slotisolamento numa celasolar flare slotprisão me ajudaram a compreender que só uma coisa me atraía: ter uma fazenda para cuidar e garantir uma existência saudável a uma família numerosa. Esse projeto se tornou o objetivo da minha existência.”
Ao sair da prisão, ele procurou uma maneirasolar flare slotfazer isso. Trabalhousolar flare slotfazendas no nordeste da Alemanha e ingressou na Liga Artaman, movimentosolar flare slotextrema direita, que anos depois seria absorvido pelo Partido Nazista, que defendia o retorno dos alemães do “declínio das cidades” para o “idílio rural”.
Lá conheceu Himmler, que anos mais tarde seria seu chefe no exército alemão, esolar flare slotesposa, Hedwig, interpretadasolar flare slotZonasolar flare slotInteresse por Sandra Hüller.
“Ela foi motivada pelo mesmo ideal que eu. Assim que nos vimos, sabíamos que fomos feitos um para o outro”, disse Höss sobre Hedwigsolar flare slotsuas memórias.
Nos campossolar flare slotconcentração
Em 1934, Höss se juntou às SS, o exércitosolar flare slotHitler.
Abandonou o sonhosolar flare slotviver numa fazenda para trabalhar nos campossolar flare slotconcentração nazistas, onde teve uma carreira meteórica.
Trabalhou durante anossolar flare slotDachau e Sachsenhausen, que na época abrigavam principalmente presos políticos, até que,solar flare slot1940, recebeu a ordemsolar flare slotestudar a possibilidadesolar flare slotconstruir um camposolar flare slotconcentraçãosolar flare slotAuschwitz. Ele deusolar flare slotaprovação ára a construção e se tornou o comandante.
Durante os anos que ocupou esse cargo, Höss foi responsável por transformar Auschwitzsolar flare slotum projecto construído por um punhadosolar flare slotsoldadossolar flare slotuma máquinasolar flare slotmorte.
Asolar flare slotpolítica era simples: trabalho forçado e repressão brutal.
“Cada prisioneiro teve que servir às necessidades da guerra”, disse ele. Este trabalho forçado foi fundamental para cumprir as ordens colossais que os seus superiores lhe deram, mesmo com poucos recursos.
Após o lançamento das câmarassolar flare slotgássolar flare slotAuschwitz, Höss expressou se sentir “aliviado”. Ele disse que a intoxicação era preferível ao fuzilamento, o que “teria colocado um fardo muito pesado para os homens da SS”.
“Durante a última metadesolar flare slot1941 e a primeira metadesolar flare slot1942, dedicou-se à inovação: longesolar flare slotse contentar com o cumprimentosolar flare slotordens, tomou iniciativas para aumentar as capacidadessolar flare slotextermíniosolar flare slotAuschwitz”, explica o historiador britânico Laurence Rees.
Auschwitz foi escolhido como centrosolar flare slotextermíniosolar flare slotjudeus, entre outros motivos, pelasolar flare slotcapacidadesolar flare slotreduzir corpos a cinzas, que chegava a cercasolar flare slot2.000 por hora.
A vida familiar
Naquela época, a família Höss vivia no que era conhecido como a zonasolar flare slotinteressesolar flare slotAuschwitz.
Era uma áreasolar flare slot41 quilómetros quadrados, administrada pelas SS, que separava o camposolar flare slotextermínio do olharsolar flare slottestemunhas e estranhos.
Embora a comida fosse escassa na Alemanha, os Höss viviam uma vida mais do que confortável.
“Todos os desejos que minha esposa e meus filhos expressaram foram atendidos”, disse Hösssolar flare slotsuas memórias.
É essa vida pacífica e bucólica,solar flare slotque mal se insinuava o horror do que se passava por trás do muro cinzento, que Glazer decide retratar no seu perturbador filme.
Há uma cena, por exemplo,solar flare slotque Hedwig recebe um casacosolar flare slotpele roubadosolar flare slotuma vítimasolar flare slotAuschwitz. Em outra, Rudolf, enquanto se banhava no rio com seus filhos, encontra uma mandíbula humana.
O horror nunca é visto explicitamente, mas se infiltra pelas frestas. E, acimasolar flare slottudo, está presente através do som.
“É um grito ou um apitosolar flare slottrem? Ou é o bebê da casa? Somos deliberadamente ambíguos”, disse Johnnie Burn, engenheirosolar flare slotsomsolar flare slotZonasolar flare slotInteresse, à BBC Culture.
“Há um filme que você vê e há um filme que você ouve”, disse o diretor.
Porém, nenhuma dessas pistas sobre o que estava acontecendo a poucos metrossolar flare slotsua casa perturbou a Hedwig que aparece no filme. Ela adorava a casa e a vida nos arredoressolar flare slotAuschwitz.
Na verdade, o conflito central do filme surge quando Rudolf recebe uma promoção e tem que dizer à esposa que deve partir para Berlim.
Isso também aconteceu na vida real, no finalsolar flare slot1943. E, como no filme, o resto da família ficou morandosolar flare slotAuschwitz.
O que não se vê mais no filme é que Höss voltou alguns meses depois com a missãosolar flare slotrealizar o que é conhecido como “Operação Höss”, que consistiusolar flare slotlevar maissolar flare slot400 mil judeus húngaros para Auschwitz num períodosolar flare slotdois meses. A maioria deles foi imediatamente enviada para as câmarassolar flare slotgás.
Depois da guerra
No final da guerra, a família Höss se escondeu no norte da Alemanha, na esperançasolar flare slotesperar até poder fugir para a América do Sul, mas não conseguiu.
Rudolf se escondeusolar flare slotuma fazenda e as autoridades demoraram um ano para descobrir seu paradeiro. Sua aliançasolar flare slotcasamento, que tinha o nome dele e da esposa gravados, o delatou.
Ele foi o primeiro nazistasolar flare slotalto escalão a confessar os crimessolar flare slotAuschwitz e foi condenado à morte por enforcamento.
Pesquisas realizadas por historiadores e psicólogos para compreender as características psicológicas dos líderes do horror do Holocausto apontaram que Höss era um nazista convicto e, acimasolar flare slottudo, extremamente obediente.
Após a guerra, ele mostrou sinaissolar flare slotarrependimento.
“Agora percebo que toda a minha determinação não poderia contribuirsolar flare slotnada para a vitória alemã. Mas, naquela altura, eu estava firmemente convencidosolar flare slotque acabaríamos por vencer a guerra e não queria me permitir o menor revés ou o menor fracasso", expressou nas suas memórias, que escreveu enquanto aguardava a penasolar flare slotmorte.
O psiquiatra americano Leon Goldensohn disse que, durante os julgamentossolar flare slotNuremberg, Rudolf Höss lhe respondeu na terceira pessoa, mas referindo-se a si mesmo: “Agora ele percebe que não era bom. Após a rendição, ele chegou à conclusãosolar flare slotque o extermínio dos judeus não foi como lhe foi dito e que hoje ele se sente tão culpado quanto todos os outros.”
Numa entrevista ao The Guardian, o diretorsolar flare slotZonasolar flare slotInteresse, Jonathan Glazer, expressou que asolar flare slotintenção com o filme não era tanto fazer uma história sobre os nazistas, mas sim sobre a natureza humana.
Ao focar na vida familiar Höss, “queria desmantelar a ideiasolar flare slotque são anomalias, quase sobrenaturais”. “Eu queria humanizá-los”, disse Glazersolar flare slotoutra entrevista ao New York Times.
“Para mim, não é um filme sobre o passado. É sobre o agora, e sobre nós e a nossa semelhança com os perpetradores, não a nossa semelhança com as vítimas”, acrescentou.